Acontece hoje o seminário Clima e Segurança que promove a discussão dos impactos das mudanças climáticos sobre a segurança mundial e sobre a segurança nacional. Daniela Chiaretti, do Valor Econômico, conversou com o embaixador alemão, Georg Witschel, e com o também alemão, Alexander Carius, do think-tank Adelphi e que é um dos palestrantes do evento. Carius disse que sua preocupação é com as reconfigurações geopolíticas que já começam a acontecer em função da entrada das fontes renováveis: a Arábia Saudita que investe num futuro de menos petróleo; uma Alemanha mais eólica e menos dependente dos fósseis russos. Ele também lembra dos conflitos pela água, como as ações do grupo Boko Haram que desalojou milhões de pessoas da região do lago Chade, cada vez mais seco na tríplice fronteira entre Nigéria, Níger e Chade. O embaixador disse que “a mudança climática é um multiplicador de riscos com grande potencial de conflito. Basta pensarmos na escassez de água, segurança alimentar, desestabilização através (sic) de eventos climáticos extremos, migração ou perda territorial com a subida do nível das águas”.
Já a jornalista Giovana Girardi, do Estadão, conversou com o norte-americano John Conger que também participa do seminário. Especialista em defesa, Conger contou um pouco sobre o ambiente criado pela Casa Branca de Trump, onde a palavra ‘clima’ foi banida. Mesmo assim, o Departamento de Defesa continua levando muito a sério a mudança do clima, embora tenha que fazer contorcionismos gramaticais para não criar atritos. Conger também cita o lago Chade e acrescenta Bangladesh como exemplo de impactos climáticos que levam a deslocamento de populações. Quanto ao caso da Síria, Conger entende que a mudança do clima não foi causa, mas sim fator de exacerbamento da guerra civil e subsequentes massacres e migrações. Ele dá destaque à segurança nacional norte-americana que, para ele e colegas, é sinônimo de seu poderio militar. Boa parte da infraestrutura militar, avaliada em US$ 1 trilhão, está ao nível do mar e, portanto, é vulnerável à eventos extremos e à elevação do nível do mar. O sistema militar também tem que acompanhar o movimento do comércio internacional e, se o Ártico começa a derreter e novas rotas marítimas são abertas na região, as forças armadas norte-americanas têm que estar preparadas para operar no novo ambiente.
O seminário faz parte da série “Diálogos Futuro Sustentável”, fruto da parceria do Instituto Clima e Sociedade e da Embaixada da Alemanha no Brasil. O seminário será transmitido no 3º link desta nota.
http://www.valor.com.br/…/crescimento-da-energia-renovavel-…#
http://sustentabilidade.estadao.com.br/…/mudancas-climatic…/
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