Cientistas chineses trabalhando nos EUA trouxeram nesta quarta-feira uma notícia agridoce sobre um dos efeitos mais temidos do aquecimento global. Um modelo climático feito por eles mostra que a corrente oceânica que leva calor dos trópicos à Europa é mais vulnerável do que se imaginava às mudanças do clima, e desligará completamente caso a quantidade de gás carbônico na atmosfera siga aumentando. Por outro lado, esse desligamento ocorreria em séculos, não em anos ou décadas.
Conhecida como circulação termoalina do Atlântico, essa imensa esteira oceânica é um dos principais sistemas de regulação do clima da Terra. Sua face mais conhecida é a Corrente do Golfo, uma corrente quente que migra pela superfície do Atlântico tropical até as imediações do Ártico. No Atlântico Norte, ela fica mais fria e mais salgada (devido à evaporação da água no caminho), afundando e retornando aos trópicos na forma de uma corrente fria submarina. A dissipação de calor dessa corrente é o que mantém a Inglaterra e o norte da Europa com um clima relativamente tépido, mesmo estando em uma latitude elevada.
Desde os anos 1980 os cientistas têm postulado que o aquecimento global, ao derreter o gelo e a neve do Ártico, lançaria grande quantidade de água doce no oceano, diluindo o sal da corrente e impedindo que ela afundasse. O efeito imediato seria a suspensão do transporte do calor para a Europa, que mergulharia numa espécie de era do gelo. Isso já aconteceu há 8.200 anos e resfriou o Velho Continente por dois séculos. Poderia acontecer de novo de forma rápida e causar problemas sérios à civilização, caricaturados no filme-catástrofe O Dia Depois de Amanhã, de 2004.
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Fonte: ((o))eco
O Serviço Copernicus de Mudança Climática, um órgão da União Europeia, publicou nesta quinta-feira (05/01) a primeira de várias análises que virão nos próximos dias confirmando que 2016 foi de fato, e de longe, o ano mais quente da história. Segundo a agência europeia, a média de temperatura do ano passado foi de 14,8o C. Ela foi 0,2oC mais alta do que a de 2015, até então o recordista absoluto de calor. No total, a Terra chegou a 1,3oC acima da média da era pré-industrial. É um valor perigosamente próximo do limite de 1,5o C que os países se comprometeram a tentar atingir no Acordo de Paris, de 2015. Este limite pode ser chamado de “centro da meta” da inflação climática da humanidade: acima dele, eventos como a elevação do nível do mar no longo prazo decretariam a extinção de pequenas nações insulares no mundo inteiro.
O “teto da meta” de Paris é evitar que o aquecimento chegue aos 2oC em relação à era pré-industrial. Uma grande quantidade de evidências científicas aponta que um aquecimento de 2oC em diante colocaria a Terra em um território climático desconhecido e sujeito a eventos extemos devastadores.
Ambas as metas são consideradas muito difíceis de alcançar. Hoje, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, mesmo se todas as emissões do mundo parassem agora, nós teríamos apenas 50% de chance de evitar um aquecimento de 1,5oC. Segundo o Copernicus, o mês de fevereiro de 2016 chegou a tocar o 1,5oC, devido à forte influência do fenômeno El Niño no começo do ano. Mesmo após a dissipação do El Niño, no meio do ano, as temperaturas seguiram excepcionalmente altas em 2016. O serviço europeu associa essa continuidade à perda de gelo marinho no Ártico e na Antártida.
Espera-se que durante este mês a Nasa e a Noaa, dos Estados Unidos, o Met Office, do Reino Unido, e a Agência Meteorológica do Japão divulguem seus balanços de temperatura do ano. Esses organismos apresentarão dados diferentes, pois usam bases de dados diferentes. Embora a margem de diferença entre uns e outros seja de apenas 0,1oC, ela tende a ser maior em 2016 devido a medições distintas de temperatura da superfície do mar associadas com o degelo em ambos os polos.
Fronte: Observatório do Clima
In the North Atlantic, east of North America and south of Greenland, the ocean’s upper layers are much warmer than one might presume given the extreme latitude. This unexpected warmth is a product of the Atlantic Meridional Overturning Circulation (AMOC), a vitally important system of ocean currents that moves warm salty water northward from the tropics and cold fresher water south. The AMOC looms large in the Earth’s climate: it is responsible for redistributing nutrients throughout the Atlantic Ocean and is a major driving force controlling the climate on both sides of the pond.
Ocean currents all experience fluctuations, which can dramatically change the distribution of nutrients, heat, and fish. The best known example is probably the El Niño-Southern Oscillation, in which unusually warm water occasionally disrupts the Pacific Ocean’s Humboldt Current that flows north from Chile toward Peru. El Niño events can shift the jet stream south, cause excessive rainfall and devastating floods, and temporarily collapse fish stocks.
To date, most climate research suggests that the AMOC is relatively stable and carries water throughout the ocean in a reliable, repeating cycle. But anthropogenic climate change seems to have made the current weaken slightly, raising the question of whether more dramatic shifts are in store. As of the most recent Intergovernmental Panel on Climate Change report, a shutdown of the circulation from further warming is considered unlikely. Yet a new study says that the unprecedented melting of Greenland’s massive ice sheets, previously overlooked in most climate modeling, will result in the AMOC weakening, and maybe even collapsing, within the next 300 years.
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From: Hakai Magazine
O Tema Livre desta segunda-feira (12) discute o que realmente foi feito pelos países que assinaram o acordo do clima em Paris, adotado por consenso em 12 de dezembro de 2015, na capital francesa.
Participam dessa discussão a coordenadora de Projetos do Programa Regional Segurança Energética e Mudanças Climáticas na América Latina da Fundação Konrad-Adenauer, Karina Marzano, e, por telefone, a secretária executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, Andréa Souza Santos, e a diretora CDP (Carbon Disclousure Project) da América Latina, Juliana Campos Lopes.
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