15 de junho de 2012, Parque dos Atletas, sala B do pavilhão de estado do Rio de Janeiro, Barra da Tijuca, RJ
No ultimo dia 24 de maio foi realizado o workshop "Desastres Ambientais em Tempo de Mudanças Climáticas", uma parceria entre a Firjan e o PBMC (Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas – COPPE/UFRJ).
Mais uma vez a educação está no centro das atenções como solução para os problemas do país. A educação da sociedade é parte da prevenção ou adaptação aos desastres climáticos - uma das mais impactantes realidades ambientais do planeta no momento.
Para o público presente ficou bastante claro que ter um sistema de emergência abrangente e devidamente estruturado nos diferentes níveis governamentais e com a participação da sociedade é principal instrumento para qualquer plano de prevenção de risco.
Download dos paineis: Documentos Públicos.
No mês da concorrida Rio+20 e na semana do Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), o Rio de Janeiro dará mais um passo importante para se credenciar como centro de referência em pesquisas de tecnologia para o fomento da chamada economia verde. No dia 4 de junho, às 13 horas, a Coppe/UFRJ inaugura o Instituto Global para Tecnologias Verdes e Emprego, cujo objetivo é ser fonte de subsídio técnico para o governo brasileiro e os programas das Nações Unidas.
Lançado em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro e contando com o apoio do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), o novo instituto, com sede no Parque Tecnológico da Ilha do Fundão, vai integrar ações e atividades desenvolvidas na Coppe/UFRJ voltados para o desenvolvimento sustentável e inclusão social.
São esperados para a inauguração a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira; o ministro das Relações Exteriores, Antonio Aguiar Patriota; o governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes; o reitor da UFRJ, Calos Antônio Levi; o diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rossa; e o diretor executivo do PNUMA, Achim Steiner, que lançará na ocasião a versão em português do relatório da ONU sobre empregos relacionados a tecnologias sustentáveis.
O instituto será instalado em prédio próprio da Coppe/UFRJ, situado no Parque tecnológico da UFRJ. O prédio também vai abrigar o Painel de Mudanças Climáticas (PBMC) e o Fórum Brasileiro Mudanças Climáticas (FBMC), ambos já sediados na Coppe, dedicados a estudos sobre o clima e o aquecimento global. Os laboratórios da Coppe fornecerão a necessária infraestrutura técnica para os estudos e a investigação técnica necessária para o aprofundamento dos temas priorizados pelo instituto.
Assim como a inauguração do novo instituto da Coppe, a economia será pauta de outros eventos comemorativos do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado este ano sob o tema “Economia Verde: ele te inclui” e tendo o Brasil, pela segunda vez, como país-sede, 20 anos depois da Conferência da ONU que ficou conhecida como a Rio-92.
Há mais de duas décadas a Coppe se dedica a pesquisas ligadas aos temas ambientais e de inclusão social. Nos anos 90, criou o primeiro curso de Doutorado em Planejamento Energético e Ambiental do país. De 1992 a 2012, a instituição contribuiu com centenas de pesquisas e soluções tecnológicas voltadas para a sustentabilidade. Para mostrar ao público algumas dessas tecnologias e soluções, a Coppe programou o evento O futuro sustentável – Tecnologia e inovação para uma economia verde e a erradicação da pobreza, que será realizado durante a Rio+20, de 13 a 24 de junho. A programação inclui conferências na Cidade Universitária e uma grande exposição no Parque dos Atletas nas quais serão abordados os temas: clima, energia, oceanos, cidades sustentáveis e erradicação da pobreza.
A Coppe será o único centro de ensino e pesquisa presente no Parque dos Atletas, área próxima ao local onde será realizada a conferência oficial, no Riocentro. Como apoio de instituições parceiras, a Coppe apresentará 12 projetos tecnológicos inovadores, apresentados em uma exposição interativa e multimídia, de 240 metros quadrados.
Paralelamente, no auditório da Coppe na Cidade Universitária, ocorrerão conferências e debates com nomes do pensamento acadêmico, econômico e político, ambientalistas e formadores de opinião. A programação na Cidade Universitária será realizada nos dias 13, 14, 15, 18 e 19 de junho.
Fonte: Planeta Coppe
Por Fábio de Castro
Agência FAPESP – Os prejuízos causados pelas mudanças climáticas globais à economia do Estado de Minas Gerais poderão chegar a R$ 450 bilhões até o ano de 2050. Os efeitos serão mais acentuados nas áreas mais pobres do estado, ampliando as desigualdades regionais.
As conclusões são de um estudo feito na Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em São Paulo, e na Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), de Minas Gerais. Para realizar a análise integrada dos impactos econômicos dos fenômenos climáticos, os pesquisadores criaram uma nova metodologia que articula as projeções de alterações climáticas a modelos socioeconômicos.
A pesquisa foi parte do Estudo Econômico das Mudanças Climáticas do Brasil (EMCB), um consórcio que envolve algumas das principais instituições de pesquisa do país. A pesquisa foi apresentada no dia 23 de maio na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
Em 2009, o EMCB estimou que os prejuízos causados ao Brasil pelas mudanças climáticas podem chegar a R$ 3,6 trilhões nos próximos quarenta anos.
Graças à nova metodologia, o estudo realizado tem um grau de detalhamento muito maior, traçando um quadro geral do futuro da economia mineira para setores, regiões e microrregiões consistente com as premissas utilizadas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
A nova metodologia foi fruto da tese de livre-docência de Eduardo Haddad, coordenador-geral do estudo e diretor de Pesquisas da Fipe. Haddad é professor da FEA-USP, onde defendeu a tese em 2004.
Segundo Haddad, a metodologia – denominada “modelo espacial de equilíbrio geral computável”– está sendo aplicada em trabalhos sobre impacto econômico de mudanças climáticas no Brasil e em outras regiões do mundo, como Áustria, Colômbia, Equador e no arquipélago português dos Açores.
“Chegamos a um modelo econômico capaz de lidar de maneira consistente com a integração de modelos de demanda e oferta de energia, de uso da terra e de produtividade agrícola, que por sua vez são integrados a modelos climáticos. Desenvolvemos esses modelos no contexto espacial, incorporando avanços teóricos recentes”, disse Haddad à Agência FAPESP.
Para avaliar os impactos climáticos na economia de Minas Gerais, foram considerados dois cenários de referência, elaborados com e sem a ocorrência de mudanças climáticas nos setores de agricultura, pecuária e energia.
Os pesquisadores geraram dois cenários climáticos alinhados com os cenários A2 e B2 do IPCC. O cenário A2 considera uma situação com aumentos de temperatura variando entre 3 e 5 graus Celsius. O cenário B2 projeta um aumento entre 2 e 4 graus.
“Em ambos os cenários, concluímos que as mudanças climáticas terão impactos negativos muito importantes sobre a economia mineira. Os impactos climáticos poderão diminuir o PIB estadual entre 1% no cenário A2 e 2,7% no cenário A1. Com isso, a redução acumulada do PIB do estado nesse período poderá variar de R$ 155 bilhões a R$ 450 bilhões, a preços de 2008”, disse Haddad.
Os resultados das simulações sugerem ainda que as mudanças climáticas podem levar a uma redução significativa das áreas florestais nos estabelecimentos agrícolas, aumentando a pressão por desmatamento em Minas Gerais.
O estudo também apontou que as mudanças climáticas deverão provocar aumento da concentração espacial da atividade econômica, ampliação das desigualdades regionais, redução do bem-estar nas áreas rurais e aumento das pressões sobre as aglomerações urbanas.
“O estudo apontou que as mudanças climáticas são uma ameaça maior para as regiões mais pobres do estado. Os prejuízos ao PIB regional deverão ser mais altos nessas regiões, intensificando-se ainda mais ao longo do tempo. As microrregiões do norte de Minas Gerais e do Vale do Jequitinhonha deverão ser as mais afetadas”, apontou Haddad.
As microrregiões localizadas no noroeste de Minas Gerais, no Triângulo Mineiro, na Zona da Mata e no sul do estado também deverão apresentar participação nos custos superiores a suas participações no PIB do estado, de acordo com o estudo.
Segundo Haddad, as estimativas sobre os impactos das mudanças climáticas na economia mineira são conservadoras, uma vez que o trabalho se concentrou nas transformações causadas pelo aumento de temperatura na variação do regime de chuvas, mas não considerou outras consequências esperadas, como o aumento de frequência de eventos extremos como inundações, secas e catástrofes.
No estudo, os pesquisadores sugerem um conjunto de políticas que podem ser adotadas para impedir os prejuízos previstos. “O estudo fornece subsídios para políticas públicas de mitigação dos efeitos econômicos das mudanças climáticas e de promoção de adaptações aos seus efeitos, que tendem a se intensificar na segunda metade do século. Se nada for feito, entraremos em uma trajetória desastrosa que levará à perda de até dois anos de PIB em quatro décadas”, disse Haddad.
Entre outras recomendações, o estudo sugere a canalização de recursos para a promoção do desenvolvimento das regiões norte e nordeste do estado, mas com maior foco em projetos que promovam a sustentabilidade ambiental regional.
Outra recomendação é a criação de políticas de ordenamento de uso de solo, de modo a garantir o cumprimento das metas de redução de desmatamento, e o desenvolvimento de tecnologia com vistas à adaptação dos cultivares a condições climáticas mais adversas, fundamental para reduzir a vulnerabilidade dos produtores agrícolas.
O estudo está disponível em: http://www.usp.br/nereus/wp-content/uploads/Relatorio_Resumo_FEAM_para_publicacao-online-final.pdf .
Fonte: Agência FAPESP