O crescimento econômico é o principal vetor de aumento das emissões de gases de efeito estufa. Isto provoca uma reflexão sobre modelo de desenvolvimento e padrão de consumo, que estão diretamente relacionados com demanda de energia, principal fonte de emissão de gases de efeito estufa. Consequentemente, estratégias de mitigação implicam na redução da intensidade energética de nossa economia. Isto se dá tanto através do emprego de tecnologias mais eficientes, racionalização do consumo e aumento do uso de fontes renováveis de energia, como também no emprego da chamada economia circular.
A busca por uma economia mais sustentável já produziu variados conceitos como o da economia verde, definida como “uma economia de baixo carbono, eficiente em uso de recursos e socialmente inclusiva” e naquela que “resulta na melhoria do bem estar humano e da igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a escassez de recursos ecológicos”.
Independentemente dos termos que se use, o desafio principal é produzir consumindo menos, reduzindo a intensidade de material e de energia de bens e serviços, atendendo aos anseios de toda a população, mantendo o estoque de capital natural, gerando qualidade de vida.
Há alguns anos esta “desmaterialização” soaria como ficção científica, mas com a crescente conectividade do mundo atual isto passa a ser possível. A conectividade entre pessoas, produtos e sistemas vem se intensificando de forma veloz e criando assim novas oportunidades para a economia, sem trazer, contudo, um aumento da produção de bens e a consequente redução da emissão de poluentes.
A economia circular explora conexões e retroalimentações. Os principais vetores da economia circular incluem a extensão de vida útil dos bens, intensificação de seu uso incluindo sua reutilização tendo ou não a mesma função (resignificação), compartilhamento de bens, além da regeneração de capital natural. Dentro deste conceito, a criação de novos produtos a partir de materiais virgens seria tremendamente reduzida. Sendo assim a “pegada ambiental” estaria diluída, dentro deste circuito circular, o uso de energia seria minimizado assim como as emissões de gases de efeito estufa correspondente.
Para que este tipo de economia funcione, a conectividade é infraestrutura essencial, na medida em que introduz uma “inteligência” no processo, viabilizando o fluxo de materiais e serviços que sejam mais adequados para maximizar a satisfação da sociedade. Assim, os consumidores passam a ter suas necessidades bem atendidas aumentando o seu bem estar.
Numa economia conectada, os consumidores passam a ter um papel bem mais relevante. Esta mudança provocará profundas alterações nos sistemas econômicos, que passarão a ter como objetivo a melhoria das condições globais de vida e bem-estar da sociedade ao invés do mero crescimento na produção de bens e serviços demandantes de energia e outros recursos naturais.
É provável que o século XXI possa ser visto como a era em que o mundo se conectou e, com isso, mudou a economia e hábitos de consumo possibilitando um crescimento econômico mais inteligente e limpo com grande participação da sociedade.
De qualquer forma, seja qual for o termo adotado, o que se necessita é de uma convergência do uso equilibrado dos recursos naturais e o desenvolvimento das nações.
Fonte: Projeto Colabora
BRASÍLIA - “Vastas regiões do Brasil poderão se tornar perigosas para a população caso o aquecimento global ultrapasse o limite extremo de 4°C em relação à era pré-industrial.” É assim que começa o sumário executivo de um estudo inédito sobre os riscos das mudanças climáticas no país em cenários de temperaturas mais elevadas ao acordado na conferde Paris, a CoP-21.
O impacto na área da saúde, por exemplo, pode aumentar as mortes por exposição ao calor e alta umidade do ar. A incidência de insetos como o Aedes aegypti deve aumentar. No fim do século, cidades de quase todo o Brasil terão condições térmicas ainda mais favoráveis para a disseminação do mosquito transmissor da dengue e zika, no caso de o aumento de o aumento da temperatura no país ultrapassar os 4°C.
Entre 2071 e 2099, cidades de praticamente todo o Brasil podem ter condições térmicas favoráveis à disseminação do mosquito (à exceção do Centro Oeste onde a temperatura pode ser tão alta que prejudicaria sua reprodução). No Rio de Janeiro e no Espírito Santo, um aumento da temperatura média projetado para 4,6°C e 5,1°C aumenta o potencial de epidemia da dengue no fim do século.
Sete pesquisadores brasileiros das áreas de clima, saúde, agricultura, energia e biodiversidade assinam, com suas equipes, o estudo “Riscos de Mudanças Climáticas no Brasil e Limites à Adaptação” coordenado pelos climatologistas Carlos Nobre e José Marengo, realizado com apoio da Embaixada do Reino Unido no Brasil e divulgado em Brasília.
“A temperatura hoje já aumentou 1°C. Estamos analisando cenários em que a temperatura média, que hoje no Brasil é de 25,5°C seja de 28°C para cima”, explica Carlos Nobre. “A probabilidade de isso acontecer não é desprezível”, continua. “A lógica deste projeto é analisar impactos muito grandes, mesmo com probabilidades pequenas.” Olhando o quadro global, ele diz que a chance, no Brasil, de o aumento da temperatura superar 4°C, é de 30%. “Não é probabilidade pequena e tem que ser considerada em qualquer cenário.”
O projeto colocou a lupa em cenários de baixa probabilidade de ocorrência, mas de forte impacto e foi feito a partir da literatura científica existente no Brasil, explicou Marengo.
Cidades do Norte e Nordeste sofrerão mais com temperaturas médias maiores ou iguais a 30°C. A taxa de mortalidade em idosos pode ser até 7,5 vezes maior. Desastres naturais podem tornar ainda mais escassa a água tratada e aumentar casos de hepatite e diarreia. “Um dado muito óbvio, é que o mosquito da dengue vai chegar a Buenos Aires em algumas décadas conforme a temperatura aumentar”, diz Nobre. O estudo mapeou 83 municípios de alto risco para inundação em cenário de temperaturas mais altas. “A dengue poderia estar praticamente em todo o território brasileiro. A condição climática ajudaria, ao lado de condições como crescimento desorganizado das cidades, falta de saneamento e até a dificuldade do setor da saúde em lidar com estas doenças”, diz a pesquisadora Beatriz Oliveira, da Fiocruz, da equipe do projeto. Segundo ela, o aumento de 4°C na temperatura causa a expansão da malária no Norte e da leishmaniose no Mato Grosso e em Minas Gerais. Doenças de veiculação hídrica encontram o pior cenário no Rio Grande do Sul, onde se prevê aumento das chuvas. Os casos de diarreia aumentariam em até 45% no Norte e Nordeste, diz Beatriz Oliveira. “E falta aprofundamento de estudos sobre o que vai acontecer, por exemplo, com a poluição atmosférica”, continua.
Nestes cenários climáticos, a agricultura será muito impactada no Brasil. A previsão, com aquecimento superando os 4°C, é de redução de 13% nas áreas de baixo risco climático de produção de arroz em comparação a 1990. A cultura do feijão sofrerá ainda mais, com perdas de 57% nas áreas de baixo risco e produção restrita ao Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A soja tem a maior perda (81%) e as lavouras devem migrar para o norte do Mato Grosso, como já vem acontecendo. A boa notícia é que, no caso da soja, devem ser lançados cultivares com alta tolerância à seca e deficiência hídrica, diz o estudo.
“Se aquecer muito, vamos ter problemas de produção em áreas que deixam de ser de baixo risco climático e chegarão a alto risco”, diz Eduardo Assad, da Embrapa. Em biodiversidade, o aumento no percentual de risco de extinção de espécies no mundo, com aumento de temperatura de 4°C é de 15,7%. Na América do Sul, onde o índice de extinção de espécies é o mais alto do mundo, este dado salta para 25%, diz Fabio R. Scarano, da Universidade Federal do Rio do Janeiro. “Pode haver redução nas populações de espécies de abelhas nativas da Mata Atlântica em 2030, situação que poderia se agravar até a extinção entre 2050 e 2080”, diz Scarano.
“Este tipo de estudo mostra os limites da adaptação à mudança do clima”, diz Nobre. “O objetivo do projeto é fazer com que os que decidem políticas públicas tenham consciência que o problema é grave”, completa Marengo.
“Qualquer projeto de hidrelétrica no mundo que tenha dinheiro do Banco Mundial tem que considerar cenários de mudança climática. O banco quer saber se vai emprestar dinheiro para uma obra que talvez não tenha condições de retornar o empréstimo”, diz Roberto Schaeffer, da Coppe-UFRJ e autor da parte de energia.
Fonte: Valor Econômico
A major new study includes some scary implications about how rapidly humans are changing the Earth’s climate
Recently, The Guardian reported on a significant new study published in Nature Climate Change, finding that even if we meet our carbon reduction targets and stay below the 2°C global warming threshold, sea level rise will eventually inundate many major coastal cities around the world.
20% of the world’s population will eventually have to migrate away from coasts swamped by rising oceans. Cities including New York, London, Rio de Janeiro, Cairo, Calcutta, Jakarta and Shanghai would all be submerged.
The authors looked at past climate change events and model simulations of the future. They found a clear, strong relationship between the total amount of carbon pollution humans emit, and how far global sea levels will rise. The issue is that ice sheets melt quite slowly, but because carbon dioxide stays in the atmosphere for a long time, the eventual melting and associated sea level rise are effectively locked in.
As a result, the study authors found that due to the carbon pollution humans have emitted so far, we’ve committed the planet to an eventual sea level rise of 1.7 meters (5.5 feet). If we manage to stay within the 1 trillion ton carbon budget, which we hope will keep the planet below 2°C warming above pre-industrial levels, sea levels will nevertheless rise a total of about 9 meters (30 feet). If we continue on a fossil fuel-heavy path, we could trigger a staggering eventual 50 meters (165 feet) of sea level rise.
Predicting how quickly sea levels will rise is a challenge. However, two other studies just published in the Proceedings of the National Academy of Sciences found that the Antarctic ice sheet could melt more quickly than previously thought, and thus contribute to relatively rapid sea level rise. Over the past century, global sea level has risen faster than at any time in the past two millennia, and most of the recent sea level rise is due to human-caused global warming. Several feet of sea level rise this century is likely, with a possibility of 5 feet or more.
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Em 2015, 92% dos 98,6 milhões de pessoas afetadas por 346 desastres enfrentaram fenômenos naturais como secas, enchentes e tempestades, associados ao clima. No ano passado, o mais quente já registrado, ondas de calor mataram 7.346 pessoas, quase um terço do total de indivíduos mortos em catástrofes. Governos e organizações têm buscado conter riscos e combater mudanças climáticas. Propostas de agência da ONU que limitam emissões de carbono da indústria de aviação civil foram elogiadas por Ban Ki-moon.
Enchentes agudas afetaram regiões do Paquistão, em 2015. O país também foi um dos mais afetados pelas ondas de calor registradas no ano passado. Temperaturas extremas mataram mais de 1,2 mil paquistaneses em 2015. Foto: PMA / Amjad Jamal
O Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNISDR) destacou que os desastres relacionados ao clima foram os que mais afetaram a população mundial em 2015, o ano mais quente já registrado.
Dos 98,6 milhões de pessoas atingidas pelas 346 catástrofes verificadas, 92% enfrentaram fenômenos naturais como secas, enchentes e tempestades, diretamente associadas às condições climáticas.
Segundo informações compiladas pela agência da ONU, os desastres de 2015 mataram 22.773 pessoas. Entre as vítimas estão 7.346 indivíduos, mortos por ondas de calor que afetaram cerca de 1,2 milhão de cidadãos na França, na Índia e no Paquistão.
No ano passado, os desastres de maior impacto, levando-se em conta a quantidade de pessoas afetadas, mas não necessariamente mortas, foram as secas, cujo número chegou a 32. Essas graves estiagens atingiram 50,5 milhões de indivíduos.
As 152 enchentes verificadas no ano passado foram o segundo tipo de catástrofe mais devastador, provocando a morte de 3.310 indivíduos e afetando outros 27,5 milhões. Esses números representam um aumento significativo comparado à média para os últimos dez anos, ao longo dos quais 85,1 milhões de pessoas foram afetadas e 5.938 pessoas foram mortas por cheias e alagamentos.
Além desses desastres, 90 tempestades, atingiram a Ásia e o Pacífico. Entre esses fenômenos, 48 tiveram a intensidade de ciclones. As precipitações e ventanias violentas são atribuíveis à elevação do nível e das temperaturas dos mares, segundo o UNISDR.
Em escala global, as tempestades mataram 996 pessoas e afetaram 10,6 milhões apenas em 2015. Na última década, foram registradas 17.778 mortes associadas a esse fenômeno climático, afetando 34,9 milhões de pessoas.
“A principal mensagem dessa análise de tendências é de que a redução dos gases do efeito estufa e a adaptação à mudança climática são vitais para países que buscam reduzir o risco de desastre agora e no futuro”, disse o chefe do UNISDR, Robert Glasser.
A diretora Centro para a Pesquisa sobre a Epidemiologia de Desastres (CRED), Debarati Guha-Sapir, alertou para o perigo das ondas de calor, responsáveis por quase um terço das mortes provocadas por desastres em 2015. “A mortalidade advinda de temperaturas extremas é muito subestimada e precisa de uma melhor avaliação de seu impacto”, afirmou. Conheça a pesquisa clicando aqui.
Em meio ao cenário analisado pelo UNISDR, novas iniciativas trazem esperança para o combate às mudanças climáticas.
No último dia 9 de fevereiro, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, elogiou as regras sugeridas pela Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), que propôs pela primeira vez limites obrigatórios para as emissões de carbono oriundas da indústria de aeronaves. Nos próximos 15 anos, o número de voos mundiais deve dobrar, o que representará um aumento significativo da quantidade de gases danosos ao meio ambiente liberados na atmosfera.
As medidas estipuladas pela agência determinam o aprimoramento da eficiência dos aviões e o estabelecimento de novos padrões para a construção dos veículos. As regras passarão a ser obrigatórias a partir de 2028, caso sejam adotadas pelo Conselho da ICAO.
A Organização acredita que é possível reduzir as emissões de carbono investindo em inovações tecnológicas, como alterações na estrutura, na propulsão ou na aerodinâmica das aeronaves.
A agência da ONU está particularmente preocupada com os aviões que pesam mais de 60 toneladas, responsáveis por mais de 90% das emissões globais da aviação.
Fonte: ONU BR