Acaba de ser lançado um conjunto relatórios elaborado por mais de 500 cientistas de mais de 100 países sobre o estado da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos no mundo, e o estado é grave. Nas Américas, ⅔ dos serviços que a natureza presta para a humanidade estão em declínio, quase metade deles em declínio severo. Metade da população está - ou estará em breve - vivendo períodos de crise hídrica. Mais de ⅔ das florestas tropicais foram transformadas em paisagens antropizadas. Na floresta Amazônica, está se chegando a 20% de conversão de floresta para pastos e lavouras. No Brasil, a bola da vez é o Cerrado: nos últimos 15 anos, mais de um milhão de hectares foram convertidos de vegetação nativa em plantações e pastos. Na África, 25% da população subsaariana enfrentaram fome e seca nos últimos 15 anos. No sudeste asiático, a continuar a prática atual de pesca predatória industrial, em 2050 não haverá mais peixe. E, no Pacífico, não haverá mais corais. Na região de abrangência Ásia-Pacífico, estima-se que a invasão de espécies exóticas custará US$ 33,5 bilhões à região. Foram feitas estimativas da pegada ecológica que mostraram que, na Europa Ocidental dos países mais ricos, um europeu consome o equivalente a 3,1 hectares por ano em importações, ou seja, o que eles não conseguem produzir sozinhos. Lá, 71% das espécies de peixes estão em declínio acentuado. Essa tendência ameaça a economia global, a segurança alimentar e a qualidade de vida de populações inteiras.
Os trabalhos foram coordenados pelo IPBES (sigla em inglês da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos), representado aqui no Brasil pelo BPBES (Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos). Nos próximos dias, sairá um outro relatório dedicado à degradação do solo e à restauração florestal.
https://www.ipbes.net/…/downl…/general_message_primer_en.pdf