A floresta amazônica não é tão vulnerável como se acreditava ao aquecimento global, porque o dióxido de carbono (CO2) também funciona como fertilizante, aponta estudo publicado na revista “Nature” na quarta-feira (6).
De acordo com os pesquisadores, o estímulo ao crescimento propiciado pelo CO2 provavelmente irá superar os efeitos nocivos da mudança climática previstos para este século.
"Não estou mais tão preocupado com uma extinção catastrófica por causa da mudança climática provocada pelo CO2. Nesse sentido, é uma boa notícia", disse o autor Peter Cox, da Universidade de Exeter, na Inglaterra.
Cox também havia sido o autor principal de um estudo que teve grande repercussão em 2000, prevendo que a Amazônia poderia secar a partir de 2050 e morrer por causa do aquecimento. Outros sugeriram que as queimadas poderiam transformar a selva em cerrado.
“Felizmente, a liberação de carbono no ambiente é balançeada pelos efeitos positivos da fertilização pelo CO2, que vai superar o efeito negativo sobre a mudança climática, de modo que as florestas globais devem continuar a acumular carbono ao longo do século 21", disse Cox.
As plantas absorvem dióxido de carbono da atmosfera e o usam como ingrediente para desenvolver folhas, galhos e raízes. O carbono armazenado é devolvido à atmosfera quando a planta queima ou apodrece.
Um recuo da cobertura florestal amazônica, com a consequente liberação de uma vasta quantidade de carbono, poderia portanto agravar o aquecimento global, um fenômeno que pode provocar mais inundações, tempestades violentas e elevação do nível dos mares, por causa do degelo nas calotas polares.
Variação de CO2
Os cientistas disseram que o estudo foi importante porque usou modelos comparativos do crescimento florestal em relação às variações nos níveis de CO2 atmosférico.
A equipe estudou como essas variações anuais na concentração de dióxido de carbono estão relacionadas às mudanças de longo prazo no montante de carbono armazenado nas florestas tropicais.
Eles chegaram à conclusão de que os efeitos nocivos da mudança climática podem levar à liberação de 50 bilhões de carbono acumulados em terras tropicais, principalmente na Amazônia, a cada grau Celsius a mais na temperatura média do planeta.
Porém, a fertilização pelo CO2 supera as perdas na maioria dos cenários, podendo chegar a um aumento líquido de até 319 bilhões de toneladas de carbono armazenado até o fim do século. Atualmente, estima-se que haja de 500 bilhões a 1 trilhão de toneladas de carbono armazenados nos trópicos.
O estudo diz ainda que a mudança climática pode ser mais nociva para a Amazônia se outros gases do efeito estufa, como o ozônio e o metano, sem efeito fertilizante, assumirem um papel maior.
Os pesquisadores, no entanto, estão certos de que as florestas tropicais vão sofrer com as alterações climáticas se o dióxido de carbono não fertilizar a vegetação tão fortemente como sugerem os modelos climáticos.
"A saúde das florestas tropicais a longo prazo vai depender da sua capacidade de resistir às múltiplas pressões provocadas pelas mudanças climáticas e pelo desmatamento. Nossa pesquisa lança luz sobre o aquecimento, mas o desmatamento permanece sendo uma fonte significativa de pressão para o ecossistema", afirmou o co-autor do estudo, Chris Jones.
Fonte: Portal G1
Foto: Unboxed Media
Em um artigo publicado no jornal norte-americano Washington Post, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, afirmou que as mudanças climáticas devem estar no topo da agenda internacional, pois o aquecimento global põe em risco qualquer desenvolvimento que for conseguido em outros setores, inclusive o econômico.
“Os sinais do aquecimento global estão mais óbvios e frequentes. Uma enormidade de condições climáticas extremas podem ser vistas em todo o planeta. As temperaturas médias nos Estados Unidos no ano passado foram as mais altas já registradas”, escreveu Kim.
Segundo o Banco Mundial, se nada for feito as temperaturas se elevarão mais de 4oC até o fim do século, tornando comuns eventos extremos e fazendo com que os níveis dos oceanos subam até um metro.
Para evitar que isso aconteça, Kim sugere mais engajamento, inclusive fora das negociações climáticas das Nações Unidas.
“Mesmo que as negociações climáticas continuem, é preciso que ações urgentes existam fora das convenções. Pessoas de todos os lugares devem buscar entender os impactos das mudanças climáticas e fazer o que for possível para reduzir as emissões e preparar a construção de cidades, comunidades e países resilientes.”
O presidente recomenda que as seis maiores economias mundiais, que respondem por mais de 75% das emissões globais do setor de energia, devem dar o exemplo e liderar.
De acordo com Kim, a prioridade máxima deve ser viabilizar o financiamento climático para ações de adaptação e mitigação, assim como buscar equilibrar o preço do carbono e da energia para que seja estimulada a busca por tecnologias limpas.
Outro ponto importante seria acabar com os subsídios para combustíveis fósseis, o que por si só reduziria as emissões em 5% até 2020.
“Países gastam mais de US$ 500 bilhões anualmente em subsídios para os combustíveis fósseis e outros US$ 500 bilhões em subsídios geralmente destinados para a agricultura e para a água, que acabam sendo também prejudiciais ambientalmente. Este trilhão de dólares poderia ser melhor usado se fosse destinado para garantir os empregos do futuro, minimizar a pobreza ou em vacinas.”
Kim conclui que depois de um ano em que a super tempestade Sandy causou tantos prejuízos, não há mais porque hesitar. “O planeta, nosso lar, não pode esperar.”
Fonte: Instituto Carbono Brasil
A pesca industrial e as mudanças climáticas podem impactar no tamanho dos peixes e torná-lo mais vulneráveis a predadores, de acordo com estudo realizado por cientistas australianos e finlandeses, publicado no periódico "Biology Letters", da Academia de Ciências Britânica. Com isso, aumenta o risco de extinção de espécies cruciais para alimentação dos humanos.
Estudiosos já tinham observado como a pesca industrial, ao capturar os espécimes maiores, e o aquecimento global, ao reduzir o teor de oxigênio dissolvido nos oceanos, reduzem o tamanho médio dos peixes. Mas as consequências mundiais e de longo prazo deste fenômeno eram desconhecidas.
Um modelo feito em computador deste encolhimento progressivo nos próximos 50 anos tenta compreender o impacto sobre a população de cinco espécies de peixes do Oceano Pacífico. Eles chegaram à conclusão de que, mesmo com um tamanho reduzido em apenas 4%, em média, a taxa de mortalidade vinculada aos predadores poderia aumentar em até 50% e o volume de pesca diminuiria proporcionalmente.
"Mesmo uma ligeira diminuição no tamanho de uma espécie de peixe pode ter efeitos importantes em sua mortalidade natural", acrescentaram os cientistas. Seus cálculos consideraram cinco espécies comumente pescadas por barcos de arrasto australianos, entre elas o hoki, o congro-rosa e uma variedade de peixe-crocodilo.
Segundo seus modelos, a massa total de cada espécie diminuiria entre 5% e 35%, com exceção do hoki. Se o tamanho médio deste peixe encolher muito, o número de hokis aumentaria 10% enquanto eles se aproximariam das zonas costeiras para escapar de seus predadores.
Para os cientistas, não há dúvidas de que o ser humano está em curso de mudar os ecossistemas marinhos de todo o planeta, diretamente através da pesca ou indiretamente devido ao aquecimento do clima. "As práticas que ignoram as mudanças atuais correm o risco de sobrestimar os recursos em longo prazo e conduzir à sua superexploração", insistiram os autores do estudo.
Fonte: Portal G1
Foto: Reprodução/TV Gazeta
O mundo precisa gastar 700 bilhões de dólares adicionais por ano para controlar seu “vício” em combustíveis fósseis, que é apontado como maior causa da mudança climática atualmente em curso, segundo estudo divulgado nesta segunda-feira (21) pelo Fórum Econômico Mundial (FEM).
Na semana em que líderes de governos e da iniciativa privada se preparam para sua reunião anual no fórum de Davos, na Suíça, as nações permanecem profundamente divididas a respeito de quem deve pagar a conta pela redução das emissões humanas de gases do efeito estufa .
As recessões em nações desenvolvidas desde a crise financeira global de 2008 levaram a uma redução nas emissões, mas também deixaram os governos com menos recursos para investir em tecnologias limpas .
A Aliança de Ação para o Crescimento Verde, que compilou o estudo para o FEM, disse que o gasto extra seria necessário para promover outras formas de geração energética (como a solar e eólica) e uma maior eficiência em setores como construção, indústria e transportes.
Esses 700 bilhões se somam a 5 trilhões de dólares a serem gastos por ano até 2020 em obras de infraestrutura sob o atual cenário.
“Moldar uma economia global adequada ao século 21 é o nosso maior desafio”, escreveu no relatório o ex-presidente mexicano Felipe Calderón, presidente da Aliança, um grupo público-privado vinculado ao FEM e criado no ano passado numa reunião do G20 no México.
O estudo disse que um aumento anual de 36 bilhões de dólares nos gastos públicos globais contra a mudança climática, passando de 90 para 126 bilhões por ano, poderia desencadear um investimento privado ainda maior, num valor de até 570 bilhões de dólares por ano.
Mas os governos e a iniciativa privada nem sempre têm conseguido trabalhar conjuntamente na questão climática.
“Ainda há dinheiro do setor privado indo para a destruição climática”, disse Jake Schmidt, diretor internacional de políticas climáticas do Conselho Nacional de Defesa dos Recursos, de Washington.
“Para lidar com a mudança climática, todos precisam avançar na direção certa. E a chave para tudo isso será como você libera grandes fontes de financiamento privado … Os fundos de riquezas soberanas e os fundos de pensão têm muito capital. Mobilizá-los seria o Santo Graal.”
O relatório encomendado pelo FEM apontou alguns sinais de otimismo. O investimento global em energias renováveis em 2011 bateu um novo recorde, chegando a 257 bilhões de dólares, uma alta de 17 por cento em relação ao ano anterior.
Mas as negociações climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU), em dezembro, no Catar, terminaram com poucos avanços a respeito de um marco global para as reduções de emissões.
Em vez disso, os governos decidiram criar um novo tratado climático da ONU para entrar em vigor em 2020.
Um estudo publicado neste mês pelo periódico Nature disse que seria bem mais barato agir agora para manter o aquecimento global dentro de um limite de 2 graus Celsius definido pela ONU, em vez de esperar até 2020.
Fonte Ambiente Brasil