Evento discute mudanças climáticas na rotina das cidades
Pesquisadores apresentam ações para minimizar seus impactos
Um assunto tem tomado conta dos noticiários no último mês: o aumento do frio. A cidade de São Paulo registrou temperaturas abaixo de 10 graus centígrados, o que não ocorria, em um final de outono e início de inverno, desde 1989.
Especialistas reunidos no auditório da SMA/Cetesb, em 22.06, apresentaram estudos sobre as mudanças climáticas em todo o país, as suas consequências e como antecipar ações no intuito de minimizar seus impactos.
A mudança no clima pode afetar os municípios de várias formas, em especial, as áreas costeiras, que são sujeitas a erosão. Para Andrea Santos, secretária executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), um grande desafio é adaptar as cidades brasileiras a esses eventos. “Promover o debate sobre o tema é uma maneira de engajar a sociedade”, completa.
No Brasil, 56% dos desastres naturais estão associados a chuvas, enchentes e desmoronamentos, resultados de um crescimento urbano não planejado. José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), diz que incluir nos planos diretores municipais ações que minimizem os impactos causados pelos desastres climáticos é primordial.
A participação humana no aquecimento global e nas mudanças climáticas está comprovada, então a sua cooperação nas soluções dos problemas é uma necessidade crescente. “A comunidade deve mudar os seus hábitos. Começar a incluir na rotina o compartilhamento dos bens de consumo e de espaço, como o carro e o escritório, assim como a reciclagem”, salienta Suzana Kahn, do comitê cientifico do PBMC.
O workshop: ‘As mudanças climáticas e as cidades brasileiras – riscos e medidas de respostas’ foi promovido pelo PBMC e contou com o apoio da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Carlos Roberto dos Santos, diretor de Engenharia e Qualidade Ambiental, ressaltou que “a questão climática deixou de ser uma tese e a realidade enfrentada pelas cidades necessita de ações imediatas”. A Cetesb, como agência ambiental do Estado, acompanha o tema e colabora com pesquisas e trabalhos desde 1995. “Um olhar crítico seguido de ações planejadas para o desenvolvimento das cidades é fundamental para conter as crises climáticas”, frisa Josilene Ferrer, gerente da Divisão de Mudanças Climáticas.
Os pesquisadores presentes chegaram ao consenso de que um desenvolvimento ordenado, um crescimento urbano planejado e decisões de governo que levem em conta novas tecnologias e pesquisas sobre o tema são importantes para minimizar os impactos negativos advindos dos desastres climáticos
Fonte: PROCLIMA
Concentração de CO2 na atmosfera ultrapassa barreira simbólica de 4 centenas de partes por milhão e pode superar limiar da catástrofe em 25 anos, sugere estudo de grupo internacional
Algumas coisas desagradáveis são para sempre: ex-cônjuges, impostos e, agora, 400 partes por milhão de CO2 na atmosfera. Perto do último item, os dois primeiros são uma bênção.
Um grupo internacional de cientistas acaba de publicar um estudo no qual prevê que a concentração de dióxido de carbono no ar em 2016 terá a maior elevação de todos os tempos e terminará o ano no patamar de 404 ppm. Ou seja, em cada milhão de moléculas de ar no planeta, haverá 404 do principal gás de efeito estufa.
Dito assim parece pouca coisa. Mas, nos últimos 800 mil anos, essa concentração jamais ultrapassou 300 ppm. E, quando chegou nesta faixa, o mar subiu cerca de 10 metros no mundo todo, devido ao derretimento do gelo da Groenlândia e de parte da Antártida.
É que o gás carbônico segue a máxima segundo a qual os piores venenos estão nos menores frascos: ele é tão eficiente em aprisionar o calor irradiado pela Terra na atmosfera que mesmo uma quantidade ínfima tem grande potencial de aquecer o planeta.
Então, 404 ppm definitivamente não parece um limiar recomendável para cruzar. Só que é tarde demais agora: o climatologista Richard Betts, do Met Office britânico, e seus colegas afirmam que não retornaremos tão cedo a patamares de concentração de CO2 menores do que 400 ppm. Mesmo que a taxa anual de acúmulo desse gás no ar caia nos próximos anos em relação a 2016 – o que é muito provável que aconteça –, a humanidade poderá ultrapassar o limite de 450 ppm em cerca de 25 anos. Este é o limite que separa o mundo de um aquecimento potencialmente catastrófico neste século.
A nova análise foi publicada nesta segunda-feira (13) na edição on-line da revista Nature Climate Change. Ela tem entre seus autores o americano Ralph Keeling, da Universidade de San Diego, que dedica sua vida a medir CO2 no alto do vulcão Mauna Loa, no Havaí. Trata-se de um antigo negócio de família, que rendeu ao mundo uma das constatações mais chocantes sobre o aquecimento global.
TAL PAI, TAL FILHO
Keeling ainda não era nascido em 1958, quando seu pai, Charles, instalou no alto do mesmo vulcão o primeiro equipamento para medir as concentrações de CO2 na atmosfera. A pesquisa de Charles Keeling tinha como objetivo comprovar ou não a tese de um professor dele, Roger Revelle, de que o CO2 produzido por atividades humanas estava se acumulando perigosamente no ar e aquecendo o planeta. A resposta, dada já ao final do primeiro ano de medições, era positiva.
Keeling pai iniciou uma série de medidas mensais do CO2 que resultou em um dos gráficos mais famosos da história da ciência, a chamada curva de Keeling (que ilustra esta página). As medições foram continuadas por Ralph após a morte de Charles, em 2005.
A curva é cheia de “dentes”, que correspondem à variação sazonal da quantidade de carbono no ar: esta sobe no outono e no inverno, quando as florestas do hemisfério Norte perdem suas folhas (liberando carbono por decomposição), e cai na primavera e no verão, quando ocorre a rebrota (e o sequestro de CO2 do ar). Ano após ano, porém, o que a curva mostra é um crescimento contínuo das concentrações do gás. No primeiro ano de medição, havia 315 ppm de CO2 na atmosfera. Em 2013, o limiar de 400 ppm foi cruzado pela primeira vez no outono, no pico sazonal. Mas a média anual ainda estava abaixo disso. Em 2015, o valor anual fechou em 400,9 ppm.
Na última década, a concentração de gás carbônico no ar tem crescido a uma taxa média de 2,1 ppm por ano. Só que em 2016 ela deve ser ainda maior: 3,15 ppm. Trata-se de uma previsão feita por Betts, Ralph Keeling e colegas com base no comportamento de dois fatores conhecidos: o ciclo de carbono, que inclui as emissões de CO2 por desmatamento e combustíveis fósseis, e as temperaturas do oceano, que determinam quanto CO2 dissolvido no mar acabará na atmosfera (quanto mais quente, menos CO2 o mar absorve).
A aceleração prevista se deve, neste ano, ao malvado favorito do momento entre os climatologistas: o El Niño. O fenômeno cíclico do aquecimento do Oceano Pacífico aumenta a emissão de carbono por ecossistemas tropicais e o risco de incêndios florestais, como ocorreram em 1998 na Amazônia e na Indonésia e neste ano novamente na Indonésia.
O modelo usado pelos pesquisadores para fazer sua previsão da concentração anual foi testado para alguns meses deste ano. A previsão era a de que o CO2 chegasse a 407,57 ppm em maio e 406,7 em abril. A medição no Mauna Loa, porém, registrou 407,57 ppm já em abril, o que sugere que o modelo pode ser ligeiramente otimista. A força do El Niño deste ano é tamanha, notam os pesquisadores, que a alta é esperada mesmo com a ligeira queda na taxa de emissões por uso de energia no mundo entre 2014 e 2015.
Mas e depois que o El Niño passar e o planeta entrar na fase fria conhecida como La Niña, ainda este ano?
“As concentrações mínimas anuais de CO2 poderiam cair novamente abaixo de 400 ppm? Isso é excepcionalmente improvável”, escreveram os autores. Aqui quem entra em ação para controlar a marionete do CO2 são as emissões humanas. E, mesmo no cenário mais benigno de emissões descrito pelo IPCC, o painel do clima da ONU – um cenário que envolve sequestro maciço de carbono em usinas de bioenergia e que Keeling, Betts e colegas dizem que é também pouco crível de alcançar –, as concentrações ficam acima de 400 ppm até o ano 2150. “Portanto, nossa previsão apoia a sugestão de que o registro do Mauna Loa não voltará a mostrar concentrações menores que 400 ppm no nosso tempo de vida.”
Fonte: Observatório do Clima
The Earth passed another unfortunate milestone May 23 when carbon dioxide surpassed 400 parts per million (ppm) at the South Pole for the first time in 4 million years.
The South Pole has shown the same, relentless upward trend in carbon dioxide (CO2) as the rest of world, but its remote location means it’s the last to register the impacts of increasing emissions from fossil fuel consumption, the primary driver of greenhouse gas pollution.
“The far southern hemisphere was the last place on earth where CO2 had not yet reached this mark,” said Pieter Tans, the lead scientist of NOAA's Global Greenhouse Gas Reference Network. “Global CO2 levels will not return to values below 400 ppm in our lifetimes, and almost certainly for much longer.”
Over the course of the year, CO2 levels rise during fall and winter and decline during the Northern Hemisphere’s summer as terrestrial plants consume CO2 during photosynthesis. But plants capture only a fraction of annual CO2 emissions, so for every year since observations began in 1958, there has been more CO2 in the atmosphere than the year before.
Last year’s global CO2 average reached 399 ppm, meaning that the global average in 2016 will almost certainly surpass 400 ppm. The only question is whether the lowest month for 2016 will also remain above 400.
South Pole carbon dioxide levels hit record. Daily average carbon dioxide readings at the South Pole from 2014 to present, as recorded by NOAA's greenhouse gas monitoring network. (NOAA)
And the annual rate of increase appears to be accelerating. The annual growth rate of atmospheric CO2 measured at NOAA’s Mauna Loa Observatory in Hawaii jumped 3.05 ppm during 2015, the largest year-to-year increase in 56 years of monitoring. Part of last year’s jump was attributable to El Nino, the cyclical Pacific Ocean warming that produces extreme weather across the globe, causing terrestrial ecosystems to lose stored CO2 through wildfire, drought and heat waves.
Last year was the fourth consecutive year that CO2 grew more than 2 ppm – which set another record. This year promises to be the fifth.
“We know from abundant and solid evidence that the CO2 increase is caused entirely by human activities,” Tans said. “Since emissions from fossil fuel burning have been at a record high during the last several years, the rate of CO2 increase has also been at a record high. And we know some of it will remain in the atmosphere for thousands of years.”
From: NOAA
O asfalto permeável seria uma ótima aposta contra enchentes e contaminação do mar e o melhor de tudo é que ele já existe. Os moradores da cidade litorânea de Provincetown, no estado americano de Massachusets, já contam com a nova invenção.
Depois que 2.400 metros da principal avenida comercial da cidade foram substituídos por concreto permeável, em 2012, as praias pararam de fechar para banhistas em alta temporada, por causa da qualidade da água. O número de fechamentos das praias devido à contaminação bacteriana reduziu drasticamente, o que acabou fomentando novas fases do projeto, e fez aumentar a extensão do concreto permeável na cidade.
É um material semelhante ao concreto convencional, porém em sua mistura é reduzido, ou até eliminado, o agregado miúdo (geralmente areia). O sistema de drenagem tradicional capta a água que escoa superficialmente sobre o pavimento impermeável e tenta direcioná-lo à um corpo d’água o mais rápido possível. Os problemas que isso gera são bastante conhecidos: erosão e assoreamento de corpos d’água e mata ciliar, alteração na qualidade d’água, enchentes, necessidade de obras de contingência como bacias de retenção de fluxo, dentre outros. Já no concreto poroso, a intenção é fazer com que a água penetre e vá para o lençol freático, dando uma destinação “mais natural” às águas.
Isso provoca uma filtragem natural e evita que a velocidade de chegada ao corpo d’água cause enchentes.Porém é necessário repensar a estrutura de base do pavimento. Ela deve ter a capacidade de armazenar a água durante certo período (para que ocorra a infiltração natural no solo ou encaminhamento ao sistema de drenagem alternativo), sem que sua capacidade de suporte seja alterada. No Brasil algumas empresas já estão estudando a implementação desse tipo de solução, mas as tecnologias geralmente são licenciadas por alguma patente estrangeira.
Fonte: Yahoo