A responsabilidade humana no aquecimento global não pode ser questionada, segundo o rascunho do último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês), que vazou para a imprensa esta terça-feira (20).
‘É muito provável que a influência humana no clima seja responsável por mais da metade do aumento da temperatura da superfície terrestre entre 1951 e 2010′, destaca o IPCC no documento ao qual o jornal The New York Times teve acesso.
‘Há um alto grau de confiabilidade para dizer que isto (a influência humana) provocou o aquecimento das águas oceânicas, o derretimento da neve e o gelo, e a cheia dos oceanos’, destacou o IPCC, para o qual o nível das águas poderia aumentar 90 centímetros em 2100.
‘Os cientistas estão cada vez mais convencidos, como demonstra a evidência científica cada vez mais forte, de que somos os principais responsáveis, não só pelo aquecimento global, mas também por muitas consequências que já estamos vendo, como inundações maiores, incêndios florestais mais devastadores, derretimentos recorde dos gelos e ondas de calor mais frequentes e intensas’, disse à AFP o climatologista americano Michael Mann.
A linguagem adotada pelos especialistas do IPCC é mais forte do que o empregado no informe oficial da ONU, publicado em 2007.
O porta-voz do IPCC, Jonathan Lynn, afirmou em um comunicado que ‘o projeto de relatório provavelmente será modificado para levar em conta os comentários recebidos dos diferentes países nas últimas semanas’.
Ele acrescentou que, ‘antes de sua aprovação’, o relatório ’será discutido por representantes governamentais e científicos durante uma reunião de quatro dias no final de setembro’. ‘É prematuro tirar conclusões do projeto de relatório’, destacou.
Michael Mann, diretor do Centro de Ciências da Terra da Universidade da Pensilvânia, norte dos Estados Unidos, expressou a preocupação de que a versão final seja mais branda.
‘Os cientistas que participam na elaboração do relatório do IPCC poderiam temer ser muito brutais sobre o futuro impacto do aquecimento global, desatando ataques de céticos das mudanças climáticas’, acrescentou.
‘Acredito que estas pressões, junto com a resistência natural dos cientistas em chegar a conclusões taxativas demais, o relatório final do IPCC poderia minimizar o fator humano das mudanças climáticas’, advertiu o climatologista.
Mas Christopher Field, cientista do Instituto Carnegie para a Ciência, que participou da elaboração dos relatórios anteriores do IPCC, o painel considera todos os pontos de vista científicos plausíveis.
‘Acho que o IPCC tem a tradição de ser muito conservador porque tem a ambição de ser exato’, disse ao The New York Times. (Fonte: G1)
A CONCLIMA – Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais será realizada no período de 09 a 13 de setembro de 2013 no Espaço APAS – Centro de Convenções, em São Paulo – SP
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E-mails: rbs@fapesp.br / erica.menero@inpe.br / anapaula.soares@inpe.br / maira.morais@inpe.br
Telefone: (11) 3838-4394 / 3838-4362 / (12) 3208-7108 / (12) 3208-7323
Programação
Dia 09 de setembro
08:00h – Welcome coffee e registro
08:30h – Abertura
09:00h – Mesa redonda: Brazilian Earth System Model
12:00h – 14:00h – Almoço
12:00h – 14:00h – Pôsteres
14:00h – Apresentação do Primeiro Relatório de Avaliação Nacional do PBMC (Vols. 1, 2 e 3)
17:00h – Discussões e debates com imprensa e público
Dia 10 de setembro
09:00h – Rede Clima
12:00h – 14:00h – Almoço
12:00h – 14:00h – Pôsteres
14:00h – Rede Clima
18:00h – Coquetel de confraternização
Dia 11 de setembro
09:00h – INCT-MC
12:00h – 14:00h – Almoço
12:00h – 14:00h – Pôsteres
14:00h – INCT-MC
18:00h – Mesa redonda: Mudanças climáticas, extremos e desastres naturais
Dia 12 de setembro
09:00h – PFPMCG
12:00h – 14:00h – Almoço
12:00h – 14:00h – Pôsteres
14:00h – PFPMCG
18:00h – C,T&I em mudanças globais como apoio às políticas públicas
Dia 13 de setembro
09:00h – Conferência: A visão da produção do conhecimento: detecção, mitigação, impactos, vulnerabilidade, adaptação, inovação
12:00h – 14:00h – Almoço
12:00h – 14:00h – Pôsteres
14:00h – Mesa redonda: Relação ciência – planos setoriais; políticas públicas
18:00h – Fechamento
Da Reuters
Cientistas do clima estão cada vez mais seguros de que a atividade humana está causando o aquecimento global, segundo trechos de um importante relatório da ONU que será publicado em breve, mas estão achando mais difícil do que o esperado prever o impacto sobre determinadas regiões nas próximas décadas.
A incerteza é frustrante para estrategistas governamentais: o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) é o principal guia para os países determinarem transferências de vários bilhões de dólares para energia renovável e investimentos para regiões costeiras considerarem mais defesas marítimas ou para agricultores desenvolverem variedades resistentes ao calor.
Rascunhos vistos pela Reuters de um estudo feito por um painel de especialistas da ONU, que deve ser publicado no mês que vem, dizem que é ao menos 95% provável que a atividade humana --liderada pela queima de combustíveis fósseis-- seja a principal causa de aquecimento desde os anos 1950.
Isso é mais do que os 90% registrados no último relatório, em 2007, os 66% em 2001 e os 50% em 1995, reduzindo cada vez mais os argumentos de uma pequena minoria de cientistas que culpa as variações naturais do clima.
Isso muda o debate para a extensão dos aumentos de temperatura e para os prováveis impactos, dos quem podem ser gerenciados ao catastróficos. Os governos concordaram em trabalhar em um acordo internacional até o final de 2015 para controlar as emissões crescentes.
"Estamos um pouco mais certos de que a mudança climática... é largamente provocada pelo homem", disse Reto Knutti, professor no Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Zurique. "Temos menos certeza do que muitos esperariam sobre os impactos locais".
Também se mostra mais difícil medir como o aquecimento afetaria a natureza, de plantações a cardumes de peixes, já que vai muito além da física, segundo ele. "Não se pode escrever uma equação para uma árvore", disse.
O relatório do IPCC, o primeiro de três que serão lançados em 2013 e 2014, enfrentará intensa análise, principalmente depois que o painel admitiu um erro no estudo de 2007 que previu erroneamente que todas as geleiras do Himalaia poderiam derreter até 2035.
O novo estudo irá declarar com maior confiança do que o de 2007 que as crescentes emissões de gases do efeito estufa provocadas pelo homem já significam mais ondas de calor. Mas deve subestimar algumas descobertas de 2007, como a de que atividades humanas contribuíram para mais secas.
Quase 200 governos concordaram em tentar limitar o aquecimento global a 2 graus Celsius acima da época pré-industrial, visto como um limiar para mudanças perigosas, incluindo mais secas, extinções, enchentes e elevação do mar, que poderia inundar áreas costeiras e nações insulares.
O relatório vai levantar a bandeira sobre um alto risco de que as temperaturas globais aumentem neste século acima daquele nível, e dirá que provas do aumento dos níveis do mar agora são "inequívocas".
Foto: A imagem acima mostra instrumento da NOAA, do governo americano, em região congelada do Ártico, em 7 de junho. Na imagem debaixo, derretimento do gelo no mesmo local, em 25 de julho, formou um lago - NOAA/AP
Fonte: Portal G1 - Globo Natureza
Por Giovana Girardi
O dia frio que amanhece hoje em boa parte do Brasil pode fazer muito marmanjo engraçadinho perguntar: "Mas e o aquecimento global?" Um cientista menos espirituoso, porém, teria a resposta na ponta da língua. Aproveite agora o frio porque nosso futuro próximo vai ser bem quente. De acordo com um novo relatório compilado por 345 cientistas brasileiros, a temperatura média em todo o País subirá pelo menos 3ºC até 2100, na comparação com o fim do século 20. No pior cenário, o aumento pode ser de até 6ºC.
Os dados, que levam em conta cenários de menor ou maior emissão de gases de efeito estufa, fazem parte do primeiro relatório de avaliação nacional do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e foram antecipados na edição deste mês da revista Pesquisa Fapesp. O anúncio completo será feito em setembro.
O trabalho traz também mais detalhes de como as mudanças climáticas devem afetar o regime de chuvas nos diferentes biomas do País. Enquanto nos pampas (Região Sul) e na Mata Atlântica do Sudeste pode haver um aumento de até 30% na precipitação, na Amazônia e na Caatinga o cenário será de seca, com redução de até 40% das chuvas.
Projeções de aumento de temperatura e mudança no Brasil e no mundo já vêm há tempos sendo divulgadas, mas a novidade desse relatório é que ele sintetiza o melhor que a ciência conhece sobre os impactos que as mudanças climáticas terão sobre o Brasil. O painel, que reúne pesquisadores das mais diversas áreas, atuou nos mesmos moldes do grupo das Nações Unidas que faz esse tipo de avaliação em escala global - o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Divididos em três grupos de trabalho, eles analisaram as pesquisas publicadas em revistas científicas desde 2007. O primeiro considerou aquelas que mostram a ocorrência das mudanças climáticas no Brasil. O segundo avaliou os impactos disso - nas cidades, nos setores da economia, nos recursos hídricos - e as medidas de adaptação a eles. E o terceiro, as formas de redução das emissões de gases-estufa no Brasil.
O objetivo, explica o pesquisador Carlos Nobre, que preside o painel, é trazer uma "avaliação neutra, baseada em evidências científicas, com um enorme detalhamento sobre o que é importante para nós". Os relatórios do IPCC - o próximo, aliás, também será divulgado a partir de setembro - também seguem esses critérios, mas são globais, com apenas alguns destaques sobre América do Sul e Brasil.
Foto: Helvio Romero /AE
Fonte: Estadão