Um artigo publicado na semana passada, na revista Nature, assinado por 10 especialistas de diferentes países, entre eles o professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, Roberto Schaeffer. De acordo com a pesquisa, as metas propostas no Acordo de Paris, durante a COP-21, não serão suficientes para garantir uma elevação da temperatura média da Terra abaixo de 2°C, em relação aos níveis pré-industriais.
Confira abaixo a repercussão nas mídias brasileira e internacional:
Brasil
O Globo Online - Acordo de Paris não vai salvar mundo de catástrofe climática
Estadão Online - Planeta pode aquecer 3,1°C se metas do Acordo de Paris não ganharem impulso
Isto É Online - Temperatura pode subir 3 °C se meta do clima não for ampliada
Agência Brasil - Acordo de Paris não conseguirá conter aumento da temperatura, alertam cientistas
Faperj - Cientistas alertam que Acordo de Paris não vai conter elevação da temperatura do planeta em 2°C
Projeto Colabora - Acordo de Paris subiu no telhado
Repórter Diário - Temperatura pode subir 3°C se meta do clima não for ampliada
Envolverde – Metas nacionais declaradas na COP-21 não garantem elevação de apenas 2°C
Estados Unidos
Washington Post – The world has the right climate goals – but the wrong ambition levels to achieve them
Reino Unido
Independent – Paris climate summit put planet on course for ‘catastrophic’ warming despite being seen as success, study finds
Climate Home: Scientists: Window for avoiding 1.5°C global warming ‘closed’
Austria
Science Orf – Klimavertrag: Nationale Pläne reichen nicht
Nova Zelândia
Newshub – Climate change plans woefully inadequate, scientists say
Austrália
Sunshine Coast Daily – Scientists believe we need tighter climate targets
Países Baixos
Volkskrant – Klimaatafspraken Parijs bij lange na niet genoeg
Nrc – Klimaatbeloftes leveren onvoldoende op
Binnenland – Klimaatdoelstelling Parijs niel gehaald
Bit of Science – Real global Temperature Tren, p22 – world still on course for dramatic 3 degress warming, need to more than double reduction speed
Alemanha
WDR (Entrevista de radio, a partir de 0:59):http://www1.wdr.de/
Posts and blogs
Carbonbrief – Why Paris climate pledges need to overdeliver to keep warming to 2C
Blog at NewClimate – 2°C carbon budget almost depleted by 2030 under Paris contributions – paper in Nature
Fonte: Planeta Coppe
Quando foi fechado o Acordo de Paris, que prevê conter o aquecimento do planeta a uma temperatura bem abaixo de 2°C, com esforços para limitar em 1,5°C até o final do século, já se sabia que os compromissos dos países naquele sentido não seriam suficientes para alcançar a meta. Agora uma análise científica sobre esses compromissos não deixa dúvidas. Se apenas os planos nacionais forem adotados, o aquecimento médio pode ser de 2,6°C a 3,1°C até 2100 na comparação com a temperatura média de antes da Revolução Industrial.
Fonte: Blogs Ambiente-se
Quando foi fechado o Acordo de Paris, que prevê conter o aquecimento do planeta a uma temperatura bem abaixo de 2°C, com esforços para limitar em 1,5°C até o fim do século, já se sabia que os compromissos dos países naquele sentido não seriam suficientes para alcançar a meta. Agora, uma análise científica sobre esses compromissos não deixa dúvidas. Se apenas os planos nacionais forem adotados, o aumento médio da temperatura pode ser de 2,6°C a 3,1°C até 2100 – na comparação com o período pré-Revolução Industrial.
É o que mostra estudo publicado nesta quinta-feira, 30, na revista Nature por uma equipe de dez cientistas de diferentes países, incluindo o Brasil. Números semelhantes já haviam sido propostos por pelo menos dez outras análises feitas logo depois que as chamadas INDCs (Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida) – conjunto de compromissos que cada país disse ser capaz de adotar como contribuição ao esforço global de redução das emissões de gases de efeito estufa – foram apresentadas pelos governos.
O novo estudo considerou as chances de cada uma dessas projeções. E chegou à conclusão que, mesmo se todos os compromissos forem cumpridos, há 50% de probabilidade de se ficar na faixa de 2,6°C a 3,1°C.
Atualização
“O que nosso estudo reforça é que é preciso definir ações mais ambiciosas o quanto antes. Não vai dar para gastar o período de 2020 (quando o Acordo de Paris começa a valer) a 2030 (prazo da maioria das INDCs) para ter ações mais ambiciosas depois”, afirma o pesquisador Roberto Schaeffer, professor de Planejamento Energético do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da UFRJ.
Quando o Acordo de Paris foi fechado, os países já tinham noção disso e, por isso, concordaram que INDCs sejam revistas a cada cinco anos, com valores sempre readequados para cima, nunca para baixo. “Mas não vamos poder esperar o fim do período da INDC para começar a correr atrás”, alerta.
Ele afirma que para fechar a conta para menos de 2°C ou para 1,5°C em geral se considera a necessidade de adoção de tecnologias que ainda não estão firmadas, como de sequestro e captura de carbono (CCS ou BioCCS, que conta com biomassa). “Se dependemos disso, então está na hora de fazer isso começar a existir. Para ficar em 1,5°C seria necessário, logo depois de 2050, ter emissões negativas. Isso só vamos ter com BioCCS. Está na hora de acelerar tudo, incluindo o que não existe”, defende o pesquisador que participou da análise. “O estudo é para chamar atenção. O pessoal saiu de Paris em clima de lua de mel, felizes por terem um acordo. E isso foi um excelente começo, mas tem de ir além. Ainda dá tempo”, diz.
Schaeffer faz ainda um alerta para o Brasil. “A INDC brasileira foi ambiciosa em outro cenário macroeconômico. Agora em crise, existe uma chance de o Brasil cumprir suas metas não por méritos próprios, mas porque a economia afundou. Nesse cenário, as emissões caem naturalmente porque o consumo de energia cai. Aí corre o risco de não fazer as ações necessárias, como ter mais energia eólica e menos térmica. Se fizer térmica achando que o jogo está ganho, fica mais difícil se desvencilhar disso mais para frente.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
Fonte: Isto é
Foi um acordo histórico. Por aclamação dos delegados dos 197 países, a COP21, a conferência do Clima da ONU em Paris, foi festejada, à época, como um divisor de águas no combate ao aquecimento global. Era a primeira vez, desde a assinatura do Protocolo de Kyoto, em 1997, que os países cruzavam a fronteira de suas diferenças e assumiam, por unanimidade, um compromisso geral com a redução de emissões de gases de efeito estufa. Seis meses depois, um artigo da revista Nature, uma das principais publicações científicas do mundo, mostra com argumentos, números e projeções como o acordo não serve de nada para deter o aquecimento global.
Como diria o prefeito de uma cidade nordestina, Valfrido Canavieira (personagem do humorista Chico Anysio, já falecido), “palavras são palavras, nada mais do que palavras”. E o acordo de Paris, na visão dos dez cientistas que assinam o artigo, nada mais é do que uma peça de ficção. Não há nenhuma chance de a meta estipulada ser cumprida.
Na melhor das hipóteses, e considerando as previsões mais otimistas, chegaremos ao final do século com a temperatura 3,9º C mais quente. Estabeleceu-se na COP21 que o objetivo a ser perseguido era conter o aquecimento da temperatura “bem abaixo” do teto de 2º C, procurando perseguir a meta de 1,5º C.
“Há uma contradição entre o que os países assinaram embaixo e o que precisa ser, efetivamente, feito para a temperatura ficar abaixo da meta”, alerta Roberto Schaeffer, professor de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ e um dos dez autores do artigo.
A projeção feita pelos cientistas de a temperatura da terra chegar a 3,9º C é, segundo ele, aquela com menor possibilidade de erro. “A chance de errarmos é de 10%, o que significa 90% de possibilidades de acerto”.O artigo é taxativo. Será impossível, com os compromissos voluntários anunciados pelos países até agora, cumprir a meta de 2º C. O artigo da Nature já vem sendo considerado o estudo mais profundo anunciado até então sobre as reais implicações do acordo de Paris. O esboço do texto começou nove meses antes da COP21, em março de 2015. Não é um trabalho trivial. Os cientistas se debruçaram sobre os compromissos voluntários anunciados pelos países. Alguns deles, como foi o caso brasileiro, anunciaram metas incondicionais, sem depender de aportes externos para atingir a meta, como transferência de recursos financeiros ou tecnologia.
Ou seja, o Brasil espera chegar em 2025 com emissões globais de 1,3 bilhão de toneladas de CO2e (gás carbônico equivalente) e, em 2030, com 1,2 bilhão de toneladas de CO2e , uma redução de 37% e 43% respectivamente, em relação a 2005. As emissões brasileiras naquele ano foram de 2,1 bilhão de toneladas de CO2e. Como as metas são voluntárias – elas devem ser revistas a cada cinco anos e devem ser iguais ou menores do que a anterior –, alguns países se comprometeram a não crescer muito as emissões, enquanto outros anunciaram em Paris que a intensidade de carbono do seu PIB (produto interno bruto) vai cair ao longo do tempo. Ou seja, cada país usou a métrica que quis, e, por ser voluntária, não estão previstos mecanismos de controle para verificar ou não o cumprimento da meta. O Brasil foi um dos poucos países que anunciou reduções objetivas. A crise econômica brasileira será, na avaliação de Schaeffer, um dos principais fatores a ajudar o país a cumprir, com folga, a meta anunciada na COP21.
“A meta voluntária do Brasil tal como proposto no passado, previa uma economia com outro desempenho”, contextualiza Schaeffer. É preciso, concluiu, que os países venham a se comprometer com metas mais ousadas. Ainda há tempo de transformar o Acordo de Paris em um compromisso de fato. Se os países não se comprometerem com metas mais ousadas, a COP21 vai subir no telhado
Fonte: Projeto Colabora