George Monbiot, correspondente do jornal britânico The Guardian e conhecido por seu ativismo ambiental e político, fez um apelo surpreendente para que as pessoas no Reino Unido reduzissem o uso de carros em 90% ao longo da próxima década.
Muitos indivíduos podem se mostrar avessos a essa ideia, mas talvez ela soe um pouco menos bizarra à luz de um novo relatório da ONU sobre a taxa com que estamos abocanhando os recursos do planeta Terra.
A indústria global do automóvel necessita de quantidades enormes de metais vindos da mineração, assim como de outros recursos naturais, como a borracha. E a transição para os veículos elétricos, embora necessária para conter a poluição do ar e as emissões de gases do efeito estufa, também tem consequências adversas para a natureza — a mineração em larga escala do lítio para as baterias usadas nos veículos elétricos poderia provocar novas dores de cabeça ambientais.
O Panorama Global sobre Recursos 2019, relatório da ONU Meio Ambiente preparado pelo Painel Internacional sobre Recursos, examina as tendências em recursos naturais e nos seus padrões correspondentes de consumo desde os anos 1970. Entre as principais descobertas da pesquisa, estão as seguintes conclusões:
Além dos transportes, outro grande consumidor de recursos é o setor de construção, que cresce rapidamente.
O cimento, o insumo fundamental para a produção de concreto, o material de construção mais usado no mundo, é uma grande fonte de gases do efeito estufa e responde por algo em torno de 8% das emissões de dióxido de carbono, de acordo com um relatório recente da Chatham House.
Tanto a produção de concreto quanto a de argila (para tijolos) incluem processos que consomem muita energia para a extração de matéria-prima, além de etapas de transporte e uso de combustíveis para o aquecimento de fornos.
A areia de qualidade para uso na construção está sendo extraída atualmente a taxas insustentáveis.
“A extração de materiais é um dos principais responsáveis pelas mudanças climáticas e perda da biodiversidade — um desafio que só vai piorar a não ser que o mundo empreenda urgentemente uma reforma sistemática do uso de recursos”, afirma o especialista em mudanças climáticas da ONU Meio Ambiente, Niklas Hagelberg. “Tal reforma é tão necessária quanto possível.”
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O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) mostra que meio grau de aquecimento importa – e muito.
Como parte do Acordo de Paris, os países se comprometeram a manter o aquecimento global bem abaixo de 2˚C em relação aos níveis pré-industriais, mas ao mesmo tempo fazer esforços para limitar esse aumento da temperatura média a 1,5˚C. Com base em uma solicitação dos governos, o IPCC, grupo que reúne os principais cientistas climáticos do mundo, avaliou como os impactos de um aumento de temperatura de 1,5˚C diferem de 2˚C, bem como o que precisa mudar nas emissões de gases de efeito estufa em cada cenário.
Suas descobertas mostram que o mundo enfrentará severos impactos climáticos, mesmo com 1,5˚C de aquecimento, e os efeitos pioram significativamente com 2˚C. O mundo já testemunha cerca de 1˚C de aumento da temperatura média e está se encaminhando para esgotar o orçamento de carbono para um cenário de 1,5˚C até 2030.
Veja as diferenças nos impactos entre um mundo 1,5˚C ou 2˚C mais quente:
Tanto no cenário de aquecimento de 2˚C quanto de 1,5˚C, as temperaturas médias e os picos extremos serão maiores, o que vale para todas as partes habitadas no mundo. Por exemplo, com aquecimento de 1,5°C, quase 14% da população mundial seria exposta a fortes ondas de calor pelo menos uma vez a cada cinco anos. Em comparação, no cenário de 2°C de aquecimento, 37% da população mundial seria exposta a fortes ondas de calor pelo menos uma vez a cada cinco anos.
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Especialistas divulgaram resultados sombrios, apontando que as emissões de dióxido de carbono ainda estão aumentando, mas a crescente demanda mundial por energia levou a emissões mais altas do que nunca.
A demanda por energia em todo o mundo cresceu 2,3% no ano passado, marcando o aumento mais rápido em uma década, de acordo com o relatório da Agência Internacional de Energia. Para atender a essa demanda, em grande parte alimentada por uma economia em expansão, os países recorreram a uma série de fontes, inclusive renováveis.
Mas nada preenchia o vazio como os combustíveis fósseis, que satisfaziam quase 70% da demanda crescente de eletricidade, segundo a agência, que analisa as tendências de energia em nome de 30 países membros.
Em particular, uma frota de usinas de carvão relativamente jovens localizadas na Ásia liderou o caminho para um recorde de emissões de usinas de carvão – ultrapassando 10 bilhões de toneladas de dióxido de carbono “pela primeira vez”, a agência disse.
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Relatório da Agência Internacional de Energia confirma que economia global ainda não se descolou dos combustíveis fósseis, apesar do forte crescimento das renováveis
DO OC – A demanda global por energia subiu 2,3% em 2018, mais do que o dobro da taxa de crescimento verificada desde o início da década. Isso elevou as emissões de gás carbônico por queima de combustíveis fósseis em 1,7%, fazendo-as atingir o novo recorde histórico de 33,1 bilhões de toneladas.
Os dados foram divulgados na noite de segunda-feira (25) pela IEA (Agência Internacional de Energia e soterram de vez a esperança, acesa em 2015, de que o crescimento da economia global finalmente estivesse se descolando do crescimento do uso de carvão, petróleo e gás natural. Não está.
Os fósseis seguem dominando a matriz energética: responderam por mais de 70% do crescimento da demanda pelo segundo ano consecutivo. E isso apesar do crescimento espetacular das energias limpas, que hoje respondem por 25% da geração de eletricidade.
O comportamento das emissões em 2018 é mais um golpe nas esperanças da humanidade de cumprir o acordo do clima de Paris e limitar o aquecimento global abaixo de 2oC ou em 1,5oC. Segundo o IPCC, o painel do clima da ONU, para que a humanidade tenha chance de estabilizar as temperaturas em 1,5oC, será preciso cortar emissões em 45% nos próximos 11 anos.
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