O Governo do Estado de Santa Catarina lançaou, na segunda-feira, dia 2, o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa da Administração Pública Direta e Indireta de Santa Catarina.
"Esta ação inovadora da Secretaria do Desenvolvimento Econômico Sustentável reuniu servidores de 86 instituições que compõe a administração pública estadual, que participaram de capacitações e recolheram dados, resultando neste documento", explicou a secretária em exercício do Desenvolvimento Econômico Sustentável (SDS), Lucia Dellagnelo. A solenidade, que contará com a participação do governador Raimundo Colombo, será no auditório da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), às 14h.
A primeira etapa do trabalho, realizada em novembro de 2012, foi de sensibilização, com objetivo de destacar a importância do projeto para o Governo do Estado e para a sociedade, bem como, motivar e conscientizar os membros da equipe.
Já no mês seguinte foi a fase de capacitação, que consistiu em oficinas técnicas, ministradas pelo Centro de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces /FGV), onde foram abordados os aspectos práticos da metodologia GHG Protocol, tais como coleta de dados e elaboração dos relatórios técnicos. No total, 113 servidores públicos aplicaram seus conhecimentos para o diagnóstico de emissões de gases de efeito estufa.
"O resultado deste trabalho é fundamental para a criação de políticas públicas sustentáveis e que gerem mais economia ao poder público", declarou o diretor de Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Sustentável da SDS, Daniel Casarin Ribeiro. Segundo ele, a ideia é que a cada dois anos os dados sejam atualizados, verificando, assim, se as ações propostas para redução dos gases de efeito estufa estão sendo implantadas e qual a eficiência delas.
Foto: Foto do Blog da Estela Benetti
Fonte: Instituto Carbono Brasil
Uma pesquisa desenvolvida pelo bolsista de doutorado do programa Ciência sem Fronteiras (CsF), na Universidade de Edimburgo, na Escócia, Antonio Alvaro Buso Junior revelou como o pólen presente na floresta tropical brasileira pode ajudar a prever mudanças climáticas no futuro.
O estudo reforça a necessidade de proteção das áreas ambientais da Mata Atlântica, além de indicar o comportamento do meio ambiente no local ao longo dos anos. Foram analisados mais de 140 tipos de pólen de árvores e ervas da Reserva Natural Vale, localizada na Floresta Atlântica de Linhares, no Espírito Santo.
Os resultados indicam as diferenças sazonais, com verões chuvosos e invernos secos, nos últimos 7 mil anos. Os dados podem ser usados para prever a reação das florestas, plantas e espécies raras que habitam o local. “Eu espero que nós possamos agora mostrar o resultado deste estudo no intuito de que estes ecossistemas preciosos recebam maior proteção”, ressalta Antonio.
O bolsista é aluno de doutorado na Universidade de São Paulo (USP). A equipe do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da instituição de ensino superior também participa da pesquisa.
Foto: Floresta Atlântica de Linhares, no Espírito Santo - Portal G1
Fonte: Instituto Carbono Brasil
SÃO PAULO - O Brasil está no caminho de alcançar o compromisso voluntário de redução de emissões até 2020 ao controlar o desmatamento na Amazônia. A má notícia é que a tendência de todos os outros setores da economia é de crescimento das emissões. O país tem que discutir cenários de redução para depois de 2020, com novas medidas e novas políticas.
Esta é a mensagem principal do sumário executivo do estudo “Mitigação das Mudanças Climáticas”, a última parte do primeiro Relatório de Avaliação Nacional (RAN), produzido por 345 pesquisadores de todo o país reunidos no Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC). O estudo foi lançado nesta quinta-feira no Congresso Nacional de Pesquisa e Ensino em Transporte, em Belém, no Pará, e sugere medidas de redução de emissões nos vários setores da economia. Trata-se da parte do relatório que mais traz elementos de debate para políticas públicas.
“As emissões da agropecuária e silvicultura representam mais de um terço do total do Brasil, mantendo-se em uma tendência crescente”, diz o sumário executivo. “No entanto, existem muitas oportunidades de mitigação, destacando-se a recuperação de pastagens e a expansão das florestas comerciais”, indica o estudo.
Grande parte destas emissões são produzidas pelo gado e o manejo de culturas de soja, milho, cana de açúcar e arroz, que ocupam mais de 70% da área de cultivo nacional. De 1990 a 2005, as emissões do setor aumentaram 37%, fruto do crescimento dos rebanhos, da área plantada e do uso excessivo de fertilizantes, diz o estudo.
O relatório avaliou o cenário para 2020, da agropecuária, com a recuperação de 15 milhões de hectares de pastagens, aumento do plantio direto de lavouras em 8 milhões de hectares, expansão do plantio de florestas em 3 milhões de hectares, eliminação da queima na colheita da cana, o uso de aditivos na dieta do gado, o tratamento de dejetos dos suínos e a redução do uso de nitrogênio. Os resultados das pesquisas estimaram que com essas medidas é possível diminuir a emissão de gases-estufa entre 163,3 e 248,5 Mt CO2eq em 2020.
“Ainda há tempo para agir”, diz Suzana Kahn Ribeiro, presidente do comitê científico do PMBC. “Basta redirecionar um pouco os investimentos, ter esta preocupação em mente”, diz ela. “Para reduzir o carbono da economia é preciso mecanismos de incentivos e tributação, e ter este olhar nos investimentos.”
No setor industrial é preciso incentivar ações de eficiência energética, substituição de combustíveis fósseis por biomassa e solar, além de outras fontes menos emissoras. Recomendam-se, também, adotar processos industriais que sejam menos intensivos no uso de energia. A indústria responde por cerca de 38% do consumo de energia no Brasil. “Estima-se que o potencial técnico de abatimento destas emissões até 2030 seja superior a 1,5 bilhão de toneladas acumuladas, o que corresponde a quase 5 vezes as emissões totais da indústria em 2005.”
Isso, diz o estudo, desde que novas políticas incentivem o uso de tecnologias menos emissoras, a adoção de processos mais eficientes nas expansões industriais e de tecnologias mais modernas. Também é preciso estimular mais reciclagem e uso eficiente de materiais.
“O Brasil está abandonando todo o nicho de energia solar, mesmo para aquecimento de água, que é barato”, diz Suzana Kahn. “Ficamos confortáveis por causa da energia hidrelétrica e isso nos deixou preguiçosos, como se não precisássemos mais lutar para competir. Com carvão estamos indo na direção contrária da tendência do século 21. É preciso corrigir este rumo e entrar na trilha da economia verde ampliando a oferta de renováveis”.
Ela lembra que o Brasil tem uma das maiores reservas de silício mas não o beneficia em grau suficiente para que seja utilizado na fabricação de placas de energia solar, apenas para uso metalúrgico. “Quando se começa a investir em novas tecnologias, movimenta-se toda a cadeia e geram-se empregos. Ou se começa a importar tudo.”
“O Brasil tem um potencial gigantesco para geração de energia baseada em fontes renováveis, entretanto, no horizonte até 2021, as emissões do setor de energia devem saltar de 30 milhões de toneladas de CO2 equivalente (medida que iguala todos os gases do efeito estufa ao potencial de aquecimento do dióxido de carbono) , em 2011, para 69 Mt CO2 eq”, diz o estudo. “A energia solar, apesar de ainda ser aplicável em alguns nichos, tem um potencial ilimitado.”
O transporte rodoviário poderá, em 2020, emitir 60% a mais que em 2009, alcançando 270 milhões de toneladas de CO2. “O Brasil apresenta potencial de mitigação das emissões de CO2 no transporte principalmente por ter sua matriz de transportes desequilibrada, e com ênfase no modo rodoviário, tanto para cargas quanto para passageiros. Existe também a possibilidade de melhoria na qualidade dos combustíveis e/ou utilização de biocombustíveis de diferentes fontes”, diz o estudo.
“Estamos na contramão”, diz Suzana Kahn. “O Brasil é enorme, continental e carrega tudo por caminhão o que é ineficiente tanto pelo aspecto energético como ambiental. É tudo baseado em diesel”. Continua: “Um país tão grande deveria ter uma malha ferroviária muito melhor, usar a costa para cabotagem. E mais metrô nas cidades”. O estudo também aponta como o etanol, muito menos poluente, tem dificuldades em competir com gasolina subsidiada.
Não é só na oferta de energia e mudança de rota de alguns investimentos e políticas públicas que o Brasil deveria fazer ajustes, aponta o relatório, se quiser reduzir emissões. “Há outro aspecto importante, ainda difícil de mensurar, que é atuar também pelo lado da demanda”, diz a presidente do PBMC. “Temos que ter oferta de energia mais limpa, mas a questão do padrão de consumo é muito importante ou ficaremos enxugando gelo”, continua. “Acaba havendo desperdício. É preciso atuar em uma gestão mais eficiente do uso de energia, dos recursos naturais, da água, e também do consumo e do comportamento. Ou vai ser muito difícil continuar atendendo esta demanda crescente de energia.”
Ela lembra o exemplo japonês, que no inverno e no verão diminuiu, por lei, a diferença de temperatura interna e externa nos prédios públicos. “O ambiente fica em uma temperatura confortável e esta diferença significa um gasto de energia monumental. Há medidas simples que podem ser eficientes e evitar o desperdício”, diz Suzana Kahn.
Por Ana Cristina Campos
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), divulgado hoje (7), ressalta a necessidade de adoção de ações imediatas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. “O benefício da ação imediata para mitigar a mudança do clima supera o custo da inação”, destaca trecho do primeiro relatório de avaliação nacional sobre mudanças climáticas do organismo científico, criado pelo governo federal em 2009 por meio dos ministérios de Meio Ambiente e da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Esse é o terceiro volume do relatório produzido pelo PBMC. O documento traz propostas de redução da emissão de gases poluentes nos setores de energia, indústria, transporte, edificações, agropecuária e uso da terra. Ele foi lançado pela manhã, em Belém, durante o Congresso Nacional de Pesquisa e Ensino em Transporte.
“Nesse relatório, mostramos as opções para os tomadores de decisão para reduzir as emissões, de forma que a gente não gaste tanto em adaptação [maneiras de amenizar o impacto]. Existe realmente a possibilidade de redução das emissões, mas depende de decisões muito mais políticas do que econômicas,” disse a presidente do comitê científico do PBMC, Suzana Kahn Ribeiro.
O estudo mostra que o Brasil, em 2010, reduziu as emissões para 1,25 bilhão de toneladas de dióxido de carbono (CO2), em comparação com as emissões de 2,03 bilhões de toneladas em 2005 por causa do êxito no combate ao desmatamento. Entretanto, o documento informa que “após 2020, serão necessárias medidas adicionais de mitigação, devido à tendência de aumento das emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis no país”.
“Houve diminuição da emissão de gases de efeito estufa por causa da redução do desmatamento. Isso tem um limite. Estamos atingindo a nossa meta, mas, nas próximas décadas, a redução terá que ocorrer nos setores de energia, transporte e agricultura”, acrescentou Suzana.
Segundo o PBMC, as liberações de dióxido de carbono no Brasil passaram, a partir de 2010, a serem determinadas pelos setores de energia, por causa da queima de combustíveis fósseis, e da agropecuária. As soluções passam pelo uso de energias alternativas, eficiência energética e um padrão de consumo e produção menos intensivo em carbono, que é causador do efeito estufa. Os pesquisadores também destacam que os setores de transporte e indústria são fontes importantes de emissões.
O relatório estima que as emissões do setor elétrico vão aumentar 130% na década entre 2011 e 2021, e aponta que medidas de eficiência energética e o incentivo às pequenas centrais hidrelétricas, às térmicas a bagaço de cana-de-açúcar, e às energias solar e eólica deve ser adotado para mudar o cenário.
As emissões de gases poluentes da agropecuária representam 35% do total do Brasil, “mantendo-se uma tendência crescente”, segundo o estudo. Grande parte das emissões no setor está associada ao produzido pelo rebanho bovino e o manejo das culturas de soja, milho, cana-de-açúcar e arroz que, juntas, ocupam mais de 70% da área cultivada.
“De 1990 a 2005, houve um aumento de 37% das emissões no setor, considerando-se basicamente o óxido nitroso e o metano, fruto não somente do crescimento dos rebanhos e da área plantada, mas também da maior utilização de tecnologias”, diz o texto. Os pesquisadores destacam que a recuperação de pastagens e a expansão de plantios comerciais de florestas são oportunidades de mitigação.
No setor de transportes, de acordo com estimativas para 2020, o transporte rodoviário poderá emitir 60% a mais do que em 2009, alcançando 270 milhões de toneladas de CO2. A redução do uso de transportes motorizados e o emprego de fontes de energia mais limpas, como os biocombustíveis, são algumas das propostas do PBMC.
O primeiro volume do relatório do painel, publicado em setembro, mostrou que haverá alta nas temperaturas do país no decorrer do século, diminuição das chuvas no Norte e Nordeste e aumento de chuva no Sul e Sudeste. Em outubro, a segunda parte do relatório apontou que agricultura deve ser o setor da economia mais afetado pelas mudanças climáticas ao longo do século 21.
Edição: Davi Oliveira
Fonte: Agência Brasil