A Amazônia surpreende mais uma vez. Há 25 anos, cientistas tentam descobrir o mecanismo completo da formação de nuvens na atmosfera da floresta, que acabam gerando as vitais e caudalosas chuvas da região.
Muito antes das nuvens, para que elas se formem, é preciso existir os chamados núcleos de condensação. A partir deles é que surgem as gotículas, as nuvens e finalmente as chuvas amazônicas.
Até hoje, os cientistas que estudam a floresta sabiam que parte das partículas que funcionam como núcleos de condensação eram emitidos pelas próprias plantas, em forma de gás.
Agora é oficial. A concentração de gás carbônico na atmosfera da Terra ultrapassou 400 ppm (partes por milhão) em 2015 e em 2016 ela deverá ficar acima dessa marca o ano inteiro pela primeira vez. A sentença vem da Organização Meteorológica Mundial, órgão da ONU que nesta segunda-feira divulgou seu balanço anual de gases-estufa.
Segundo a OMM, os níveis de CO2 já haviam atingido a marca simbólica de 400 ppm em alguns lugares e em alguns períodos do ano. No observatório do Mauna Loa, no Havaí, onde essas medições sistemáticas começaram a ser feitas, em 1958, a marca foi superada (brevemente) pela primeira vez em 2012.
Os cientistas já sabiam que era questão de tempo até que todas as estações do mundo que medem gases-estufa na atmosfera (duas delas no Brasil) registrassem 400 ppm no fim do ano. Isso ocorreu no final de 2015. No Mauna Loa, o nível de gás carbônico não caiu abaixo de 400 ppm em nenhum momento de 2016.
O teor de CO2 na atmosfera varia ao longo do ano. No outono do hemisfério Norte ele chega aos valores máximos, devido à queda das folhas das árvores nas florestas temperadas (isso faz diferença porque a maior parte das terras emersas do globo e, portanto, das florestas, está naquele hemisfério). Na primavera, fica no mínimo, por causa do carbono sequestrado pela rebrota.
Com as emissões crescentes de gases de efeito estufa pela humanidade, porém, o CO2 no ar vem crescendo continuamente. No ano passado, essa concentração foi 44% maior do que na era pré-industrial, quando o valor máximo jamais ultrapassou 280 ppm.
“As concentrações ficarão acima de 400 ppm por todo o ano de 2016 e não cairão abaixo desse nível por muitas gerações”, afirmou a OMM em comunicado à imprensa.
O novo provável recorde de 2016 foi ocasionado pelo El Niño, que, ao esquentar a superfície da terra e dos oceanos, diminui a capacidade dos ecossistemas de absorver o carbono emitido em excesso pela humanidade. No entanto, ele não teria acontecido na ausência de uma forte tendência subjacente de aquecimento global. “O El Niño já desapareceu. A mudança climática não”, disse o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
Fonte: Observatório do Clima
Alguém aí se lembra do mercado de carbono? Após passar por maus bocados na última década, quando ganhou o apelido de “pior commodity do mundo”, o CO2 deve ressuscitar para o sistema financeiro global nos próximos meses, com a entrada em vigor do Acordo de Paris.
E o Brasil quer ditar regras para sua comercialização: no começo do mês, o governo brasileiro submeteu à Convenção do Clima das Nações Unidas duas propostas de regulamentação do artigo do Acordo de Paris que trata dos mecanismos de comércio de emissões. O país quer discutir as propostas durante a COP22, a conferência do clima de Marrakesh, que começa em exatas duas semanas, no próximo dia 7. Grosso modo, o que o Brasil quer é evitar que créditos de carbono “podres” ponham todo o sistema abaixo e impeçam o mundo de atingir as metas do acordo do clima.
O temor é justificado por dois fatores: primeiro, de agora em diante, todos os 195 países-membros da ONU mais a União Europeia poderão comprar e vender créditos de carbono. Depois, como as metas de redução de emissões são todas estabelecidas domesticamente – ou seja, cada país corta carbono e mensura esses cortes como bem entende – há um risco real de que alguns lancem no mercado créditos por emissões que não estão reduzindo de verdade. Isso seria um desastre para o próprio mecanismo, mas, sobretudo, para a atmosfera.
Como em tudo que diz respeito a negociações de clima, porém, o diabo mora nos detalhes. Se por um lado a necessidade de botar ordem no galinheiro dos créditos de carbono dificilmente será contestada, por outro há diversas maneiras possíveis de fazer isso. E a interpretação do Brasil sobre o que deve ser permitido ou não nesse mercado provavelmente encontrará resistências.
Uma delas já desponta em parte setor ambiental, uma vez que uma das submissões brasileiras deixa claro que projetos de redução de desmatamento (o chamado Redd+) não devem ser elegíveis para gerar créditos de carbono no chamado MDS (Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável), criado pelo parágrafo 4 do artigo 6 do Acordo de Paris.
O MDS, nas palavras de uma fonte do governo, é imaginado pelo Brasil como um “ultra-esquema de certificação”, por meio do qual qualquer empresa, governo subnacional ou país que adote formas mais baratas e seguras de reduzir emissões poderá comercializar créditos de carbono num mercado internacional.
Ele virá substituir o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), um dos chamados mecanismos de flexibilização do Protocolo de Kyoto. O Brasil tem um xodó histórico pelo MDL, que se originou de uma proposta brasileira na conferência de Kyoto, em 1997. Pelo mecanismo, países desenvolvidos com metas de redução de emissões a cumprir podiam financiar projetos de plantio de florestas ou de energia limpa em países em desenvolvimento, onde em tese é mais barato fazer essas reduções. Esses projetos geram créditos, transacionáveis no mercado.
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Por: Ascom PBMC
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) está atualmente iniciando o ciclo da Sexta Avaliação Nacional. Durante este ciclo, o Painel vai produzir três relatórios especiais, um relatório sobre Metodologia em inventários nacionais de gases de efeito estufa e o Sexto Relatório de Avaliação (AR6).
As contribuições dos três grupos de trabalho: GTI – Base científica; GTII – Impactos, vulnerabilidade e adaptação; e GTIII – mitigação para o AR6 serão finalizadas em 2021 e o Relatório Síntese do AR6 no primeiro semestre de 2022.
Em 21 de setembro de 2016, o secretariado do IPCC enviou um questionário e o pré-escopo para os Pontos focais nacionais, organizações observadoras e membros do conselho do IPCC para identificar as questões políticas relevantes e temas científicos e técnicos a serem abordados no Sexto Relatório de Avaliação. As respostas recebidas serão sintetizadas e disponibilizadas aos participantes em encontro do Painel, previsto para maio de 2017, para definições no âmbito do AR6.
No Brasil, o Ministério da Ciência, Tecnologias, Inovações e Comunicações (MCTIC) solicitou o apoio do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) na chamada para a indicação de especialistas brasileiros a participarem do sexto relatório.
Os pontos focais nacionais devem apresentar a lista de candidatos até 14 de novembro de 2016 (segunda-feira).
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