“Não podemos repetir Copenhague”, diz brasileiro

Negociador-chefe reclama de tentativa de mudança nas regras de financiamento e em metas para 2020 e aponta ressurgência de divisão entre ricos e pobres que botou a perder a cúpula de 2009 na Dinamarca

DO OC – Acabou o amor. Em sua primeira entrevista coletiva na COP23, o negociador-chefe do Brasil, José Antonio Marcondes, evocou a fracassada cúpula do clima de Copenhague, em 2009, para queixar-se de tentativas de alguns países desenvolvidos de mudar as regras de ajuda financeira climática às nações em desenvolvimento e sua recusa em prorrogar o Protocolo de Kyoto até 2020. Os dois movimentos, segundo o embaixador brasileiro, trazem para a conferência de Fiji-Bonn o risco de fracasso na implementação rápida do Acordo de Paris.

“Não podemos correr o risco de repetir Copenhague, onde o mundo fracassou em concordar sobre a ação climática”, disse Marcondes. “Levamos seis anos para refazer o que falhamos em fazer em Copenhague.”

A irritação diplomaticamente manifestada pelo brasileiro indica o fim do clima de entendimento que havia entre os países ricos e pobres em 2015, quando o Acordo de Paris foi firmado. Ele cede lugar em 2017 em Bonn à velha polarização Norte-Sul que empatou as negociações de clima por 20 anos e levou Copenhague ao naufrágio. “Não podemos destruir as pontes que construímos com tanto cuidado em Paris”, afirmou o brasileiro.

Quem abala a ponte, para variar, é o dinheiro.Leia mais em Observatório do Clima

Unicast