A parcela dos 10% mais ricos da população mundial é responsável por 49% da emissão individual de gases poluentes
As mudanças climáticas estão ligadas à desigualdade econômica. É um problema erado pela população mais rica que atinge diretamente a mais pobre, segundo um estudo conduzido pela Oxfam, confederação mundial de organizações que lutam contra a pobreza.
Em um relatório divulgado no final de 2015 a Oxfam mostra que, enquanto metade da população é responsável por 10% da emissão individual de gases carbônicos, a parcela de 10% mais ricos é responsável por 49% da emissão individual dos gases.
Essa conta engloba toda a cadeia de produção dos produtos, serviços e alimentos que essas pessoas consomem. Ou seja: quanto maior a renda e o poder de consumo, maior é a pegada ambiental de uma pessoa.
Veja no gráfico abaixo, produzido pela Oxfam e traduzido pelo Nexo, como os mais ricos emitem mais gases carbônicos:
A relação entre desigualdade econômica e a emissão de gases poluentes
O estudo foi elaborado pouco tempo antes de acontecer a COP21, reunião de líderes mundiais para discutir as mudanças climáticas. O estudo da Oxfram recomendava que as discussões fossem acompanhadas de ideias de combate à desigualdade.
Os países chegaram a um acordo histórico. Foi acertado que, diferentemente do Protocolo de Quioto, desta vez, todos são responsáveis e os mais ricos terão de ajudar os mais pobres a cumprirem os seus objetivos. Veja aqui detalhes do que foi acertado na reunião.
Fonte: NEXO
O El Niño, apelido dado ao ciclo climático que resulta em um aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, voltou surpreender os cientistas.
O fenômeno - que afeta o clima em todo o planeta - está sendo apontado como responsável pela raríssima formação de um furacão no Atlântico em janeiro.
"Alex", cuja chegada a território europeu está prevista para hoje, no arquipélago português de Açores, é apenas a quarta tempestade do gênero a se formar no Atlântico neste mês específico desde que tiveram início os registros, em 1851. E apenas a primeira desde 1938.
Autoridades portuguesas pediram aos mais de 245 mil moradores de Açores que se preparem para ventos de até 160 km/h e ondas de até 18 metros de altura - a defesa civil está em alerta para inundações e deslizamentos de terra.
A chamada temporada de furacões no Atlântico normalmente ocorre entre junho e novembro, embora a cada 10 anos seja registrada pelo menos uma tempestade fora desta "janela". Para os cientistas, a formação deste furação é consequência da intensidade incomum do El Niño deste ano - segundo a Organização Meteorológica Mundial, trata-se de um dos mais fortes desde a década de 50.
O El Niño ocorre a cada sete anos e, segundo especialistas, o fenômeno está ligado a secas e inundações ao redor do mundo.
O furacão Alex se formou por volta de 7 de janeiro, na costa sudeste dos Estados Unidos. Cientistas estimam que a tempestade não fará mais entradas na Europa e que provavelmente se dirigirá a Groenlândia.
Fonte: BBC
Por: Suzana Kahn
Criar um novo padrão de consumo, compartilhar bens e serviços ajuda a promover o bem-estar e a reduzir as emissões de gases de efeito estufa
Os resultados de pesquisas sobre índice de felicidade comprovam que a mera acumulação de bens não traz bem estar
Muito já foi dito acerca do grande desafio contemporâneo que é a redução das emissões de gases de efeito estufa, sendo o dióxido de carbono (CO2) o principal gás. De forma simplificada, é possível admitir a existência de um orçamento global de carbono de, no máximo, 1,8 trilhão de toneladas a ser emitido, ou “gasto”, por todo o planeta ao longo do século 21. A emissão atual é de cerca de 50 bilhões de toneladas anuais, o que significa que o orçamento previsto até o ano de 2100 será atingido em meados deste século. O acordo de Paris – assinado durante a COP21, e recém-celebrado – não traz segurança de que o mundo ficará com suas emissões dentro deste patamar.
Não é fácil adotar medidas de mitigação de carbono em um mundo com população, renda e consumo por bens e serviços crescentes. Tanto é assim que, há mais de 20 anos, sabemos o que precisa ser feito para combater a mudança climática e, ainda assim, nossas emissões hoje são 60% acima do que eram em 1990. Como alento, vemos em curso o início de uma transição – ainda muito suave, para um mundo sem energia fóssil, e baseado em fontes renováveis e aumento de eficiência energética. Só que todo este esforço não será suficiente para compensar a entrada de novos consumidores no mercado com o padrão de consumo existente nos dias de hoje.
É imperativo promover um novo padrão de consumo. Não é necessário grande conhecimento de psicologia para entender que, muitas vezes, o consumo se dá para suprir algum vazio, compensar e preencher lacunas, dando uma falsa sensação de bem-estar e de felicidade. Para alterar o padrão de consumo é preciso se identificar outras necessidades que gerem o bem-estar. Várias pesquisas comprovam que o aumento do consumo – especialmente após certo patamar, onde as necessidades básicas já estão atendidas – não se correlaciona com melhoria nos indicadores de felicidade. Ou seja, os resultados de pesquisas sobre índice de felicidade comprovam que a mera acumulação de bens não traz bem-estar.
Fomentar uma economia de mais satisfação à população, sem estar atrelada ao consumo, é uma importante estratégia de mitigação. Serviços ao invés de produtos e compartilhamento de bens trazem enormes benefícios.
O conceito de economia compartilhada implica em colaboração social, que, por si só, já contribui para o bem-estar, envolve também a indústria de tecnologia da informação e do conhecimento, que tem alto valor agregado e baixo impacto ambiental. A forma mais conhecida de economia compartilhada é protagonizada pelas bicicletas – o meio de transporte que mais cresce no mundo. Outro serviço que tem se destacado é o “couchsurfing” – site que aproxima viajantes de pessoas locais, e é, atualmente, um serviço de hospitalidade em franca expansão. O mesmo se dá com compartilhamento de escritórios, veículos e outros bens. De um modo geral, fazer parte de um grupo de compartilhamento traz mais bem-estar e felicidade do que a simples posse de um bem. A sensação de “pertencimento”, de acordo com vários estudiosos do tema, faz muito bem ao indivíduo, promovendo conforto e satisfação.
Um nível mais elevado de satisfação faz com que as faltas ao trabalho sejam menores e melhore a produtividade e desempenho. Os custos com saúde diminuem. Solidariedade e respeito ao bem comum aumentam, gerando uma maior riqueza material para a comunidade em questão. Um grau mais alto de confiança na sociedade em que se vive reduz os “custos de transação” desta sociedade, que passa a ter menores gastos com fiscalização, burocracia, corrupção, litígios, contratos e regulações.
Assim, um meio alternativo de mitigação de gases de efeito estufa é atuar na busca da felicidade, revendo os conceitos de progresso e desenvolvimento. O progresso não é uma mera acumulação interminável de bens de capital, que provoca danos à felicidade da coletividade, seja através da destruição do ambiente que se vive, a ruptura das relações sociais ou ainda o elevado nível de ansiedade individual.
A alternativa de mitigação de gases de efeito estufa contemplando a busca da felicidade e bem-estar da sociedade via compartilhamento, redução de consumo e valorização de bens imateriais, complementa as propostas nacionais de mitigação insuficientes apresentadas em Paris na COP21.
Fonte: Projeto Colabora
As temperaturas no Polo Norte estiveram acima do ponto de fusão do gelo, devido à onda de calor que atingiu a região na tempestade Frank. Estudo indica que retenção da água derretida dentro do gelo poroso deixou de acontecer.
As temperaturas no Polo Norte atingiram em dezembro os 0.7º C, ou seja, estiveram acima da temperatura de fusão do gelo. Os valores chegaram a atingir mais 30º C do que a média para esta altura do ano, o valor mais alto desde que os registos começaram, em 1900. Desde 1948, só há três registos de momentos em que a temperatura terá ultrapassado os 0º C no Ártico, mas não há, até agora, nenhum registo nos meses de janeiro, fevereiro ou março. 2015 foi o ano mais quente na região desde 1900, e 2016, sendo um ano de El Niño, provavelmente não lhe ficará atrás. A temperatura subiu tanto devido à passagem da tempestade Frank, uma das cinco tempestades mais fortes de que há registo no Ártico e que também provocou mau tempo e cheias no Reino Unido, Islândia e Estados Unidos.
Nível médio da água do mar pode aumentar mais rápido que previsto
O aumento da temperatura no Polo Norte ganha contornos ainda mais alarmantes com um novo estudo, publicado recentemente na revista “Nature Climate Change” e citado no jornal Público. Os autores estudaram 26 locais na região Oeste da Gronelândia entre 2009 e 2015, e pesquisavam o impacto numa camada de gelo poroso dos Verões quentes, particularmente os de 2010 e 2012, que causaram um grande derretimento.
Os cientistas descrevem que esta camada de gelo poroso, que atinge os 80 m de profundidade, estava a capturar e a acumular nos seus interstícios parte da água derretida, mas deixou de o conseguir fazer. Os investigadores estimavam que esta camada estivesse a reter 30 e 40% do gelo derretido. A água que não é retida escorre para o mar, o que pode aumentar o nível médio da água de forma mais grave e célere do que o previsto.
Por ouro lado, este escoamento da água do gelo derretido pode reforçar mecanismos de reforço positivo, estimulando um derretimento ainda maior. Isto porque a água ao escorrer esculpe a superfície do gelo, criando zonas lamacentas e, logo, mais escuras. Esta alteração da cor da superfície reduz o seu albedo, isto é, a capacidade de reflexão da luz solar, que é máxima no gelo puro, aumentando a absorção de luz. Por sua vez, a absorção de luz pelo gelo aumentará a temperatura à superfície, acelerando o derretimento.
As alterações nesta camada sensível de gelo poroso são praticamente irreversíveis. Mesmo que houvesse a criação de uma nova camada durante os próximos Invernos, o processo demorará décadas e não acontecerá seguramente num clima cada vez mais quente.
Os autores do estudo, citados pelo Público, estimam que se tenham perdido mais de nove milhões de milhões (ou seja, nove biliões) de toneladas de gelo no último século. Quando todo o gelo da Gronelândia derreter, o nível médio do mar subirá sete metros, com efeitos devastadores.
Fonte: Esquerda.NET