A interdisciplinaridade das mudanças climáticas - entrevista especial com Tercio Ambrizzi

“Mais que multidisciplinar, as mudanças climáticas são interdisciplinares. Por exemplo, um aumento de temperatura tem impactos na saúde, na produção agrícola, na economia, etc. Note que tudo está inter-relacionado e devemos tratar este tema de forma conjunta e não isoladamente”, afirma o pesquisador.

Por João Vitor Santos

Um dos pontos mais elogiados, tratado como grande avanço da Encíclica Laudato Si’, é a abordagem ampla que é dada ao tema do meio ambiente. Dentro do conceito de Ecologia Integral, o PapaFrancisconão apresenta uma, mas sim várias crises. A saída para esse estado de crise requer pensamentos e ações integrais. O meteorologista Tercio Ambrizzi, especialista em fenômenos atmosféricos, endossa essa perspectiva. Para ele, mudança climática é tema de várias disciplinas — ou áreas de conhecimento —, já que o aumento da temperatura impacta desde a saúde da população, passando pela produção agrícola e chegando à economia. Ambrizzi destaca que o fato de a Igreja se posicionar desta forma sobre o tema confere ainda mais urgência no debate ambiental. “A Igreja católica tem possivelmente bilhões de fiéis no mundo todo. Se ela puder motivar estes fiéis a se engajarem e pressionarem os governos, talvez consigamos efetivamente ter uma política internacional de emissões”, afirma.

Na entrevista, concedida por e-mail àIHU On-Line, o pesquisador avalia os recentes acordos internacionais e fala sobre o polêmico mercado de compensação de carbono, uma mania no mundo corporativo. “Com toda a publicidade em torno das mudanças climáticas, o tema sustentabilidade virou um modismo também”, destaca. O lado bom é que, se todos falam nisso, as empresas buscam meios de associar suas produções a formas deminimizar impactos ambientais. “Por outro lado, a compensação pelo mercado de carbono sugere que se alguém está emitindo muito é possível pagar para outro que emita menos. Assim, vendendo os créditos dessa forma, estaria contribuindo para um mundo sustentável”, explica. No entanto, ressalta que “é excelente quando uma empresa se torna sustentável, mas isso não pode ocorrer à custa de outra ou pelatransferência de culpapor degradação a um terceiro”.

Tercio Ambrizzi é doutor em Meteorologia pela Universidade de Reading, na Inglaterra. Foi Diretor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo - USP e professor do Departamento de Ciências Atmosféricas da USP. Foi Chefe do Departamento de Ciências Atmosféricas e é membro da Comissão de Pesquisa do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP. Foi editor-chefe da Revista Brasileira de Meteorologia. Tem coordenado projetos nacionais e internacionais de pesquisa. Atua na área de Ciências Atmosféricas, com ênfase em Meteorologia Dinâmica, Modelagem Numérica da Atmosfera e Climatologia. É autor principal de um dos relatórios de mudanças climáticas regionais encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente em uma parceria entre USP e CPTEC/INPE.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Como a Encíclica Laudato Si’ foi recebida entre os cientistas brasileiros? Quais as contribuições mais significativas do documento para o campo?

Tercio Ambrizzi - De forma geral, a Encíclica foi bem recebida. Demonstra uma preocupação com o planeta de forma geral e um apoio bem-vindo para as discussões que irão ocorrer na próxima COP [1]. Em termos de contribuições, ela faz, na verdade, uma revisão básica do estado da arte do conhecimento. Mas, por óbvio, não há contribuições científicas novas.

IHU On-Line - A grande questão ambiental que está presente em todos os capítulos da Laudato Si’ é o aquecimento global. Como é possível compreender esse fenômeno na perspectiva da Encíclica?

Tercio Ambrizzi - Não li todo o conteúdo da Encíclica, mas em vários trechos o texto tenta deixar claro o conceito doaquecimento global e o quanto nocivo pode ser para a humanidade.

IHU On-Line - A Laudato Si’ é elogiada pelo embasamento científico. No entanto, é criticada por ter excluído a vertente que pensa o aquecimento global de forma não antropogênica. Como avalia essa questão? Qual o impacto das ações humanas no aquecimento?

Tercio Ambrizzi - Na verdade, a fração de pesquisadores que são considerados negacionistas [2] é muito pequena comparado com aqueles que concordam que as mudanças climáticas, particularmente sua aceleração em relação à variabilidade natural, é fruto da ação do homem. Além do mais, as bases científicas utilizadas para negar o aquecimento global são fracas e têm muito mais incertezas do que as que afirmam que ele se deve à ação antrópica.

IHU On-Line - De que forma as mudanças climáticas impactam na organização da sociedade, na economia e até mesmo nas relações internacionais? Como podemos perceber isso desde o Brasil?

Tercio Ambrizzi - As mudanças climáticas podem impactar a sociedade de diversas formas. Se pegarmos apenas os impactos devidos a extremos climáticos (enchentes ou secas extremas, por exemplo), veremos que há um impacto grande sobre as pessoas mais vulneráveis (desabrigados devido a enchentes ou lavouras ou culturas de subsistência sem água em razão de períodos de secas extensas). Isso acaba se refletindo na economia local e mesmo do Estado. Como mudanças do clima não têm fronteiras, todos estão envolvidos. Sendo assim, a discussão das reduções de emissões de gases de efeito estufa (GEE), da mitigação de impactos e outros tem um carácter transfronteiriço.

No Brasil, a percepção da variabilidade climática tem aumentado em função das secas contínuas no nordeste do Brasil e dos dois anos seguidos de seca no sudeste. Isso acarretou diminuição drástica dos reservatórios de água, impactando na produção de energia. Tais fatores têm impactos enormes na economia como um todo, prejudicando a agricultura, a indústria e mesmo o turismo em algumas regiões.

IHU On-Line - O senhor integrou o grupo que trabalhou na composição do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC). De que forma a Encíclica dialoga com os principais apontamentos do estudo?

Tercio Ambrizzi - O PBMC seguiu muito de perto a estrutura do IPCC [3], mas com um foco na ciência das mudanças climáticas que estava sendo feita no Brasil, particularmente. Os princípios da Encíclica estão inseridos nos Relatórios preparados pelo Painel. No entanto, no nosso caso, o foco era a América do Sul com ênfase no Brasil.

IHU On-Line - Passados quase dois anos da apresentação dos estudos do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, de que forma os governos (da União e dos estados) vêm buscando soluções para questões emergidas da pesquisa?

Tercio Ambrizzi - Os relatórios produzidos peloPBMCtêm servido de base para alguns planos de ciência e tecnologia do governo. Servem, também, para apontar algumas deficiências em estudos específicos para o Brasil. Creio que, como uma primeira experiência, foi válido. No entanto, é necessário deixar claro que o PBMC deve continuar, e com ênfase e suporte do próprio governo. O objetivo deve ser o de contribuir para o aprimoramento da pesquisa neste tema e um desenvolvimento tecnológico paramitigar e se adaptaràs mudanças do clima.

IHU On-Line - De que forma a ciência, em especial Ciência Atmosférica e estudos de clima, pode ser impactada pela Laudato Si’?

Tercio Ambrizzi - Creio que o maior impacto é na publicidade em relação à importância desta área para toda a humanidade e em sua expansão e conhecimento em termos científicos.

IHU On-Line - A Encíclica critica a segmentação e o tecnocentrismo do mundo da ciência. Como compreender as mudanças climáticas de forma multidisciplinar?

Tercio Ambrizzi - Na verdade, mais que multidisciplinar, as mudanças climáticas são interdisciplinares. Por exemplo, um aumento de temperatura tem impactos na saúde, na produção agrícola, na economia, etc. Note que tudo está inter-relacionado e devemos tratar este tema de forma conjunta e não isoladamente.

IHU On-Line - A onda de compensação pelo mercado de carbono é vista como forma de minimizar impactos ambientais pela ação do ser humano. No entanto, o Papa Francisco alerta que essa lógica não subverte o sistema de degradação do planeta. Qual a sua opinião? Por que essa compensação virou mania, indo de grandes corporações até pequenas organizações? Quais os riscos dessa política?

Tercio Ambrizzi - Primeiramente, com toda a publicidade em torno das mudanças climáticas, o tema sustentabilidade virou um modismo também. Assim, grandes corporações e mesmo as pequenas utilizam esse slogan para promover a relação entre seus produtos e a forma sustentável com que são gerados.

Por outro lado, a compensação pelo mercado de carbono sugere que se alguém está emitindo muito é possível pagar para outro que emita menos. Assim, vendendo os créditos dessa forma, estaria contribuindo para um mundo sustentável. A preocupação do Papa vai na seguinte direção: é excelente quando uma empresa se torna sustentável, mas isso não pode ocorrer à custa de outra ou pela transferência de culpa pordegradação a um terceiro.

IHU On-Line - Como deve ser o impacto da Laudato Si’ na política internacional de emissão de gases? E de que forma pode inspirar as discussões da COP 21, em dezembro, em Paris?

Tercio Ambrizzi - A Igreja católica tem possivelmente bilhões de fiéis no mundo todo. Se ela puder motivar estes fiéis a se engajarem e pressionarem os governos, talvez consigamos efetivamente ter uma política internacional de emissões de GEE. Dessa forma, teremos um novo “Protocolo de Kyoto [4] mais abrangente e forte.

IHU On-Line - Como o senhor avalia os recentes acordos entre países sobre a redução na emissão de gases?

Tercio Ambrizzi - Os acordos ainda são tímidos e avisão de gastos econômicospara efetivá-los é o verdadeiro motor por trás disso. Por outro lado, os acordos recentes dos dois maiores poluidores mundiais, China e Estados Unidos, mostram que pelo menos há uma intenção de diálogo e propostas. Isso pode ser um avanço.

IHU On-Line - A Laudato Si’ concebe o clima como bem comum. Destaca a importância da Amazônia, Bacia Fluvial do Congo, grandes lençóis freáticos e glaciares. Como pensar nesses locais como bem comum, de todos, sem destituir a soberania dos países? Aliás, qual a responsabilidade dos países que detêm essas áreas tão fundamentais para equalização do clima? A preservação das áreas passa pela manutenção dessa soberania?

Tercio Ambrizzi - Todos nós vivemos no mesmo planeta, e o clima não tem fronteiras. Num primeiro momento, impedir que aFloresta Amazônicaseja destruída, por exemplo, serviria para todos em termos de diminuição das emissões de carbono eimpacto no clima global. Cabe ao país a preservação, sim. Não somente pensando no seu próprio povo, mas também em termos globais. Ações de manutenção devem ser feitas pelo próprio país ou então em colaboração com outros uma vez que pode beneficiar a todos. Obviamente toda e qualquer ação tem que ser liderada pelo país onde o ambiente deve ser preservado.

IHU On-Line - E em que medida a internacionalização dessas áreas, como a Amazônia, representa um risco para todo mundo?

Tercio Ambrizzi - Este é um tema mais difícil. Sem dúvida envolve a soberania discutida anteriormente. Creio que os governos devem ter ações próprias, amparadas pelo seu povo em função da importância de se preservar uma floresta tão importante como aAmazônia. Acredito que através daeducaçãoe do conhecimento possamos criar umaconsciência sustentávelpara toda a nação. Assim, desta forma, preservar, cuidar e monitorar fará parte do nosso dia a dia, a fim de salvar o planeta em que vivemos.

Notas:

[1] COP 21: COP é a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática. É a autoridade máxima para a tomada de decisões sobre os esforços para controlar a emissão dos gases de efeito estufa. Em 2015, a COP tem sua 21ª edição, a ser realizada em Paris, França, em dezembro. O objetivo é revisar o comprometimento dos países, analisar os inventários de emissões e discutir novas descobertas científicas sobre o tema. Foi criada na ECO-92 e teve sua primeira edição em 1995, em Berlim, na Alemanha. Desde então, ocorre anualmente. (Nota da IHU On-Line)

[2] No sentido de que negam o aquecimento global antropogênico. (Nota da IHU On-Line)

[3] Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática - IPCC: órgão das Nações Unidas responsável por produzir informações científicas em três relatórios que são divulgados periodicamente desde 1988. Os relatórios são baseados na revisão de pesquisas de 2.500 cientistas de todo o mundo. O documento divulgado pelo IPCC em fevereiro de 2007 afirmou que os homens são os responsáveis pelo aquecimento global. Sobre o tema, a IHU On-Line 215 produziu uma edição especial, intitulada Estamos no mesmo barco. E com enjoo. Anotações sobre o relatório do IPCC. O sítio do IHU tem dado ampla cobertura ao tema. No endereço eletrônico (www.unisinos.br/ihu) podem ser acessadas entrevistas sobre o assunto. (Nota da IHU On-Line)

[4] Protocolo de Kyoto ou Protocolo de Quioto: consequência de uma série de eventos iniciada com a Toronto Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá (outubro de 1988), seguida pelo IPCC's First Assessment Report em Sundsvall, Suécia (agosto de 1990) e que culminou com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CQNUMC, ou UNFCCC em inglês) na ECO-92 no Rio de Janeiro, Brasil (junho de 1992). Também reforça seções da CQNUMC. Constitui-se no protocolo de um tratado internacional com compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que agravam o efeito estufa, considerados, de acordo com a maioria das investigações científicas, como causa antropogênica do aquecimento global. (Nota da IHU On-Line)

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos

New report: the chance to rescue the world’s oceans from climate change is drifting away

Until recently, you might be forgiven for thinking that the oceans were a trivial component of Earth’s climate system, and that the consequences of change were minimal. After all, only5% of papers published on climate change involve ocean systems. The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), which evaluates the peer-reviewed scientific literature, did not devote a regional chapter to the ocean until its most recent major report.

Yet the ocean system could not be more important: it regulates the global temperature and atmosphere, feeds 3 billion people, and largely determines our weather. The ocean also has lots of “inertia” – which means that getting the ocean to change takes a lot of energy, but once it begins to change, slowing it down becomes more or less impossible.

A paper published today in Science (on which I am one of the authors) has issued a warning that our window of opportunity to save the oceans from major changes is in danger of slamming shut, bringing with it the risk that we will encounter planetary-scale tipping points in the behaviour of the climate. Building on the IPCC’s extensive assessment last year of the effects of climate change on the oceans, my co-authors and I have compiled the latest evidence and projections about the ocean under rapid human-driven climate change.

The news is not good. Failure to act on climate change will see warmer and more stagnant oceans, with declining oxygen levels and productivity in some regions, and the removal or modification of ecosystems in other areas. Fisheries and national economies are in the cross hairs in many regions. Rising seas and intensifying storms, plus a loss of critical coastal features, will make life on the shores of a rapidly changing ocean dangerously different to today.

A lot hinges on whether we can meet the globally agreed 2C “warming guardrail”, but there are fears that this is impossible within current economic strategies, and that even this target is unsafe.

It would be fine to state this if we had a safe alternative, but we don’t. Consequently, the bar for the end-of-year Paris climate summit is set much higher than many understand. As I’ll explain below, we need a global deal that reduces global emissions to zero over the next 20 years, or else we will see momentous changes.

Calls to action

Thankfully, world leaders are beginning to wake up to the challenge facing our oceans. US Secretary of State John Kerry and Prince Albert II of Monaco, are among those who have spoken out against what many see as impending chaos.

The latest is Pope Francis, who became the first pontiff to warn of ocean warming, acidification and sea-level rise, pointing out in his recent encyclical that “a quarter of the world’s population lives on the coast or nearby, and … the majority of our megacities are situated in coastal areas”.

Our research adds to the already mounting evidence that these leaders are right when they say we need to act decisively on fossil fuel emissions and other drivers of climate change.

One of the most stunning conclusions from the IPCC’s report is the statement that “the current rate and magnitude of ocean acidification are at least 10 times faster than any event within the last 65 million years”. Given that periods of rapid acidification over tens of thousands of years – slow by our current human-driven standard - resulted in mass extinction and ecological collapse, this alone should be reason to act.

In a few regions, such as the North Sea, temporary increases in fisheries production are being reported, as the ice retreats, seas warm, and productivity increases. But these benefits are few and far between, and are likely to disappear over time as the ocean warms and acidifies further.

Coral reefs perhaps provide the perfect parable for the Pope’s encyclical. Everyone appreciates their beauty and value, but few may be aware of the crucial role that they play in terms of protecting coastlines, and supporting fisheries and other industries. They generate hundreds of billions of dollars each year and support some 500 million mostly poor people worldwide. Our report highlights the extreme sensitivity of these ecosystems to ocean warming and acidification.

Work to do at the Paris summit

As we progress down the road to Paris, paved with skeletons of these important organisms, there is little doubt about the amount of work that needs to be done in Paris. Analysis of the world’s “carbon budget” (see here and here suggest that we can emit about another 500-800 billion tonnes (gigatonnes) of carbon dioxide before we push global temperatures beyond 2C above the pre-industrial average. This gives us about 20 years before net global emissions have to fall to zero – a tall order indeed.

There is hope. The recent US-China climate deal is one reason to be optimistic that negotiations in Paris will be smoother than at the Copenhagen climate talks in 2009. But I wonder whether leaders are aware of the true scale of the work that needs to be done to avoid catastrophe. Perhaps the fact that China this week made clear the strength of its new climate commitments is evidence of this.

Yet here is a sobering calculation: imagine that the rest of the world falls into line with the US and Chinese climate targets. How much of the world’s budget would we burn?

The answer would be that the world had emitted 1,400 gigatonnes of CO2, or 175-280% of our remaining budget, dragging average global warming to 3C and beyond (see the orange line on the graph below). This would be disastrous for us and our children, and many of the benefits of our oceans (coral reefs, fisheries, coastal living) would be transformed beyond recognition.

An ethical response

Mention of “us and our children” brings us back to Pope Francis and the importance of not reducing everything to a dollar value. Yet even in pure economic terms, given that the IPCCcalculates that keeping atmospheric CO2 below about 450 parts per million (which would give us a good chance of staying within the 2C guardrail) would cost just 0.06% of global consumption growth per year, one is left wondering why we are not jumping right in and solving this problem.

Pope Francis made an important observation:

In a word, businesses profit by calculating and paying only a fraction of the costs involved. Yet only when “the economic and social costs of using up shared environmental resources are recognized with transparency and fully borne by those who incur them, not by other peoples or future generations”, can those actions be considered ethical.

One can only hope the leaders heading to Paris will heed his words and drive their efforts in a new direction.

Photo: Hotli Simanjuntak/EPA/AAP Image

From: The conversation

Rich countries' $100bn promise to fight climate change 'not delivered'

Brazil, China, India and South Africa say they are disappointed in failure to make good on promise six years ago to mobilise $100bn a year by 2020

Rich countries are very, very far from raising the billions they promised to help poor countries fight climate change, jeopardising the prospects of reaching a global warming deal at Paris, the world’s rising economies warned.

As a key United Nations meeting got underway, Brazil, China, India and South Africa said they were disappointed in rich countries’ failure to make good on a promise six years ago to mobilise $100bn a year by 2020 for climate finance.

The funds, intended to help developing countries cut their greenhouse gas emissions and prepare for sea-level rises, extreme weather and other consequences of climate change, are seen as a crucial element to reaching a global warming agreement at the end of the year.

Monday’s high-level meeting of the UN general assembly – including an appearance from Robert Redford – was intended to help build momentum for a Paris deal that would keep warming to 2C, the internationally agreed limit to avoid dangerous climate change.

But some of the key players among the 193 countries taking part in the negotiations – and two of the world’s biggest carbon polluters in India and China – say they are frustrated with rich countries’ failure to come up with a clear plan for raising the cash to fight climate change.

By some estimates, there is less than $20bn a year in public finance making its way to developing countries for climate action – or less than a fifth of the $100bn target.

“We will say that that is very, very far from what has to be mobilised by the year 2020,” Edna Molewa, South Africa’s environment minister, said. “It is important therefore that this scaling up happens … there is still a lot of money that is required.”

Rich countries have been promising since 2009 to help rising economies develop technologies to cut greenhouse gas emissions that cause climate change and protect their people from consequences of climate change.

But a joint statement from the four countries expressed “disappointment over the continued lack of any clear road map to provide $100bn per year by 2020, as well as on substantially scaling up financial support after 2020”.

Climate finance has been a major sticking point in negotiations for a global warming deal at Paris. The last round of negotiations, in Bonn earlier this month,ground along without really managing to zero in on the key components of a deal.

There is widespread recognition that rich countries will need to help developing countries, which did the least to cause climate change, but will suffer the most severe consequences.

“If rich countries can show they are making good on their $100bn promise, there will be a much stronger foundation of trust for the Paris talks,” said Tim Gore, Oxfam’s international climate adviser. “We need to see real funding increases.”

But it’s unclear how much rich countries will pay, and to whom. Developing countries are also pushing rich countries to make more funds available for future protections against climate change – not just cutting greenhouse gas emissions.

But by Oxfam’s estimates, just $2.5bn to $4.5bn of current climate finance is going towards climate protection measures.

Countries in sub-Saharan Africa are already spending about $5bn from their own budgets to prepare for climate change – much more than they were receiving in climate finance from rich countries, according to Oxfam.

The four countries said they were working hard to try to put a climate deal in place, but that finance was a crucial element to reaching an agreement.

“There is still a clear expectation and so I hope the developing countries can fulfill their commitment before the Paris meeting,” Xie Zhenhua, China’s climate change envoy, said.

“We need to avoid what happened in Copenhagen”, which failed to reach a comprehensive climate deal, Izabella Teixeira, Brazil’s environment minister said.

But the four countries made it clear developing countries could not be expected to cut greenhouse gas emissions without help. “Without the flow of technical support … it will be impossible to move onto any such trajectory in the near future,” said Ravi Prasad, India’s climate change negotiator.

Photograph: Rebecca Blackwell/AP

From: The guardian

A Falácia da "Mini-Era do Gelo"

Na semana que passou a imprensa brasileira foi contagiada por uma notícia surpreendente: estaríamos próximos a ingressar numa "mini-era do gelo". "Preparem seus casacos" e "o inverno está chegando", diziam as chamadas mais sensacionalistas, em meio a imagens de nevascas.

Neste texto, vamos mostrar qual a verdadeira ciência por trás desse propalado "mínimo de atividade solar" e seus possíveis impactos, de onde veio essa "informação" (e como estudos científicos legítimos podem findar completamente ignorados, alguns, e distorcidos, outros, pela imprensa marrom) e qual o seu contexto (porque a indústria fóssil precisava imediata e desesperadamente de um factóide como esse nestes últimos dias). E contamos, claro, com a ajuda dos/as leitores/as do nosso blog para difundir um posicionamento científico realmente embasado sobre o tema! Vamos lá?

De onde veio a fraude?

Os órgãos de comunicação brasileiros reproduziram uma falsa notícia plantada primeiro na mídia britânica (como neste teatro do absurdo publicado pelo jornaleco de quinta categoria "Daily Mail"). Desinformaram, confundiram a opinião pública e atestaram vergonhosamente ou a incompetência de suas equipes de jornalismo ou o seu compromisso com o negacionismo mais tosco (padrão tablóide) que continua sendo financiado pelas corporações da indústria fóssil. Mesmo as editorias de ciência não procuraram especialistas para opinar, esclarecer, etc. Tudo feito a toque de caixa, com Control-C, Control-V, mas provavelmente com a consciência de que seria uma matéria para chamar a atenção pelo sensacionalismo, vender exemplares de jornais e revistas, conquistar "likes" e "shares".

Vamos à cronologia. Aparentemente, há 9 dias, o boato primeiro apareceu no Daily Mail, considerado o mais reacionário veículo de mídia impressa de massas do Reino Unido, repercutido imediatamente pelo Telegraph e pelo Independent. No Reino Unido, somente um veículo mostrou-se sério: The Guardian, que abordou de forma sóbria o assunto e foi o único - vejam só - a reproduzir palavras de uma cientista que havia publicado um artigo na revista Nature sobre o tema. Sarah Ineson, por sinal, foi taxativa: “Mesmo que entremos em condições como a do Mínimo de Maunder, isso não vai combater o aquecimento global. O sol não irá nos salvar". Em artigos publicados nos dias seguintes, o Guardian reforçou o seu correto combate ao negacionismo dos concorrentes.

Mas... poucos dias depois, a "notícia" chega ao Brasil. Reproduzida pelo GloboPortal Terra e outros, espalhou-se como rastilho de pólvora.

Sites e revistas que se propõem a ser de "divulgação científica", como Galileu, caíram vergonhosamente na esparrela sensacionalista (intencionalmente ou não) e, no caso desta última, apesar de ter incluído uma "atualização" dizendo que "alguns leitores nos lembraram que os acontecimentos são independentes do aquecimento global causado pela atividade humana" e que "não significa que devemos esquecer das responsabilidades ambientais ao esperar um resfriamento por conta do Sol", tanto o estrago já havia sido feito, quanto o reparo ficou inteiramente aquém do necessário.

Nesse contexo, alguns dias depois da bomba ser lançada, o site de meteorologia Climatempo foi o único a procurar um especialista em clima para abordar o assunto e, ainda assim, teve uma abordagem ao meu ver muito insuficiente (a própria declaração em vídeo do meu colega Tércio Ambrizzi contém limitações e até erros significativos, como quando ele afirma que "não há como saber" que processo dominará, afinal, como mostraremos a seguir, há vários estudos nesse sentido, que mostram claramente qual o processo dominante).

Resumo da ópera até aqui? Sensacionalismo barato da imprensa, negacionismo rasteiro, emendas mal-feitas por parte dos que admitiram estar difundindo desinformação e contraposições tímidas e/ou incompletas da parte de quem poderia ter esclarecido melhor a confusão e condenado enfaticamente a irresponsabilidade e/ou má fé dos que disseminaram informações tão gritantemente falsas. A sensação que me deu foi "o que tem de errado com vocês?".

Que tal ir na origem?

Antes de ganhar (de forma irresponsavelmente distorcida) a mídia, tudo aparentemente começou com um anúncio no mínimo descuidado de um evento da Royal Astronomical Society no dia 09. O mesmo falava das previsões de "um novo modelo do ciclo solar", cujos resultados sugeriam que "a atividade solar cairia em cerca de 60% durante os anos 2030 até condições vistas pela última vez durante a 'pequena era do gelo' que se iniciou em 1645". A apresentação desses resultados, ainda não publicados na forma de artigo, foi feita pela Professora Valentina Zharkova, ligada à Northumbria University.

O trabalho pode ser interessante e me parece bastante possível que tenha mérito acadêmico (claro, gosto de esperar o processo de revisão por pares, pois ainda que bastante imperfeito, o "peer-review" ainda é a melhor maneira de corrigir erros secundários e garantir melhorias a trabalhos científicos, bem como filtrar trabalhos que contenham erros fundamentais ou que, no limite, sejam fraudulentos). Zharkova explica que a ideia é prever a atividade solar a partir do "batimento" entre duas oscilações de frequências semelhantes (ambas com períodos próximos a 11 anos): "quando elas estão aproximadamente em fase, mostram forte interação ou ressonância e temos forte atividade solar. Quando estão fora de fase, temos mínimos solares. Quando a separação de fase é completa, temos as condições vistas, pela última vez, durante o mínimo de Maunder, há 370 anos".

Mas Zharkova pareceu sinceramente surpresa com o furdunço em torno da divulgação do seu trabalho. Em entrevista ao USA today ela revela que "a pesquisa nunca falou de era do gelo", que "na coletiva de divulgação para a imprensa, não falamos nada sobre mudanças climáticas" e que "meu palpite é que quando ouviram algo sobre o Mínimo de Maunder, usaram a Wikipedia ou outra ferramenta para descobrir mais alguma coisa". Ao falar para o site IFLS ("I f*cking love science", algo como "Eu amo ciência pra p*rra"), Zharkova parece demonstrar que não tem efetivamente conhecimento sobre clima, pois claramente exagera os potenciais impactos do que pode acontecer se suas previsões sobre o Sol se confirmarem, ao mesmo tempo em que demonstra não ter domínio acerca da dimensão do desequilíbrio energético planetário associado ao excedente de CO2 e demais gases de efeito estufa. Ainda assim, sua palavra final é de cautela ("o Sol nos concederá algum tempo para pararmos as emissões de carbono"), o que é reforçado pelo site. O que demonstraremos, porém, é que é quase certo que mesmo essa postura "cautelosa" é insuficiente...

O que variações na atividade solar podem provocar no clima e como isso se compara com outros agentes?

Acredito que as pessoas estejam sendo sistematicamente induzidas ao erro quando se fala de uma "atividade solar 60% menor". Isto não tem nada a ver com a ideia de que a quantidade de energia solar que atinja a Terra possa ser reduzida dessa quantidade, mas com outros parâmetros.

A chamada "atividade solar" se refere a processos de variação no vento solar, na quantidade de partículas emitidas pelo sol a partir da ejeção de massa coronal, erupções solares, etc. Tais variações na atividade solar são facilmente detectadas a partir da maior ou menor incidência de manchas solares.

É bem conhecida a existência de um ciclo de aproximadamente 11 anos na quantidade dessas manchas, que se formam em maior ou menor quantidade, oscilando de quase zero em períodos de mínima atividade a mais de 100 em períodos de máximo. Neste processo, a quantidade de manchas e erupções solares se correlaciona com pequenas variações na irradiância solar total (TSI, da sigla em inglês), como se vê na figura ao lado. Picos de irradiância (linha vermelha) acompanham muito bem a contagem de manchas solares (em azul) e o índice solar. Mas não podemos nos deixar enganar quanto à amplitude desse fenômeno. Se olharmos com atenção o gráfico, veremos que num mínimo de atividade solar a quantidade de energia que chega, num ponto do topo da atmosfera terrestre diretamente voltada para o Sol, é da ordem de 1365,5 W/m2 (Watts por metro quadrado) enquanto que num máximo de atividade solar esse valor vai para 1366,5 W/m2 (isso mesmo, uma diferença de apenas cerca de 1 W/m2, isto é, aproximadamente 0,1% entre mínimo e máximo!).

Mas não para por aí... O efeito médio, na verdade, é menor ainda. Globalmente, a Terra recebe a mesma quantidade de energia solar que um disco, de mesmo raio (r), posicionado na posição da nossa órbita perpendicularmente aos raios solares. Mas a energia destes raios é distribuída por um objeto de superfície 4 vezes maior (aproximando a Terra por uma esfera, de área 4πr2). Ou seja, a diferença entre máximo e mínimo solar, em média, no topo da atmosfera terrestre, em termos de energia por unidade de área por unidade de tempo, é de 0,25 W/m2. Como cerca de 30% da radiação solar que atinge a Terra é refletida para o espaço pela atmosfera (incluindo as nuvens) e pela superfície, somente 70% dela restam disponíveis para movimentar o sistema climático. Daí, podemos estimar em apenas 0,18 W/m2 a efetiva diferença entre um mínimo e um máximo de atividade solar.

E aqui, portanto, recuperamos o conceito de forçante radiativa ou forçamento radiativo, a fim de que possamos comparar o efeito dessas oscilações solares com o de outros agentes, particularmente os gases de efeito estufa. A melhor estimativa que se tem, apresentada no 5° Relatório do IPCC é que a forçante antrópica total, em 2011, comparada ao período pré-industrial era de nada menos que +2,29W/m2, ou seja, a cada metro quadrado da Terra, acumulam-se, por segundo, 2,29 Joules de energia. E energia acumulada significa... aquecimento! A principal contribuição para esse processo advém dos gases de efeito estufa de vida longa, especialmente o CO2, com 1,68 W/m2 e o metano (diretamente e a partir de seus derivados), com 0,97 W/m2. Recuperando a informação anterior de que entre um máximo e um mínimo solar a diferença de energia que chega à Terra é de meros 0,18 W/m2, constata-se que o efeito humano total é quase 13 vezes maior do que isso e que somente o efeito do CO2 é mais de 9 vezes mais importante do que as oscilações na atividade solar sobre o clima.

Outro ponto importante é que se o Sol possui ciclos de 11 anos, ao final desse período ele retorna ao estado original, o que implica que a pequena quantidade de energia a mais que ele fornece durante um máximo é cancelada pela redução durante um mínimo, ou seja, em períodos mais longos, incluindo vários ciclos, a tendência é que o papel das variações na atividade solar seja praticamente... nenhum! E daí, também na figura da forçante radiativa, verifica-se outra informação importante: que de fato de 1750 para cá, a contribuição do Sol para mudanças no clima foi de meros 0,05 W/m2, algo quase 46 vezes menor do que o efeito antrópico! Detalhe: já havíamos abordado isto em texto anterior em nosso blog.

O que foram o Mínimo de Maunder e a "Pequena Era do Gelo"?

Se mínimos e máximos de atividade solar continuarem se alternando, o que acontece? Seus efeitos se cancelam, é óbvio. O pequeno freio ao aquecimento global que seria imposto durante os mínimos seria compensado por uma aceleração (somando o pequeno efeito natural ao efeito antrópico dominante) durante os máximos. É o que concluímos facilmente.

Mas se o Sol entrar num período prolongado de baixa atividade solar? O que aconteceria?

Ora, isso já aconteceu antes. E não foi somente uma vez, mas várias. Nos últimos seis séculos, pelo menos 3 mínimos prolongados significativos foram verificados: os chamados Mínimos de Dalton, de Maunder (conhecido desde o trabalho de John Eddy, de 1976) e de Spörer.

Ora, mesmo considerando o mínimo de atividade solar mais importante em todo esse período (o mínimo de Spörer, de 1456), a diferença entre a irradiância média (média móvel de 5 dias) é muito pequena. Os dados de Delaygue e Bard, publicados em seu artigo "An Antarctic view of Beryllium-10 and solar activity for the past millennium" publicado em 2010,disponíveis por ftp, mostram que o menor valor em períodos de 5 anos da TSI está apenas 1,2 W/m2 abaixo do valor máximo. E aí, fazendo as contas novamente (dividindo por 4, para distribuir pela superfície da Terra toda e descontando os 30% do albedo), chegamos a 0,21 W/m2. Ou seja, a influência no clima do mínimo solar mais importante dos últimos 1300 anos foi menos de um décimo do efeito humano atual e 8 vezes menor do que a influência somente do excesso de CO2 em relação ao período pré-industrial.

Por isso, concordamos com Gavin Schmitt, diretor do NASA-GISS (Instituto Goddard de Estudos Espaciais), quando afirma, ao se referir ao papel ridículo da mídia como "uma sujeira total". Ainda nas palavras dele, o trabalho de Zarkhova "não é ruim, mas é como se as pessoas estivessem preocupadas com o preço do cafezinho quando não conseguem sequer pagar a prestação da casa onde moram".

Parte da confusão na mídia parece se alimentar do grave erro que é colocar um sinal de igualdade entre a "Pequena Era do Gelo" (LIA, do inglês "little ice age") e o Mínimo solar de Maunder e também achamos que é preciso "limpar o meio de campo" com respeito a esse engano.

Na ausência de fatores antrópicos significativos, é possível que mínimos prolongados de atividade solar possam ter cumprido um papel importante no clima, mas mesmo assim seria um grave erro atribuir a LIA exclusivamente ao Mínimo de Maunder. Há vários indícios de que, na realidade, além do papel dos mínimos solares sucessivos (a começar pelo de Spörer), um vulcanismo mais intenso e até uma redução nas emissões humanas no período (associada a uma redução na população europeia e nas Américas) tenham coincidido para favorecer um período mais frio. Por fim, é importante alertar para o fato de que a chamada "Pequena Era do Gelo" provavelmente tenha tido um caráter mais regional do que propriamente global. Nas palavras do Prof. Michael E. Mann, "Embora haja evidências de que muitas outras regiões fora da Europa tenham tido períodos de condições mais frias, com glaciação expandida, e mudanças significativas nas condições climáticas, o momento e a natureza dessas variações são altamente variáveis de região para região, daí a noção de Pequena Idade do Gelo pequena como um período de frio globalmente sincronizado tem sido descartada" e, ao invés disso, "a Pequena Era do Gelo deve ser considerada como um período de resfriamento modesto no Hemisfério Norte, com temperaturas caindo em cerca de 0,6°C durante os séculos XV a XIX.

Acontece que hoje, diferente desse período, os fatores antrópicos são mais do que significativos; são dominantes se comparados com qualquer forçante radiativa natural possível na escala das décadas vindouras. É por isso que toda a bizarrice de cenas do Tâmisa congelado, de nevascas imensas e referências à LIA é aberrantemente fraudulenta! Mesmo se a forçante radiativa antrópica permanecesse constante e igual a +2,29 W/m2 (ela tem crescido a 0,26 W/m2 por década!), se tivéssemos um "abatimento" de -0,21 W/m2, continuaríamos, com 2,08 W/m2 a impulsionar o aquecimento global! E se seguirmos no ritmo atual de acumulação de CO2 na atmosfera, de 2 ppm por ano, mesmo com esse mínimo solar, abriríamos os anos 2030 com uma forçante radiativa de +2,60 W/m2, ou seja, com uma taxa de acumulação de calor no sistema terrestre maior do que a dos dias de hoje. É o cúmulo do auto-engano achar que uma gota d'água pode apagar um incêndio!

Que tal examinar diretamente a literatura científica sobre o assunto e checar o conjunto das evidências? 

Além da pesquisa que está sendo realizada pelo grupo da Professora Valentina Zharkova (que virou celebridade, infelizmente, mais pelo tumulto promovido pela mídia do que pelo trabalho científico em si), muitos outros também vêm examinando o fenômeno há tempos. Em particular, qual seria a possibilidade de que um mínimo como esse promovesse um resfriamento do planeta, ainda que modesto ou, pelo menos, que compensasse em parte o efeito do aquecimento global?

Do que pude levantar, Feulner e Rahmstorf (2010), em artigo publicado na Geophysical Research Letters, foram os primeiros a encontrar respostas a essa questão, ainda trabalhando com os cenários utilizados até o 4° relatório do IPCC. Eles usaram modelos climáticos forçados tanto pelo aumento dos gases de efeito estufa projetado para os cenários A1B e A2, mas com comportamento diferente para o Sol, mantendo o ciclo solar atual ou substituindo-o por um mínimo de atividade que se prolonga até o fim do século, incluindo um cenário com redução na intensidade da irradiância solar similar à estimada para o Mínimo de Maunder. 

m suas conclusões, Feulner e Rahmstorf (2010) dizem que "a evolução da temperatura média global até o ano 2100 mostra apenas uma pequena diminuição da temperatura para um 'grand minimum' de atividade solar, comparado aos cenários-padrão" (da ordem de apenas 0,1°C) e que "considerando todas as incertezas na reconstrução de temperatura, forçantes e física do modelo, a incerteza geral no máximo pode ser triplicada, ou seja, não seria maior do que 0,3°C. Comparando este valor com o aquecimento esperado entre 3,7°C e 4,5°C  em relação a 1961-1990 até o final do século para os cenários A1B e A2 respectivamente, um novo mínimo de atividade solar como o de Maunder, não seria capaz de compensar o aquecimento global causado pelas emissões antrópicas de gases de efeito estufa. Além do mais, qualquer compensação do aquecimento global devido a um 'grand minimum' de atividade solar teria um efeito meramente temporário, já que os mínimos solares durante o último milênio perduraram somente por algumas décadas ou no máximo por um século".

O resultado apresentado pelos autores não é de modo algum surpreendente. No painel inferior da figura mostrada acima, temos as forçantes, em W/m2, associadas aos efeitos antrópicos, vulcanismo e solar (neste caso, a linha verde contínua representa a continuidade do ciclo de 11 anos, a linha tracejada a supressão dos máximos de atividade solar e a linha pontilhada, essa supressão de máximos acrescida de uma redução geral da irradiância solar). Como a forçante antrópica é amplamente dominante, a consequência é vista no painel de cima: a temperatura sobe em todos os cenários, por conta do excesso de gases de efeito estufa, e o efeito do 'grand minimum' é quase imperceptível.

Mais recentemente, outro artigo, de Ineson e colaboradores, foi publicado na Revista Nature, e desta vez são utilizados os cenários mais novos utilizados pelo CMIP, projeto que subsidia os relatórios do IPCC (os novos cenários são chamados RCPs e o número em cada um é exatamente o valor da forçante radiativa ao final do século). Além disso, o time de autores foca nas consequências sobre o Hemisfério Norte, onde - pelo que indicam as evidências do passado - os impactos do Mínimo de Maunder foram maiores.

Resumindo, o artigo, intitulado "Regional climate impacts of a possible future grand solar minimum" diz que as chances de ocorrer um mínimo de atividade solar prolongado como o mínimo de Maunder são de 15 a 20%, mas que mesmo nesse cenário, a mudança na irradiância solar total seria pouco maior do que 0,1%. Das simulações com e sem o "grand minimum", concluem que o efeito de resfriamento global que esse mínimo solar prolongado pode trazer seria da ordem de 0,13°C, extremamente inferior às projeções de aumento de temperatura mesmo num cenário com mitigação como o RCP4.5 e afirmam que o efeito desse mínimo solar seria o de compensar por somente 2 anos da tendência de aquecimento global num cenário sem mitigação! Em concordância com o trabalho de Feulner e Rahmstorf (2010), Ineson et al. (2015) mostram que os impactos do "grand minimum" seriam mais restritos às latitudes médias e altas do Hemisfério Norte, mas que mesmo aquelas regiões ficarão provavelmente 6°C (com consequências devastadoras) mesmo com um mínimo solar que perdure até o fim do século se nenhuma medida de mitigação for tomada.

Sobre o artigo de Ineson et al., por sinal, nem precisaríamos ir muito longe. Logo na primeira frase do resumo, ele afirma, nítido, cristalino: "Qualquer redução na média global de temperatura próximo à superfície provavelmente será uma pequena fração do aquecimento antrópico".

A quem serve tamanha distorção?

Se o nosso conhecimento científico sobre clima nos oferece ferramentas para entender tão claramente que as mudanças na atividade solar seria apenas um grão de areia subtraído da duna do aquecimento global antrópico, se as cientistas envolvidas em pesquisas científicas mostram ou que seu trabalho não fala nada sobre "mini-era do gelo" (caso de Valentina Zharkova) ou dizem justamente o contrário, que o planeta continuará perigosamente a aquecer se não houver cortes decisivos nas emissões de gases de efeito estufa (caso de Sarah Ineson), como se chegou ao ponto de um boato sem sentido ganhar o status de "última descoberta científica"?

Claro, há a questão da ignorância e da incompetência. É lamentável o que muitos jornalistas têm feito em relação a matérias sobre ciência, reproduzindo mentiras, dando igual peso à ciência de verdade e a pseudo-ciências (como o negacionismo climático) sob o argumento de "ouvir os dois lados", em geral sem checar fontes e, na maior parte dos casos, não distinguindo sequer fontes confiáveis (no extremo, revistas científicas com revisão por pares de maior prestígio, como Science e Nature) do lixo que sai num Daily Mail da vida, blogs e sites mentirosos ou sensacionalistas, etc.

Por falar nisso, há a má fé de, como apontamos no início, usar do sensacionalismo para vender jornais, revistas e conquistar atenção audiência em meio a esse enorme ruído da internet. Nos veículos virtuais, a quantidade de "likes", compartilhamentos e comentários nas matérias da pretensa "mini-era do gelo" foram bastante numerosos.

E há, claro, a intenção fundamental de quem plantou a notícia. E não podemos ser ingênuos em relação à origem de toda a distorção e manipulação. A mídia conservadora esculhambada  provavelmente não publicou mentira tão escandalosa inocentemente. Afinal, mesmo diante do risco de - esperamos que isso aconteça - a lorota da "mini era do gelo" seja desmoralizada, eles não têm mesmo nenhuma reputação a defender. No caso da mídia conservadora que finge ser séria, como o Telegraph e - porque não dizer, o Globo - há um cálculo, pois a perda de um público leitor minimamente esclarecido pode ser o efeito colateral de publicar qualquer sandice que apareça pela frente.

Da minha parte, não posso crer que tenha sido coincidência o aparecimento dessa fraude. Estamos às vésperas da COP21 em Paris e a indústria de combustíveis fósseis está na defensiva. Há um ano, uma marcha de quase 400 mil pessoasganhou as ruas de Nova Iorque e a resistência de povos originários, ambientalistas, jovens, povos de países insulares etc. tem pululado em todo canto do mundo. Algumas companhias cinicamente haviam já enviado uma cartadirigida a Christiana Figueres, Secretária-Executiva da Convenção-Quadro da ONU para as Mudanças Climáticas (UNFCCC), admitindo até a possibilidade de um "preço sobre carbono", o que indica que algumas das corporações estão começando a tentar uma saída mediada (que sabemos ser totalmente insuficiente) para a crise climática. Mais tarde, oG7 sinalizou com a necessidade de manter o aquecimento global limitado a 2°C e, em que pese o fato de que as contribuições voluntárias desses países - como a da maioria - são tímidas e muito aquém do necessário, admitir essa realidade é por si só um duro golpe na tática do negacionismo, que por muitos anos foi aquela preferencialmente adotada pela indústria de combustíveis fósseis. Após seu lançamento, a Encíclica Papal "Laudato Sí" está apenas começando a ter repercussão e o potencial de que ela influencie o debate climático, especialmente em países de maioria católica, é bastante grande. Depois, foram a Revista Science, através deeditorial, e cientistas ganhadores do Prêmio Nobel que se manifestaram. E há poucos dias, aUnion of Concerned Scientists, organização não-governamental que herda a postura de grandes cientistas comprometidos com causas sociais, ambientais e humanitárias como Carl Sagan, publicou um dossiê sobre as mentiras e conspirações que a indústria de combustíveis fósseis vem fazendo há mais de 3 décadas (com destaque para os casos da Exxon - que sabia desde 1981 do risco climático - e do Instituto Americano de Petróleo - que conspirou para fazer o Protocolo de Kyoto fracassar).

Em tempo: Últimos desdobramentos

Já em vias de publicar este artigo - bastante grande, reconheço, duas publicações novas apareceram: uma no portal do Globo, outra no site da (com o perdão da palavra) Veja.

Apesar de não ter se retratado enquanto veículo, o Globo (cujo grupo também controla a Revista Galileu) deve estar tentando evitar a desmoralização. Além da emenda (tímida) na matéria online da Galileu, é importante que César Baima, do blog "Só Ciência", ligado ao Globo, reconheça o absurdo que foi o órgão ao qual ele se vincula ter "embarcado" na balela (termo que ele mesmo usa, corretamente), mas imagino que ele não possa desenvolver devidamente a crítica, pois isso o levaria a bater de frente com colegas e, possivelmente, com o próprio grupo de comunicação da família Marinho.

Já a Veja, através de um de seus colunistas mais tacanhos, Rodrigo Constantino, veio continuar o desfile de sandices e, com o possível recuo do Globo, deve virar a vedete da nova lorota negacionista na mídia brasileira.

Do ponto de vista científico, o caso está encerrado, é óbvio. Ou melhor, na verdade nunca existiu "caso" nenhum, pois o que se viu foi uma lorota plantada - muito provavelmente de forma deliberada - na mídia ultra-conservadora britânica e reproduzida ad nauseum em sites, blogs, jornais e revistas sem compromisso real com a verdade científica mundo afora. Mas é preciso que tentemos compensar pelo estrago que foi feito junto à opinião pública, difundindo a informação científica correta e rigorosa, como apresentamos neste texto. Ao mesmo tempo, é preciso estar mais preparado/a, pois até dezembro, não se sabe que tipo de ardil o negacionismo ainda vai tentar plantar.

Ainda há mais desdobramentos, como esperado...

1. Mantive contato com o meu colega Tércio Ambrizzi, que liderou, ao lado do Moacyr Araújo (nosso "Moa") a organização do volume do Grupo de Trabalho I do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e por quem tenho uma relação de apreço, admiração e amizade. E como suspeitei, a gravação do vídeo foi feita de surpresa, sem a possibilidade de preparação (com o detalhe... Tércio está... de férias...). Fica a nossa saudação ao Tércio e o desejo que ele desfrute da folga merecida.

2. Apareceu um negacionista comentando o link para este artigo lá na nossa página do Facebook. Ele enviou o link de um artigo que seria, na opinião dele, o supra-sumo da refutação do que escrevi. Fiquei impressionado com o baixíssimo nível de apropriação de conceitos básicos da ciência, especialmente da Física, no referido material. As pérolas que aparecem são do naipe de "os gases não são absorvedores nem irradiadores de ondas longas, mas sim absorvedores e irradiadores de fótons". Como se (assim como toda e qualquer radiação eletromagnética) a radiação de ondas longas, isto é, o infravermelho, não fosse constituída... de fótons! Ou então, "o que ocorre é o superávit de energia na Terra, mas esse superávit não se traduz necessariamente em energia térmica capaz de aquecer o planeta", deixando claro que o sujeito ou pretende violar a 1ª Lei da Termodinâmica (a da Conservação da Energia) ou a 2ª Lei (que impõe restrições a transformação de energia térmica em outras formas de energia, como trabalho mecânico)... ou as duas... Ou ainda, "O planeta Terra esta inserido no universo que é infinitamente grande, juntamente com astros de proporções colossais, portanto, existem interações ocorrendo entre eles que também podem afetar o clima", sem dizer de que natureza é essa interação, se gravitacional, eletromagnética (sabidamente muito pequenas), apelando para um argumento místico que mais lembra astrologia do que ciência...

Fonte: O que você faria se soubesse o que eu sei?

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