Quem olha para o leito seco do rio Pilcomayo, um dos afluentes do rio Paraguai, fica intrigado. De longe, pode-se enxergar, mesclados com o barro seco e restos de vegetação, o que se parecem com troncos embranquecidos e alongados. Ao se aproximar da cena, a curiosidade vira surpresa: na verdade, os “troncos” nada mais são do que carcaças secas de jacaré, centenas deles, mortos por sede e fome. A secura é tal que muitos deles parecem fossilizados.
De abril a outubro, o rio Pilcomayo fica seco em decorrência da estiagem natural. Nesse período, a região praticamente não registra precipitações, o que resulta na redução significativa do nível do rio. Neste ano, no entanto, as chuvas começaram a rarear ainda dentro do período tradicionalmente chuvoso. Para piorar, a vazão natural do Pilcomayo também ficou reduzida no último ano, com entrada de menor volume de água das fontes naturais do rio, no trecho boliviano da Cordilheira dos Andes. O resultado disso é a pior seca em duas décadas e a segunda pior em 35 anos.
Para os brasileiros, é difícil olhar para essas imagens sem pensar em situações recentes vividas em nosso país. Há seis anos, os rios da bacia amazônica estavam tão secos como o Pilcomayo, durante a pior seca já registrada na região. Cinco anos antes, a região já tinha vivido outra grande seca. Mas talvez o exemplo mais fresco na memória dos brasileiros seja a crise hídrica atravessada pelo Sudeste nos últimos anos, com reservatórios de água funcionando com níveis próximos a zero (ou, no caso dos reservatórios do Sistema Cantareira, em São Paulo, com níveis efetivamente abaixo de zero).
Para ler mais sobre a matéria clique AQUI.
O mês de agosto de 2016 foi o mais quente em 136 anos de registos, de acordo com uma análise mensal das temperaturas globais feita pelo Earth Observatory da NASA.
Nova pesquisa publicada pelo Earth Observatory da NASA mostra que o mês passado foi o mais quente agosto em 136 anos de manutenção de registos históricos de temperatura, de acordo com uma análise mensal das temperaturas globais por cientistas do Instituto Goddard para Estudos Espaciais (GISS, na sigla em inglês).
E mais do que isso, os dados mostraram uma tendência de mudança nos padrões sazonais quem vem se confirmando. Embora o ciclo sazonal de temperaturas comumente atinja o pico em julho,a temperatura de agosto de 2016 foi 0,16°C mais quente que a temperatura do recorde anterior de agosto de 2014. O mês também foi 0,98 °C mais quente que a média de temperaturas para o mês de agosto no período de 1951 a 1980.
Leia mais sobre o assunto em: Socientífica
Leia mais sobre esse assunto em O Globo.
Mais 31 países ratificaram nesta quarta-feira (22) o Acordo de Paris – que prevê o combate às mudanças climáticas –, e a expectativa é que ele entre em vigor até o final do ano. A adesão ocorreu em cerimônia especial convocada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Com isso, chegou a 60 o total de países comprometidos com o acordo. No meio da nova leva está o Brasil, que tinha anunciado a ratificação na semana passada, mas que só fez o “depósito” do termo junto à Convenção do Clima da ONU hoje. Juntos, os 60 países representam 47,76% das emissões globais de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. Para ter força de lei, é necessária a participação de pelo menos 55 países , representando 55% das emissões.
A primeira parte da regra já foi alcançada. Agora com a entrada de alguns poucos países já será possível fechar a segunda parte. Durante a cerimônia, mais 14 nações, responsáveis por 12,58% das emissões do planeta, também informaram que vão se juntar ao esforço global, dependendo apenas de finalizar seus processos internos de aprovação. Isso confirmado, o acordo entra em vigor até o final do ano. A expectativa é que isso possa ser anunciado durante a próxima Conferência do Clima, que será realizada em Marrakesh (Marrocos) entre 7 e 18 de novembro.
“Este momento é memorável. Às vezes leva anos ou mesmo décadas para um tratado entrar em vigor. Passaram apenas nove meses desde a conferência do clima em Paris. Esta é uma prova da urgência da crise que todos enfrentamos”, disse Ban Ki-moon.
Na prática isso significa que o mundo vai começar a fazer seus planos para implementar ações que possam reduzir as emissões de gases de efeito estufa a fim de limitar o aumento da temperatura média do planeta a menos de 2°C até o final do século, com esforços para ficar em no máximo 1,5°C, conforme acordado em dezembro do ano passado na Conferência do Clima da ONU, em Paris.
Em contribuição ao acordo, cada país apresentou suas metas internas, as chamadas INDCs, que apresentam com quanto cada um pode colaborar em termos de redução das emissões. A conta, por enquanto, porém, não fecha com a meta final. Somados todos esses esforços, o mundo ainda segue num rumo de aquecer em torno de 3°C até 2100. E enquanto isso o planeta continua aquecendo. A expectativa é que 2016 bata pelo terceiro ano seguido o recorde de ano mais quente.
A rápida entrada do acordo em vigor é desejada porque dá mais tempo para que os países possam começar a se planejar para implementar seus planos de ação e também para tornar mais ambiciosas suas próprias metas a fim de conseguir conter o aquecimento.
“É um um sinal claro da determinação dos países em implementar Paris agora e aumentar a ambição ao longo das décadas para vir”, afirmou Patricia Espinosa, secretária executiva da Convenção do Clima da ONU.
Ela lembrou que ainda muitos aspectos precisam progredir. “Desde o desenvolvimento de um livro de regras para operacionalizar o acordo, até a construção de confiança entre os países em desenvolvimento de que os US$ 100 bilhões prometidos a eles pelos países desenvolvidos estão verdadeiramente em construção”, complementou Patricia.
Fonte: PROCLIMA