Quem olha para o leito seco do rio Pilcomayo, um dos afluentes do rio Paraguai, fica intrigado. De longe, pode-se enxergar, mesclados com o barro seco e restos de vegetação, o que se parecem com troncos embranquecidos e alongados. Ao se aproximar da cena, a curiosidade vira surpresa: na verdade, os “troncos” nada mais são do que carcaças secas de jacaré, centenas deles, mortos por sede e fome. A secura é tal que muitos deles parecem fossilizados.
De abril a outubro, o rio Pilcomayo fica seco em decorrência da estiagem natural. Nesse período, a região praticamente não registra precipitações, o que resulta na redução significativa do nível do rio. Neste ano, no entanto, as chuvas começaram a rarear ainda dentro do período tradicionalmente chuvoso. Para piorar, a vazão natural do Pilcomayo também ficou reduzida no último ano, com entrada de menor volume de água das fontes naturais do rio, no trecho boliviano da Cordilheira dos Andes. O resultado disso é a pior seca em duas décadas e a segunda pior em 35 anos.
Para os brasileiros, é difícil olhar para essas imagens sem pensar em situações recentes vividas em nosso país. Há seis anos, os rios da bacia amazônica estavam tão secos como o Pilcomayo, durante a pior seca já registrada na região. Cinco anos antes, a região já tinha vivido outra grande seca. Mas talvez o exemplo mais fresco na memória dos brasileiros seja a crise hídrica atravessada pelo Sudeste nos últimos anos, com reservatórios de água funcionando com níveis próximos a zero (ou, no caso dos reservatórios do Sistema Cantareira, em São Paulo, com níveis efetivamente abaixo de zero).
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