Divulgado pela NASA e pela NOAA hoje que o segundo ano mais quente do registro histórico, disponível desde 1880, é o de 2019. O campeão ainda é 2016, tendo os últimos cinco anos sido os cinco mais quentes.
Além disso, a década que se encerrou com 2019 é a década mais quente do registro. Todas as décadas, desde os anos 1960, bateram o recorde de calor da década anterior.
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São apenas 92 segundos de duração, mas o vídeo produzido pelo Programa Copernicus, do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo, mostra, de maneira assustadora, como os incêndios florestais afetaram a Terra nos últimos doze meses.
Segundo os cientistas do centro europeu de estudos climáticos, é alarmante constatar que algumas áreas do planeta passaram praticamente 2019 inteiro em chamas, caso do centro-sul da África. Enquanto isso, como pode-se ver no vídeo, outras regiões acendem e escurecem, por causa do fogo, diversas vezes ao ano, como na Califórnia, nos Estados Unidos, e alguns estados do Brasil.
“Ao longo do ano, observamos atentamente a intensidade dos incêndios e a fumaça que eles emitiram em todo o mundo. Alguns foram bastante excepcionais. Mesmo em lugares onde esperaríamos ver incêndios em determinados períodos do ano, parte da atividade foi surpreendente”, revelou Mark Parrington, cientista do Programa Copernicus.
O pesquisador explica que incêndios florestais são comuns em todo o planeta, com algumas regiões mais afetadas em determinadas épocas do ano – como ocorre com a Amazônia, todos os anos, no segundo semestre.
Ao monitorarem a atividade dos incêndios florestais, através de medições diárias de “fogo ativo”, os cientistas do Copernicus conseguem estimar as emissões de gases e assim, fornecer informações sobre como a qualidade do ar será afetada, em até cinco dias, em diversas cidades e países.
Poucos sabem, mas incêndios florestais podem provocar um nível de poluição do ar muito maior do que as emissões industriais e produzir uma combinação de partículas, monóxido de carbono e outros poluentes, bastante perigosas para a saúde de toda a vida no planeta.
De acordo com o levantamento realizado pelos europeus, aproximadamente 6.735 megatons de CO2 (dióxido de carbono, gás apontado como o principal responsável pelo aquecimento global) foram lançados na atmosfera por incêndios entre 1o de janeiro e 30 de novembro de 2019.
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Os professores da Coppe/UFRJ Suzana Kahn, Andrea Santos e Emílio La Rovere participarão da 25º Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas (COP 25) que será realizada, de 2 a 13 de dezembro, em Madri. O objetivo é discutir os avanços na implementação do Acordo de Paris, pelo qual os países signatários se comprometeram a reduzir as emissões de gases causadores de efeito estufa (GEE), com objetivo de limitar o aquecimento global a 2ºC acima dos níveis pré-industriais.
Às vésperas da conferência, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou que a concentração de GEE na atmosfera atingiu um recorde histórico, em 2018, ao alcançar o patamar de 407,8 partes por milhão (ppm), ou seja, 147% a mais que o nível pré-industrial de 1750.
Segundo a vice-diretora da Coppe/UFRJ, Suzana Kahn, que integra o grupo de pesquisadores que participará da Conferência, é necessário investir urgentemente na implementação de medidas, seja para mitigar as mudanças climáticas ou se adaptar a elas. “As análises econômicas mostram que é melhor gastar para reduzir emissões do que para se adaptar ao cenário de aquecimento. Além disso, os países mais vulneráveis terão uma dificuldade maior em se adaptar o que vai ampliar o fosso da desigualdade entre países ricos e pobres. Não há muita saída, vai ser muito caro enfrentar este problema, seja via mitigação, seja via adaptação”, explicou a vice-diretora da Coppe, que também é presidente do Comitê Científico do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC).
Na COP 25, Suzana participará de uma reunião da Aliança Global de Universidades sobre o Clima (GAUC, na sigla em inglês), nos dias 8 e 9 de dezembro. Por intermédio da Coppe, a UFRJ integra a este grupo de 12 universidades, criado em janeiro, durante a reunião do Fórum Econômico Mundial, em Davos. Atualmente o GAUC é liderado pela Universidade de Tsinghua (China), parceira da Coppe no Centro China – Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia, criado em 2009.
As instituições se reunirão para discutir como a tecnologia pode ajudar a atingir a meta de restringir o aquecimento global a 1,5ºC. A abertura será conduzida por Lord Nicholas Stern, diretor do Comitê Acadêmico da GAUC, presidente da British Academy e professor da London School of Economics and Political Science, e pelo vice-diretor geral do Departamento de Mudanças Climáticas do Ministério da Ecologia e Meio Ambiente da China, Sun Zhen. A professora da Coppe abordará as ações realizadas pela UFRJ no âmbito das mudanças climáticas. A vice-diretora da Coppe também coordenará uma reunião do PBMC, da qual também participará a professora Andréa Santos, do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe. Este evento, paralelo às atividades da COP, reunirá especialistas para discutir a elaboração do segundo relatório de avaliação da ciência do clima, adaptação e mitigação no Brasil.
“O importante é ter uma economia de baixo carbono em qualquer que seja a atividade produtiva. Em cada país os setores mais poluentes diferem: na China é o setor energético, no Brasil, onde as fontes renováveis predominam na matriz energética, as emissões mais relevantes são provenientes da agropecuária e do desmatamento”, explica Suzana, ressaltando que, no caso do Brasil, o reflorestamento de áreas degradadas é muito importante para criar sumidouros de carbono e neutralizar parte das emissões. Também no dia 9 de novembro, a vice-diretora da Coppe moderará uma mesa com cientistas do IPCC sobre transição energética no setor de transporte.
A professora Andrea participará da reunião do PBMC, no dia 5/12, voltada à discussão do papel do governo e da sociedade civil na COP 25. No dia 12, a professora tomará parte no debate “O papel da Ciência na tomada de decisão”, promovido pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e pelo Centro Brasil Clima (CBC).
Emílio propõe precificação do carbono para o cumprimento das metas
O professor da Coppe, Emilio La Rovere, participará dia 3 de dezembro do debate “Usando estratégias de longo prazo para aprimorar as NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas): visões dos governos, bancos, especialistas e sociedade civil”, promovido pelo IDDRI e pelo New Climate Institute, think tanks internacionais em mudanças climáticas. La Rovere falará sobre a precificação do carbono como elemento-chave para o cumprimento das metas estabelecidas pelo Acordo de Paris, e sobre a utilização da receita decorrente de uma possível taxação sobre o carbono para o financiamento de políticas para geração de emprego e redução da desigualdade social.
“O uso da receita de taxação de carbono para reduzir os impostos sobre a folha salarial impulsionaria a criação de empregos e as transferências governamentais para famílias de baixa renda permitiria uma redução gradual das desigualdades, necessária sobretudo em países em desenvolvimento, em compasso com a descarbonização da economia”, recomenda o professor.
Emilio também participará do Moving for Climate Now, uma “bicicletada” organizada pela empresa espanhola Iberdrola e pela UN Global Compact Network Spain, de Salamanca a Madri, entre os dias 26/11 e 1/12, com objetivo de gerar conscientização acerca da necessidade de se agir agora quanto às mudanças climáticas. Os participantes, especialistas internacionais em mudanças climáticas, incluindo executivos, cientistas e dirigentes de órgãos de governo e ONGs, após pedalarem de dia terão debates à tarde e à noite. La Rovere participará do trecho de 29 de novembro, na qual eles deixarão a cidade de Guadalupe, de bicicletas elétricas, até a chegada em Madri no domingo, 1º de dezembro, quando os participantes entregarão um manifesto ao Secretariado da Convenção.
Em 4 de dezembro, Emilio integrará um Painel sobre Mecanismos Financeiros Inovadores para o Enfrentamento das Mudanças Climáticas, em debate com Alfredo Sirkis, do Centro Brasil no Clima, e o professor Jean-Charles Hourcade, diretor do CIRED, da França.
A pesquisadora Carolina Dubeux do Centro Clima e pós-doutoranda do Programa de Planejamento Energético, ambos da Coppe, também participará da Conferência.
Sobre Suzana Kahn
Vice-diretora da Coppe/UFRJ, Suzana Kahn é presidente do Comitê Científico do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC). Foi vice-presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), de 2008 a 2015; secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente (2008 a 2010), e subsecretária de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro (2010 a 2013). Em 2007 integrou o grupo de cientistas do IPCC agraciado com o Nobel da Paz pela dedicação a estudos sobre mudanças do clima e o aquecimento global.
Coordenadora executiva do Fundo Verde da UFRJ é membro do Conselho de Administração do Museu do Amanhã; do Conselho do Centro Empresarial de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS); presidente do Conselho da BVRio, e consultora ad hoc do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. É responsável pela área de transporte do Grupo de Mitigação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
Sobre Emilio Lèbre La Rovere
Trabalhou no Departamento de Energia da Finep de 1975 a 1988, sendo seu coordenador de 1986 a 1988, quando passou a ser professor adjunto em TI e DE no PPE da Coppe. Coordena o Laboratório Interdisciplinar de Meio Ambiente (Lima), desde 1997, e o Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (Centro Clima), desde 2000. Foi o primeiro coordenador do Mestrado e Doutorado em Engenharia Ambiental da Coppe, de 1989 a 1997, é Professor Titular desde 2013 e Pesquisador 1A do CNPQ desde 2007.
La Rovere colabora desde 1992 com o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), vencedor do prêmio Nobel da Paz de 2007, conquistado pelo IPCC em conjunto com o ex-vice-presidente americano Al Gore. Participou em 2017 da Comissão de Alto Nível sobre Preço do Carbono, coordenada pelo prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz e por Lord Nicholas Stern, iniciativa da Carbon Pricing Leadership Partnership lançada pelo Governo da França com o Banco Mundial.
Sobre Andrea Santos
A professora Andréa Souza Santos foi coordenadora de Mudança do Clima e Sustentabilidade na Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (SMCQ-MMA). Também foi consultora na Secretaria Executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), tendo sido contratada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) para o desenvolvimento de atividades gerenciais e de consultoria técnica do projeto.
Atualmente, é secretária-executiva do PBMC. A professora do Programa de Engenharia de Transportes (PET) da Coppe/UFRJ também é Contributing Author do IPCC WGIII AR6 do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).
Resumo sobre o Webinar “IISD Webinar Updates on Progress During First Week of COP 25 Negotiations”. https://sdg.iisd.org/…/iisd-webinar-updates-on-progress-du…/
O webinar destacou questões pendentes relacionadas ao Artigo 6, incluindo transferência, compartilhamento de receitas e contabilidade.
Os negociadores estão discutindo uma possível rede de especialistas “Santiago network of experts” ou “rede de especialistas de Santiago" para ajudar na implementação do Mecanismo Internacional de Varsóvia para Perdas e Danos.
Foram observados destaques sobre as relações claras entre os ODS 13 (ação climática), 7 (energia limpa e acessível) e 14 (vida submarina) na COP 25. Como subsídio técnico do IPCC o enfoque agora é o Special Report on the Ocean and Cryosphere in a Changing Climate (SROCC), além do SR on Climate Change and Land e SR1.5.
Está em andamento um trabalho para um acordo na COP 25 sobre o Artigo 6 (abordagens cooperativas), que visa ajudar os países que estão lutando para atingir suas metas de redução de emissões por meio de mecanismos de mercado e de não mercado.
Nesse sentido, o que pode ser concluído em Madri e o que pode ser finalizado nos próximos dois anos:
* carry over (transferência de créditos): se os países devem ter permissão para transferir créditos gerados antes de 2020 para implementação após 2020 e para uso nas Contribuições Determinadas Nacionalmente (NDCs) dos países;
* share of proceeds (parcela da receita): se é para replicar o processo atual sob o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto, pelo qual uma parcela da receita vai para o Fundo de Adaptação; e
* accounting and common metrics (métricas contábeis e comuns): se é possível calcular reduções de emissões de atividades usando uma variedade de métricas.
Além do artigo 6, ocorre também a falta de acordo sobre prazos comuns para as NDCs, com propostas variando de cinco a dez anos, com mais de dez opções atualmente em discussão.
Um segmento de alto nível (High Level Segment) se reúne está semana para ajudar a orientar discussões técnicas sobre questões não resolvidas relacionadas ao Artigo 6 e perdas e danos, entre outros.
A presidência chilena está organizando mesas-redondas ministeriais a fim de introduzir uma abordagem mais holística para entender os papéis de vários ministros na ação climática e que essa abordagem inovadora poderá ser um legado da COP 25.