Cigarro e câncer, uso de pesticidas, asbestos, chuva ácida, ozônio, mudanças climáticas… O que todos esses temas disparatados têm em comum? A resposta é direta e ao mesmo tempo preocupante: o uso de campanhas bem orquestradas para desacreditar a ciência em prol dos interesses econômicos da indústria.
Apesar de o conhecimento científico, nessas áreas críticas, ter sido sólido e bem embasado, houve uma forte campanha financiada pela indústria para desacreditar os fatos científicos e adiar a implementação de medidas regulatórias dos governos. O filme O Mercado da Dúvidadescreve em detalhes as táticas e os interesses econômicos e políticos de empresas interessadas em suscitar dúvidas até então inexistentes para prolongar seus ganhos financeiros, expondo as práticas corruptas de multinacionais que visam somente o lucro imediato a qualquer preço.
O objetivo sempre foi criar e manter o que parece ser “um debate”, quando, na verdade, não havia debate real. Fomentou-se uma ilusão de dúvidas, atrasando a implementação de políticas públicas de controle do fumo ou da emissão de gases de efeito estufa. Em tom provocativo, satírico e divertido, O Mercado da Dúvida leva o espectador ao jogo do ilusionismo de ideias através de mágicas com cartas. O roteiro é inteligente e criativo, conectando os vários aspectos da questão de modo lúdico.
Desde a década de 50, já existiam evidências sólidas de que fumar causava doenças respiratórias e câncer. Parte das pesquisas responsáveis pelas descobertas foi feita pelas próprias indústrias tabagistas, que, coordenando longas campanhas, desacreditaram tais evidências por mais de 40 anos. Milhares de pessoas morreram vítimas do tabaco e as companhias lucraram trilhões de dólares continuando a vender cigarros, enquanto negavam que estes eram prejudiciais à saúde dos fumantes. A chamada “liberdade pessoal” era invocada para que não fossem aprovadas legislações de restrição ao fumo. Os argumentos também incluíam a luta anticomunista na época da Guerra Fria, chamando os cientistas antifumo de melancia: verdes por fora e vermelhos (comunistas) por dentro. Argumentos eram fabricados para confundir a opinião pública e desviar o foco do problema real.