No início de abril, a estação espacial chinesa Tiangong-1 - que pesava 8,5 toneladas e estava fora de controle e inoperante desde 2006 - caiu no Oceano Pacífico, chamando a atenção do mundo para a questão da sucata espacial. Mas, segundo estudos feitos pela Agência Espacial Europeia (ESA), o problema é bem mais grave do que a queda de um módulo em pane: a quantidade de lixo aumentou consideravelmente nos últimos anos, deixando o espaço orbital da Terra cada vez mais próximo do limite de saturação.
Em 60 anos de atividade espacial, mais de 5 mil lançamentos de foguetes fizeram com que a órbita da Terra ficasse repleta de dejetos. A ESA estima que satélites inoperantes, partes de foguetes, peças de espaçonaves e pedaços de objetos relacionados a missões espaciais já somam 7,5 mil toneladas de lixo orbital.
Esses detritos viajam em torno da Terra em velocidades alucinantes, que podem passar dos 28 mil quilômetros por hora. Nessas condições, a colisão de um pequeno parafuso com um satélite pode ter o efeito de um tiro de canhão.
"Se reduzirmos os lançamentos espaciais a zero hoje mesmo, o número de objetos vai continuar aumentando da mesma forma. Isso porque cada colisão espalha um grande número de detritos, que continuam viajando no espaço em grande velocidade, produzindo novas colisões", disse ao Estado o diretor do Escritório de Detritos Espaciais da ESA, Holger Krag.
De acordo com Krag, esse efeito cascata, que tende a aumentar exponencialmente os riscos de novas colisões, praticamente inviabilizando o uso da órbita terrestre para atividades espaciais, foi previsto em 1978 por um consultor da Nasa, Donald Kessler. Quatro décadas depois, a chamada "síndrome de Kessler" já é uma realidade.
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