Por Juliana Speranza
No dia 13 de abril, em Berlim, na Alemanha, foi lançado o Sumário para Formuladores de Políticas do Grupo de Trabalho 3 do IPCC[1] (IPCC WGIII AR5), documento do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que detalha aos governantes o quê precisa ser feito para conter as mudanças climáticas globais e os seus efeitos.
Em coletiva de imprensa, Rajendra Pachauri, presidente do IPCC, ressaltou a importância de toda a sociedade global se unir o quanto antes para mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE). “Entre 1970 e 2010, as emissões continuaram a aumentar, especialmente na última década, quando alcançaram 49 Gigatoneladas (Gt) de CO2e”, disse Pachauri. Já Ottmar Edenhofer, copresidente do Grupo de Trabalho 3 do IPCC, destacou a necessidade da estipulação de um preço de carbono internacional, além da cooperação entre países. “Não estamos dizendo que é ‘almoço grátis’, mas a política climática pode ser uma refeição na qual vale a pena investir”, concluiu Edenhofer.
Em outras palavras, o fato é que mesmo com todos os debates climáticos e com o tema do aquecimento global ocupando cada vez mais a agenda dos líderes mundiais, as emissões de GEE aceleraram na última década, aumentando 2,2% por ano, entre 2000 e 2010. A velocidade entre 1970 e 2000 era menor, de 1,3% ao ano. Mas os cientistas não perderam a esperança. Eles sabem que não será tarefa fácil, mas continuam reforçando e defendendo a necessidade de se colocar em prática medidas como, a expansão do uso de fontes de energia limpa e, melhorias nos processos industriais, para diminuir as emissões de GEE, colocando o mundo numa rota tecnológica de baixo carbono, em lugar do atual cenário “business as usual”.
De acordo com o IPCC, reduzir as emissões até um nível que limite o aquecimento em 2oC[2], até 2100, custaria ao planeta 0,06% de seu crescimento econômico anual, em um cenário no qual a economia mundial cresce entre 1,3% a 3% ao ano. Para os cientistas do Painel há uma janela de oportunidade de uma, talvez duas décadas, para se limitar o aquecimento global em 2oC, porém é preciso agir desde já, por meio de investimentos reais e substanciais. Ademais, os custos da inação aumentam conforme os investimentos são postergados.
Se nada for feito e continuarmos apenas com as políticas climáticas já existentes, o IPCC prevê um aquecimento de 3,7oC a 4,8oC até 2100, o que vai demandar futuramente recursos muito mais significativos para adaptar e amenizar os impactos negativos do aquecimento global, que para algumas regiões e setores econômicos podem ser até catastróficos.
Figura SPM.2 extraída de IPCC WGIII AR5/Summary for Policymakers
Para consultar os documentos da 39ª sessão do IPCC, realizada em Berlim, acesse: http://www.ipcc.ch/scripts/_session_template.php?page=_39ipcc.htm
[1] Este grupo avalia as opções para mitigar a mudança climática global, ou limitando ou impedindo as emissões de GEE e ainda aumentando as atividades que removem tais gases da atmosfera.
[2] Limite considerado seguro pelos cientistas para que os efeitos das mudanças climáticas sejam brandos.
Fonte Fórum Clima