O custo financeiro das catástrofes naturais triplicou nos últimos 30 anos e alcançou um total de 3,5 trilhões de dólares, segundo avaliação publicada nesta quarta-feira pelo Banco Mundial e o governo do Japão.
"Necessitamos de uma cultura de prevenção", afirmou o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, em um comunicado conjunto com o governo japonês, e assegurou que apesar de "nenhum país ter como evitar o risco de uma catástrofe natural, todos podem reduzir sua vulnerabilidade".
"A prevenção pode ser muito menos custosa que a reposta a uma catástrofe natural", acrescentou Jim em Tóquio, onde esta semana se realiza a assembleia anual do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.
Nos últimos dez anos, o Banco Mundial financiou atividades relacionadas com catástrofes naturais que permitiram salvar vidas em 92 países distintos por um valor próximo dos 18 bilhões de dólares.
Todos os governos têm interesse em integrar a gestão de riscos naturais em seu planejamento e em seus programas de investimento, segundo os autores do comunicado conjunto.
Fonte: Exame.com
Até 2040, o Semiárido brasileiro, que abrange mais de 90% do território pernambucano, poderá sofrer redução de chuvas de até 20%, e aumentos de temperaturas de até 1 grau Celsius. O alarme foi dado pelo mais recente relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), que reúne os resultados de várias comunidades científicas do país dedicados ao tema.
Para conscientizar a população sobre as vulnerabilidades do Estado, e debater as ações e propostas para mitigá-las, o Fórum Pernambucano de Mudanças Climáticas se reúne em evento aberto ao público nesta sexta-feira (21/09), no Hotel Ondamar (Rua Ernesto de Paula Santos, 284, Boa Viagem), das 9h às 13h. O evento será realizado em conjunto com a LXIX Reunião Ordinária do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema), ambos sob a coordenação da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado (Semas).
Entre os palestrantes convidados, a secretária executiva do PBMC, Andréa Santos, e o cientista Antonio Rocha Magalhães, que preside o Comitê Científico da Convenção da ONU para Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (UNCCD). E ainda, para abordar sobre outra vulnerabilidade do Estado, referente à elevação do nível do mar, o professor Moacyr Araújo, do Departamento de Oceanografia da UFPE.
O secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Sérgio Xavier, que é presidente do Consema, fará a abertura do evento, apresentando o conjunto de ações que o Estado vem realizando em obediência ao Plano Estadual de Mudanças Climáticas, pioneiro no país, lançado em 2011.
“A ampliação do número das Unidades de Conservação estaduais de Caatinga e Mata Atlântica, e seu fortalecimento por meio de ações como o programa Caatinga Sustentável; os planos de Combate à Desertificação e o de Resíduos Sólidos; e ainda o Programa de Regeneração das Praias (do Grande Recife) são exemplos de medidas que estamos tomando para enfrentar estas alterações do clima”, adiantou Sérgio Xavier.
HOT SPOTS - Os chamados “hotspots” do clima são os pontos do planeta mais susceptíveis aos aumentos das temperaturas globais. Pernambuco é um deles, graças a dois efeitos graves das elevações: a desertificação, fenômeno que ameaça todo o nosso Semiárido (90,68% do território); e as inundações decorrentes do avanço dos oceanos, que afetariam a região metropolitana.
Para enfrentar e se adaptar a estes contextos, o Estado tornou-se o primeiro do país a definir um Plano Estadual de Mudanças Climáticas, instituído pela Lei Estadual nº 14.090/10, que desde então vem estabelecendo uma série de ações para combate e enfrentamento aos efeitos do clima.
Já o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) foi criado em setembro de 2009, resultado de uma ação conjunta entre os Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Meio Ambiente (MMA), visando fornecer avaliações cientificas sobre as mudanças climáticas de relevância para o Brasil, incluindo os impactos, vulnerabilidades e ações de adaptação e mitigação. Mais informações: http://www.pbmc.coppe.ufrj.br/pt/
Serviço:
IV Reunião do Fórum Pernambucano de Mudanças Climáticas e LXIX Reunião Ordinária do Conselho Estadual de Meio Ambiente
Data: 21 de setembro de 2012
Horário: das 9h às 13h
Local: Hotel Ondamar - Rua Ernesto de Paula Santos, 284 - Boa Viagem
Programação
Abertura: “Ações do Governo do Estado para enfrentamento e mitigação das Mudanças Climáticas em Pernambuco” - Sérgio Xavier – Secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas) e presidente do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema)
Palestra 1: Apresentação do Documento "Base Científica das Mudanças Climáticas - Primeiro Relatório de Avaliação Nacional - Volume 1" - Andrea Souza Santos - Secretária Executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC)
Palestra 2: As Mudanças Climáticas e suas repercussões para a Costa de Pernambuco - Moacyr Cunha de Araújo Filho – Departamento de Oceanografia da UFPE.
Palestra 3: As Mudanças Climáticas e suas repercussões para o Semiárido Nordestino - Antonio Rocha Magalhães - Presidente do Comitê Científico da Convenção da ONU para Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos de Secas (UNCCD).
Fonte: InterJornal
Por Tércio Ambrizzi e Paulo Artaxo
A Universidade de São Paulo tem destacado papel na liderança em pesquisa científica na área de mudanças climáticas. A criação do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Mudanças Climáticas (Incline – Interdisciplinary Climate Investigation Center), dentro da chamada de incentivo à pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa, gerou a possibilidade de integrar e potencializar colaborações essenciais nessa área intrinsecamente multidisciplinar, que demanda a realização de pesquisas integradas no País – fundamentais para garantir o forte embasamento científico das futuras estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
A Rede Clima, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Mudanças Climáticas e o programa Fapesp de Mudanças Climáticas são iniciativas importantes que o Incline pretende reforçar como um programa integrado de pesquisas, aglutinando o “estado da arte” da ciência desenvolvida pela USP e possibilitando a necessária união dos esforços de pesquisa da Universidade sobre esse tema fundamental para o Brasil e para o planeta.
O Incline envolve mais de 58 pesquisadores da USP e acima de 90 colaboradores externos, organizados através de subprojetos integrados na temática de mudanças globais e em colaborações já bem estabelecidas com projetos em andamento pelos vários grupos que compõem o núcleo (ver o site www.incline.iag.usp.br).
Considerando apenas o número de pesquisadores da USP e suas diferentes áreas de atuação, será que não passamos da fase de discutir se o nosso planeta está aquecendo – o que é comprovado por diversas fontes de dados instrumentais de diferentes instituições internacionais desde o século 19 – para uma discussão do que devemos fazer com os avanços do conhecimento que estamos adquirindo ao longo dos últimos anos? Dados paleoclimáticos têm indicado que as concentrações de CO2, um dos gases de efeito estufa, estão quase 40% acima do observado nos últimos 800 mil anos. Será que o homem não tem alguma contribuição nisso?
Ondas de calor na Europa, com temperaturas recordes comparadas a dados dos últimos 500 anos, o furacão Catarina, na costa brasileira, nunca antes observado, degelo recorde do Ártico em 2012, enchentes e secas mais frequentes que as registradas no passado, entre outros fenômenos, não sugeririam uma resposta do sistema terrestre ao aquecimento da atmosfera que vem ocorrendo ao longo dos últimos 40 anos? A presença de vetores que transmitem doenças como malária e dengue, que têm encontrado um ambiente quente e úmido em regiões onde antes não existiam, tem mostrado evidentes sinais de avanço e impactos na saúde. Estudos de pesquisadores do Incline mostram claramente que a frequência de eventos extremos na cidade de São Paulo tem aumentado, inclusive durante os períodos mais secos do inverno, além de mudanças já detectadas nas estações chuvosas do nosso país.
Alguns menos familiarizados com modelos numéricos (baseados em equações matemáticas) dizem que muitos de seus resultados são fantasiosos e incorretos ou mesmo pouco confiáveis. Cabe ressaltar, no entanto, que diversas áreas da ciência se utilizam dessa ferramenta e que a tecnologia que temos disponível atualmente em carros, celulares, equipamentos hospitalares e muitos outros faz uso de simulações numéricas para estudar como tais equipamentos se comportam antes de serem fabricados. O mesmo ocorre nas ciências atmosféricas, com a vantagem adicional de podermos simular o clima presente e comparar os resultados com dados já conhecidos, antes de partirmos para análises do clima futuro, considerando o aumento de gases de efeito estufa. É claro que existem incertezas de diversas formas, mas o conhecimento tem avançado e a cada ano aumentamos mais nossa compreensão do complexo sistema climático.
Um exemplo de como esse avanço já conquistou a credibilidade da população em geral está no fato de que, há cerca de dez anos, ninguém acreditava muito em previsão de tempo com vários dias de antecedência. Atualmente, quem não presta atenção às previsões feitas nos vários meios de comunicação e não se programa para o final de semana?
Ainda assim, a mídia com frequência dá espaço a cientistas que negam a existência do aquecimento global devido à influência do homem, chamando-os de “céticos”. No entanto, esse termo é empregado erroneamente, pois todo bom cientista é um cético por definição, uma vez que procura entender a natureza através da pesquisa científica. Para responder às questões levantadas, o bom pesquisador busca suas respostas em dados observacionais e formula hipóteses, além de utilizar, inclusive, modelagem numérica para testar suas teorias. A todo esse procedimento damos o nome de método científico. Uma vez realizada a pesquisa, a mesma é submetida a revistas preferencialmente internacionais, para que seja primeiramente avaliada por outros pesquisadores e posteriormente publicada para orientar avanços da ciência.
Infelizmente, o que temos observado atualmente é que os “negacionistas” pouco têm contribuído para o avanço do conhecimento do clima. Um argumento frequentemente apresentado é que seus trabalhos são rejeitados pelas revistas especializadas. Talvez há dez ou 20 anos isso até pudesse ocorrer e ninguém realmente saberia. No entanto, com o uso da internet, um trabalho de valor, conduzido com o devido rigor científico e publicado na página do pesquisador, poderia ser acessado por milhares ou milhões de internautas e, dessa forma, ser avaliado devidamente.
Creio que a possibilidade de haver uma mudança do clima de origem antrópica deve ser fruto de intensa pesquisa, estudo e seriedade. É nossa responsabilidade o legado que deixaremos para as futuras gerações e o princípio da precaução deve ser utilizado, mesmo que haja incertezas sobre o quanto o homem está contribuindo para o atual aquecimento e o quanto é variabilidade natural.
Mesmo que consideremos ser o atual estágio do aquecimento 99% fruto de variabilidade natural e apenas 1% de origem antrópica, ainda assim deveríamos nos preocupar. Um amigo, uma vez, me perguntou: “Você voaria por uma companhia aérea que garantisse que 99% dos seus voos não caem?”. Ou seja, sabendo que 1% pode cair, o que você faria? Sendo assim, devemos tratar o aquecimento global com mais ciência e menos mitos.
Tércio Ambrizzi, diretor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, ePaulo Artaxo, professor titular do Instituto de Física da USP, são coordenadores do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Mudanças Climáticas (Incline) da USP (www.incline.iag.usp.br).
Fonte: Jornal da USP
A Secretaria Executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas tem a honra de convidá-lo(a) a participar do processo de Consulta Pública ao Volume 1: Base Cientifica das Mudanças Climáticas fruto do trabalho do Grupo de Trabalho 1 para o Primeiro Relatório de Avaliação Nacional (RAN1) do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.
O Volume 1 foi elaborado pela comunidade científica do país que trabalha na área de ciência do clima, seguindo os moldes dos relatórios científicos do IPCC, e tem procurado evidenciar as diferentes contribuições naturais e humanas sobre o aquecimento global.
Esse processo, longe de trivial, baseia-se na análise de grandes quantidades de dados observacionais e na utilização de modelos climáticos que, apesar de se constituírem no estado da arte atual, ainda apresentam algum grau de incerteza em suas projeções das mudanças futuras de clima e dos seus impactos nos sistemas naturais e humanos.
O Relatório estará disponível para consulta pública no site do PBMC por um prazo de um mês, acompanhado por uma planilha para comentários, através da qual, especialistas e interessados no setor poderão enviar sugestões, correções e observações, que contribuirão para a transparência e a qualidade da versão final do documento.
Os demais Relatórios, referentes aos volumes 2 e 3, respectivamente: Impactos, Vulnerabilidades e Adaptação e; Mitigação das Mudanças Climáticas, ainda se encontram em fase final de elaboração, mas em breve serão disponibilizados também para Consulta Pública.
A data limite para recebimento de comentários e contribuições é 30 de setembro de 2012. Acima encontra-se o Draft do volume 1 e a planilha para comentários encontra-se disponivel abaixo:
Clique na imagem abaixo para o download da Planilha de Comentários.