Colaborações em pesquisa precisam ser incentivadas

Por Heitor Shimizu, de Davis (EUA)

O segundo dia da FAPESP Week California no campus da University of California em Davis foi aberto por um painel que reuniu pesquisadores da universidade norte-americana e do Estado de São Paulo para debater desafios e oportunidades em colaborações científicas.

“O papel das instituições em fazer as colaborações funcionarem está em oferecer aos pesquisadores os incentivos certos para que eles possam enxergar boas oportunidades e tenham os mecanismos para fazer parcerias. E é desse modo que temos trabalhado com colaborações internacionais em pesquisa na FAPESP”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP

A FAPESP mantém acordos com dezenas de universidades, institutos de pesquisa e agência de fomento de outros países. Por meio desses acordos são lançadas chamadas de propostas que oferecem a pesquisadores do Estado de São Paulo o financiamento necessário para realizar trabalhos em parceria com colegas de outros países.

A FAPESP também oferece bolsas e auxílios que permitem ao cientista no Estado de São Paulo estudar ou pesquisar no exterior e modalidades de apoio para financiar a vinda de pesquisadores visitantes, ou seja, cientistas de outros países que passam temporadas trabalhando em universidades ou institutos em São Paulo.

Ricardo Hauch Ribeiro de Castro, professor associado que dirige um laboratório de pesquisa no Departamento de Engenharia Química e Ciências de Materiais na UC Davis, destacou a importância de se estimular colaborações internacionais em pesquisa.

Castro fez a graduação e o doutorado na Universidade de São Paulo e está na UC Davis desde março de 2009. Teve apoio da FAPESP por meio de bolsa e Auxílio Jovem Pesquisador.

“Considero esse apoio fundamental em minha carreira”, disse Castro, que recebeu em 2012 o Outstanding Junior Faculty Award da Faculdade de Engenharia da UC Davis e, em 2011, um auxílio de cinco anos do Departamento de Energia dos Estados Unidos para realizar pesquisas em cerâmicas resistentes à radiação. No grupo que coordena em Davis, dos 14 integrantes cinco são brasileiros.

Hugo Borelli Resende, diretor do Laboratório de Estruturas Leves do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), lembrou que, quando se pensa em colaborações científicas internacionais, há que se considerar as diferenças entre os países.

“Mas, na maior parte dos casos, as diferenças são complementares e não antagônicas. Por exemplo, em Engenharia Computacional ou em Estruturas Mecânicas, o Brasil é forte em teoria, em ciência básica, e os Estados Unidos são fortes em abordagens práticas; esses dois aspectos são complementares”, disse.

O painel foi aberto por Linda Katehi, chanceler da UC Davis desde 2009. Antes de se tornar a principal executiva da UC Davis, a engenheira com 19 patentes em seu nome, foi pró-reitora da University of Illinois em Urbana-Champaign e professora de Engenharia na Purdue University e na University of Michigan.

“É muito bom ver acadêmicos de diferentes países se reunirem para pensar sobre desafios importantes e tentar resolvê-los, tendo que superar barreiras não apenas geográficas, mas, infelizmente, muitas vezes também políticas e sociais”, disse sobre a FAPESP Week California.

O embaixador Eduardo Prisco Paraíso Ramos, cônsul-geral do Brasil em San Francisco, destacou que o simpósio “é uma excelente oportunidade para a criação de novas iniciativas de colaboração entre a UC Davis e universidades no Brasil”.

“Nos últimos anos, a UC Davis tem desenvolvido um intenso relacionamento com o Brasil, tendo assinado acordos com diversas universidades brasileiras e com o CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], o que faz com que a UC Davis seja uma das que mais têm bolsistas do programa Ciência sem Fronteiras, com mais de 170 pós-doutorandos, doutorandos e graduandos. A UC Davis tem também diversos professores brasileiros e em breve oferecerá um curso de graduação em português”, disse.

Os outros participantes do painel foram Cleve Justis, diretor executivo do Child Family Institute for Innovation and Entrepreneurship; Dushyant Pathak, vice-chanceler associado para Tecnologia, Administração e Relações Corporativas, ambos da UC Davis; Roxanne Duan, diretora da farmacêutica MedImmune; e Euclides de Mesquita Neto, professor na Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro da coordenação da área de Engenharia da FAPESP.

A FAPESP Week California foi realizada em dois campi da University of California: Berkeley, nos dias 17 e 18; e Davis, nos dias 20 e 21. O evento contou com apoio do Brazil Institute do Woodrow Wilson International Center for Scholars, em Washington.

Mais informações: www.fapesp.br/week2014/california

Foto: FAPESP Week California - por Heitor Shimizu

Fonte: Agência FAPESP

Unicast