Aquecimento dos oceanos influencia queimadas na Amazônia, diz estudo

queimadasImagem feita por astronauta que está na Estação Espacial Internacional mostra focos de queimada na Amazônia nas margens do Rio Xingu, no Mato Grosso (Foto: Nasa)

Artigo diz ainda que cientistas criaram ferramenta que prevê período crítico.
Texto foi publicado nesta quinta-feira pela revista 'Science'.

Cientistas norte-americanos desenvolveram uma metodologia que prevê com pelo menos seis meses de antecedência se o período de queimadas na floresta amazônica será grave a partir da medição da temperatura dos oceanos Pacífico e Atlântico.

 

O estudo, publicado nesta quinta-feira (10) pela revista “Science”, analisou dez anos imagens do satélite Modis, da Agência espacial norte-americana (Nasa) e utilizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para analisar o desmatamento do bioma e os focos de calor que atinge a floresta em tempo real.

Segundo o artigo, os anos de 2005, 2007 e 2010 foram os que tiveram grave estiagem e que registraram recorde no número de queimadas nos principais estados da Amazônia Legal e no departamento (estado) de El Beni, na Bolívia, coincidiram com o aumento da temperatura nos oceanos Pacífico e Atlântico, em decorrência do fenômeno climático denominado “El Niño”, classificado pelos estudiosos como uma anomalia.

Baseado nisso, foi constatado que o aquecimento da superfície do mar afasta a Zona de Convergência Intertropical sobre a porção norte da América do Sul, responsável pela formação de chuvas na região e que, por isso, impacta no regime pluvial da região.

Anomalia climática
Segundo Douglas Morton, pesquisador do Departamento de Ciências Biosféricas da agência espacial americana (Nasa), o resultado do estudo foi inesperado, pois percebeu-se que o clima influenciava muito mais nas queimadas do que se imaginava.

“Pudemos perceber a influência desta anomalia principalmente na porção leste e na região sul, considerado o arco do desmatamento (entre Rondônia, Amazonas e Mato Grosso). Felizmente, o que descobrimos também é que este fenômeno ocorre em períodos que antecedem de três a seis meses o início das queimadas. Isso nos permite criar uma forma de planejamento para combater as queimadas no país”, afirma Morton ao Globo Natureza.

O período de forte registro de incêndios na floresta (principalmente no cerrado e na Amazônia) normalmente se inicia em junho.

Parcerias
De acordo com Morton, após o desenvolvimento desta ferramenta o próximo passo será coordenar uma parceria entre a comunidade científica e os governos sul-americanos para que essas informações cheguem e que ocorra a preparação de equipes de combate a incêndios.

Ele afirma ainda que ações para reduzir o desmatamento e as emissões de carbono por conta da retirada de mata nativa deveriam ser mais incrementadas por meio de programas conhecidos como REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação). “Não somente para o Brasil, mas para todas as florestas tropicais”, explica.

No Brasil, segundo o sistema de monitoramento de queimadas e incêndios no Inpe, entre 1º de janeiro e 9 de novembro de 2010 foram registrados 185.316 focos de calor. No mesmo período deste ano, o número caiu para 113.915 (queda de 38%), sendo que 32.336 ocorreram na Amazônia Legal.

(10/11/2011 fonte Portal G1 – Globo Natureza)

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