O secretário-geral da ONU, António Guterres, chamou a comunidade internacional a superar suas diferenças para relançar a luta contra a mudança climática durante as negociações desta quarta-feira (12) da Conferência do Clima da ONU, a COP 24, segundo informações da agência France Presse. A reunião tenta definir um "livro de regras" para o Acordo de Paris — cujo principal objetivo é manter o aquecimento do planeta abaixo de 2ºC.
"Pode soar como um apelo dramático, e é exatamente isso. As questões políticas essenciais ainda não foram resolvidas", constatou Guterres, que voltou à cidade polonesa onde cerca de 200 países estão reunidos até sexta-feira (14) para tentar definir o livro de regras.
"Desperdiçar esta oportunidade comprometeria nosso maior trunfo para frear a mudança climática. Não seria apenas imoral, mas suicida", insistiu, em um discurso feito às delegações nacionais.
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Os países que abandonam as negociações climáticas internacionais podem sofrer perdas econômicas e políticas, além de atrasos tecnológicos. A opinião é de Jonathan Pershing, um dos principais negociadores climáticos dos EUA no governo de Barack Obama. Comentando a falta de entusiasmo do presidente eleito Jair Bolsonaro com as negociações climáticas internacionais, Pershing, que falou ao Valor durante a rodada de negociações que acontece em Katowice, a CoP 24, levantou três aspectos que podem ser prejudiciais ao Brasil.
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Documento expõe preocupações com possível saída do Brasil do acordo internacional. Produzida em conjunto com os maiores especialistas da área no País, a manifestação foi encaminhada nessa terça-feira, 11 de dezembro, ao futuro ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes
Leia o documento na íntegra:
Manifestação da SBPC sobre a questão do Acordo de Paris
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) expõe, neste documento, as suas preocupações sobre uma possível saída do Brasil do Acordo de Paris tendo por base os seguintes argumentos:
Embora tenha sido tomada a decisão de reverter a oferta de hospedar a próxima reunião da COP25 no Brasil no próximo ano, seria altamente conveniente para o Brasil abrir a possibilidade de hospedar uma COP em outro momento, levando em conta que o encontro das partes da Convenção em 2020 promete ser ainda mais importante, pois consagra o esforço efetivamente assumido pelos países com o Acordo de Paris, no qual o Brasil teria oportunidade de mostrar seus esforços exemplares, excedendo os próprios compromissos assumidos.
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O documento chamado de “Livro de regras” do Acordo de Paris contém 144 páginas e foi adotado pelos países (Partes) signatários que ratificaram o acordo após 03 anos de negociação.
O documento foi considerado balanceado, mas aquém do nível de ambição necessário para conter o aquecimento global em 1,5°C.
O desafio agora será a implementação das medidas de mitigação e adaptação pelos países e se o financiamento necessário será captado para que os países mais vulneráveis possam se adaptar aos efeitos adversos das mudanças do clima.
Alguns itens da agenda de negociação ficaram “travados” justamente por conta de visões diferentes de alguns países e grupos de países.
De acordo com a Profa. da COPPE/ UFRJ e atual Secretária Executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, Andréa Santos, o Brasil, por exemplo, foi bastante mencionado nas rodadas de negociações e nos bastidores da COP24 por ter impedido o avanço no tema mecanismos de mercado de carbono.
Andréa comentou que ficou até o final da plenária, quando o então presidente da COP24, o polonês Michał Kurtyka, Secretário de Estado, físico e engenheiro, especialista em negociações internacionais e especialista no campo da energia, onde foi autor do programa governamental para o desenvolvimento da eletromobilidade na Polônia, deu por encerrada a conferência.
Entre outros temas do livro de regras estão: transferência de tecnologia e capacitação para mitigação e adaptação às mudanças climáticas (finance, tech transfer e capacity building) para os mais vulneráveis e menos desenvolvidos; regras para obtenção de financiamento; operacionalização dos órgãos que irão fiscalizar a implementação do acordo, num prazo de 05 em 05 anos; os critérios para apresentação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) pelos países e os critérios para monitoramento e relato das emissões de gases de efeito estufa.