O aumento da temperatura global vai afetar –e muito– as cidades da costa brasileira,
causando desde enchentes, deslizamentos e outros desastres naturais até a destruição
de ecossistemas e prejuízos na economia.
As conclusões são do relatório "Impacto, vulnerabilidade e adaptação das cidades
costeiras brasileiras às mudanças climáticas" lançado nesta segunda-feira (5).
O documento é resultado de uma extensa revisão e análise de publicações científicas,
que permitiram traçar o sombrio cenário para as cidades da costa do Brasil.
"Está bem ruim mesmo. A situação está difícil, mas a função do relatório é apontar
os cenários que podem acontecer", resume Suzana Kahn, presidente do Comitê Científico
do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, corpo científico criado pelos
ministérios da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente para reunir e avaliar
informações científicas sobre os impactos do aquecimento global no Brasil,
publicadas agora no relatório.
O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) divulgou, na segunda-feira, 5 de junho, o relatório "Impacto, vulnerabilidade e adaptação das cidades costeiras brasileiras às mudanças climáticas". É o segundo documento produzido pelo Painel contextualizando o impacto das mudanças climáticas nas cidades. O primeiro foi divulgado durante a COP 22 (Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas), no Marrocos, no ano passado.
De acordo com a presidente do Comitê Científico do Painel e professora da Coppe/UFRJ, Suzana Kahn Ribeiro, além de ampliar o conhecimento sobre os problemas, o relatório apresenta maneiras de minimizar os danos às cidades que serão afetadas: "A elevação do nível do mar e das temperaturas já é uma realidade e, no Brasil, a extensão desses impactos ainda é muito maior, já que grande parte das regiões está localizada nestas áreas. Não há como evitar os danos, mas sim, implantar soluções no sentido de que possamos nos adaptar a uma nova realidade", afirma.
O evento teve como objetivo promover uma discussão com especialistas, pesquisadores, tomadores de decisão e a sociedade civil sobre as vulnerabilidades das cidades costeiras brasileiras diante dos eventos climáticos.
Saiba como foi a programação do evento e leia na íntegra o relatório do PBMC.
A Academia Brasileira de Ciências (ABC), representada pelo presidente Luiz Davidovich , esteve presente ao encontro do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), que aconteceu na segunda-feira, 5 de junho, no Museu do Amanhã, Rio de Janeiro. No encontro, um time de especialistas apresentou o segundo relatório do grupo de trabalho, que fez um alerta para o "Impacto, vulnerabilidade e adaptação das cidades costeiras brasileiras às mudanças climáticas". O primeiro relatório produzido pelo Painel foi divulgado durante a Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas (COP 22), no Marrocos, em 2016.
Segundo o relatório apresentado, mais de 60% da população brasileira que habitam cidades localizadas no litoral, com mais de 8 mil km de extensão, estariam vulneráveis. Pelo menos, quatro capitais costeiras estariam mais suscetíveis aos impactos dos fenômenos extremos, como chuva intensa, ventos fortes, aumento da temperatura, enchentes, inundações e deslizamentos. Elas são, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador e Recife.
O número de municípios que declararam situação de emergência no Estado subiu para 52. A chuva, que deu uma trégua na sexta-feira e no sábado, voltou com força no domingo, agravando a situação de cidades que sofrem com alagamentos. Segundo a Defesa Civil estadual, o número de pessoas fora de casa passa de 5 mil. No total, são 332 famílias desabrigadas e 893 desalojadas em 152 cidades. O governo repassou toda a ajuda humanitária solicitada por Campo Novo, Dom Pedrito, Coronel Bicaco e Tenente Portela. Foram quatro pedidos oficiais, que culminaram no repasse de 7 mil quilos de alimentos e 230 kits de ajuda humanitária. Outra questão preocupante diz respeito ao nível dos rios. O rio Uruguai, por exemplo, continua subindo em Itaqui, Porto Mauá, Iraí e Uruguaiana, embora já esteja baixando em São Borja. O Rio dos Sinos está estável em São Leopoldo, mas o rio Caí, em São Sebastião do Caí, ainda sobe. Na Capital, o Guaíba, no Cais Mauá, alcançou 2,2 metros na noite de ontem, acima do nível de alerta, de 2,10 metros. Na Ilha da Pintada, chegou a 1,95 metro, um pouco acima do nível de alerta, de 1,8 metro.