Emissão fica estagnada pelo 3º ano seguido

Enfim uma boa notícia na área de clima para animar a sexta-feira: as emissões de gases de efeito estufa no setor de energia ficaram estagnadas pelo terceiro ano consecutivo em 2016. E isso apesar do crescimento de 3,1% que a economia do mundo (sorry, Brasil) teve no ano passado.

Os dados, ainda preliminares, foram divulgados na manhã desta sexta (17) pela Agência Internacional de Energia. Como vem fazendo desde 2015, a agência não soltou um estudo detalhando os números – deverá fazê-lo nos próximos meses, quando lançar seu relatório anual World Energy Outlook.

Segundo a AIE, as emissões do setor de energia permaneceram em 32,1 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente, essencialmente idênticas às de 2015 e 2014. Isso resultou, ainda de acordo com a agência, de um crescimento na geração de eletricidade por fontes renováveis e energia nuclear, da substituição de carvão mineral por gás natural e de mudanças estruturais na economia.

A maior queda ocorreu nos EUA, que no último ano de governo Obama viram sua economia crescer 1,6% e suas emissões caírem 3%. Foi o menor nível de emissões do país desde 1992.

Na terra do gás de folhelho, a demanda por carvão mineral para gerar eletricidade caiu 11% no ano passado. O gás natural, que é fóssil, mas polui muito menos que o carvão, ultrapassou este combustível pela primeira vez na geração de energia elétrica.

Na China, a queda de emissões foi aparentemente menos impressionante que nos EUA: 1%. Mas só aparentemente: considere que o crescimento econômico chinês foi de 6,7% no ano passado, e que a China oficialmente só esperava ver suas emissões caírem após 2030.

Segundo a AIE, a tendência no gigante asiático se explica também pela troca de carvão por gás, na esteira de políticas do governo de redução da poluição do ar – o chamado “ar-pocalipse” chinês. Dois terços do aumento da demanda por eletricidade no país foram supridos por renováveis e por energia nuclear; cinco novos reatores entraram em operação na China em 2016.

“Estes três anos de emissões estagnadas numa economia global que cresce são sinal de uma tendência emergente que certamente é razão para otimismo, mesmo que ainda seja cedo demais para dizer que as emissões definitivamente chegaram ao pico”, disse em comunicado o diretor-executivo da AIE, Fatih Birol.

Ele tem motivos para temperar o otimismo. Afinal, como mostrou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, mesmo com as emissões de energia estagnadas, as emissões totais do planeta em 2015 cresceram, devido ao desmatamento e à agropecuária. No que depender por exemplo do Brasil, que aumentou o desmatamento na Amazônia em 29% em 2016, essa tendência permanecerá quando forem compilados todos os dados do ano passado.

O metano, segundo gás de efeito estufa mais importante, também está em ascensão no mundo, por razões que os cientistas até agora não entendem muito bem. Isso contrabalança em parte a desaceleração nas emissões de dióxido de carbono.

E há, claro, Donald Trump.

Nesta semana o fascista-em-chefe dos Estados Unidos fez dois movimentos que vão no sentido contrário da descarbonização que as próprias forças de mercado estão se encarregando de operar em seu país.

Na quarta-feira, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, ora chefiada pelo negacionista do clima Scott Pruitt, confirmou que vai rever as regras de eficiência de motores para carros leves e caminhonetes propostas pelo governo Obama para o período 2022-2025. O movimento seguiu-se a pressão das montadoras sobre a Casa Branca – a indústria considera “desafiadora demais” a meta de elevar a eficiência mínima de um motor para 19 km/l em 2025, em comparação com os atuais 12,8 km/l.

Confira a matéria na íntegra em Observatório do Clima
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