As notícias ruins se acumulam, e não se trata só dos petardos na política brasileira. O clima vai mal no planeta, e não pense que é só por causa de Donald Trump, Kim Jong-un e Vladimir Putin.
É o clima mesmo, em sentido literal, que vai continuar mudando —para pior. Por uma razão simples: as emissões de carbono (gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, CO2) voltaram a crescer, reativando a marcha insensata do aquecimento global.
Quem acha que isso não muda nada no planeta que se informe sobre o que está acontecendo no Ártico.
O ponto máximo de congelamento do mar em volta do polo Norte, neste inverno setentrional 2017-18, foi o segundo menor já registrado. Perdeu só para 2017-16. Todos os quatro recordes negativos ocorreram nos últimos quatro invernos.
Adieu, Paris. Nessa toada, ninguém acredita mais que será possível alcançar a meta do acordo fechado em 2015 na capital francesa, de manter em 2ºC (de preferência em 1,5ºC) o aumento da temperatura média da atmosfera terrestre.
O aumento das emissões registrado pela Agência Internacional de Energia (IEA, na abreviação em inglês), 1,4% de 2016 para 2017, parece pequeno. Não é. Ele reverte uma série de três em que a poluição climática se mantivera estável.
Se fosse para cavar uma boa notícia em meio à fuligem, seria o caso de assinalar que a economia mundial cresceu bem mais que 1,4% no ano passado. Segundo estimativa do Fundo Monetário Internacional em janeiro, o produto global terá aumentado 3,7% em 2017. A IEA estima que a demanda por energia progrediu menos, 2,1%.
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Um total de 1.020 municípios dos estados do Amazonas, Maranhão, Pernambuco, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Paraná dispõem a partir de agora de uma ferramenta capaz de orientar políticas públicas voltadas a adaptações à mudança do clima. O Sistema de Vulnerabilidade Climática (SisVuClima) foi apresentado, nesta quarta-feira, durante o Seminário de Encerramento do Projeto Indicadores de Vulnerabilidade da População à Mudança do Clima, realizado em Brasília/DF.
A partir do sistema, é possível saber a exposição ambiental, a sensibilidade, fatores externos, doenças e condições demográficas, além da capacidade adaptativa dos municípios. A proposta é possibilitar o planejamento de ações a médio e longo prazos para reduzir os impactos da mudança do clima e aumentar a capacidade de adaptação da população ao cenário.
A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Ministério do Meio Ambiente, por meio da Secretaria de Mudança do Clima e Florestas, e a Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção à Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/Ministério da Saúde), financiada pelo Fundo Nacional sobre Mudança do Clima.
“As populações mais pobres e necessitadas tendem a sofrer mais e de forma mais imediata os impactos da mudança do clima. Assim, o nosso primeiro passo é oferecer informações aos gestores. Mas temos uma longa caminhada até incluir a mudança do clima como um tema transversal a todas às políticas públicas, e o desafio de articular os mais de 5 mil municípios brasileiros em torno dele”, afirmou o secretário de Mudança do Clima e Florestas do MMA, Everton Lucero.
De acordo com o secretário, o processo de mudança do clima é irreversível e tende a se acentuar. “Por isso ressalto a importância que o MMA atribui ao tema. Os resultados do estudo apresentado hoje têm potencial de colocar o Brasil em situação de liderança e vanguarda na agenda multilateral”, disse.
INTEGRAÇÃO
O Ministério do Meio Ambiente defende que a mudança do clima precisa ser vista de forma integrada, tendo em vista a erradicação da pobreza, a qualidade de vida e a geração de oportunidades de trabalho. “Para que o Brasil consiga cumprir com compromissos internacionais como a Agenda 2030, proposta pela ONU, e o Acordo de Paris”.
Para o coordenador do projeto, Ulisses Confalonieri, o trabalho gerou uma metodologia básica. “Com o uso, pode ser mudado, aperfeiçoado ou até simplificado. O desafio era fazer uma ferramenta o mais genérico possível, de modo a poder ser usada tanto no Norte quanto no Sul do país, regiões muito diferentes”, explicou Confalonieri, que é pesquisador da Fiocruz.
Um destaque dos resultados, de acordo com ele, é a deficiência da estrutura municipal, presente na maioria das cidades. “A gente analisou qual é o evento extremo esperado em cada município e como a região está estruturada para lidar com ele. Com essas informações, o gestor terá um instrumento para nortear suas ações e um critério quantitativo para dar prioridade às estratégias de atuação”.
Permafrost thaw liberates frozen organic carbon, which is decomposed into carbon dioxide (CO2) and methane (CH4). The release of these greenhouse gases (GHGs) forms a positive feedback to atmospheric CO2 and CH4 concentrations and accelerates climate change1,2. Current studies report a minor importance of CH4 production in water-saturated (anoxic) permafrost soils3,4,5,6 and a stronger permafrost carbon–climate feedback from drained (oxic) soils1,7. Here we show through seven-year laboratory incubations that equal amounts of CO2 and CH4 are formed in thawing permafrost under anoxic conditions after stable CH4-producing microbial communities have established. Less permafrost carbon was mineralized under anoxic conditions but more CO2–carbon equivalents (CO2–Ce) were formed than under oxic conditions when the higher global warming potential (GWP) of CH4 is taken into account8. A model of organic carbon decomposition, calibrated with the observed decomposition data, predicts a higher loss of permafrost carbon under oxic conditions (113 ± 58 g CO2–C kgC−1 (kgC, kilograms of carbon)) by 2100, but a twice as high production of CO2–Ce (241 ± 138 g CO2–Ce kgC−1) under anoxic conditions. These findings challenge the view of a stronger permafrost carbon-climate feedback from drained soils1,7 and emphasize the importance of CH4 production in thawing permafrost on climate-relevant timescales.
Vladimir Romanovsky atravessa a densa floresta de coníferas com facilidade. Não para ou diminui o passo nem sequer para se equilibrar diante do musgo macio que cobre o permafrost - superfície que permanece congelada nas regiões polares.
É um dia quente de julho, e o cientista está procurando uma caixa que ele e sua equipe deixaram no solo. Ela está escondida cerca de 10 quilômetros ao norte do Instituto de Geofísica da Universidade do Alasca, em Fairbanks, onde Romanovsky é professor de geofísica e responsável pelo Laboratório de Permafrost.
O recipiente, coberto por galhos de árvores, contém um coletor de dados conectado a um termômetro, instalado abaixo do solo para medir a temperatura do permafrost em diferentes profundidades.
O permafrost é qualquer material terrestre que permaneça a 0°C ou abaixo dessa temperatura por pelo menos dois anos consecutivos.
Romanovsky conecta então seu laptop ao coletor de dados para transferir os registros de temperatura desta localidade, chamada Goldstream 3, que mais tarde serão adicionados a um banco de dados online, acessível tanto para cientistas quanto para qualquer pessoa interessada.
"O permafrost é definido com base na temperatura. Esse é o parâmetro que caracteriza a sua estabilidade", explica o professor.
Quando a temperatura do permafrost é inferior a 0°C, por exemplo, - 6°C, ele é considerado estável, o que significa que vai demorar muito para mudar ou descongelar. Já se está perto de 0°C, é classificado como vulnerável.
Todo verão, a porção de solo que cobre o permafrost, chamada de camada ativa, derrete - e congela de novo no inverno seguinte.
Em Goldstream 3, naquele dia de julho (verão no hemisfério norte), o derretimento chegava a 50 cm de profundidade.
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