A tempestade que caiu sobre o Rio de Janeiro nos dois últimos dias matou pelo menos 10 pessoas e fez um estrago ainda não calculado. O prefeito reconheceu que deu tudo errado, que as equipes ficaram presas nos engarrafamentos e que alarmes em morros não funcionaram. Segundo o Cemaden (Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), a chuva acumulada em 24 horas passou de 300 milímetros, quase o triplo da média esperada para abril. O Climatempo calculou que a chuva acumulada em quatro horas foi mais de uma vez e meia o esperado para o mês inteiro. Esta foi a terceira tempestade fora do normal que caiu sobre a cidade em 2019. Segundo os meteorologistas, o Atlântico nas costas brasileiras está mais quente do que o seria o normal. Daí resultam as chuvas mortais que caíram no Rio, em São Paulo e no Piauí, além da tempestade tropical Iba do mês passado. Para o Observatório do Clima, “todos esses extremos climáticos, cada vez mais graves e frequentes, mostram que o clima do Brasil mudou e atingiu um novo normal, em que o que era raro ficou comum.”
Passa já da hora dos ministros do meio ambiente, Ricardo Salles, e das relações exteriores, Ernesto Araújo, deixarem de lado suas posições ideológicas, pararem de dizer por aí que a mudança climática é uma discussão acadêmica ou uma conspiração esquerdista, e passarem a trabalhar com os dados da realidade. Salles precisa rapidamente apresentar um plano concreto de adaptação para as áreas do país mais vulneráveis às mudanças climáticas. Araújo precisa rapidamente mostrar como vai conduzir o aprofundamento das metas brasileiras para o Acordo de Paris.
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A redução de investimentos ocorreu ao mesmo tempo em que tempestades poderosas se tornaram mais frequentes. A desta segunda-feira (8) foi a maior dos últimos 22 anos.
No auge do temporal no Rio, o prefeito Marcelo Crivella, numa entrevista por telefone, considerou a situação fora do normal: “Essa é uma chuva completamente atípica. A gente sempre tem previsão de chuva forte, mas não assim, com esse dobro de intensidade que é a média do mês de abril inteiro”.
Outras duas tempestades também causaram estragos e mortes na cidade apenas em 2019. Mas este volume de chuva está longe de ser um fenômeno isolado. O climatologista Carlos Nobre afirma que esses temporais fazem parte de uma nova realidade: “ O oceano todo está mais quente, o planeta todo está mais quente. Por exemplo, São Paulo, 3°C, 3,5°C mais quente do que antes, do que 100 anos atrás. O Rio de Janeiro, que está próximo do oceano, esse efeito é menor, 1,5°C, na zona norte do Rio, 2°C. Mas, de qualquer modo, são 1,5°C, 2°C mais quente, então, quando a quando a frente fria está chegando, ela encontra uma bolha de ar mais quente e úmida do que as periferias, as regiões que não são urbanizadas”.
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O caos que se espalhou com as fortes chuvas do Rio de Janeiro na segunda-feira à noite, com ruas virando rios e pelo menos três mortes, pode estar associado ao temporal que matou 7 pessoas na cidade em fevereiro, aos alagamentos que mataram mais de 30 pessoas em São Paulo em março e a outros eventos climáticos extremos que têm ocorrido com frequência cada vez maior no mundo - como os incêndios na Califórnia, os invernos rigorosos no hemisfério norte ou a devastação causada pelo ciclone Idai no Sul da África. Segundo o ambientalista Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima, esses eventos extremos "estão se tornando mais frequentes e mais intensos", deixando as cidades - e seus moradores - cada vez mais vulneráveis.
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George Monbiot, correspondente do jornal britânico The Guardian e conhecido por seu ativismo ambiental e político, fez um apelo surpreendente para que as pessoas no Reino Unido reduzissem o uso de carros em 90% ao longo da próxima década.
Muitos indivíduos podem se mostrar avessos a essa ideia, mas talvez ela soe um pouco menos bizarra à luz de um novo relatório da ONU sobre a taxa com que estamos abocanhando os recursos do planeta Terra.
A indústria global do automóvel necessita de quantidades enormes de metais vindos da mineração, assim como de outros recursos naturais, como a borracha. E a transição para os veículos elétricos, embora necessária para conter a poluição do ar e as emissões de gases do efeito estufa, também tem consequências adversas para a natureza — a mineração em larga escala do lítio para as baterias usadas nos veículos elétricos poderia provocar novas dores de cabeça ambientais.
O Panorama Global sobre Recursos 2019, relatório da ONU Meio Ambiente preparado pelo Painel Internacional sobre Recursos, examina as tendências em recursos naturais e nos seus padrões correspondentes de consumo desde os anos 1970. Entre as principais descobertas da pesquisa, estão as seguintes conclusões:
Além dos transportes, outro grande consumidor de recursos é o setor de construção, que cresce rapidamente.
O cimento, o insumo fundamental para a produção de concreto, o material de construção mais usado no mundo, é uma grande fonte de gases do efeito estufa e responde por algo em torno de 8% das emissões de dióxido de carbono, de acordo com um relatório recente da Chatham House.
Tanto a produção de concreto quanto a de argila (para tijolos) incluem processos que consomem muita energia para a extração de matéria-prima, além de etapas de transporte e uso de combustíveis para o aquecimento de fornos.
A areia de qualidade para uso na construção está sendo extraída atualmente a taxas insustentáveis.
“A extração de materiais é um dos principais responsáveis pelas mudanças climáticas e perda da biodiversidade — um desafio que só vai piorar a não ser que o mundo empreenda urgentemente uma reforma sistemática do uso de recursos”, afirma o especialista em mudanças climáticas da ONU Meio Ambiente, Niklas Hagelberg. “Tal reforma é tão necessária quanto possível.”
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