A Amazônia não está longe de virar savana

Em um editorial publicado há duas semanas na revista científica “Science Advances”, o climatologista Carlos Nobre, membro da Academia Brasileira de Ciências, fez um alerta sobre o futuro da Amazônia caso o desmatamento prossiga no ritmo atual. “Corremos o risco de perder um dos maiores tesouros biológicos do planeta a troco de muito pouco”, afirma o cientista. Ele assina o artigo com seu colega Thomas Lovejoy, professor da George Mason University (EUA). Ambos estão entre os mais respeitados estudiosos do mundo a respeito da floresta amazônica. Com 66 anos e hoje pesquisador aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Nobre também critica a decisão do Supremo Tribunal Federal, na quarta-feira 28, de referendar a anistia a quem desmatou até 2008, concedida pelo Código Florestal aprovado em 2012. “Trata-se da sinalização clara de que se pode desmatar sem problema porque um dia o crime será perdoado. É muito triste para o País”, disse nesta entrevista a ISTOÉ.

 

A Amazônia está perto de atingir um limite de mudanças irreversíveis?

 

Se considerarmos o impacto somado do desmatamento, do aquecimento global e do aumento dos incêndios da floresta, o sistema Amazônico floresta-clima pode não estar muito distante de atingir um ponto sem volta de inflexão ou ruptura de perda de estabilidade e caminhar para um novo estado de equilíbrio.

 

Qual seria?

 

Ele significaria uma perda de área de floresta talvez superior a 50%, substituída por um tipo de savana empobrecida. É a vegetação do cerrado, mas teria muito menos diversidade biológica de espécies e menor quantidade de carbono estocada na vegetação.

 

Como foi possível chegar a essa previsão?

 

Usamos modelos que simulam o complexo funcionamento interativo biosfera-atmofera-oceanos. Eles são usados para testar o impacto futuro de desmatamento, aquecimento global ou aumento de incêndios florestais e da concentração atmosférica de gás carbônico, algo que pode ser benéfico para as florestas. Quando cada efeito é estudado isoladamente, estabelecemos limites que não deveriam ser ultrapassados para mantermos a estabilidade da floresta.

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Em um editorial publicado há duas semanas na revista científica “Science Advances”, o climatologista Carlos Nobre, membro da Academia Brasileira de Ciências, fez um alerta sobre o futuro da Amazônia caso o desmatamento prossiga no ritmo atual. “Corremos o risco de perder um dos maiores tesouros biológicos do planeta a troco de muito pouco”, afirma o cientista. Ele assina o artigo com seu colega Thomas Lovejoy, professor da George Mason University (EUA). Ambos estão entre os mais respeitados estudiosos do mundo a respeito da floresta amazônica. Com 66 anos e hoje pesquisador aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Nobre também critica a decisão do Supremo Tribunal Federal, na quarta-feira 28, de referendar a anistia a quem desmatou até 2008, concedida pelo Código Florestal aprovado em 2012. “Trata-se da sinalização clara de que se pode desmatar sem problema porque um dia o crime será perdoado. É muito triste para o País”, disse nesta entrevista a ISTOÉ.

A Amazônia está perto de atingir um limite de mudanças irreversíveis?

Se considerarmos o impacto somado do desmatamento, do aquecimento global e do aumento dos incêndios da floresta, o sistema Amazônico floresta-clima pode não estar muito distante de atingir um ponto sem volta de inflexão ou ruptura de perda de estabilidade e caminhar para um novo estado de equilíbrio.

Qual seria?

Ele significaria uma perda de área de floresta talvez superior a 50%, substituída por um tipo de savana empobrecida. É a vegetação do cerrado, mas teria muito menos diversidade biológica de espécies e menor quantidade de carbono estocada na vegetação.

Como foi possível chegar a essa previsão?

Usamos modelos que simulam o complexo funcionamento interativo biosfera-atmofera-oceanos. Eles são usados para testar o impacto futuro de desmatamento, aquecimento global ou aumento de incêndios florestais e da concentração atmosférica de gás carbônico, algo que pode ser benéfico para as florestas. Quando cada efeito é estudado isoladamente, estabelecemos limites que não deveriam ser ultrapassados para mantermos a estabilidade da floresta.

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