Por Elton Alisson
A crise hídrica que algumas regiões do Brasil estão enfrentando atualmente não é um fenômeno atual, mas já vem ocorrendo há muito tempo no mundo e é caracterizada não apenas pela seca e a falta de água em regiões, como o Sudeste do país, mas também por extremos hidrológicos, como as inundações que estão acontecendo na região Sul.
A avaliação foi feita por José Galizia Tundisi, presidente honorário do Instituto Internacional de Ecologia (IEE), em uma conferência sobre gestão de recursos hídricos realizada na quinta-feira (16/07), durante a 57ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Aberta no domingo (12/07), a reunião ocorre até o próximo sábado (18/07), no campus da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
De acordo com Tundisi, as crises hídricas, como as observadas no Brasil nos últimos anos, vêm acontecendo em diferentes partes do mundo há séculos e começaram a ficar mais acentuadas a partir da metade do século 20.
“Em 2014, por exemplo, foi registrada a pior seca no Nordeste e a maior enchente em Foz do Iguaçu, no Paraná. E, nesta semana, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm sido afetados por um volume de chuva excepcional, que tem causado enchentes e, consequentemente, a perda de propriedades e ameaçado a população”, apontou.
Algumas das razões do agravamento das crises hídricas no país e no mundo nas últimas décadas apontadas pelo pesquisador são o aumento da população em áreas urbanas, que demandam grandes volumes de água e produzem enormes quantidades de resíduos sólidos e líquidos, além da competição pelo uso do recurso natural.
Os recursos hídricos continentais, que representam apenas 2,7% do volume total de água doce da Terra, são usados hoje para múltiplas atividades humanas, como para produção industrial, agrícola e o abastecimento residencial.
E as mudanças no uso da terra, como a conversão de áreas de floresta para a plantação ou pecuária, têm afetado a evapotranspiração – a transpiração da vegetação que mantém a água na atmosfera.
Essa combinação de fatores tem causado a degradação da qualidade da água no mundo e um aumento das enchentes e secas que afetam populações especialmente da periferia das grandes metrópoles, ressaltou Tundisi.
“As populações da periferia de cidades como São Paulo, Recife, Salvador, Fortaleza, Nairóbi, Calcutá, Nova Délhi e Bangkok possuem uma grande vulnerabilidade aos extremos hidrológicos e falta de acessibilidade à agua”, afirmou.
Enquanto a população moradora no centro de áreas metropolitanas grandes e médias gasta cerca de 1% de seus salários para adquirir água, as populações das periferias usam aproximadamente 10% de seus recursos para ter acesso à água fornecida por carros-pipa, apontou um estudo realizado em Cochabamba por pesquisadores colaboradores do IIE, ilustrou Tundisi.
“Ainda há cerca de 768 milhões de pessoas sem acesso a fontes adequadas de água e 2,5 bilhões de habitantes no planeta sem acesso a saneamento básico adequado. Isso representa um grande fracasso da economia mundial”, avaliou.
A pedido da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o pesquisador realizou um estudo em que analisou a evolução dos principais problemas que afetaram a qualidade da água nos últimos 150 anos.
No começo da segunda metade do século 19 havia uma enorme contaminação das águas de rios europeus pela falta de tratamento de esgoto, que começou a se agravar a partir do início do século 20 com o aumento da população urbana, contou Tundisi.
Em 1863, por exemplo, a rainha Vitória (1819-1901), da Inglaterra, foi pressionada pelo Parlamento britânico a realizar a limpeza do rio Tâmisa, que banha Oxford e Londres.
“O mau cheiro das águas do rio, que passa próximo ao Parlamento britânico, fez com que os membros da instituição pressionassem a rainha a despoluir o rio. Foi o primeiro ato de limpeza de um rio feito no mundo”, disse Tundisi.
O problema da poluição dos rios no mundo começou a se agravar no século 20 com o aumento da produção industrial, que começou a produzir grandes quantidades de metais pesados, contou o pesquisador.
Já a partir da década de 1940, com as explosões atômicas, houve um aumento dos resíduos radioativos em corpos aquáticos, e em 1960 os lixões nas cidades começaram a contaminar ainda mais as águas superficiais subterrâneas.
Mais recentemente, a partir das últimas décadas, começou a ocorrer um processo de degradação das águas relacionado a poluentes persistentes orgânicos, como pesticidas, herbicidas e hormônios. E, no início do século 21, emergiram as mudanças climáticas globais, resumiu Tundisi.
“Todos esses processos que ocorreram em, aproximadamente, 150 anos nos países industrializados, em países em desenvolvimento, como os BRICs, eles ocorreram em cerca de 70 anos”, comparou.
“Houve uma industrialização rápida nos países em desenvolvimento. Isso causou um aumento da toxicidade da água, tanto superficiais como subterrâneas, além de ter efeitos econômicos e na saúde humana, os quais muitos ainda são desconhecidos”, afirmou.
Segundo o pesquisador, os medicamentos e cosméticos utilizados pela população mundial são lançados e dissolvidos pela água e não são retidos pelos sistemas de tratamento hidrológico.
Recentemente descobriu-se que estações de esgoto estão acumulando bactérias resistentes aos antibióticos lançados na água, o que representa um problema de saúde pública, apontou o pesquisador.
“Hoje, para analisar todo o conjunto de substâncias dissolvidas na água é preciso ter laboratórios com equipamento altamente sofisticados, que são muito caros e não são todos os países que conseguiriam adquiri-los”, afirmou.
“Temos um projeto com a União Europeia em que sugerimos a instalação de laboratórios nas Américas do Sul e Central para fazermos uma análise e levantamento das substâncias presentes nas águas dos países dessas regiões e estudarmos soluções para eliminá-las”, contou.
Foto: Trizidela do Vale, Maranhão, 2009 - Por Antonio Cruz/ABr
Fonte: Agência FAPESP
As emissões de gases de efeito estufa do país ficam limitadas a 1 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente até 2030. O número representa 35% de redução em relação às emissões de 2010. Para concretizar o plano, o Observatório do Clima lista o conjunto de providências que devem ser asseguradas por políticas públicas, colaborando para que o aumento da temperatura global não supere 2ºC.
São Paulo, 26 de junho de 2015 ‒ O Observatório do Clima (OC) lança hoje uma proposta que demonstra como o Brasil pode chegar a 2030 limitando suas emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) a 1 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente. O documento sugere, no longo prazo, a neutralidade das emissões do Brasil e dos demais países em 2050, reduzindo consideravelmente o risco que o aquecimento global representa para o planeta.
O documento divulgado está sendo chamado de INDC da sociedade civil. As INDCs — sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas — consistem em metas que todos os países deverão apresentar até 1º de outubro deste ano para o novo acordo a ser assinado na 21ª Conferência do Clima das Nações Unidas, que acontecerá em Paris no mês de dezembro.
O governo brasileiro ainda não indicou as bases da INDC que levará para a reunião da França. O pacto internacional que será fechado lá almeja que o aumento da temperatura global não ultrapasse 2ºC — consenso científico e político entre os governos mundiais de limite máximo para evitar mudanças catastróficas.
Mesmo com todas as projeções de crescimento do PIB do Brasil, da população, da produção industrial e agropecuária, o número indicado para as emissões do país em 2030 significa uma redução de 35% do total estimado em 2010, marco da implementação da Política Nacional de Mudanças Climáticas no país.
O Brasil é um dos dez maiores emissores de CO2 do planeta. E, devido ao desmatamento descontrolado da última metade do século 20, contribuiu significativamente para o aumento verificado da temperatura global. Ao contrário do que ocorreu em outros países poluidores, a maior parte das emissões históricas do Brasil, causadas pela destruição da Amazônia, não gerou desenvolvimento. Um elemento-chave de proposta da sociedade civil para 2030 é que o país zere a perda de vegetação nativa.
Especialistas do Observatório do Clima discutiram várias opções de desenvolvimento de baixo carbono. “A sociedade civil está se antecipando ao governo, que ainda não apresentou as metas”, afirma Carlos Rittl, secretário-executivo do OC. Segundo ele, a proposição lançada pelo Observatório é plenamente realizável, pois conta com tecnologias disponíveis e em ampla utilização aqui.
Simultaneamente à proposta, está sendo apresentada uma nota técnica com medidas voltadas aos diferentes setores da economia. “Estamos mostrando que é possível para o país dar uma contribuição justa e ambiciosa, que seja ao mesmo tempo boa para o clima, reduzindo riscos, e boa para a economia, trazendo oportunidades em setores nos quais o Brasil já tem vantagens comparativas”, diz Rittl.
Na prática, os especialistas criaram um caminho das pedras para uma economia de baixo carbono, demonstrando o conjunto de ações de adaptação às mudanças climáticas para os próximos anos, com base na realidade nacional. “Queremos assegurar à Presidente Dilma Rousseff que ela pode assumir essa meta para a redução de emissões porque temos condições de implementá-la. Pode ser o empurrão de que precisamos para formalizarmos um acordo global de clima que garanta não ultrapassarmos os 2oC de aumento de temperatura global”, salienta Tasso Azevedo, coordenador do SEEG, o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do OC.
No setor elétrico, está em pauta congelar a expansão de fontes térmicas de energia fóssil. Por isso, as principais providências estão relacionadas ao aumento de energia solar fotovoltaica distribuída, energia de biomassa (queima de bagaço de cana em termelétricas) e energia eólica, garantindo segurança energética em períodos de baixo nível de água em reservatórios de usinas hidrelétricas que fazem parte do Sistema Interligado Nacional. “Se o Brasil decidir olhar para sua vocação e potencial naturais, que são as energias renováveis como a solar e a eólica, vai mostrar que está disposto a fazer sua parte no que diz respeito à eletricidade”, afirma Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
Na área de transportes, as proposições se baseiam no que já está previsto na Política Nacional de Mobilidade Urbana, lei de 2012 que preconiza a ampliação da oferta de transporte público de passageiros e o estímulo para que as pessoas troquem o transporte individual pelo coletivo ou pelo não motorizado.
Focando em combustíveis, prevê-se o abandono gradual do uso de óleo diesel em ônibus urbanos nas regiões metropolitanas, em favor da eletricidade, bem como a adoção de fontes de energia mais limpas nos automóveis (prevalência de etanol e baterias). O plano é retomar o programa do álcool combustível para haver 80 bilhões de litros disponíveis e rodando na frota em 2030. “É uma meta ambiciosa, mas viável, se houver decisão política”, afirma André Ferreira, diretor-presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), responsável pelos cálculos nesse quesito.
Quanto ao transporte rodoviário de carga, sugere-se aumentar a mistura de biodiesel no diesel de petróleo para 20%, o chamado B20, além de adaptação da frota às melhores práticas internacionais (caminhões e carros de melhor desempenho e menos poluentes).
Na agropecuária, para fazer frente ao crescimento do rebanho, projetado para mais de 260 milhões de cabeças, será necessário recuperar 18 milhões de hectares de pastagens degradadas e implementar 3,5 milhões de hectares de integração lavoura-pecuária-floresta. Outras medidas que reduzirão as emissões do rebanho bovino são: o aumento da qualidade das pastagens, a suplementação animal e a redução da idade de abate. O volume de tratamento de dejetos de animais também precisa dobrar. “Devemos aumentar a eficiência, sobretudo da pecuária de corte, o que traz ganhos para o produtor”, explica Marina Piatto, do Imaflora, que produziu as estimativas desse setor.
A expansão das áreas de lavoura, estimada em mais de 20 milhões de hectares, requererá que 70% da área de produção de grãos (83 milhões de hectares em 2030) adote o sistema de plantio direto e priorize o uso de variedades que realizam a fixação biológica de nitrogênio.
Todos esses parâmetros para as políticas públicas devem estar relacionados no Plano Nacional de Adaptação às Mudanças do Clima, que os pesquisadores preveem que fique pronto até 2016. Ele consistirá num conjunto de metas para redução dos impactos sobre as populações e ecossistemas mais vulneráveis, incorporando planos de desenvolvimento e o conhecimento científico mais recente para abordar as características das diferentes regiões e dos setores econômicos.
O texto da INDC também indica que a redução sistemática e anual das emissões ocorrerá a partir de 1º de janeiro de 2021. Daí em diante, elas ficam cada vez mais limitadas ao longo de dois períodos de cinco anos, até que, em 2030, a emissão de GEE atinja a meta de máxima de 1 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente.
Em termos de viabilização financeira, os governos terão de assegurar que, até 2020, todos os seus planos plurianuais e orçamentos federais anuais já incluam recursos claros para financiamento das ações necessárias à consecução da INDC.
Veja a proposta do Observatório do Clima
Veja a nota técnica
Foto: Chico Sanchez/Aurora Photos/Corbis
Fonte: Observatório do Clima
Por Claudio Angelo (OC)
Não há clima no Brasil para ousadia no clima. As múltiplas crises que o país atravessa, somadas a uma “visão muito atrasada do desenvolvimento” da presidente Dilma Rousseff, praticamente eliminam a possibilidade de adoção, pelo governo, de um compromisso significativo de redução de emissões na conferência de Paris.
A opinião é do cientista político Eduardo Viola, 66, o principal analista de mudança climática e relações internacionais em atividade no Brasil. Professor da Universidade de Brasília, o portenho naturalizado brasileiro diz que o Brasil passou por uma virada conservadora a partir do primeiro governo Dilma, que enterrou o protagonismo que o país havia alcançado nas negociações internacionais de clima em 2009. Naquele ano, na conferência de Copenhague, o país havia adotado uma meta ousada para uma nação em desenvolvimento, amparado na redução do desmatamento na Amazônia.
“Há um momento incrível em 2009/2010 e depois o oposto. Em 2009 mudança de posição foi mais avançada do que havia base na sociedade para sustentar. Mas o que veio depois foi muito mais atrasado do que havia base na sociedade para sustentar”, compara Viola.
Uma proposta ambiciosa poderia surgir “como marketing político”, diz, mas não haveria ações concretas para implementá-la neste governo. A questão, pondera Viola, é de governança. “O país está tomado pelo curto prazo. Há uma profunda crise econômica, política e moral. Isso provoca uma desagregação do tecido social, da capacidade de ação coletiva, cinismo”, diz. “A capacidade de colocar a questão da mudança climática no radar da opinião pública é menor, apesar das questões da crise da água e dos reservatórios de energia.”
Um indicativo do que vem por aí, argumenta, foi a declaração bilateral sobre clima produzida por Dilma e pelo presidente dos EUA, Barack Obama, no final do mês passado. Entre as propostas anunciadas está zerar o desmatamento ilegal até 2030. “Como se adia a legalização, o estado de direito? Como pode ser que se precise ainda de mais 15 anos para cumprir a lei? A lei! Eu acho que isso dá uma mostra de conservadorismo extremo”, afirma o professor do Instituto de Relações Internacionais da UnB.
Segundo ele, o argumento de que é difícil eliminar a ilegalidade é um sinal de “inércia mental”: repete-se o mesmo argumento de antes de 2005, quando se dizia que era impossível controlar o desmatamento na Amazônia. “A história demonstrou que o Brasil não é impotente contra a ilegalidade.”
Leia a seguir a entrevista ao OC, concedida em sua sala na universidade.
Quais são as principais diferenças de contexto internacional entre a COP15, em Copenhague, em 2009, e a COP21, em Paris?
Em Copenhague nós estávamos em um “momentum”, por causa da mudança nos Estados Unidos, com Barack Obama assumindo a presidência. No centro do sistema havia uma tentativa de mudança. Então havia possibilidade de um acordo muito significativo. Você tinha a União Europeia com uma posição avançada, ainda não erodida na sua liderança pela crise econômica, e a possibilidade de Obama engajar a China.
O que é melhor hoje em relação a Copenhague é que, nos últimos anos, a maioria dos grandes países do sistema introduziu algum tipo de política de descarbonização, muito parcial. A China, por exemplo, até 2008 era um país que tinha um modelo de crescimento hipercarbono-intensivo. Agora está um pouco menos. Nos EUA Houve uma mudança, claramente: a revolução do shale gas [gás de folhelho], que produziu uma redução de emissões. Por outro lado, o Congresso é mais conservador, embora neste momento haja uma nova ascensão de uma opinião pública que considera relevante mitigar a mudança climática. E isso se manifesta numa mudança do discurso republicano: de “a mudança climática é uma fraude” para “eu não sou um cientista”.
Do lado negativo, comparado com 2009, há um aumento da conflitividade geopolítica no sistema internacional. Para ter avanços em governança global do clima, uma coisa importante é um estado mais limitado de conflitividade geopolítica, e isso piorou. A questão fundamental está na Ucrânia, mas nós temos uma situação muito mais incerta e crítica no Oriente Médio do que em 2009, e uma conflitividade muito mais acentuada no mar da China Meridional e no mar da China do Leste. Tudo na volta da geopolítica, da conflitividade, da territorialidade interestatal. Num lugar central para a navegação no mundo, que é a China meridional, um nível de presença de navios de guerra impressionante.
Por outro lado, no que importa em termos de energia a China parece alinhada com os EUA, inclusive se beneficiando da revolução do gás de folhelho e do chamado “tight oil”, porque sobra todo o petróleo barato do Oriente Médio para eles. E a Rússia sempre foi um pária nas negociações.
Um ponto são as negociações, o outro é o que acontece com o conjunto da dinâmica do sistema. De um lado temos a interdependência crescente em todas as dimensões, que é uma dinâmica de convergência sistêmica, que favorece um acordo de descarbonização. De outro lado nós temos as sobrevivências, o revival de conflitividade geopolítica, que erode a convergência.
Há outro ponto importante e que pode ser muito negativo: o preço do petróleo. No nível que estava em 2008, ele favorecia muito a instalação de energias renováveis. Isso já se internalizou no sistema. As energias renováveis avançaram em competitividade enormemente. O preço do petróleo baixo como está neste momento, porém, pode ter o efeito de tornar mais lento o crescimento de renováveis nos próximos anos.
Um outro componente é a renovação da elite saudita. Eles sempre controlaram a produção em uma ideia de preço alto. Antes a ideia dessa elite era: a limitação ao uso do petróleo será muito lenta, então a gente pode vender caro todo o petróleo do subsolo. Neste momento mudou a percepção: o que importa agora é ganhar fatias de mercado, porque não adianta guardar o petróleo por muito tempo porque em algum momento ele não vai ser mais viável.
E o Brasil?
A situação é muito diferente entre 2009 e 2015. Em 2009 nós tínhamos um país que estava vindo de uma dinâmica de prosperidade econômica e começando a pensar mais no longo prazo. Numa sociedade tomada pelo curto prazo, uma política climática é inatingível.
Nós tínhamos uma macroeconomia aparentemente em ordem e, além disso, todo o processo de superação da maldição amazônica, da impotência para controlar o desmatamento. Então, tínhamos passado de 2004, quanto tudo isso era incontrolável, para anos de redução sistemática e agressiva das emissões. Estávamos no fim de um ciclo supervirtuoso de empoderamento das forças favoráveis à mitigação da mudança climática e à descarbonização da economia. Outra coisa muito importante: tínhamos um ministro de Meio Ambiente que era o representante das forças descarbonizantes dentro do gabinete ministerial. Carlos Minc era um ministro muito forte. Mais forte que Marina Silva, porque ele foi muito mais incisivo na sua capacidade de confrontar o Lula.
“Há uma profunda crise econômica, política e moral. Isso significa que as forças descarbonizantes brasileiras estão num contexto social muito desfavorável. A capacidade de colocar a mudança climática no radar da opinião pública é menor, apesar das questões da crise da água e dos reservatórios de energia”
Enfrentar o Lula e a Dilma também, não?
Sim. Minc operou a partir da acumulação feita por Marina. Não poderia ter havido o Minc em 2008, 2009, sem Marina nos anos anteriores. Mas a queda da Marina, que parecia ser um retrocesso, acabou sendo um aprofundamento por um ministro superincisivo. Tivemos isso, mais a dissidência de Marina [do PT] como potencial candidata presidencial, mais a coalizão de governadores amazônicos, mais os sinais claros da formação de coalizões empresariais assustadas pela passagem da lei Waxman-Markey na Câmara dos Deputados nos EUA. Havia uma confluência de forças extraordinariamente favoráveis ao grande pulo do Brasil no posicionamento internacional.
Agora estamos no ambiente oposto. Primeiro, o país está tomado pelo curto prazo. Há uma profunda crise econômica, política e moral. Isso provoca uma desagregação do tecido social, da capacidade de ação coletiva, cinismo, com espasmos de ação coletiva como manifestações de rua, mas que não acumulam.
Isso significa que as forças descarbonizantes brasileiras, que vão muito além dos ambientalistas, estão num contexto social muito desfavorável. Então a capacidade de colocar a questão da mudança climática no radar da opinião pública é menor, apesar das questões da crise da água e dos reservatórios de energia. Se isso [a crise hídrica] tivesse acontecido em 2009, teria acumulado, mas, neste momento, isso tudo tem que lutar contra a crise econômica, política e moral.
Segundo, o efeito do empoderamento do Brasil já está distante. O Brasil fez em determinado momento muita coisa e depois não está fazendo quase nada. A lei de mudança climática não está sendo implementada. O Brasil reduziu emissões facílimo, a baixo custo, porque antes era vergonhoso. Uma coisa típica da propaganda brasileira é dizer que reduziu emissões como ninguém…
E as pessoas aparentemente acreditam nisso.
Só que até 2004 o Brasil era o extremo do mundo em irracionalidade. Era o único país de renda média que tinha emissões maciças de desmatamento. Todos os países de emissões maciças de desmatamento são países pobres. Desde 1990 as emissões brasileiras derivadas do desmatamento são as emissões mais perversas do mundo, porque não têm nenhuma componente de atenuar a pobreza, como uma termelétrica chinesa. Entre 1992 e 2004 o Brasil foi o país mais irresponsável do mundo. É isso o que precisa ser dito. Reduziu como ninguém depois, mas compensou um extremo do outro lado. Se há uma coisa fundamental para destacar é isso: o total exagero da propaganda brasileira da redução de emissões. E a mídia muitas vezes acredita nela.
E há outro ponto importante: nós temos uma total mudança da posição do Ministério do Meio Ambiente dentro do governo brasileiro. O Ministério do Meio Ambiente desde Sarney Filho até Minc era o representante de forças ambientalistas no gabinete brasileiro. A partir de 2011, o Ministério do Meio Ambiente perde totalmente esse papel, porque a ministra do Meio Ambiente não tem nenhum poder político e basicamente opera em função das necessidades da Presidência.
“Entre 1992 e 2004 o Brasil foi o país mais irresponsável do mundo. É isso o que precisa ser dito. Reduziu como ninguém depois, mas compensou um extremo do outro lado. Se há uma coisa fundamental para destacar é isso: o total exagero da propaganda brasileira da redução de emissões”
Diante desse contexto, o Brasil não tem condições de assumir uma meta ambiciosa em Paris?
Condições teria, mas não esta coalizão governante. Objetivamente, o Brasil teria condições de assumir uma meta ambiciosa com uma proposta de desmatamento líquido zero e forte promoção de agricultura de baixo carbono e redefinição de investimentos no setor de energia bem favoráveis a solar fotovoltaica, eólica e mudar a rede de transmissão. Mas a mentalidade, a visão de mundo da Presidente da República, da coalizão governante e do modo como se governa no Brasil, o presidencialismo de cooptação, impedem que o Brasil tenha uma meta ambiciosa. Mesmo que tenha, com este tipo de governo ela não avançará em seu cumprimento.
Por outro lado, a Presidente da República está numa situação politicamente tão delicada que precisa de boas notícias para dar no governo. E talvez uma boa notícia para dar para uma classe média descrente no papel dela no governo e sofrendo em São Paulo e Rio as consequências da estiagem seja nessa área de clima.
Correto, é um fator. Eu chamaria neste momento muito mais de marketing político. E pode eventualmente ser assumido pela presidente, dependendo do que defina o marqueteiro dela. Mas, pelas características da mentalidade da presidente, pela ideia que ela tem da sociedade, deste momento econômico e tudo o mais, isso não é consistente. Pode ser que a meta seja colocada, mas isso não significa que as políticas do governo brasileiro serão orientadas por isso. Uma coisa, porém, é uma meta consistente, para ser implementada. Outra coisa é uma meta que é marketing político.
Mas a nossa meta de 2009 foi marketing político também. E virou lei.
Eu não diria que em 2009 foi marketing político. O que houve foi um acúmulo de forças sociais: a redução do desmatamento, o avanço do etanol. Você tem uma virada. E a virada é produzida porque há uma mudança na realidade. Passamos de uma situação terrível para uma situação média. Não estava escrito que, com Dilma, teria acontecido o que aconteceu. Você poderia ter tido a partir de 2011 uma política energética e climática muito mais consistente. Há um momento incrível em 2009/2010 e depois o oposto. Em 2009 mudança de posição foi mais avançada do que havia base na sociedade para sustentar. Mas o que veio depois foi muito mais atrasado do que havia base na sociedade para sustentar.
Isso não quer dizer que uma meta ambiciosa não seria uma coisa boa. O governo Dilma não vai implementar, mas ela ficaria como legado, como compromisso do Brasil.
Mas a própria estrutura do acordo de Paris favorece esse aumento de ambição posterior. A gente já vai chegar lá sabendo que o que está na mesa é insuficiente, mas, dependendo do que for ajustado para as revisões periódicas que estão sendo previstas e para a visão de longo prazo, pode-se chegar lá.
Claro, mas cuidado com um ponto fundamental: o mais importante não é o acordo de Paris. O mais importante são as dinâmicas do sistema energético, econômico e político de EUA, União Europeia, China, agora Índia também, infelizmente. O acordo de Paris será uma síntese momentânea desses principais drivers do sistema. Quando a gente vê como está evoluindo a economia política internacional da mudança climática, a gente vê que o acordo das COPs é apenas uma pequena parte. O mais importante é o que acontece no fluxo de matéria e energia do centro do sistema.
A única maneira de ter um acordo significativo em Paris seria se EUA e China tivessem metas ambiciosas, o que nós sabemos que não têm. A UE é a única unidade do sistema que tem uma visão de mundo consistente e comprometida com a descarbonização.
Mas Paris, mesmo sem resolver o problema, poderia dar o sinal para o sistema para que o problema seja resolvido, não?
Paris vai dar um sinal. Nós estamos num processo de lenta e gradual descarbonização nos últimos anos. O que Paris pode fazer é tornar esse sinal de descarbonização mais claro e mais denso. Existe incerteza em relação a Paris, mas não as grandes incertezas. Outro ponto é uma coisa que eu critico no que vem sendo às vezes veiculado pelos ambientalistas: a ideia de que o Brasil pode ser um líder. Para ser líder você tem que estar no centro do sistema. O Brasil está num segundo nível de influência. Mas poderia ser co-líder, com a UE, por exemplo. O segundo ponto é que hoje nem co-líder ele poderia ser. A credibilidade do Brasil caiu muito nos últimos anos, em todas as áreas. Em 2009 o Brasil era um país emergente. Hoje é um país…
…submergente.
(Risos) …emergente que está declinando. Todo mundo sabe que o Brasil tem desequilíbrios econômicos gigantescos, que a crise política e moral é profundíssima, o caso de corrupção na Petrobras é um dos maiores do sistema internacional, tudo isso faz com que a voz do Brasil seja muito diferente de 2009. Mas uma coisa é hoje; outra coisa são transformações na mentalidade da opinião pública que se traduzam em mudanças na governança do Brasil no futuro. Aí sim, vêm os fundamentos do Brasil no ciclo do carbono. É um país que tem fundamentos favoráveis para ser ambicioso no médio e longo prazo.
Qual é a sua avaliação sobre as propostas apresentadas pela presidente Dilma Rousseff em Washington em junho – zerar o desmatamento ilegal até 2030, reflorestar 12 milhões de hectares e chegar a 28% a 33% de renováveis na matriz?
Primeiramente, do ponto de vista da consistência do compromisso com uma economia de baixo carbono, nós temos claramente uma proposta hoje muito robusta e viável, que é a do Observatório do Clima. É a que eu defendo como cidadão.
Como cientista político, eu digo – e essa é uma crítica que eu faço – que a questão não é apelar a Dilma para que faça isso. Este é o engano de fazer política tentando mediar ou agradar ao poder. Você faz uma proposta muito correta e ao mesmo tempo apela ao governo para que a adote, quando o que você tem que fazer é criticar o governo por fazer o oposto de tudo o que você propõe. Para você avançar na pauta do clima, uma coisa decisiva é a reforma da governabilidade no Brasil. O que não é uma coisa iminente. Pode até vir, dependendo de até onde se aprofunde a contestação na sociedade. Mas isso não é por causa do clima. Hoje nós temos uma classe política dissociada da sociedade, que procura ganhos rentísticos para eles e os diversos grupos com quem eles se associam. Há toda uma lógica de promiscuidade entre o poder político e interesses particulares mais diversos.
Mas isso já é apontado desde Gilberto Freyre.
Mas descarbonizar a economia é uma coisa que envolve o bem público mais profundo, o longo prazo, as futuras gerações. E toda a lógica do sistema político é de particularismos de curto prazo. Então, o ponto-chave é que você tem que dizer a verdade à sociedade. Porque senão você acaba apostando em mais uma coisinha de ganho particularista de curto prazo: “ah, vamos ver se o governo pega alguma coisinha”. Quando o ponto não é esse: a questão é vincular a questão do clima a questões mais profundas da sociedade brasileira. Você tem que difundir na sociedade a ideia de que isso [a forma como o governo age no clima] está totalmente ligado à corrupção, a eliminar o fator previdenciário, tudo de curto prazo, populista, quando nós precisamos de um Estado universalista de longo prazo – o oposto do que nós temos aqui. Isso significa que a proposta brasileira vai ser ruim? Vai ser! Mas pelo menos você avança na criação de constituency [público]. O ponto não é um ganho hoje, até porque o Brasil é um ator secundário numa dinâmica global. O ponto é como você ganha solidez de consciência e uma coalizão de forças descarbonizantes para o futuro.
O sr. está dizendo, então, que é preciso parar de tentar incidir sobre este governo e esquecer Paris.
Não é esquecer Paris, mas diminuir sua importância. E avançar na influência sobre o empresariado brasileiro e a sociedade em geral. Hoje o que é decisivo é o OC disseminar ao máximo a sua proposta. Mas não querendo agradar ao governo brasileiro, mas querendo avançar na criação de uma consciência de longo prazo. Outra notícia boa, a ver como evolui, é a formação da Coalizão Clima, Florestas e Agricultura. É decisivo que avance o setor descarbonizante do empresariado. Por isso essa coalizão é importante, porque alia atores ideacionais [ONGs] e materiais [empresas].
O ator descarbonizante da sociedade brasileira precisa encarar de frente a questão da governança do Brasil. Isso é o ponto de partida. Sem isso, a possibilidade de avançar na descarbonização é mínima. Ela já avançou muito no contexto desse tipo de governança atrasada. Não dá para não entrar nisso.
Mas e a proposta da presidente?
Não se pode se falar da insuficiência da proposta brasileira sem falar da insuficiência da proposta americana. Os EUA são um país que tem uma atitude muito pouco responsável. Não por causa do presidente Obama; isso é uma síntese da sociedade americana. Eu acho que Obama tem um compromisso mais consistente. Mas a resultante da sociedade é medíocre, muito aquém da responsabilidade. E os Estados Unidos, quando mudam seu ano-base de 1990 para 2005, já causam uma erosão profunda na própria credibilidade. OK, Obama se diferencia de [George W.] Bush, mas rende um tributo a Bush mudando o ano-base.
No caso do Brasil, indo para o desmatamento, como se adia a legalização, o estado de direito? Como pode ser que se precise ainda de mais 15 anos para cumprir a lei? A lei! Eu acho que isso dá uma mostra de conservadorismo extremo. Porque é uma coisa que de certa forma reproduz o argumento anterior a 2005, de que diminuir o desmatamento na Amazônia era impossível e que teria um custo gigantesco.
“Não se pode falar da insuficiência da proposta brasileira sem falar da insuficiência da proposta americana. Os EUA são um país que tem uma atitude muito pouco responsável. Não por causa do presidente Obama; isso é uma síntese da sociedade americana”
São dois argumentos, não? O primeiro o de que “aqui ninguém mexe porque é o nosso direito inalienável ao desenvolvimento”. E o segundo argumento é o de que “mesmo se não fosse, a gente não vai conseguir controlar”.
O que a política de Marina [Silva] e [Carlos] Minc mostrou é que isso estava furado. Mas é importante lembrar isso, porque está se repetindo agora. O problema da impotência une todos os partidos políticos. A fase mais predatória para o bem público no Brasil, do ponto de vista nacional e internacional, foi entre 1990 e 2004. E isso pega oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso. As coisas estão bem distribuídas (risos)! E isso mudou durante um governo do PT, porque uma ala do PT, que era a Marina Silva, mudou a posição e levou as coisas sério. E, a um custo ínfimo, conseguiu fazer algo que as elites brasileiras consideravam impossível.
Hoje o argumento se repete, dizendo que é preciso tempo para zerar o desmatamento ilegal. O que isso traduz é uma inércia mental e de vontade. A história demonstrou que o Brasil não é impotente contra a ilegalidade. Nesse sentido, me parece extremamente conservador o argumento.
Fonte: Observatório do Clima
Por Karina Toledo
Em um estudo divulgado recentemente na revista Monthly Weather Review, uma equipe de pesquisadores franco-brasileira identificou e corrigiu uma falha existente em modelos matemáticos usados para simular os processos de formação de nuvens e de chuva.
De acordo com os autores, o trabalho deverá tornar mais precisa a previsão de tempestades. “Comparamos uma simulação feita com um modelo de alta resolução com dados observacionais coletados em 2012, na cidade de Santa Maria (RS), situada em uma região considerada berço das maiores tempestades do planeta”, disse Luiz Augusto Toledo Machado, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“Notamos que, no modelo, apareciam muitas nuvens pequenas que não haviam sido observadas na realidade por meio de satélites e radares de chuva e decidimos investigar por que isso ocorria”, disse Machado. O estudo integra um Projeto Temático apoiado pela FAPESP e coordenado pelo pesquisador.
A coleta de dados em Santa Maria integrou uma grande campanha científica realizada entre os anos de 2010 e 2014 no âmbito doProjeto Chuva, cujo objetivo é desvendar os processos físicos que ocorrem no interior das nuvens, descobrir a variação de parâmetros como o tamanho das gotas de chuva, a proporção das camadas de água e de gelo e o funcionamento das descargas elétricas para, desta forma, aprimorar a previsão de eventos extremos (leia mais em: http://agencia.fapesp.br/20320).
Conforme explicou Machado, o tipo de tempestade que costuma se formar nessa região do Sul do Brasil é conhecido como complexo convectivo de mesoescala (CCM) e para simulá-lo foi usado um modelo desenvolvido na França conhecido como Meso-NH (modelo atmosférico de mesoescala não hidrostática).
O trabalho foi feito em parceria com Jean-Pierre Chaboureau, do Laboratoire d’Aérologie, vinculado ao Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS).
“Comumente, os modelos regionais que simulam a formação de nuvens trabalham com uma escala da ordem de 10 quilômetros (km), ou seja, são capazes de gerar uma informação a cada 10 km. O Meso-NH gera uma informação a cada 2 km e por isso é considerado de alta resolução, resolvendo de forma mais explícita a nuvem. Essa é a tendência para o futuro, que nos permitirá prever, por exemplo, a ocorrência de chuva em cada bairro de uma cidade”, disse Machado.
A comparação entre os dados reais e simulados foi feita com uma técnica inovadora de rastreamento capaz de calcular a distribuição do tamanho e do tempo de vida das nuvens e da chuva e produzir histogramas que permitem comparar o tamanho e a altura das nuvens simuladas e observadas por satélite e radar.
Ao investigar por que os dados simulados não condiziam com os reais, os pesquisadores descobriram que o modelo não representava com exatidão como ocorria a mistura do ar existente dentro e fora da nuvem – processo conhecido como entranhamento.
“O entranhamento é uma medida determinada pela turbulência [ mistura do ar de dentro e de fora]. No modelo, a turbulência era parametrizada em uma dimensão. Nós então fizemos uma parametrização tridimensional e alteramos o comprimento de mistura [distância entre a parcela de ar que vai entrar na nuvem e a parcela que já está dentro] para torná-lo um pouco maior”, disse Machado.
Com as modificações, contou o pesquisador, foi possível tornar mais similar a distribuição de tamanho e altura das nuvens simuladas e reais.
“Isso sem dúvida terá impacto na qualidade da previsão de chuva. Em um estudo de caso, demonstramos que o grau de acerto melhora com a correção da turbulência”, disse Machado.
Estudos anteriores, contou o pesquisador, haviam sugerido a existência de problemas semelhantes em outros modelos matemáticos de formação de nuvens, que poderão ser corrigidos usando abordagem semelhante.
O artigo é um dos primeiros desdobramentos do Projeto Chuva, que incluiu, além de Santa Maria, campanhas de coleta de dados nas cidades de Alcântara (MA), Fortaleza (CE), Belém (PA), São José dos Campos (SP) e Manaus (AM). As regiões escolhidas para a pesquisa de campo representam os diferentes regimes de precipitação existentes no Brasil.
Fonte: Agência FAPESP