BRASÍLIA - O maior reservatório do Brasil em área alagada ainda desconhece os limites de sua crise hídrica. O lago de Sobradinho, na Bahia, iniciou o mês de agosto com apenas 10% de sua capacidade total de armazenamento, o pior resultado registrado para este mês desde que foi formado, em 1980.
O volume de água guardada equivale a menos da metade do que Sobradinho tinha em agosto de 2016, quando o principal regulador de águas da Bacia do Rio São Francisco já enfrentava uma situação crítica.
Professor da USP mistura ataques pessoais a pesquisadores com desinformação sobre o aquecimento global e políticas de conservação ambiental
–MAURÍCIO TUFFANI,Editor
Muitos leitores vêm pedindo há algum tempo para eu comentar a atuação do climatologista Ricardo Augusto Felício, professor do Departamento de Geografia da USP, que tem sido o mais destacado entre brasileiros contestadores do aquecimento global. Esses pedidos aumentaram mais recentemente devido à polêmica entre ele e o biólogo e vlogueiro Pirula por meio de vídeos no YouTube.
Felício considera falsa não só a concepção predominante entre os estudiosos do clima de que o aquecimento global tem sido provocado desde o século 19 pela ação humana. Ele rejeita também as próprias estimativas que apontam o aumento da temperatura média anual do planeta desde 1880 e projetam a continuidade desse crescimento para os próximos anos.
O professor da USP concedeu entrevista a um youtuber com mais de 1,3 milhão de seguidores, que foi publicada em 2 de julho. A polêmica recente veio com o biólogo e youtuber divulgador de ciência Pirula, que criticou o climatologista no vídeo “Papo reto: Ricardo Felício e o Aquecimento Global”. Em 18 de julho, Felício publicou sua réplica naquele mesmo canal em que fora entrevistado. E Pirula voltou à carga seis dias depois com o vídeo “Pirula ‘passando vergonha’ – respondendo Ricardo Felício (de novo)”.
Pesquisadores afirmam que há só 5% de chance de aquecimento global não ultrapassar meta de 2° Celsius, estabelecida pelo Acordo de Paris.
Um estudo publicado nesta segunda-feira (31/07) na prestigiada revista Nature aponta que existe 90% de chances de a temperatura global aumentar entre 2 e 4,9 graus Celsius ainda neste século - ou seja, aquém da meta fixada pelo Acordo de Paris
De acordo com o estudo da Universidade de Washington, há apenas 5% de chance de as temperaturas não ultrapassarem os 2 graus e 1% de o aquecimento alcançar apenas 1,5 em relação aos níveis pré-industriais.
Temperaturas extremamente altas para os meses de maio e junho bateram recordes de calor na Europa, Oriente Médio, norte da África e Estados Unidos. A informação foi divulgada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), que alertou também que as temperaturas médias dos oceanos e superfícies para os cinco primeiros meses de 2017 atingiram o segundo nível mais alto já registrado.
Recordes de calor foram registrados em diferentes partes do mundo. Foto: Banco Mundial/Curt Carnemark
Temperaturas extremamente altas para os meses de maio e junho bateram recordes de calor na Europa, Oriente Médio, norte da África e Estados Unidos. A informação foi divulgada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), que alertou também que as temperaturas médias dos oceanos e superfícies para os cinco primeiros meses de 2017 atingiram o segundo nível mais alto já registrado.