Fonte: Valor Econômico
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Hoje, dia Internacional do Meio Ambiente, o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) reúne especialistas, cientistas, tomadores de decisão e cidadãos para discutir sobre “Impacto, vulnerabilidade e adaptação das cidades costeiras brasileiras às mudanças climáticas”, tema que intitula o relatório especial desse organismo científico nacional.
As regiões costeiras, onde habita 60% da população brasileira, são o foco do relatório, pois são áreas que sofrem mais os impactos gerados pelo aumento do nível do mar, da temperatura, do nível de precipitação, erosão, entre outros. O Relatório Especial Mudanças Climáticas e Cidades contextualiza a relação entre as mudanças climáticas e as cidades, por exemplo, o aumento do aquecimento global, com as emissões de gases de efeito estufa, impactos sobre ecossistemas urbanos, infraestrutura afetada no âmbito dos transportes, edificações, recursos hídricos, drenagem urbana, entre outros, até questões de saúde. O relatório também destaca a importância de alternativas de mitigação e de adaptação em áreas urbanas.
Para comentar sobre as mudanças climáticas e os impactos nas cidades costeiras, conforme dados do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), e explicar melhor o que são essas alternativas de adaptação em áreas urbanas no contexto atual, convidamos a pesquisadora Lucí Hidalgo Nunes, autora do livro Urbanização e desastres naturais e sub-líder do Projeto Metropole (na sigla em inglês), que analisa estudos de caso de capacidade adaptativa para mudança ambiental nas cidades costeiras de Santos (Brasil), Broward (Reino Unido) e Selsey (EUA) desde 2013 e já destacou diversos impactos, inclusive econômicos, que essas cidades podem sofrer com as mudanças climáticas.
Duração do áudio: 14:23
Link para vídeo: https://vimeo.com/220344741
O nível do mar na costa brasileira tende a aumentar nas próximas décadas. No Brasil, contudo, onde mais de 60% da população vive em cidades costeiras, não há um estudo integrado da vulnerabilidade dos municípios litorâneos a este e a outros impactos decorrentes das mudanças climáticas, como o aumento da frequência e da intensidade de chuvas.
Um estudo desse gênero possibilitaria estimar os danos sociais, econômicos e ambientais e elaborar um plano de ação com o intuito de implementar medidas adaptativas.
As conclusões são do relatório especial do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) sobre “Impacto, vulnerabilidade e adaptação das cidades costeiras brasileiras às mudanças climáticas”, lançado nesta segunda-feira (5) durante um evento no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
A publicação tem apoio da Fapesp e parte dos estudos nos quais se baseia são resultado do Projeto Metrópole e de outros projetos apoiados pela Fundação no âmbito do Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), financiado pela Fundação e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“A ideia do relatório foi mostrar o estado da arte sobre mudanças de clima e cidades costeiras, baseado em uma exaustiva revisão de publicações internacionais e nacionais sobre o tema, e também identificar lacunas no conhecimento para que os formuladores de políticas públicas e tomadores de decisão no Brasil possam propor e implementar medidas de adaptação”, disse José Marengo, coordenador-geral de pesquisa e desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e um dos autores e editores do relatório, à Agência Fapesp.
De acordo com dados do documento, entre 1901 e 2010 o nível médio do mar globalmente aumentou 19 centímetros – com variação entre 17 e 21 centímetros. Entre 1993 e 2010, a taxa de elevação correspondeu a mais de 3,2 milímetros (mm) por ano – com variação entre 2,8 e 3,6 mm por ano.
No Brasil também há uma tendência de aumento do nível do mar nas regiões costeiras com algum grau de incerteza porque não há registros históricos contínuos e confiáveis, ponderam os autores.
“Ainda não conseguimos detectar o aumento do nível do mar no Brasil por conta das poucas observações existentes e de estudos de modelagem para avaliar os impactos. Mas já identificamos por meio de estudos regionais diversas cidades de médio e grande porte que apresentam alta exposição à elevação do nível relativo do mar e já têm sofrido os impactos desse fenômeno, particularmente na forma de ressacas e inundações”, disse Marengo.(Pimenta)
Fonte: http://otempojornalismo.com.br/noticias/costa-brasil-e-vulneravel-mudancas-climaticas/
Um dos legados olímpicos transformou-se no cenário de uma tragédia pouco depois de sua inauguração. Em janeiro do ano passado, a ciclovia Tim Maia, na Zona Sul do Rio, desabou após ser atingida por uma forte onda, provocando a morte de duas pessoas. O episódio é lembrado em um novo relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), que menciona os fenômenos naturais danosos à frágil infraestrutura do litoral do país.
O documento, batizado “Impacto, vulnerabilidade e adaptação das cidades costeiras brasileiras às mudanças climáticas”, dedica atenção especial às quatro principais capitais litorâneas do país — Rio, Fortaleza, Salvador e Recife —, além de Santos e da Foz do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, que possui importantes portos e balneários turísticos. Todas as regiões analisadas estão sujeitas a eventos extremos como chuvas intensas, ventos fortes e aumento da temperatura mínima. Entre os desastres naturais, os pesquisadores elencam inundações e deslizamentos de terra.
Em um estudo de 2014, o Banco Mundial alertou que, em meados do século, a elevação de 0,2 metro do nível do mar pode provocar prejuízos econômicos anuais de US$ 940 milhões em 22 das maiores cidades costeiras da América Latina. Se o avanço fosse de 0,4 metro, os danos alcançariam o patamar de US$ 1,2 bilhão.
Cerca de 60% da população brasileira mora na zona costeira, onde é produzida 30% da riqueza nacional. O crescimento urbano desta região, segundo o relatório, “tem sido associado basicamente a interesses econômicos, sem considerar o risco e exposição aos impactos da elevação do nível médio do mar e dos extremos meteorológicos”.
— Há uma lacuna no conhecimento sobre os efeitos do aumento do nível do mar. Há poucos registros históricos disponíveis no país. É uma área menos estudada do que outras relacionadas às mudanças climáticas, como o avanço da estiagem e do desmatamento — ressalta Fábio Scarano, diretor-executivo da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável e professor do Departamento de Ecologia de UFRJ. — Sessenta por cento da população brasileira habita as faixas costeiras, onde estão 18 regiões metropolitanas. Sua análise é importante sob o ponto de vista científico e de políticas públicas. Estas localidades são as maiores emissoras de gases-estufa no Brasil e, também, as principais vítimas desses poluentes.
O painel alerta que o aumento do nível do mar poderá provocar “a inundação de rodovias costeiras ou mesmo de extensos centros urbanos. Danifica estruturas como pontes, viadutos, calçadões, passarelas”.
Andréa Santos, secretária-executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, destaca os problemas em comum dos pontos estudados:
— Todos são vulneráveis devido à ocupação popular e à falta de infraestrutura adequada. Existem sérios riscos de desabamento de encostas. E as inundações previstas também provocarão sérios impactos em importantes setores da economia, como o funcionamento do porto de Santos — explica.
Scarano ressalta que a inércia do poder público provocará gastos emergenciais e muito maiores no futuro. O ecologista pondera que, mesmo se a emissão de poluentes fosse imediatamente interrompida, os gases de efeito estufa permanecerão na atmosfera por até 100 anos.
Fonte: http://www.meioambienteuerj.com/noticias.asp?codigo_area=7&codigo_conteudo=5823