Por Fabiano Ávila
“Todos sabemos que é difícil atribuir uma tempestade específica às mudanças climáticas. Mas também sabemos outra coisa: eventos climáticos extremos são a nova normalidade por causa delas”, declarou Ban Ki-moon aos representantes dos 193 países reunidos para a assembleia geral das Nações Unidas na última sexta-feira (9).
O secretário-geral da ONU lembrou que a super tempestade Sandy, que matou quase 200 pessoas em sua passagem pelo Caribe e pelos Estados Unidos e causou bilhões em prejuízos, é justamente o tipo de fenômeno que vai se repetir cada vez mais frenquentemente em um mundo sob o aquecimento global.
“Essa pode ser uma verdade que incomoda, mas é uma que não podemos ignorar. Os melhores cientistas do mundo estão nos alertando há anos sobre isso. Não podemos mais olhar para o outro lado, persistindo com o nosso atual estilo de vida. Essa deve ser uma das principais lições do Sandy”, afirmou.
“Nosso desafio é claro e urgente: precisamos reduzir as emissões de gases do efeito estufa, aumentar a adaptação climática para nos prevenir de eventos climáticos ainda mais severos que o Sandy e alcançar um acordo climático global até 2015”, completou.
Ban Ki-moon também elogiou a Austrália pela decisão de assinar o segundo período de compromissos do Protocolo de Quioto, o único tratado climático em vigor.
“Outros governos precisam seguir o exemplo australiano. Lidar com as mudanças climáticas é responsabilidade de todos e é também uma oportunidade para fazer crescer uma economia sustentável de baixo carbono”, afirmou.
COP 18
Apesar dos apelos do secretário-geral da ONU, a próxima Conferência Climática (COP18), em Doha, no Catar, não está parecendo nada promissora.
O grupo africano de nações, que reúne 54 países, manifestou sua indignação com o andamento das negociações internacionais ao criticar nesta semana a falta de engajamento dos países no financiamento de ações de adaptação e mitigação climática.
Segundo os africanos, as promessas feitas no passado de liberação rápida de recursos não se cumpriram e toda a nova postura de países como os Estados Unidos, Canadá e Japão de apenas negociar um acordo para 2020 é muito preocupante.
“Neste momento, depois de tudo que foi discutido nas Conferências do Clima de Copenhague, Cancún e Durban esperávamos um maior engajamento e transparência no processo de transferência de recursos e tecnologias para as nações mais pobres e vulneráveis”, afirmou Seyni Nafo, porta-voz do grupo africano.
Em 2009, em Copenhague, os líderes mundiais, incluindo o reeleito Barack Obama, prometeram liberar US$ 100 bilhões anualmente até 2020 para lidar com as mudanças climáticas. Porém, não existe nada detalhando como isto será feito.
“Para que Doha seja bem sucedida, a questão do financiamento é prioritária. Esperamos que Obama cumpra sua promessa e apresente planos reais para os próximos anos”, disse Pa Ousman Jarju, presidente do grupo conhecido como Países Menos Desenvolvidos (LDCs).
Em um encontro no último dia 25, ministros do Meio Ambiente da União Europeia afirmaram que batalharão na COP 18 por novos comprometimentos das nações mais ricas, principalmente daquelas que estão de fora do Protocolo de Quioto, se referindo à EUA, China, Rússia, Canadá e Japão.
De acordo com os europeus, estes países não podem fugir de suas responsabilidades, ainda mais porque são justamente alguns dos maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa.
Para a presidente do braço climático da ONU (UNFCCC), Christiana Figueres, o mínimo que se pode esperar da COP 18 é que seja confirmado e detalhado o compromisso dos US$ 100 bilhões até 2020.
“Uma das principais discussões nos últimos meses foi justamente sobre como arrecadar esses recursos e operacionalizar sua distribuição. Acredito que em Doha os países conseguirão definir estes elementos e veremos um avanço real”, declarou.
Mas essa visão pode ser otimista demais, já que a União Europeia, que sempre foi responsável por elevar a ambição dos demais países nas conferências climáticas, pode aparecer enfraquecida em Doha.
“Poderemos assistir ao esvaziamento da questão de financiamento climático. Nações europeias como Espanha, Itália, Grécia podem retirar sua ajuda e diminuir a contribuição e a influência da UE”, afirmou Tim Gore, da Oxfam, em entrevista para a Reuters.
Existe a possibilidade de que outros assuntos em Doha, como a discussão do novo tratado climático, fiquem paralisados se não houver avanços no financiamento.
O grupo das pequenas nações insulares já avisou que exige novos compromissos e mais transparência sobre a liberação de recursos. Além disso, se recusará a aceitar a “reciclagem” de promessas anteriores, ou seja, que governos realoquem para as mudanças climáticas financiamentos antigos já anunciados para outras áreas, como a conservação do meio ambiente.
A Conferência do Clima de Doha começa no dia 26 de novembro e segue até sete de dezembro.
Imagem: Super tempestade Sandy atinge costa leste norte-americana / NASA.
Fonte: Instituto Carbono Brasil
Unesco contrata consultor para avaliar o Volume 1 – Base Científica das Mudanças Climáticas e do Sumário Executivo do PBMC
1. Perfil: Código - 1/020/2012 - SEPED
2. Nº de vagas : 01
3. Qualificação educacional: Doutorado em Ciências Exatas, Naturais e/ou Geociências. Português nativo; Inglês fluente; Espanhol fluente desejável. Experiência científica comprovada em Mudanças Climáticas e Ciência do Clima; Reconhecimento de suas capacidades e conhecimentos técnicocientíficos dentro da comunidade científica; Notório conhecimento em ciências do clima; Habilidade de propor alterações e melhorias de acordo com o melhor conhecimento científico disponível; Capacidade de reportar de forma clara e objetiva os seus comentários de revisão.
4. Experiência profissional: Experiência de pelo menos 10 anos em pesquisa científica na Área de Mudanças Climáticas; Publicação de artigos científicos relevantes nos últimos 05 anos na área relacionada.
5. Atividades: Avaliar detalhadamente o conteúdo técnico-científico dos capítulos especificados do Volume 1 – Base Científica das Mudanças Climáticas e do Sumário Executivo garantindo a consistência, coerência e veracidade das informações e resultados mencionados.
6. Produtos/Resultados esperados: Documento técnico-científico correspondente a um Relatório de Avaliação dos Capítulos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 do Volume 1 – Base Científica das Mudanças Climáticas e do Sumário Executivo do Primeiro Relatório de Avaliação Nacional.
7. Local de Trabalho: Em todo território Nacional, com Disponibilidade para viagens.
8. Duração do contrato: 01 (um) mês.
Os interessados deverão enviar o CV do dia 01/10/2012 até o dia 05/10/2012 no endereço do projeto: Esplanada dos Ministérios, Bloco "E", Sobreloja, Sala 155, CEP: 70.067-900, indicando o número do edital e o nome do perfil em que se candidata. Serão desconsiderados os CVs remetidos após a data limite indicada neste edital.
Em atenção às disposições do decreto nº 5.151, de 22/07/2004, é vedada a contratação, a qualquer título, de servidores ativos da Administração Pública Federal, Estadual, do Distrito Federal ou Municipal, direta ou indireta, bem como empregados de suas subsidiárias ou controladas, no âmbito dos projetos de cooperação técnica internacional.
Agência FAPESP – O primeiro volume do Relatório de Avaliação Nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, intitulado Base Científica das Mudanças Climáticas, está disponível para consulta pública até 30 de setembro.
A obra foi elaborada pela comunidade científica do país que trabalha na área de ciência do clima, seguindo os moldes dos relatórios científicos do IPCC, e tem procurado evidenciar as diferentes contribuições naturais e humanas sobre o aquecimento global.
De acordo com os organizadores, a publicação tem como base a análise de grandes quantidades de dados observacionais e modelos climáticos que, apesar de se constituírem no estado da arte atual, ainda apresentam algum grau de incerteza em suas projeções das mudanças futuras de clima e dos seus impactos nos sistemas naturais e humanos.
Além do relatório, também se encontra disponível no site do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas uma planilha para comentários, por meio da qual especialistas e interessados no setor poderão enviar sugestões, correções e observações.
O segundo e o terceiro volumes – intitulados Impactos, Vulnerabilidades e Adaptação eMitigação das Mudanças Climáticas – encontram-se em fase final de elaboração e devem ser colocados em breve para Consulta Pública.
Fonte: Agência FAPESP
According to the United Nations’ 2011 Revision of World Urbanization Prospects, global urban population is expected to gain more than 2.5 billion new inhabitants through 2050. Such sharp increases in the number of urban dwellers will require considerable conversion of natural to urban landscapes, resulting in newly developing and expanding megapolitan areas.
Could climate impacts arising from built environment growth pose additional concerns for urban residents also expected to deal with impacts resulting from global climate change?
In the first study of its kind, attempting to quantify the impact of rapidly expanding megapolitan areas on regional climate, a team of researchers from Arizona State University and the National Center for Atmospheric Research has showed that local maximum summertime warming resulting from projected expansion of the urban Sun Corridor could approach 4 degrees Celsius.
This finding, reported in the journal Nature Climate Change, establishes that this factor can be as important as warming that results from increased levels of greenhouse gases.
Arizona’s Sun Corridor is the most rapidly-growing megapolitan area in the United States. Nestled in a semi-arid environment, it is composed of four metropolitan areas: Phoenix, Tucson, Prescott and Nogales. With a population projection expected to exceed 9 million people by 2040, the developing Sun Corridor megapolitan provides a unique opportunity to diagnose the influence of large-scale urbanization on climate, and its relation to global climate change.
"We posed a fundamental set of questions in our study, examining the different scenarios of Sun Corridor expansion through mid-century," says Matei Georgescu, lead author and assistant professor in the School of Geographical Sciences and Urban Planning in ASU’s College of Liberal Arts and Sciences. "We asked, ‘what are the summertime regional climate implications, and how do these impacts compare to climate change resulting from increased emissions of greenhouse gases?'"
The study’s authors used projections of Sun Corridor growth by 2050 developed by the Maricopa Association of Governments, the regional agency for metropolitan Phoenix tasked with providing long-range and sustainably-oriented planning. Incorporating maximum- and minimum-growth scenarios into a state-of-the-art regional climate model, the researchers compared these impacts with experiments using an urban representation of modern-day central Arizona. Their conclusions indicate substantial summertime warming.
“The worst-case expansion scenario we utilized led to local maximum summer warming of nearly 4 degrees Celsius," said Georgescu. "In the best-case scenario, where Sun Corridor expansion is both more constrained and urban land use density is lower, our results still indicate considerable local warming, up to about 2 degrees Celsius.”
An additional experiment was conducted to examine an adaptation where all of the buildings were topped by highly reflective white or “cool” roofs.
“Incorporating cool roofs alleviated summertime warming substantially," says Georgescu, "reducing the maximum local warming by about half. But another consequence of such large-scale urbanization and this adaptation approach also include effects on the region’s hydroclimate."
The cool roofs, like the maximum-growth scenario without this adaptation approach, further reduce evapotranspiration – water that evaporates from the soil and transpires from plants.
Ultimately, comparison of summertime warming resulting from Sun Corridor expansion to greenhouse-gas-induced summertime climate change shows that through mid-century the maximum urbanization scenario leads to greater warming than climate change.
However, the authors say that pinning precise figures on the relative contribution of each effector is difficult.
“The actual contribution of urban warming relative to summertime climate change warming depends critically on the path of urbanization, the conversion of natural to urban landscapes, and the degree to which we continue to emit greenhouse gases,” says Alex Mahalov, a co-author of the Nature Climate Change article and principal investigator of the National Science Foundation grant, “Multiscale Modeling of Urban Atmospheres in a Changing Climate,” which supported the research.
“As well as providing insights for sustainable growth of the Sun Corridor and other rapidly expanding megapolitan areas, this research offers one way to quantify and understand the relative impacts of urbanization and global warming,” says Mahalov, who is the Wilhoit Foundation Dean’s Distinguished Professor in the School of Mathematical and Statistical Sciences at ASU.
The group conducted their numerical simulations using an “ensemble-based” approach. By modifying their model’s initial conditions and repeating their simulations a number of times, they were able to test the robustness of their results. In all, nearly half of a century of simulations were conducted.
“By incorporating differing Sun Corridor growth scenarios into a high-performance computing modeling framework with projections obtained from Maricopa Association of Governments, we quantified direct hydroclimatic impacts due to anticipated expansion of the built environment,” Mahalov added. Simulations were conducted at ASU's Advanced Computing Center (A2C2).
Georgescu says that one take-home message from this study is that the incorporation of sustainable policies need to extend beyond just greenhouse gas emissions. He also stresses the importance of extending adaptation strategies beyond the focus on mere average temperature.
“Truly sustainable adaptation, from an environmental standpoint, must extend to the entire climate system, including impacts on temperature and hydrology,” he says.
The study’s co-authors also included Mohamed Moustaoui, an associate professor in ASU’s School of Mathematical and Statistical Sciences, and Jimy Dudhia, a project scientist in the Mesoscale and Microscale Meteorology Division at the National Center for Atmospheric Research. All three ASU co-authors are affiliated with ASU’s College of Liberal Arts and Sciences and the Global Institute of Sustainability.
Photo by: Tim Roberts Photography/Shutterstock.com
Fonte: Arizona State University