Cidades não estão preparadas para desastres naturais, dizem especialistas no NCS

Por Luciana

Um terço da população que vive em cidades corre o risco de se ver envolvido com desastres naturais, sendo que 60% desse total certamente vão passar por pelo menos um. E a maioria das cidades onde essas pessoas vivem não está preparada para lidar com a situação. As afirmações são, respectivamente, de Jay Collins, presidente de empresas e investimentos do Citi, e Pedro Jacob, presidente da Iclei Brasil, participantes dos debates do primeiro dia do New Cities Summit, que vai até quinta-feira, em São Paulo.

“Os governos ainda estão se recuperando do último desastre e já não têm recursos para socorrer o próximo”, completou Collins. “O que vemos é que, mesmo quando a tragédia é anunciada, a solução sempre ocorre depois da tragédia, porque as cidades não estão preparadas. O que há é uma falta de prevenção. Temos que ser mais preventivos. Temos que considerar que essas cidades em que vivemos precisam de mais investimentos, de informação, conhecimento, porque não é fácil lidar com essa fragilidade”, afirmou Jacob.

“As mudanças estão ocorrendo, e temos que pensar que as questões são diferentes, de acordo com as regiões. Na Ásia, há tufões; em outros lugares, tornados. Em nossas cidades, estamos acostumados a quê? E temos que trabalhar com uma base educacional, para que as pessoas estejam mais e mais envolvidas na prevenção”, observou o presidente da Iclei, associação mundial de cidades e governos locais dedicados ao desenvolvimento sustentável.

David Stevens, do Programa das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres, disse que o Brasil, no geral, está avançando no quesito prevenção. Algumas cidades se destacam, como Belo Horizonte, que neste ano recebeu da ONU o prêmio Sasakawa por promover a cooperação na prevenção de desastres naturais. “Mas há 5 mil municípios no Brasil, então o trabalho é enorme”, ponderou.

Juan Carlos Castilla-Rubio, o CEO da Planetary Skin Institute, uma instituição sem fins lucrativos que trabalha no auxílio às populações no embate do problema, além de concordar com a necessidade de uma organização preventiva, foi mais longe e classificou como errônea a denominação dos desastres relativos ao clima como “naturais”. “Digo errado, porque são induzidos por humanos, pelo uso inapropriado da terra”, argumentou.

Energia sustentável

Outro fator a ser trabalhado na questão da prevenção é o da energia elétrica. Lawrence E. Jones, vice-presidente de inovações e infraestrutura de resiliência da Alstom Grid Inc., alerta que muitos países não estão preparados para, por exemplo, blecautes. “Quando um sistema se recupera de um blecaute, há um grande impacto na cidade. É importante oferecer às cidades sistemas elétricos confiáveis”, disse.

Administrar o fornecimento de energiao por regiões provedoras menores é um dos passos que, na opinião de Jones, pode amenizar os transtornos em caso de apagões, que tanto influenciam na vida cotidiana das pessoas quando acontecem.

Fornecer energia limpa e sustentável e incentivar a produção individual da própria energia por meio de soluções residenciais, como a energia solar obtida a partir da instalação de equipamentos em telhados são outras formas de evitar problemas maiores no consumo de energia.

New Cities Summit

A Cúpula das Novas Cidades começou nesta terça-feira e vai até quinta, reunindo mais de 800 convidados e palestrantes de dezenas de países. O evento é organizado pela New Cities Foundation, parceira do Programa Cidades Sustentáveis e da Rede Latino-americana por Cidades Justas, Democráticas e Sustentáveis.

Fonte: Programa Cidades Sustentáveis


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