A comunidade científica brasileira e internacional ganhou um novo sistema capaz de fazer previsões simultâneas de tempo e de qualidade do ar na América do Sul em tempo real.
O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo, lançou uma nova versão do modelo regional de previsão de tempo e estudos climáticos BRAMS.
Desenvolvido com apoio da FAPESP, por meio de projetos coordenados pelo pesquisador Saulo Ribeiro de Freitas, do Inpe, a nova versão do software meteorológico – denominado BRAMS 5.2 – unificou os modelos para previsão de tempo e de qualidade do ar usados atualmente pelo CPTEC.
Além disso, agregou um novo modelo de superfície que permite simular o ciclo de carbono e outros ciclos biogeoquímicos – processos naturais em que ocorre a passagem de elementos, como a água, de um determinado meio para os organismos e vice-versa – e aqueles causados pela ação humana, como queimadas.
Dessa forma, o sistema permite avaliar de forma integrada os impactos da queima da floresta no balanço de carbono (os processos responsáveis pelas fontes e sumidouros do gás de efeito estufa) da Amazônia e dos aerossóis da fumaça das queimadas na fotossíntese das árvores, entre outros aspectos – uma vez que simula de forma conjunta e simultaneamente as interações entre a composição da atmosfera com a qualidade do ar e os ciclos biogeoquímicos.
“A unificação dos modelos de previsão de tempo e de qualidade do ar em um mesmo software possibilita simular de forma mais coerente e realista a interação do ecossistema da Amazônia com processos, como as emissões de aerossóis pelas queimadas, que modificam regimes de chuva, o nível da temperatura da superfície e têm impactos na saúde pública”, disse Freitas, à Agência FAPESP.
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Mês passado foi o fevereiro mais quente já registrado
A temperatura média global bateu novo recorde no mês passado para um mês de fevereiro desde 1880, quando os dados começaram a ser coletados. Os dados foram divulgados pela NASA no último fim de semana, revelando que a temperatura média em toda a superfície terrestre ficou 1,35 grau Celsius acima da média para os meses de fevereiro no período entre 1951-1980, usado como referência pela agência espacial.
A superação desse recorde é uma constante nos últimos meses — em janeiro, a temperatura média superou em 1,15 grau a média dos meses de janeiro anteriores, enquanto em dezembro o aumento foi de 1,1 grau — e é mais um alerta sobre a mudança climática enfrentada pelo planeta, ao não reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa.
Nos últimos 12 meses, a temperatura média global ficou um grau acima do nível registrado no final do século XIX, no auge da industrialização, de acordo com dados do blog especializado Weather Underground. "O resultado é impactante e um novo lembrete do aumento incessante dos gases de efeito estufa produzidos pelo homem", resumem os especialistas do blog. Apesar dos dados significativos, em termos absolutos fevereiro não foi o mais quente da série histórica: esse recorde foi registrado em julho de 2015. A razão: é mais provável que isso ocorra nos meses de verão no hemisfério norte, quando a maior parte da massa terrestre do planeta é aquecida, do que nos meses de verão austral.
Embora o final de 2015 e os primeiros meses deste ano tenham sido marcados pelo fenômeno El Niño, que causou um aumento da temperatura acima do normal nesse período, o aquecimento global emerge como ponto de partida essencial para entender o fenômeno. Em 1998, quando esse fenômeno climático sacudiu com força a crosta terrestre, a temperatura média global em fevereiro subiu apenas 0,88 grau Celsius acima da média histórica.
É o segundo dado alarmante em termos climáticos revelado nos últimos dias. Na semana passada, a NASA também divulgou que, em 2015, o observatório de Mauna Loa, no Havaí (EUA), registrou o maior aumento de emissões de dióxido de carbono (CO2) desde quando os dados começaram a ser compilados, há mais de meio século.
Fonte: El País
Temperatura média global em fevereiro é a mais alta já medida desde 1880 e surpreende até os responsáveis pelo registro
DO OC
Dados divulgados no sábado pela Nasa confirmam que fevereiro foi o mês mais quente da história desde que a humanidade iniciou os registros globais de temperatura, em 1880. A média do mês foi 1,35oC mais alta do que o período entre 1951 e 1980, batendo de longe a anomalia recorde anterior, que pertencia a janeiro de 2016 (1,14oC). O trimestre dezembro-fevereiro também é o mais quente da série, com 1,2oC.
O período de referência usado pela Nasa é, ele próprio, mais quente que o período pré-industrial em cerca de 0,3oC. Portanto, é provável que o globo tenha, pelo menos nesse, mês, ultrapassado o 1,5oC de aquecimento em relação à era pré-industrial que prometemos tentar evitar com o Acordo de Paris, assinado no ano passado. Em seu blog na revista Slate, o meteorologista americano Eric Holthaus, que havia antecipado o teor dos dados da Nasa na semana passada, ressalta que, no hemisfério Norte, a temperatura ultrapassou até mesmo o limite de 2oC. No Ártico, que liderou a tendência de calor global do mês, a temperatura foi 4oC mais alta do que a média do mês.
A temperatura global em um único mês não informa muita coisa sobre a média ano a ano, que é o que realmente importa para distinguir tendências no clima. Embora o limite de 1,5oC tenha sido ultrapassado em um mês, isso não quer dizer que essa será a média de 2016 (embora a previsão seja de que este ano será ainda mais quente que 2015, que foi mais quente que qualquer outro ano nas medições globais) ou que o aquecimento da Terra seja uma marcha inexorável de um ano mais quente que o outro (embora o biênio 2014-2015 passe exatamente essa impressão).
Mas o pico de calor no mês passado, em pleno inverno do hemisfério norte, deixou de queixo caído até os cientistas que fazem os registros. O diretor do Centro Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, Gavin Schmidt, soltou um único comentário a respeito em sua conta no Twitter: “Uau”. E elaborou: “Normalmente eu não comento sobre meses individuais [nos quais a variabilidade meteorológica, de curto prazo, é muito maior que a climática, o que pode distorcer a percepção], mas o mês passado foi especial”.
O El Niño monstro que ainda esquenta o Pacífico neste ano é visto como cúmplice do recorde, mas de maneira alguma o único culpado. Como lembra o também meteorologista Jeff Masters em seu blog, fevereiro de 2016 deixou no chinelo fevereiro de 1998, que também sofreu o efeito de um El Niño monstro e até então detinha o recorde de fevereiro mais quente, com 0,88oC de anomalia (uma diferença de impressionantes 0,47oC entre ambos).
“Estamos acelerando a uma velocidade assustadora rumo ao limite acordado globalmente de 2oC de aquecimento em relação à era pré-industrial”, escreveu Masters.
Fonte: Observatório do Clima
Oslo - Um aumento recorde de temperaturas em 2016 ligado ao aquecimento global e ao fenômeno climático El Niño no oceano Pacífico torna mais urgente a adoção do acordo sobre o clima assinado por 195 nações em dezembro para diminuir as emissões de gases do efeito estufa e assim frear as mudanças climáticas, disseram cientistas nesta segunda-feira.
As temperaturas globais médias ficaram 1,35 grau Celsius acima do normal para fevereiro no mês passado, a maior alta de temperatura de qualquer mês levando em conta uma base de dados do período 1951-1980, de acordo com informações da Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa) divulgadas no fim de semana.
O recorde anterior fora estabelecido em janeiro, resultante de um aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera e do El Niño, que libera calor a partir do Pacífico.
"Acho que até os climatologistas mais radicais estão olhando isso e dizendo: 'Mas como é possível?'", disse David Carlson, diretor do Programa Mundial de Pesquisas Sobre o Clima da Organização Meteorológica Mundial, uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU), a respeito da disparada nos termômetros.
"É espantoso", afirmou ele à Reuters. "Certamente é um planeta alterado... isso nos deixa apreensivos quanto ao impacto no longo prazo". Cientistas dizem que o aquecimento global está causando chuvas e secas mais intensas e a elevação do nível dos mares.
Jean-Noel Thepaut, chefe do Serviço de Mudança Climática Copérnico, do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Alcance, disse que a tendência de aquecimento no longo prazo "torna a implementação do acordo de Paris urgente".
Ele enfatizou que 15 dos 16 anos mais quentes de que se tem registro aconteceram no século 21.
Em dezembro de 2015, 195 países presentes à cúpula do clima da ONU em Paris firmaram um acordo com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa a zero até 2100, abandonando os combustíveis fósseis em favor de energias mais limpas, como a eólica e a solar.
Fonte: Exame