Com temperatura 1,35 grau Celsius acima da média dos últimos 136 anos, fevereiro foi o mês mais quente da história. Ou, pelo menos, desde 1880, quando começaram a ser feitas as medições globais de temperatura. Tórrido no Hemisfério Sul, fevereiro desbancou aquele que até então era o mês mais quente: justamente o anterior, janeiro. Para os climatologistas do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, autores da medição e da análise científica que a acompanha, tudo indica que 2016 será o ano mais quente da história, superando... 2015. Segundo a agência espacial dos Estados Unidos, novos recordes de temperatura são esperados para julho e agosto, no verão do Hemisfério Norte.
Impulsionadas nos últimos dois anos por forte aquecimento das águas na superfície do Oceano Pacífico – fenômeno conhecido como "El Niño" –, as quebras sucessivas de recordes e o aumento considerável em relação à média histórica são indicadores de que o planeta se aquece de forma acelerada. Mais do que isso, as altas temperaturas, segundo os especialistas da Nasa, trazem embutidas uma má notícia: a permanecer esse ritmo, será impossível manter o aquecimento da Terra no limite de 1,5 grau Celsius, meta defendida como ideal pela maioria das nações durante a 21ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP-21), realizada em dezembro em Paris.
"Corremos sério risco de não cumprir o acordo celebrado na COP-21", constata o secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, em referência ao documento final aprovado pela maioria dos 195 países presentes ao encontro de cúpula na capital francesa. Considerado a base para um "pós-Kyoto", o acordo destravou a negociação climática internacional, paralisada havia quase uma década, e será ratificado agora em abril, em cerimônia a se realizar na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Sua aplicação prática terá início em 2020.
O documento final da COP-21 estabelece o objetivo de não permitir que o aumento da temperatura média do planeta ultrapasse os 2 graus Celsius até 2050. As nações signatárias também se comprometem a tentar limitar este aumento a 1,5 grau, meta considerada "quase impossível" na análise divulgada pela Nasa. Para conseguir honrar as ousadas metas estabelecidas em Paris, os países têm de tornar realidade alguns planos nacionais de ação contra as mudanças climáticas que, em muitos casos, ainda nem saíram do papel. Às vésperas de sua ratificação, o Acordo de Paris permanece frágil, sobretudo pela posição de incerteza interna vivida por alguns dos principais atores das negociações climáticas globais.
Obama e os republicanos
Nos Estados Unidos, país que jamais ratificou o antigo Protocolo de Kyoto, mas que, na gestão de Barack Obama, ensaiou um retorno em força às discussões climáticas no âmbito da ONU, a Suprema Corte suspendeu – por cinco votos a quatro – o Plano de Energia Limpa que havia sido anunciado pelo governo em agosto do passado. Por estabelecer metas concretas para a redução da emissão de gases de efeito estufa pelo setor elétrico, o plano chegou a ser apresentado em Paris como a principal ação norte-americana no combate ao aquecimento global. Mas não resistiu à oposição interna liderada pelos estados produtores de petróleo e carvão governados pelo Partido Republicano, como Texas e Virgínia.
A decisão dos juízes revelou o quão difícil será para Obama vencer a oposição republicana, que também é maioria no parlamento, e pôr em prática as pretendidas ações de enfrentamento às mudanças climáticas. O caso ainda será analisado por uma corte de apelações, em sessão marcada para junho, e a estratégia do governo para tentar reverter a decisão será citar deliberações anteriores da Suprema Corte que reconhecem o impacto dos gases de efeito estufa sobre a saúde pública do país. "O aquecimento global já afeta o meio ambiente e o bem-estar dos americanos, e é hoje um dos principais desafios para os Estados Unidos", disse o procurador-geral, Donald Verrilli, à agência de notícias Reuters.
Apresentado em Paris, o Plano de Energia Limpa elaborado pela Agência de Proteção Ambiental do governo norte-americano traz o compromisso de reduzir as emissões do país em 32% até 2030, tomando como base os índices registrados em 2005. Sua apresentação serviu como grande estímulo para que se chegasse a um acordo na COP-21, já que o setor energético fortemente baseado nas termelétricas a carvão é responsável por um terço das emissões no país. Se a suspensão do plano for confirmada, isso representará um sério revés para as pretensões de adoção de um "pós-Kyoto" pelos países signatários do Acordo de Paris.
Um eventual recuo da maior potência econômica do mundo deverá comprometer também o financiamento do Fundo do Clima, mecanismo criado na COP-16 (em Cancún, no México, em 2010) com o objetivo de garantir recursos para que os países mais pobres possam realizar ações de mitigação e enfrentamento das mudanças climáticas. Apesar da ideia inicial de dotar o fundo com US$ 100 bilhões por ano desde 2011, este ainda se encontra estagnado e descapitalizado.
Na COP-21, o secretário de Estado, John Kerry, anunciou compromisso de dobrar os aportes de recursos ao Fundo do Clima. Aí, também, um recuo teria efeitos catastróficos. "É importante que os Estados Unidos continuem no barco, ao lado dos outros países. Ao oferecer mais dinheiro e mostrar mais flexibilidade em sua posição, o país deu o tom e definiu os termos do acordo firmado em Paris", diz a ambientalista brasileira Iara Pietricovsky, que é dirigente do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e esteve presente na conferência realizada na França.
Dragão sustentável
País que nos últimos 15 anos viveu acelerado crescimento econômico baseado na queima de combustíveis fósseis e tomou dos norte-americanos a liderança do ranking dos que mais emitem gases de efeito estufa, a China se comprometeu na COP-21 a reduzir em 65% suas emissões até 2030, tendo como base o ano de 2005. Em Paris, o governo chinês apontou também para o ano de 2030 como prazo limite para atingir o pico de suas emissões, mas o grande desafio do país agora é antecipar o cumprimento dessa meta, já que seu crescimento econômico, sempre em torno dos 10% no período entre 2000 e 2013, desacelerou nos últimos dois anos.
Para evitar repetir nos próximos anos os 10,5 bilhões de toneladas de CO2 lançados na atmosfera em 2014, o capítulo sobre energia do Plano Quinquenal divulgado em março pelo governo chinês aposta no desenvolvimento de fontes de energia limpa, como a eólica e a solar. Segundo um estudo elaborado pela London School of Economics, entre 2010 e 2014 as alternativas energéticas não fósseis cresceram 73% na China, e a expectativa do governo é que esse crescimento seja ainda maior nos próximos cinco anos.
Do êxito do plano chinês dependerá também o sucesso do Acordo de Paris. "Se traduzir em políticas concretas o que está previsto no plano, a China deixará o papel de vilã do clima que cumpre desde o ano 2000 e poderá tornar-se até mesmo líder do combate às mudanças climáticas", diz o dirigente da seção asiática do Greenpeace, Li Shuo, segundo o Observatório do Clima.
Para tornar real aquilo que qualifica como uma "revolução energética", o Plano Quinquenal do governo chinês apresenta as metas de limitar o consumo de energia do país em 5 bilhões de toneladas de carvão e de reduzir o uso de energia fóssil em 15% até 2020. Em seus estudos, o governo trabalha com a previsão de uma taxa de crescimento de 6,5% a 7% ao ano nos próximos cinco anos. "A China vai honrar os compromissos climáticos que assumiu em Paris e vai participar ativamente da gestão global do clima", declarou o primeiro-ministro, Li Keqiang.
Dilma veta
No Brasil, a divulgação pelo governo do Plano Plurianual (PPA) para o período 2016-2019 foi alvo de críticas por parte de organizações ambientalistas, que acusam o país de desrespeitar os compromissos assumidos durante a COP-21. O principal problema, dizem as ONGs, foi o veto integral, feito pela presidenta Dilma Rousseff, ao item do PPA que fala em "promover o uso de sistemas e tecnologias visando à inserção de geração de energias renováveis na matriz elétrica brasileira". O veto presidencial incluiu todas as metas e ações previstas para esse setor.
Em Paris, o governo brasileiro se comprometeu em, até 2030, elevar a 45% a participação das fontes renováveis em sua matriz energética, incluindo aí a opção hidrelétrica. Os vetos ao PPA, no entanto, não pouparam a meta de aumentar em 13.100 megawatts a capacidade instalada de energia gerada a partir de fontes limpas. Também foram vetados itens que mencionam o incentivo ao uso de fontes renováveis por meio da geração distribuída, no uso de fontes solares fotovoltaicas e na implementação de projetos voltados ao desenvolvimento de fontes renováveis. Segundo a organização Instituto Socioambiental (ISA), esses vetos não são condizentes com os compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris.
Para a maioria dos ambientalistas, apesar dos discursos e da boa vontade demonstrada pelos governantes durante a COP-21, o combate ao aquecimento global só seria realmente efetivo se conseguisse transformar o modelo de desenvolvimento capitalista atual. "Enquanto pensamos se o aumento da temperatura vai ficar em um grau e meio ou dois graus, os mesmos governantes querem fechar a Rodada de Doha da Organização Mundial de Comércio (OMC), entre outros acordos comerciais tenebrosos que se arquitetam no mundo e que manterão nosso planeta aquecendo-se aceleradamente. Ao que parece, ninguém da parte dos governos e muito menos das grandes corporações quer romper com esse modelo hegemônico. Então, discutir se teremos um aumento de somente um grau e meio ou menor que dois graus parece ridículo para qualquer ser humano comum", diz a antropóloga Iara Pietricovsky, do Inesc.
Com temperatura 1,35 grau Celsius acima da média dos últimos 136 anos, fevereiro foi o mês mais quente da história. Ou, pelo menos, desde 1880, quando começaram a ser feitas as medições globais de temperatura. Tórrido no Hemisfério Sul, fevereiro desbancou aquele que até então era o mês mais quente: justamente o anterior, janeiro. Para os climatologistas do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da Nasa, autores da medição e da análise científica que a acompanha, tudo indica que 2016 será o ano mais quente da história, superando... 2015. Segundo a agência espacial dos Estados Unidos, novos recordes de temperatura são esperados para julho e agosto, no verão do Hemisfério Norte.
Impulsionadas nos últimos dois anos por forte aquecimento das águas na superfície do Oceano Pacífico – fenômeno conhecido como "El Niño" –, as quebras sucessivas de recordes e o aumento considerável em relação à média histórica são indicadores de que o planeta se aquece de forma acelerada. Mais do que isso, as altas temperaturas, segundo os especialistas da Nasa, trazem embutidas uma má notícia: a permanecer esse ritmo, será impossível manter o aquecimento da Terra no limite de 1,5 grau Celsius, meta defendida como ideal pela maioria das nações durante a 21ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP-21), realizada em dezembro em Paris.
"Corremos sério risco de não cumprir o acordo celebrado na COP-21", constata o secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, em referência ao documento final aprovado pela maioria dos 195 países presentes ao encontro de cúpula na capital francesa. Considerado a base para um "pós-Kyoto", o acordo destravou a negociação climática internacional, paralisada havia quase uma década, e será ratificado agora em abril, em cerimônia a se realizar na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Sua aplicação prática terá início em 2020.
O documento final da COP-21 estabelece o objetivo de não permitir que o aumento da temperatura média do planeta ultrapasse os 2 graus Celsius até 2050. As nações signatárias também se comprometem a tentar limitar este aumento a 1,5 grau, meta considerada "quase impossível" na análise divulgada pela Nasa. Para conseguir honrar as ousadas metas estabelecidas em Paris, os países têm de tornar realidade alguns planos nacionais de ação contra as mudanças climáticas que, em muitos casos, ainda nem saíram do papel. Às vésperas de sua ratificação, o Acordo de Paris permanece frágil, sobretudo pela posição de incerteza interna vivida por alguns dos principais atores das negociações climáticas globais.
Obama e os republicanosNos Estados Unidos, país que jamais ratificou o antigo Protocolo de Kyoto, mas que, na gestão de Barack Obama, ensaiou um retorno em força às discussões climáticas no âmbito da ONU, a Suprema Corte suspendeu – por cinco votos a quatro – o Plano de Energia Limpa que havia sido anunciado pelo governo em agosto do passado. Por estabelecer metas concretas para a redução da emissão de gases de efeito estufa pelo setor elétrico, o plano chegou a ser apresentado em Paris como a principal ação norte-americana no combate ao aquecimento global. Mas não resistiu à oposição interna liderada pelos estados produtores de petróleo e carvão governados pelo Partido Republicano, como Texas e Virgínia.
A decisão dos juízes revelou o quão difícil será para Obama vencer a oposição republicana, que também é maioria no parlamento, e pôr em prática as pretendidas ações de enfrentamento às mudanças climáticas. O caso ainda será analisado por uma corte de apelações, em sessão marcada para junho, e a estratégia do governo para tentar reverter a decisão será citar deliberações anteriores da Suprema Corte que reconhecem o impacto dos gases de efeito estufa sobre a saúde pública do país. "O aquecimento global já afeta o meio ambiente e o bem-estar dos americanos, e é hoje um dos principais desafios para os Estados Unidos", disse o procurador-geral, Donald Verrilli, à agência de notícias Reuters.
Apresentado em Paris, o Plano de Energia Limpa elaborado pela Agência de Proteção Ambiental do governo norte-americano traz o compromisso de reduzir as emissões do país em 32% até 2030, tomando como base os índices registrados em 2005. Sua apresentação serviu como grande estímulo para que se chegasse a um acordo na COP-21, já que o setor energético fortemente baseado nas termelétricas a carvão é responsável por um terço das emissões no país. Se a suspensão do plano for confirmada, isso representará um sério revés para as pretensões de adoção de um "pós-Kyoto" pelos países signatários do Acordo de Paris.
Um eventual recuo da maior potência econômica do mundo deverá comprometer também o financiamento do Fundo do Clima, mecanismo criado na COP-16 (em Cancún, no México, em 2010) com o objetivo de garantir recursos para que os países mais pobres possam realizar ações de mitigação e enfrentamento das mudanças climáticas. Apesar da ideia inicial de dotar o fundo com US$ 100 bilhões por ano desde 2011, este ainda se encontra estagnado e descapitalizado.
Na COP-21, o secretário de Estado, John Kerry, anunciou compromisso de dobrar os aportes de recursos ao Fundo do Clima. Aí, também, um recuo teria efeitos catastróficos. "É importante que os Estados Unidos continuem no barco, ao lado dos outros países. Ao oferecer mais dinheiro e mostrar mais flexibilidade em sua posição, o país deu o tom e definiu os termos do acordo firmado em Paris", diz a ambientalista brasileira Iara Pietricovsky, que é dirigente do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e esteve presente na conferência realizada na França.
Dragão sustentávelPaís que nos últimos 15 anos viveu acelerado crescimento econômico baseado na queima de combustíveis fósseis e tomou dos norte-americanos a liderança do ranking dos que mais emitem gases de efeito estufa, a China se comprometeu na COP-21 a reduzir em 65% suas emissões até 2030, tendo como base o ano de 2005. Em Paris, o governo chinês apontou também para o ano de 2030 como prazo limite para atingir o pico de suas emissões, mas o grande desafio do país agora é antecipar o cumprimento dessa meta, já que seu crescimento econômico, sempre em torno dos 10% no período entre 2000 e 2013, desacelerou nos últimos dois anos.
Para evitar repetir nos próximos anos os 10,5 bilhões de toneladas de CO2 lançados na atmosfera em 2014, o capítulo sobre energia do Plano Quinquenal divulgado em março pelo governo chinês aposta no desenvolvimento de fontes de energia limpa, como a eólica e a solar. Segundo um estudo elaborado pela London School of Economics, entre 2010 e 2014 as alternativas energéticas não fósseis cresceram 73% na China, e a expectativa do governo é que esse crescimento seja ainda maior nos próximos cinco anos.
Do êxito do plano chinês dependerá também o sucesso do Acordo de Paris. "Se traduzir em políticas concretas o que está previsto no plano, a China deixará o papel de vilã do clima que cumpre desde o ano 2000 e poderá tornar-se até mesmo líder do combate às mudanças climáticas", diz o dirigente da seção asiática do Greenpeace, Li Shuo, segundo o Observatório do Clima.
Para tornar real aquilo que qualifica como uma "revolução energética", o Plano Quinquenal do governo chinês apresenta as metas de limitar o consumo de energia do país em 5 bilhões de toneladas de carvão e de reduzir o uso de energia fóssil em 15% até 2020. Em seus estudos, o governo trabalha com a previsão de uma taxa de crescimento de 6,5% a 7% ao ano nos próximos cinco anos. "A China vai honrar os compromissos climáticos que assumiu em Paris e vai participar ativamente da gestão global do clima", declarou o primeiro-ministro, Li Keqiang.
Dilma vetaNo Brasil, a divulgação pelo governo do Plano Plurianual (PPA) para o período 2016-2019 foi alvo de críticas por parte de organizações ambientalistas, que acusam o país de desrespeitar os compromissos assumidos durante a COP-21. O principal problema, dizem as ONGs, foi o veto integral, feito pela presidenta Dilma Rousseff, ao item do PPA que fala em "promover o uso de sistemas e tecnologias visando à inserção de geração de energias renováveis na matriz elétrica brasileira". O veto presidencial incluiu todas as metas e ações previstas para esse setor.
Em Paris, o governo brasileiro se comprometeu em, até 2030, elevar a 45% a participação das fontes renováveis em sua matriz energética, incluindo aí a opção hidrelétrica. Os vetos ao PPA, no entanto, não pouparam a meta de aumentar em 13.100 megawatts a capacidade instalada de energia gerada a partir de fontes limpas. Também foram vetados itens que mencionam o incentivo ao uso de fontes renováveis por meio da geração distribuída, no uso de fontes solares fotovoltaicas e na implementação de projetos voltados ao desenvolvimento de fontes renováveis. Segundo a organização Instituto Socioambiental (ISA), esses vetos não são condizentes com os compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris.
Para a maioria dos ambientalistas, apesar dos discursos e da boa vontade demonstrada pelos governantes durante a COP-21, o combate ao aquecimento global só seria realmente efetivo se conseguisse transformar o modelo de desenvolvimento capitalista atual. "Enquanto pensamos se o aumento da temperatura vai ficar em um grau e meio ou dois graus, os mesmos governantes querem fechar a Rodada de Doha da Organização Mundial de Comércio (OMC), entre outros acordos comerciais tenebrosos que se arquitetam no mundo e que manterão nosso planeta aquecendo-se aceleradamente. Ao que parece, ninguém da parte dos governos e muito menos das grandes corporações quer romper com esse modelo hegemônico. Então, discutir se teremos um aumento de somente um grau e meio ou menor que dois graus parece ridículo para qualquer ser humano comum", diz a antropóloga Iara Pietricovsky, do Inesc.
Fonte: Rede Brasil Atual
A Grande Barreira de Coral da Austrália passa pelo mais grave processo de branqueamento já registrado, anunciaram cientistas, com 93% dos recifes, que integram a lista de patrimônio mundial da humanidade da Unesco, afetados. Após uma série de inspeções aéreas e submarinas, cientistas da Universidade James Cook de Townsville, no estado de Queensland (nordeste), constataram que apenas 7% da Grande Barreira conseguiu escapar do processo de branqueamento, que pode ser fatal para o coral. A descoloração dos corais é provocada pelo aumento da temperatura da água, que expulsa as algas simbióticas que fornecem ao coral sua cor e seus nutrientes. Os recifes podem ser recuperados caso a água volte a resfriar, mas também podem morrer caso o fenômeno persista.
"Nunca havíamos observado este nível de branqueamento", afirmou o professor Terry Hughes, diretor do grupo de trabalho nacional especializado na questão, que coordena as atividades de 10 centros de pesquisas sobre o fenômeno. Os danos variam entre o sul da barreira, onde os recifes poderiam ser rapidamente recuperados, e o norte, onde estão seriamente afetados. Andrew Baird, da James Cook, acredita que o processo de branqueamento observado é sintoma de um problema global. "É um problema que não afeta apenas a Austrália", advertiu, ao citar casos similares na Indonésia ou Maldivas.
A Grande Barreira é ameaçada pelo aquecimento global, os dejetos agrícolas, o desenvolvimento econômico e a proliferação de acanthasters, estrelas de mar com espinhos que destroem os corais. O local, de 345.000 km², evitou por pouco entrar na lista de áreas ameaçadas elaborada pela Unesco. A Austrália criou um plano de preservação de 35 anos para salvar a região, uma de suas maravilhas naturais.
Fonte: Globo
Ano passado já ultrapassou as expectativas, quebrando os recordes de temperatura; Mudanças climáticas geraram grande impacto na economia brasileira
Cada vez mais o aquecimento da Terra tem gerado preocupação aos especialistas e governos. E não é para menos. A Agência Espacial Americana (NASA) confirmou o que a população mundial sentiu na pele: 2015 foi o ano mais quente da história desde quando se iniciou a medição. Em média, a temperatura na superfície terrestre foi 0,13°C maior do que em 2014. Segundo a instituição, os 15 anos mais quentes foram registrados nos últimos 16 anos. Para 2016, a realidade não será diferente. A NASA afirmou que os meses de janeiro e fevereiro deste ano já bateram os recordes do mesmo período de 2015.
Os dados revelaram que fevereiro deste ano foi o mês mais quente já registrado na história mundial, sendo que o segundo mês mais quente foi seu antecessor (janeiro), enquanto o terceiro mês com temperaturas mais altas na história foi dezembro de 2015. Nunca houve um trimestre tão quente no mundo: entre dezembro e fevereiro, a média da temperatura no planeta ficou 1,2ºC acima da média – no limite exato do aumento ao qual ainda podemos nos submeter nos próximos 84 anos que ainda restam para o final do século.
“Esses dados confirmam que o aquecimento global não só é verdadeiro, como está se intensificando”, afirma André Ferretti, gerente de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, instituição que participa da coordenação geral do Observatório do Clima, rede de ONGs que atuam na agenda climática brasileira.
O fenômeno El Niño, que provoca o aquecimento anormal das águas do Pacífico, também é em parte responsável por esse resultado, pois tem sido bastante severo. Porém, a principal causa da intensificação do aquecimento global continua sendo a ação do homem, que, ano após ano, tem ampliado a emissão de gases de efeito estufa (GEEs). Ferretti alerta que os governos não podem mais continuar com o discurso teórico sobre as alterações do clima, sendo preciso agir de forma planejada para adaptar-se às mudanças climáticas cujos efeitos serão ainda mais presentes esse ano.
O instituto de meteorologia do Reino Unido, Met Office, já afirma que 2016 irá ultrapassar 2015 como ano mais quente, prevendo um aumento de 1,14°C acima da temperatura nos anos iniciais da Revolução Industrial, por volta de 1820. “Se isso se concretizar, estaremos muito próximos do limite estabelecido pelo Acordo de Paris, firmado no ano passado, que determina que a temperatura não pode atingir 2ºC acima da era industrial, e orientando que ficasse em, no máximo, 1,5ºC”, completa Ferretti, que esteve na 21ª Conferência das Partes (COP-21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) quando o documento foi elaborado.
Aqui no Brasil o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) afirmou que o El Niño continuará alterando o clima nesse ano. O órgão afirma que as regiões Norte e Nordeste terão redução na quantidade de chuvas, enquanto que o Sul sofrerá com o aumento de precipitação. Com esse somatório de fatores, os fenômenos climáticos extremos – grandes estiagens e enchentes – serão cada vez mais frequentes gerando perdas desde patrimônio e safras agrícolas até vidas humanas.
Economia é impactada pelas alterações climáticas
O brasileiro pode até não ter percebido os motivos, mas com certeza já sentiu no bolso o impacto das mudanças do clima. O famoso PF, composto pelo arroz, feijão, bife, batata frita e salada ficou 20% mais caro em 2015, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA15), alta que significa quase o dobro da inflação – 10,74 para os últimos 12 meses.
Um dos principais responsáveis é o clima: o Rio Grande do Sul detém 70% da produção nacional de arroz, mas as chuvas torrenciais e fora de época causaram prejuízos e atrasos no plantio. Já Minas Gerais sofreu o oposto. Responsável por 30% da produção brasileira de batatas, o estado enfrentou grande seca que impactou gravemente a lavoura. A falta de chuvas também influenciou na plantação de feijão da região mineira.
Com essa situação adversa, o Brasil deve importar mais arroz, o que deve aumentar ainda mais o preço do alimento. Já o feijão carioquinha – mais consumido pelos brasileiros e que ficou 30% mais caro no ano passado – não tem produção fora do país e, por isso, o Instituto Brasileiro do Feijão prevê desabastecimento já no fim de fevereiro.
Solução pode estar na própria natureza
Para André Ferretti, dentre as estratégias de adaptação às mudanças climáticas uma que tem se mostrado eficaz e mais duradoura é a chamada Adaptação Baseada em Ecossistemas (AbE), na qual aproveitam-se os serviços ambientais (como produção de água e proteção do solo) providos pelos ecossistemas conservados, bem como da sua biodiversidade, para auxiliar as pessoas e as comunidades na adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.
Exemplo prático dessa realidade é o Parque Nacional da Tijuca, o mais visitado do país com cerca de três milhões de turistas por ano. Nos séculos XVII e XVIII, o então chamado Maciço da Tijuca foi devastado para agricultura e extração de madeira, o que gerou grande impacto na cidade. O mais sentido deles foi a escassez de água. Dessa forma, em 1861, D. Pedro II declarou a região como “Florestas Protetoras”, protegendo a região e garantindo a quantidade e qualidade da água para os cariocas.
“A lógica é simples, se protegermos os ambientes naturais eles devolvem essa proteção para nós. É o equilíbrio que a natureza pode nos ensinar”, conclui o gerente de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário.
Fonte: Eco Debate
Bonn, April 7, 2016 - The Paris Climate Change Agreement opens for signature on 22 April 2016 during a high-level ceremony convened by UN Secretary-General Ban Ki-moon in New York, marking an important international push on the way to the agreement’s timely entry into force.
Over 130 countries have confirmed to United Nations headquarters that they will attend the signing ceremony, including some 60 world leaders, amongst them President Francois Hollande of France
The event will also be attended by the President of COP21, France’s Segolene Royal, and the Executive Secretary of the UNFCCC, Christiana Figueres.
All Parties to the UN Framework Convention on Climate Change are invited to sign the agreement, taking note of established international practice that full powers are required to sign.
A country’s signature on the agreement initiates the critical domestic process, on which depends its final entry into force.
This process takes many separate forms and can be rapid or lengthier, depending on each country’s domestic practices. The outcome may be countries’ instruments of ratification, acceptance, approval or accession.
Following each national completion of this process, instruments are submitted to the Depositary under the UN Secretary-General in New York. It is only once such an instrument is deposited that a country can be said to have ratified the Paris Agreement.
The Paris Agreement will enter into force on the 30th day after the date on which at least 55 Parties to the Convention accounting in total for at least an estimated 55 % of total global greenhouse gas emissions have deposited their instruments of ratification, acceptance, approval or accession with the Depositary. An information note on the entry into force of the Paris Agreement is available here.
From: UNITED NATIONS