Começaram na última quinta-feira (8) na Califórnia, Estados Unidos, incêndios florestais que já são considerados os maiores da história do estado. O fogo teve início em três focos diferentes que atingiu grandes extensões no norte e sul do estado e causou a morte 31 pessoas e desaparecimento de mais de 200 outras.
Especialistas apontaram que as mudanças climáticas causaram impactos que fizeram as chamas se alastrarem mais rápida e destrutivamente. O estado da Califórnia passa por uma seca anormal que faz a vegetação ficar mais propensa a queimar e espalhar o fogo, assim como os ventos secos que carregam o fogo e aumentam a velocidade e área de destruição.
“Vários chamas de movimentos rápidos estão produzindo enormes plumas de fumaça e ameaçando várias comunidades na Califórnia.” (NASA Earth via Twitter)
Daryl Osby, chefe do corpor de bombeiros de Los Angeles, capital do estado, disse à CNN que não há uma previsão de melhora sobre os impactos das mudanças climáticas em incêndios como estes tão cedo. “Como é evidente no Camp Fire no norte da Califórnia – que é maior do que isso, mais estruturas foram perdidas, mais vidas foram perdidas – é evidente a partir dessa situação em todo o estado que estamos em mudança climática e vão permanecer aqui por um futuro previsível”, disse Osby.
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A uma semana da 14ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que acontecerá no Egito de 17 a 29/11, e a menos de dois meses da posse do novo presidente e dos governadores eleitos, o lançamento do “Sumário para Tomadores de Decisão” do “Primeiro Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos” marca um momento tão crítico quanto oportuno para a agenda do desenvolvimento sustentável nas conjunturas internacional e nacional. No âmbito global, os olhares sempre se voltam para o Brasil que, por ser o detentor da maior biodiversidade do planeta, exerce um papel central nas discussões-macro e cujo declínio da riqueza biológica gera impactos para além de suas fronteiras. O cenário político do país, com a alternância de mandatos que irá ocorrer nos poderes executivo e legislativo, também sinaliza para um leque de possibilidades e rumos, a depender das deliberações dos novos planos de governo e das propostas a serem pautadas e aprovadas no Congresso Nacional.
O Sumário é um documento que visa apoiar a tomada de decisão nas esferas pública e privada e traz os principais resultados consolidados no Primeiro Diagnóstico, elaborado por um grupo de mais de 120 pesquisadores reunidos na Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos.
Os serviços ecossistêmicos são os benefícios proporcionados pela natureza que sustentam a vida no planeta, como água limpa, ar puro, alimentos, regulação do clima e proteção contra desastres naturais, energia, polinização, lazer e até bens culturais e valores emocionais. Por isso, o impacto da perda de biodiversidade para a qualidade de vida é grande, assim como o desafio premente de mostrar para a sociedade a importância desses serviços prestados pelos sistemas naturais para o ser humano. “A elaboração de um documento dessa magnitude para o Brasil tem uma repercussão mundial pela relevância que o país tem nesse tema e é um passo marcante para o reconhecimento da Plataforma e para influenciar os tomadores de decisão, especialmente no momento em que estamos vivendo, por se tratar de um relatório isento”, avalia o consultor e ambientalista Fábio Feldmann, ex-secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
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País com a maior biodiversidade do planeta, o Brasil tem a legislação necessária, o capital humano e a capacidade instalada para ser líder mundial nos acordos globais para o desenvolvimento sustentável, porém precisa corrigir rumos e adotar políticas mais adequadas. É o que aponta o Sumário para Tomadores de Decisão do Primeiro Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e de Serviços Ecossistêmicos, lançado hoje (8) pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e de Serviços Ecossistêmicos (BPBES, da sigla em inglês), em evento no Museu do Amanhã, na zona portuária do Rio de Janeiro.
Criada em 2015, a plataforma reúne cerca de 120 pesquisadores, com apoio financeiro do governo federal e do governo de São Paulo, e foi inspirada na Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), das Nações Unidas, datada de 2012
Para o professor de ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro Fabio Scarano, um dos coordenadores do trabalho, a cada ano, os dados científicos trazem novas informações e evidências sobre a urgência de se cuidar do planeta. Ele destaca que apesar de ainda ter muitas questões para resolver, o Brasil já obteve grandes avanços.
“O país tem uma legislação boa para lidar com sistemas naturais, tem capacidade instalada, formação de recursos humanos. Estamos formando mais do que um doutor por dia no setor de biodiversidade. Há muitos ganhos o país tem histórico de liderança nos acordos globais, tanto na diversidade biológica como no clima, no combate à desertificação e nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.”
Por outro lado, ele aponta que o país tem ações contraditórias. “Temos várias leis que não são cumpridas, cerca de 80% do desmatamento no país é ilegal. Temos também a necessidade de se mudar de uma prática mais marrom para uma prática mais verde [de produção e consumo]. E a iniciativa não deve vir só do governo, mas também do setor privado, para a gente criar um ambiente mais favorável que se dê essa mudança”.
Já o coordenador da plataforma brasileira, Carlos Joly, defende que a principal mudança é dar escala global para soluções locais. “Não é uma construção exclusivamente da academia, já está envolvendo outros atores. Agora, com essas conclusões, nós vamos tentar ver de que forma isso pode ser implementado. Se você senta com o produtor agrícola e explica que manter áreas de vegetação nativa, com a presença dos polinizadores, isso vai aumentar a produtividade em 20% na soja, ele vai entender que tem a ganhar com isso.”
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O mundo se prepara para uma nova rodada de negociação climática em dezembro deste ano na Polônia. A COP 24 (24ª Conferência do Clima) pretende que governos, indústrias e populações inteiras mudem a forma de se relacionar com o meio ambiente. O objetivo é limitar o aumento da temperatura global em até 1,5ºC até o final do século, tendo como comparação o clima na era pré-industrial. Em algumas cidades do mundo, no entanto, o aquecimento já se aproxima dos 3ºC, como é o caso de São Paulo.
As consequências podem ser graves. São Paulo deve enfrentar nos próximos anos chuvas cada vez mais fortes e alagamentos isolados, ao mesmo tempo em que períodos de seca poderão causar falta de água nos reservatórios. As temperaturas noturnas devem aumentar, custando a vida de idosos, enquanto a redução de alimentos no campo levará a cidade a investir em agricultura urbana.
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