Eis aqui uma notícia que não deveria existir, nem mesmo se fosse inventada. Mas é verdade: está comendo solto na Groenlândia o maior incêndio natural já visto na gigantesca ilha do Ártico.
Ora, a Groenlândia não está coberta de gelo? Sim, em grande parte, cerca de 80% de seus 2,17 milhões de quilômetros quadrados. Se essa calota gelada derretesse toda, o nível do mar subiria sete metros no planeta inteiro.
Um quinto do território, no entanto, fica livre de gelo e neve. Ali viceja uma vegetação composta principalmente de capim e arbustos, com poucas árvores, como bétulas.
O fogo e a fumaça estão visíveis para satélites desde 31 de julho numa área do sudoeste, perto da localidade de Sisimiut. A linha de queimada não está avançando, o que faz pensar que o combustível pode não ser a vegetação da superfície, mas sim matéria orgânica no solo.
A principal hipótese é que o incêndio esteja queimando turfeiras, vegetação parcialmente decomposta que se acumula no solo, sendo formada em geral por musgo. Em certas condições geológicas e ao longo de muito tempo, pode transformar-se em carvão.
O fogo se encontra a apenas 70 km de distância da linha de geleiras. Não é impensável que contribua para derretê-las um pouco mais.