Investigação do Greenpeace do Reino Unido mostrou que empresas de combustíveis fósseis financiaram secretamente estudos em grandes universidades.
Uma investigação, realizada em segredo pelo Greenpeace do Reino Unido, descobriu que empresas do setor de combustíveis fósseis fazem pagamentos ocultos para que cientistas escrevam pesquisas questionando as mudanças climáticas e promovendo os interesses comerciais dessas empresas.
Repórteres do Greenpeace do Reino Unido se passaram por representantes de companhias de petróleo e carvão que estariam interessados em encomendar pesquisas “independentes”. Eles entraram em contato com os acadêmicos das universidades de Princeton e Penn State e pediram documentos defendendo os benefícios do gás carbônico, e o uso de carvão em países em desenvolvimento. Os professores universitários concordaram com a proposta e afirmaram que não seria necessário revelar a fonte do financiamento.
Citando documentos patrocinados pela indústria, como depoimentos em audiências públicas e artigos para jornais, o professor Frank Clemente, da universidade Penn State, declarou: “Em nenhum desses casos o financiador é identificado. Todos os meus trabalhos são publicados na condição de acadêmico independente”.
Já o professor William Happer, um dos principais representantes dos céticos às mudanças climáticas, concordou em desenvolver um relatório para uma empresa petrolífera do Oriente Médio, e disse que a companhia poderia manter o financiamento em segredo.
Em e-mails enviados ao repórteres, Happer revelou ter recebido milhares de dólares da empresa Peabody Energy para prestar testemunho em audiências públicas estaduais e federais sobre o clima. E disse que os recursos foram transferidos a um grupo de cientistas céticos.
A reportagem completa e todos os documentos foram publicados no site Energy Desk. Lá, está relatado como o professor Frank Clemente, de Penn State, recebeu o pedido para escrever um relatório que “respondesse às perigosas pesquisas que ligam o carvão a mortes prematuras”. E para levar em conta os dados da Organização Mundial da Saúde que atribuem à poluição causada por combustíveis fósseis cerca de 3,7 milhões de mortes por ano. Clemente afirmou que o documento entre 8 e 10 páginas custaria cerca de 15 mil dólares.
Ele contou ao repórter que recebeu 50 mil dólares da Peabody Energy para escrever um relatório sobre o “valor global do carvão”. A origem dos recursos foi citada em letras minúsculas no texto, mas o valor não foi declarado.
A disposição desses estudiosos em esconder suas fontes de financiamento destoa de códigos de ética de periódicos influentes, como a revista Science. Na lista de requisitos para enviar estudos, a Science afirma que as pesquisas devem “vir acompanhadas de informações claras sobre todos os autores e suas afiliações, fontes de financiamento ou relações financeiras que possam por em dúvida a imparcialidade do texto”.
Diante da solicitação para que nenhum elo fosse estabelecido entre a encomenda do relatório e a empresa de petróleo e gás do Oriente Médio que financiaria o texto, o professor Happer entrou em contato com Bill O’Keefe, ex-lobista da Exxon e seu colega no conselho da CO2 Coalition. Happer sugeriu que o pagamento fosse feito por intermédio do Donors Trust, uma polêmica organização do movimento conservador que já foi chamada de “caixa eletrônico de dinheiro negro”.
Os investigadores perguntaram a Peter Lipsett, do Donors Trust, se o fundo aceitaria dinheiro de uma empresa de petróleo e gás sediada no Oriente Médio. Segundo Lipsett, embora a organização prefira recursos oriundos de contas bancárias americanas, seria possível “aceitar que venham de um órgão estrangeiro, desde que a gente tome ainda mais cuidado com isso”.
O professor Happer também recebeu dos supostos repórteres um pedido para submeter o relatório financiado pela empresa ao processo de “revisão detalhada por pares” pelo qual passaram relatórios anteriores da fundação. Happer, que integra o Conselho Consultivo Acadêmico da GWPF, explicou: nesse sistema, integrantes do Conselho e outros cientistas escolhidos revisam o trabalho, mas o texto não é submetido a um periódico acadêmico.
O processo de “revisão por pares" da GWPF foi usado recentemente num relatório da fundação sobre os benefícios do dióxido de carbono. De acordo com o autor do trabalho, o incentivo inicial para escrever o texto partiu do jornalista Matt Ridley, que também é consultor acadêmico da GWPF e um dos revisores. Ridley divulgou o documento em sua coluna no jornal britânico The Times.
John Sauven, diretor executivo do Greenpeace no Reino Unido, comenta a investigação: “Esse trabalho revela uma rede de especialistas 'de aluguel' e um canal de bastidores que permite a empresas do setor de combustíveis fósseis influenciar o debate sobre as mudanças climáticas – de forma oculta e sem deixar impressões digitais. Agora, estamos diante de uma pergunta simples: ao longo dos anos, quantos relatórios científicos questionando as mudanças climáticas foram financiados por empresas de petróleo, carvão e gás? Esta investigação mostra como isso é feito, mas agora temos de saber quando e onde foi feito. Chegou a hora dos céticos abrirem o jogo”.
Ele acrescenta que a GWPF precisa responder a algumas perguntas. “Já houve financiamento secreto pela indústria de combustíveis fósseis para relatórios produzidos por membros importantes da fundação? Eles estão de acordo com a sugestão do professor Happer de submeter o relatório ‘financiado pelo petróleo’ a um ‘processo de revisão’ semelhante ao sistema de ‘revisão por pares’ adotado pela própria GWPF? Ela admite que o chamado processo de ‘revisão por pares’ da fundação é falho, considerando as revelações do professor Happer sobre o funcionamento desse sistema?”.
Fonte: Greenpeace
Conheça as Diretrizes e Ferramenta de apoio à elaboração de estratégias de adaptação à mudança do clima pela sociedade civil, elaboradas por GVces e UKCIP da Universidade de Oxford, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e com o apoio da Embaixada Britânica, no Projeto Economy-Wide Adaptation to Climate Change. Com o objetivo de contribuir para a redução de vulnerabilidades de comunidade e ecossistemas, as Diretrizes e a Ferramenta visam apoiar o planejamento em adaptação e mudança do clima nos projetos e programas liderados por organizações da sociedade civil.
Serão lançados dois produtos, ambos desenvolvidos junto ao grupo de trabalho composto por oito organizações: Engajamundo, Fundação Boticário, Habitat para a Humanidade, ICLEI, IPAM, SPVS, WRI e WWF.
Programação completa:
15h30 - Credenciamento e café de boas-vinda
16h00 - Abertura (Ministério do Meio Ambiente- MMA, Embaixada Britânica, UKCIP e GVces)
16h30 - Breve apresentação dos produtos lançados:
· Ciclo para elaboração de estratégia de adaptação às mudanças do clima pela sociedade civil
· Ferramenta para elaboração de plano de adaptação e vídeos de apoio
17h00 - Roda de conversa com as organizações da sociedade civil – aprendizados, desafios e próximos passos na agenda de adaptação
18h00 – Encerramento
QUANDO: 29 DE FEVEREIRO
Das 16h00 às 18h30
LOCAL: MMA - Auditório Ipê Amarelo
Esplanada dos Ministérios - Bloco B
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O título de ano mais quente da História tem dono inconteste. A Nasa e a Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA (Noaa) anunciaram ontem que 2015 terminou como o mais tórrido desde o início dos registros, em 1880. Destacaram que 15 dos 16 anos mais quentes ocorreram desde 2000 — a única exceção foi 1998, dominado por um forte episódio do fenômeno El Niño — numa série que confirma as previsões sobre mudanças climáticas associadas à ação humana.
E 2016 já começa com eventos climáticos surpreendentes. Dois furacões se formaram em pleno inverno do Hemisfério Norte este mês. Normalmente, os furacões precisam de águas excepcionalmente quentes para se desenvolver e, por isso, ocorrem no verão. Um deles, batizado Pali, se tornou o primeiro já registrado tão cedo no ano na História no Pacífico Central. O outro, Alex, além de ser o quarto furacão de inverno em 150 anos, é o mais ao Norte já formado.
De acordo com a Nasa, em 2015 o Brasil teve temperaturas recordes do Rio de Janeiro ao Amapá, excluindo trechos do litoral nordestino. O El Niño em ação desde o fim do ano passado não deve ser o único responsável pelo calor. Segundo as agências americanas, ele só intensificou a tendência de aquecimento da Terra associada às mudanças climáticas.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/2015-foi-ano-mais-quente-da-historia-diz-nasa-18512300
The forecast will be between 0.28 °C and 0.77 °C above the long-term (1981-2010) average. For comparison, 2015 - currently the warmest year on record in the Met Office series dating back to 1850 - was 0.44 °C (±0.1 °C) above the 1981-2010 long-term average.
This forecast also suggests global temperatures over the next five years are likely to be well within, or even in the upper half, of the range of warming expected by the CMIP5 models, as used by the Intergovernmental Panel on Climate Change.
Observed (black, from Hadley Centre, GISS and NCDC) and predicted (blue) global average annual surface temperature difference relative to 1981-2010
Doug Smith is a leading expert on decadal prediction at the Met Office Hadley Centre. He said: "We expect the global average temperatures for 2016 are likely to be at least as warm as 2015 - a record-breaking year. Considering the influence of the very strong El Niño, currently active in the Pacific, then 2016 could well be another record year.
"However, the run of consecutive record years for globally-averaged temperature may end in 2017, as the influence of the current El Niño ends, nevertheless high levels of greenhouse gases in the atmosphere will continue to influence the climate and drive very warm years."
Averaged over the five-year period 2016-2020, forecast patterns suggest enhanced warming over land, and at high northern latitudes. There is some indication of continued cool conditions in the Southern Ocean and of relatively cool conditions in the north Atlantic. The latter is potentially important for climate impacts over Europe, America and Africa.
This is the first decadal forecast using the Met Office's new prediction system featuring higher resolution representation of both ocean and atmosphere. This is now in line with the Met Office's seasonal forecasting system.
Font: Met Office