Quando pensamos nas emissões de dióxido de carbono (CO²), fatores como o efeito estufa e o aquecimento global já vêm à cabeça. Mas as mudanças climáticas não são os únicos problemas causados pelo excesso de CO² na atmosfera. O processo de acidificação dos oceanos é extremamente perigoso e pode acabar com a vida marinha até o fim do século (veja o vídeo no fim da matéria).
A acidificação começou desde a primeira revolução industrial, em meados do século XVIII, quando a emissão de poluentes aumentou rápida e significativamente graças à instalação das indústrias por toda Europa. Como a escala de pH é logarítmica, uma leve diminuição neste valor pode representar em porcentagem, variações de acidez de grandes dimensões. Dessa forma, pode-se dizer que desde a primeira revolução industrial, a acidez dos oceanos já aumentou em 30%.
Mas como se dá esse processo? Estudos demonstram que, ao longo da história, 30% do CO² emitido pela ação do homem vai parar no oceano. Quando a água (H²O) e o gás se encontram, é formado o ácido carbônico (H²CO³) que se dissocia no mar, formando íons carbonato (CO³²-) e hidrogênio (H+).
O nível de acidez se dá através da quantidade de íons H+ presentes em uma solução – nesse caso, a água do mar. Quanto maior as emissões, maior a quantidade de ions H+ e mais ácido os oceanos ficam.
Qualquer tipo de mudança, por menor que seja, pode mudar drasticamente o meio ambiente. As mudanças de temperatura, do clima, do nível de chuva ou até o número de animais podem causar o total desequilíbrio ambiental. O mesmo pode ser dito sobre a alteração do pH (índice que indica o nível de alcalinidade, neutralidade ou acidez de uma solução aquosa) dos oceanos.
Estudos preliminares apontam que a acidificação dos oceanos afeta diretamente organismos calcificadores, como alguns tipos de mariscos, algas, corais, plânctons emoluscos, dificultando sua capacidade de formar conchas, levando ao seudesaparecimento. Em quantidades normais de absorção de CO2 pelo oceano, as reações químicas favorecem a utilização do carbono na formação de carbonato de cálcio (CaCO3), utilizado por diversos organismos marinhos na calcificação. O aumento intenso das concentrações de CO2 na atmosfera, e consequente diminuição de pH das águas oceânicas acaba por alterar o sentido destas reações, fazendo com que o carbonato dos ambientes marinhos se ligue com os íons H+, ficando menos disponível para a formação do carbonato de cálcio, essencial para o desenvolvimento de organismos calcificadores.
A diminuição das taxas de calcificação afetam por exemplo o estágio de vida inicial destes organismos, bem como sua fisiologia, reprodução, sua distribuição geográfica, morfologia, crescimento, desenvolvimento e tempo de vida. Além disso, afeta também a tolerância a mudanças na temperatura das águas oceânicas, tornando-os mais sensíveis, interferindo na distribuição de espécies mais sensíveis. Ambientes que naturalmente apresentam altas concentrações de CO2, como regiões vulcânicas hidrotermais são demonstrações dos ecossistemas marinhos futuros, apresentando baixa biodiversidade e elevado número de espécies invasoras.
Uma outra consequência, advinda da perda de biodiversidade de ecossistemas marinhos é a erosão de plataformas continentais, que não apresentarão mais corais que ajudam a fixar os sedimentos. Estima-se que até 2100, cerca de 70% dos corais de águas frias estarão expostos a águas corrosivas.
Por outro lado, outras pesquisas apontam para a direção oposta, afirmando que alguns microrganismos se beneficiam com esse processo. Isto se deve ao fato de que a acidificação dos oceanos possui também uma consequência que é, para alguns micro-organismos marinhos, positiva. A diminuição do pH altera a solubilidade de alguns metais, como por exemplo o Ferro III, que é um micronutriente essencial para o plâncton, tornando-o assim mais disponível, favorecendo um aumento da produção primária, que acarreta em uma maior transferência de CO2 para os oceanos. Além disso, o fitoplâncton produz um componente chamado dimetilssulfeto, que ao ser lançado para a atmosfera contribui para a formação de nuvens, que refletem os raios solares controlando o aquecimento global. Este efeito é positivo até que sejam reduzidas as absorções de CO2 pelo oceano devido à saturação deste gás nas águas, situação sob a qual o fitoplâncton , pela menor oferta de Ferro III, produzirá menos dimetilssulfeto.
Em suma, podemos dizer que o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera termina por aumentar a acidez e temperatura das águas oceânicas. Até certo ponto, como vimos, isso é positivo, pois aumentará a solubilidade do Ferro III que é absorvido pelo fitoplâncton para a produção de dimetilssulfeto, que contribui na redução da minimização do aquecimento global. Ultrapassado esse ponto, a saturação de CO2 absorvido pelo ambiente marinho somado ao aumento da temperatura das águas altera o sentido das reações químicas, fazendo com que menores quantidades deste gás sejam absorvidas, prejudicando organismos calcificantes e aumentando a concentração do gás na atmosfera. Por sua vez, esse aumento contribuiria para intensificar os efeitos do aquecimento global. Dessa forma, é criado um ciclo vicioso entre a acidificação dos oceanos e o aquecimento global.
Além de todos os impactos já descritos, com a diminuição do pH oceânico haverá também o impacto econômico, já que comunidades que se mantém à base de eco-turismo (mergulhos) ou de atividades pesqueiras serão prejudicadas.
A acidificação dos oceanos pode também afetar o mercado global de créditos de carbono, uma vez que prejudicado o depósito natural de CO2 nos oceanos, maiores quantidades deste gás se concentrarão na atmosfera, fazendo com que os países arquem financeiramente com as consequências.
Ainda sobre o depósito natural de carbono, a formação de conchas de organismos calcários é interessante economicamente pois com a morte destes organismos, elas são depositadas no leito oceânico, armazenando carbono por longos períodos de tempo.
A geoengenharia desenvolveu algumas hipóteses para acabar com esse problema. Uma delas é usar o ferro para “fertilizar” os oceanos. Dessa forma, as partículas desse metal estimulariam o crescimento dos plânctons que, por sua vez, absorveriam o CO² que, ao morrer, levaria o gás carbônico para o fundo do mar.
Outra alternativa proposta foi a adição de substâncias alcalinas nas águas dos oceanos para equilibrar o pH, como pedra calcária esmagada. Porém, segundo o Professor Jean-Pierre Gattuso, da Agência Nacional de Pesquisas da França, este processo poderia ser eficaz apenas em baías com troca limitada de água com o mar aberto, o que daria um alívio local, mas não é prático em escala global pois consome muita energia, além de ser uma alternativa cara.
Na realidade, as emissões de carbono deveriam ser o foco da discussão. O processo de acidificação oceânica não afeta apenas a vida marinha. Povoados, cidades e até mesmo países são totalmente dependentes da pesca e do turismo marítimo. Os problemas vão muito além dos mares.
Atitudes incisivas se fazem cada vez mais necessárias. Por parte das autoridades, leis sobre níveis de emissão e fiscalizações cada vez mais rigorosas. Pelo nosso lado, diminuir nossa pegada de carbono com pequenas medidas, como utilizar mais transporte público, principalmente em veículos os movidos a fontes de energia renováveis ou optar por alimentos orgânicos, que sejam provenientes da agricultura de baixo carbono. Mas todas essas escolhas só são possíveis caso a indústria altere suas formas de lidar com os recursos naturais e também priorize a produção de bens que utilizem matérias-primas sustentáveis.
Assista a baixo um vídeo sobre o processo de acidificação (em inglês):
Fonte: eCycle
Por João Vitor Santos
Um dos pontos mais elogiados, tratado como grande avanço da Encíclica Laudato Si’, é a abordagem ampla que é dada ao tema do meio ambiente. Dentro do conceito de Ecologia Integral, o PapaFrancisconão apresenta uma, mas sim várias crises. A saída para esse estado de crise requer pensamentos e ações integrais. O meteorologista Tercio Ambrizzi, especialista em fenômenos atmosféricos, endossa essa perspectiva. Para ele, mudança climática é tema de várias disciplinas — ou áreas de conhecimento —, já que o aumento da temperatura impacta desde a saúde da população, passando pela produção agrícola e chegando à economia. Ambrizzi destaca que o fato de a Igreja se posicionar desta forma sobre o tema confere ainda mais urgência no debate ambiental. “A Igreja católica tem possivelmente bilhões de fiéis no mundo todo. Se ela puder motivar estes fiéis a se engajarem e pressionarem os governos, talvez consigamos efetivamente ter uma política internacional de emissões”, afirma.
Na entrevista, concedida por e-mail àIHU On-Line, o pesquisador avalia os recentes acordos internacionais e fala sobre o polêmico mercado de compensação de carbono, uma mania no mundo corporativo. “Com toda a publicidade em torno das mudanças climáticas, o tema sustentabilidade virou um modismo também”, destaca. O lado bom é que, se todos falam nisso, as empresas buscam meios de associar suas produções a formas deminimizar impactos ambientais. “Por outro lado, a compensação pelo mercado de carbono sugere que se alguém está emitindo muito é possível pagar para outro que emita menos. Assim, vendendo os créditos dessa forma, estaria contribuindo para um mundo sustentável”, explica. No entanto, ressalta que “é excelente quando uma empresa se torna sustentável, mas isso não pode ocorrer à custa de outra ou pelatransferência de culpapor degradação a um terceiro”.
Tercio Ambrizzi é doutor em Meteorologia pela Universidade de Reading, na Inglaterra. Foi Diretor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo - USP e professor do Departamento de Ciências Atmosféricas da USP. Foi Chefe do Departamento de Ciências Atmosféricas e é membro da Comissão de Pesquisa do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP. Foi editor-chefe da Revista Brasileira de Meteorologia. Tem coordenado projetos nacionais e internacionais de pesquisa. Atua na área de Ciências Atmosféricas, com ênfase em Meteorologia Dinâmica, Modelagem Numérica da Atmosfera e Climatologia. É autor principal de um dos relatórios de mudanças climáticas regionais encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente em uma parceria entre USP e CPTEC/INPE.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Como a Encíclica Laudato Si’ foi recebida entre os cientistas brasileiros? Quais as contribuições mais significativas do documento para o campo?
Tercio Ambrizzi - De forma geral, a Encíclica foi bem recebida. Demonstra uma preocupação com o planeta de forma geral e um apoio bem-vindo para as discussões que irão ocorrer na próxima COP [1]. Em termos de contribuições, ela faz, na verdade, uma revisão básica do estado da arte do conhecimento. Mas, por óbvio, não há contribuições científicas novas.
IHU On-Line - A grande questão ambiental que está presente em todos os capítulos da Laudato Si’ é o aquecimento global. Como é possível compreender esse fenômeno na perspectiva da Encíclica?
Tercio Ambrizzi - Não li todo o conteúdo da Encíclica, mas em vários trechos o texto tenta deixar claro o conceito doaquecimento global e o quanto nocivo pode ser para a humanidade.
IHU On-Line - A Laudato Si’ é elogiada pelo embasamento científico. No entanto, é criticada por ter excluído a vertente que pensa o aquecimento global de forma não antropogênica. Como avalia essa questão? Qual o impacto das ações humanas no aquecimento?
Tercio Ambrizzi - Na verdade, a fração de pesquisadores que são considerados negacionistas [2] é muito pequena comparado com aqueles que concordam que as mudanças climáticas, particularmente sua aceleração em relação à variabilidade natural, é fruto da ação do homem. Além do mais, as bases científicas utilizadas para negar o aquecimento global são fracas e têm muito mais incertezas do que as que afirmam que ele se deve à ação antrópica.
IHU On-Line - De que forma as mudanças climáticas impactam na organização da sociedade, na economia e até mesmo nas relações internacionais? Como podemos perceber isso desde o Brasil?
Tercio Ambrizzi - As mudanças climáticas podem impactar a sociedade de diversas formas. Se pegarmos apenas os impactos devidos a extremos climáticos (enchentes ou secas extremas, por exemplo), veremos que há um impacto grande sobre as pessoas mais vulneráveis (desabrigados devido a enchentes ou lavouras ou culturas de subsistência sem água em razão de períodos de secas extensas). Isso acaba se refletindo na economia local e mesmo do Estado. Como mudanças do clima não têm fronteiras, todos estão envolvidos. Sendo assim, a discussão das reduções de emissões de gases de efeito estufa (GEE), da mitigação de impactos e outros tem um carácter transfronteiriço.
No Brasil, a percepção da variabilidade climática tem aumentado em função das secas contínuas no nordeste do Brasil e dos dois anos seguidos de seca no sudeste. Isso acarretou diminuição drástica dos reservatórios de água, impactando na produção de energia. Tais fatores têm impactos enormes na economia como um todo, prejudicando a agricultura, a indústria e mesmo o turismo em algumas regiões.
IHU On-Line - O senhor integrou o grupo que trabalhou na composição do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC). De que forma a Encíclica dialoga com os principais apontamentos do estudo?
Tercio Ambrizzi - O PBMC seguiu muito de perto a estrutura do IPCC [3], mas com um foco na ciência das mudanças climáticas que estava sendo feita no Brasil, particularmente. Os princípios da Encíclica estão inseridos nos Relatórios preparados pelo Painel. No entanto, no nosso caso, o foco era a América do Sul com ênfase no Brasil.
IHU On-Line - Passados quase dois anos da apresentação dos estudos do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, de que forma os governos (da União e dos estados) vêm buscando soluções para questões emergidas da pesquisa?
Tercio Ambrizzi - Os relatórios produzidos peloPBMCtêm servido de base para alguns planos de ciência e tecnologia do governo. Servem, também, para apontar algumas deficiências em estudos específicos para o Brasil. Creio que, como uma primeira experiência, foi válido. No entanto, é necessário deixar claro que o PBMC deve continuar, e com ênfase e suporte do próprio governo. O objetivo deve ser o de contribuir para o aprimoramento da pesquisa neste tema e um desenvolvimento tecnológico paramitigar e se adaptaràs mudanças do clima.
IHU On-Line - De que forma a ciência, em especial Ciência Atmosférica e estudos de clima, pode ser impactada pela Laudato Si’?
Tercio Ambrizzi - Creio que o maior impacto é na publicidade em relação à importância desta área para toda a humanidade e em sua expansão e conhecimento em termos científicos.
IHU On-Line - A Encíclica critica a segmentação e o tecnocentrismo do mundo da ciência. Como compreender as mudanças climáticas de forma multidisciplinar?
Tercio Ambrizzi - Na verdade, mais que multidisciplinar, as mudanças climáticas são interdisciplinares. Por exemplo, um aumento de temperatura tem impactos na saúde, na produção agrícola, na economia, etc. Note que tudo está inter-relacionado e devemos tratar este tema de forma conjunta e não isoladamente.
IHU On-Line - A onda de compensação pelo mercado de carbono é vista como forma de minimizar impactos ambientais pela ação do ser humano. No entanto, o Papa Francisco alerta que essa lógica não subverte o sistema de degradação do planeta. Qual a sua opinião? Por que essa compensação virou mania, indo de grandes corporações até pequenas organizações? Quais os riscos dessa política?
Tercio Ambrizzi - Primeiramente, com toda a publicidade em torno das mudanças climáticas, o tema sustentabilidade virou um modismo também. Assim, grandes corporações e mesmo as pequenas utilizam esse slogan para promover a relação entre seus produtos e a forma sustentável com que são gerados.
Por outro lado, a compensação pelo mercado de carbono sugere que se alguém está emitindo muito é possível pagar para outro que emita menos. Assim, vendendo os créditos dessa forma, estaria contribuindo para um mundo sustentável. A preocupação do Papa vai na seguinte direção: é excelente quando uma empresa se torna sustentável, mas isso não pode ocorrer à custa de outra ou pela transferência de culpa pordegradação a um terceiro.
IHU On-Line - Como deve ser o impacto da Laudato Si’ na política internacional de emissão de gases? E de que forma pode inspirar as discussões da COP 21, em dezembro, em Paris?
Tercio Ambrizzi - A Igreja católica tem possivelmente bilhões de fiéis no mundo todo. Se ela puder motivar estes fiéis a se engajarem e pressionarem os governos, talvez consigamos efetivamente ter uma política internacional de emissões de GEE. Dessa forma, teremos um novo “Protocolo de Kyoto” [4] mais abrangente e forte.
IHU On-Line - Como o senhor avalia os recentes acordos entre países sobre a redução na emissão de gases?
Tercio Ambrizzi - Os acordos ainda são tímidos e avisão de gastos econômicospara efetivá-los é o verdadeiro motor por trás disso. Por outro lado, os acordos recentes dos dois maiores poluidores mundiais, China e Estados Unidos, mostram que pelo menos há uma intenção de diálogo e propostas. Isso pode ser um avanço.
IHU On-Line - A Laudato Si’ concebe o clima como bem comum. Destaca a importância da Amazônia, Bacia Fluvial do Congo, grandes lençóis freáticos e glaciares. Como pensar nesses locais como bem comum, de todos, sem destituir a soberania dos países? Aliás, qual a responsabilidade dos países que detêm essas áreas tão fundamentais para equalização do clima? A preservação das áreas passa pela manutenção dessa soberania?
Tercio Ambrizzi - Todos nós vivemos no mesmo planeta, e o clima não tem fronteiras. Num primeiro momento, impedir que aFloresta Amazônicaseja destruída, por exemplo, serviria para todos em termos de diminuição das emissões de carbono eimpacto no clima global. Cabe ao país a preservação, sim. Não somente pensando no seu próprio povo, mas também em termos globais. Ações de manutenção devem ser feitas pelo próprio país ou então em colaboração com outros uma vez que pode beneficiar a todos. Obviamente toda e qualquer ação tem que ser liderada pelo país onde o ambiente deve ser preservado.
IHU On-Line - E em que medida a internacionalização dessas áreas, como a Amazônia, representa um risco para todo mundo?
Tercio Ambrizzi - Este é um tema mais difícil. Sem dúvida envolve a soberania discutida anteriormente. Creio que os governos devem ter ações próprias, amparadas pelo seu povo em função da importância de se preservar uma floresta tão importante como aAmazônia. Acredito que através daeducaçãoe do conhecimento possamos criar umaconsciência sustentávelpara toda a nação. Assim, desta forma, preservar, cuidar e monitorar fará parte do nosso dia a dia, a fim de salvar o planeta em que vivemos.
Notas:
[1] COP 21: COP é a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática. É a autoridade máxima para a tomada de decisões sobre os esforços para controlar a emissão dos gases de efeito estufa. Em 2015, a COP tem sua 21ª edição, a ser realizada em Paris, França, em dezembro. O objetivo é revisar o comprometimento dos países, analisar os inventários de emissões e discutir novas descobertas científicas sobre o tema. Foi criada na ECO-92 e teve sua primeira edição em 1995, em Berlim, na Alemanha. Desde então, ocorre anualmente. (Nota da IHU On-Line)
[2] No sentido de que negam o aquecimento global antropogênico. (Nota da IHU On-Line)
[3] Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática - IPCC: órgão das Nações Unidas responsável por produzir informações científicas em três relatórios que são divulgados periodicamente desde 1988. Os relatórios são baseados na revisão de pesquisas de 2.500 cientistas de todo o mundo. O documento divulgado pelo IPCC em fevereiro de 2007 afirmou que os homens são os responsáveis pelo aquecimento global. Sobre o tema, a IHU On-Line 215 produziu uma edição especial, intitulada Estamos no mesmo barco. E com enjoo. Anotações sobre o relatório do IPCC. O sítio do IHU tem dado ampla cobertura ao tema. No endereço eletrônico (www.unisinos.br/ihu) podem ser acessadas entrevistas sobre o assunto. (Nota da IHU On-Line)
[4] Protocolo de Kyoto ou Protocolo de Quioto: consequência de uma série de eventos iniciada com a Toronto Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá (outubro de 1988), seguida pelo IPCC's First Assessment Report em Sundsvall, Suécia (agosto de 1990) e que culminou com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CQNUMC, ou UNFCCC em inglês) na ECO-92 no Rio de Janeiro, Brasil (junho de 1992). Também reforça seções da CQNUMC. Constitui-se no protocolo de um tratado internacional com compromissos mais rígidos para a redução da emissão dos gases que agravam o efeito estufa, considerados, de acordo com a maioria das investigações científicas, como causa antropogênica do aquecimento global. (Nota da IHU On-Line)
Fonte: Instituto Humanitas Unisinos
Until recently, you might be forgiven for thinking that the oceans were a trivial component of Earth’s climate system, and that the consequences of change were minimal. After all, only5% of papers published on climate change involve ocean systems. The Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), which evaluates the peer-reviewed scientific literature, did not devote a regional chapter to the ocean until its most recent major report.
Yet the ocean system could not be more important: it regulates the global temperature and atmosphere, feeds 3 billion people, and largely determines our weather. The ocean also has lots of “inertia” – which means that getting the ocean to change takes a lot of energy, but once it begins to change, slowing it down becomes more or less impossible.
A paper published today in Science (on which I am one of the authors) has issued a warning that our window of opportunity to save the oceans from major changes is in danger of slamming shut, bringing with it the risk that we will encounter planetary-scale tipping points in the behaviour of the climate. Building on the IPCC’s extensive assessment last year of the effects of climate change on the oceans, my co-authors and I have compiled the latest evidence and projections about the ocean under rapid human-driven climate change.
The news is not good. Failure to act on climate change will see warmer and more stagnant oceans, with declining oxygen levels and productivity in some regions, and the removal or modification of ecosystems in other areas. Fisheries and national economies are in the cross hairs in many regions. Rising seas and intensifying storms, plus a loss of critical coastal features, will make life on the shores of a rapidly changing ocean dangerously different to today.
A lot hinges on whether we can meet the globally agreed 2C “warming guardrail”, but there are fears that this is impossible within current economic strategies, and that even this target is unsafe.
It would be fine to state this if we had a safe alternative, but we don’t. Consequently, the bar for the end-of-year Paris climate summit is set much higher than many understand. As I’ll explain below, we need a global deal that reduces global emissions to zero over the next 20 years, or else we will see momentous changes.
Thankfully, world leaders are beginning to wake up to the challenge facing our oceans. US Secretary of State John Kerry and Prince Albert II of Monaco, are among those who have spoken out against what many see as impending chaos.
The latest is Pope Francis, who became the first pontiff to warn of ocean warming, acidification and sea-level rise, pointing out in his recent encyclical that “a quarter of the world’s population lives on the coast or nearby, and … the majority of our megacities are situated in coastal areas”.
Our research adds to the already mounting evidence that these leaders are right when they say we need to act decisively on fossil fuel emissions and other drivers of climate change.
One of the most stunning conclusions from the IPCC’s report is the statement that “the current rate and magnitude of ocean acidification are at least 10 times faster than any event within the last 65 million years”. Given that periods of rapid acidification over tens of thousands of years – slow by our current human-driven standard - resulted in mass extinction and ecological collapse, this alone should be reason to act.
In a few regions, such as the North Sea, temporary increases in fisheries production are being reported, as the ice retreats, seas warm, and productivity increases. But these benefits are few and far between, and are likely to disappear over time as the ocean warms and acidifies further.
Coral reefs perhaps provide the perfect parable for the Pope’s encyclical. Everyone appreciates their beauty and value, but few may be aware of the crucial role that they play in terms of protecting coastlines, and supporting fisheries and other industries. They generate hundreds of billions of dollars each year and support some 500 million mostly poor people worldwide. Our report highlights the extreme sensitivity of these ecosystems to ocean warming and acidification.
As we progress down the road to Paris, paved with skeletons of these important organisms, there is little doubt about the amount of work that needs to be done in Paris. Analysis of the world’s “carbon budget” (see here and here suggest that we can emit about another 500-800 billion tonnes (gigatonnes) of carbon dioxide before we push global temperatures beyond 2C above the pre-industrial average. This gives us about 20 years before net global emissions have to fall to zero – a tall order indeed.
There is hope. The recent US-China climate deal is one reason to be optimistic that negotiations in Paris will be smoother than at the Copenhagen climate talks in 2009. But I wonder whether leaders are aware of the true scale of the work that needs to be done to avoid catastrophe. Perhaps the fact that China this week made clear the strength of its new climate commitments is evidence of this.
Yet here is a sobering calculation: imagine that the rest of the world falls into line with the US and Chinese climate targets. How much of the world’s budget would we burn?
The answer would be that the world had emitted 1,400 gigatonnes of CO2, or 175-280% of our remaining budget, dragging average global warming to 3C and beyond (see the orange line on the graph below). This would be disastrous for us and our children, and many of the benefits of our oceans (coral reefs, fisheries, coastal living) would be transformed beyond recognition.
Mention of “us and our children” brings us back to Pope Francis and the importance of not reducing everything to a dollar value. Yet even in pure economic terms, given that the IPCCcalculates that keeping atmospheric CO2 below about 450 parts per million (which would give us a good chance of staying within the 2C guardrail) would cost just 0.06% of global consumption growth per year, one is left wondering why we are not jumping right in and solving this problem.
Pope Francis made an important observation:
In a word, businesses profit by calculating and paying only a fraction of the costs involved. Yet only when “the economic and social costs of using up shared environmental resources are recognized with transparency and fully borne by those who incur them, not by other peoples or future generations”, can those actions be considered ethical.
One can only hope the leaders heading to Paris will heed his words and drive their efforts in a new direction.
Photo: Hotli Simanjuntak/EPA/AAP Image
From: The conversation
Rich countries are very, very far from raising the billions they promised to help poor countries fight climate change, jeopardising the prospects of reaching a global warming deal at Paris, the world’s rising economies warned.
As a key United Nations meeting got underway, Brazil, China, India and South Africa said they were disappointed in rich countries’ failure to make good on a promise six years ago to mobilise $100bn a year by 2020 for climate finance.
The funds, intended to help developing countries cut their greenhouse gas emissions and prepare for sea-level rises, extreme weather and other consequences of climate change, are seen as a crucial element to reaching a global warming agreement at the end of the year.
Monday’s high-level meeting of the UN general assembly – including an appearance from Robert Redford – was intended to help build momentum for a Paris deal that would keep warming to 2C, the internationally agreed limit to avoid dangerous climate change.
But some of the key players among the 193 countries taking part in the negotiations – and two of the world’s biggest carbon polluters in India and China – say they are frustrated with rich countries’ failure to come up with a clear plan for raising the cash to fight climate change.
By some estimates, there is less than $20bn a year in public finance making its way to developing countries for climate action – or less than a fifth of the $100bn target.
“We will say that that is very, very far from what has to be mobilised by the year 2020,” Edna Molewa, South Africa’s environment minister, said. “It is important therefore that this scaling up happens … there is still a lot of money that is required.”
Rich countries have been promising since 2009 to help rising economies develop technologies to cut greenhouse gas emissions that cause climate change and protect their people from consequences of climate change.
But a joint statement from the four countries expressed “disappointment over the continued lack of any clear road map to provide $100bn per year by 2020, as well as on substantially scaling up financial support after 2020”.
Climate finance has been a major sticking point in negotiations for a global warming deal at Paris. The last round of negotiations, in Bonn earlier this month,ground along without really managing to zero in on the key components of a deal.
There is widespread recognition that rich countries will need to help developing countries, which did the least to cause climate change, but will suffer the most severe consequences.
“If rich countries can show they are making good on their $100bn promise, there will be a much stronger foundation of trust for the Paris talks,” said Tim Gore, Oxfam’s international climate adviser. “We need to see real funding increases.”
But it’s unclear how much rich countries will pay, and to whom. Developing countries are also pushing rich countries to make more funds available for future protections against climate change – not just cutting greenhouse gas emissions.
But by Oxfam’s estimates, just $2.5bn to $4.5bn of current climate finance is going towards climate protection measures.
Countries in sub-Saharan Africa are already spending about $5bn from their own budgets to prepare for climate change – much more than they were receiving in climate finance from rich countries, according to Oxfam.
The four countries said they were working hard to try to put a climate deal in place, but that finance was a crucial element to reaching an agreement.
“There is still a clear expectation and so I hope the developing countries can fulfill their commitment before the Paris meeting,” Xie Zhenhua, China’s climate change envoy, said.
“We need to avoid what happened in Copenhagen”, which failed to reach a comprehensive climate deal, Izabella Teixeira, Brazil’s environment minister said.
But the four countries made it clear developing countries could not be expected to cut greenhouse gas emissions without help. “Without the flow of technical support … it will be impossible to move onto any such trajectory in the near future,” said Ravi Prasad, India’s climate change negotiator.
Photograph: Rebecca Blackwell/AP
From: The guardian