As mudanças climáticas, além de provocarem os fenômenos climáticos extremos, também são responsáveis por alterações em muitos ecossistemas e biomas de nosso planeta. Uma dessas alterações foi apresentada em um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que revela que em 24 anos, a temperatura superficial do mar aumentou cerca de 1,5ºC.
O documento, intitulado Rumo à Recuperação e Sustentabilidade dos Grandes Ecossistemas Marinhos do Mundo durante as Alterações Climáticas, foi publicado no início de dezembro, na 17ª Conferência das Partes (COP17) em Durban, na África do Sul, e apresenta os dados de 64 grandes ecossistemas marinhos (GEMs).
Segundo a análise, entre 1982 e 2006, a temperatura de 61 dentre os 64 GEMs – dos quais três estão no Brasil – aumentou em até1,5ºC. E em 18 das áreas cobertas por esses ecossistemas, a temperatura está aumentando de duas a quatro vezes mais rápido do que as tendências de aquecimento registradas pelo Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Esse rápido aumento da temperatura superficial do mar pode levar a uma alteração no movimento de ascensão dos nutrientes das águas mais profundas e frias, chamado de ressurgência.
Esse processo é responsável por abastecer grande parte das cadeias alimentares marinhas, e sua modificação pode alterar as características de diversos ecossistemas, diminuindo inclusive a produção de peixes que abastecem os seres humanos.
Consequentemente, esse aquecimento poderá afetar a vida de bilhões de pessoas que dependem do mar como fonte de alimentação, o que ocorre, sobretudo, nos países em desenvolvimento situados nas latitudes mais quentes da África, Ásia e América Latina.
O estudo indica também que, embora a quantidade de peixes aumente com a elevação das temperaturas, os animais diminuem de tamanho, o que constitui um problema para a reprodução de outras espécies e pode acarretar em um desequilíbrio ambiental.
Para combater os problemas desencadeados pelo aquecimento da superfície marítima, o relatório recomenda algumas providências, como estabelecer níveis sustentáveis de pesca nas regiões mais afetadas.
Além disso, a pesquisa sugere que devem ser tomadas medidas de precaução para manter a pesca marinha, restaurar e proteger os habitats costeiros, incluindo importantes sumidouros de carbono, e reduzir a carga de poluição eliminada nos mares.
“As mudanças climáticas são uma questão global muito importante e crítica. Sem ação, as alterações do clima poderiam anular décadas de progresso no desenvolvimento destes países e minar os esforços para a promoção do desenvolvimento sustentável”, alertou VeerleVandeweerd, diretora do grupo de meio ambiente e energia do PNUD.
Em alguns locais, como o Mar Amarelo, que banha o norte da China e o oeste da Coreia do Sul e do Norte, já há programas de ação estratégica (SAPs), que procuram tomar iniciativas para lidar com os problemas causados pelo aquecimento das águas marítimas superficiais.
No caso do SAP do Mar Amarelo, há, por exemplo, acordos entre os países responsáveis para reduzir a pesca em 33%, redirecionar os pescadores para outros meios de subsistência e reduzir a eliminação de lixo no mar.
(04/01/2012 fonte Instituto Carbono Brasil)
* Crédito das Imagens: Lucas B. Muller
O espaço Papos & Ideias, da livraria Saraiva, promove, nesta quinta-feira (26/1), o debate Desafios do Século XXI, com os pesquisadores Saulo Rodrigues da UnB e Andrea Santos da COPPE/UFRJ e o pesquisador da ENSP/Fiocruz Carlos Machado de Freitas. Na ocasião, os debatedores farão a apresentação de seus livros Um Futuro Incerto: Mudanças Climáticas e a Vida no Planeta e Um Equiíbrio Delicado: Crise Ambiental e a Saúde do Planeta, respectivamente. O encontro está marcado para 19 horas na livraria Saraiva do shopping Rio Sul.
A publicação faz parte da coleção Desafios do século 21, organizada por Lara Moutinho da Costa, que trabalha ao lado do secretário estadual do Meio Ambiente, Carlos Minc, com temas relacionados à educação ambiental. As obras da coleção abordam a questão do ambiente e são voltadas para os adolescentes.
ASCOM PBMC, dia 26/01/2012
Espécies animais e vegetais de regiões tropicais, como a Amazônia, seriam afetadas primeiramente, segundo estudo. (Foto: Divulgação)
Espécies nativas, que vivem em áreas específicas, podem ser as primeiras a desaparecer devido à mudança climática, indica uma pesquisa feita por cientistas dos Estados Unidos, divulgada nesta quarta-feira (4).
Segundo os autores, especialistas em biologia das Universidades de Connecticut e de Washington, estudos já realizados e que abordam o aquecimento global não contemplariam interações que já ocorrem na biodiversidade (animais e vegetais), como a movimentação e competição entre espécies. Tais fatores não considerados até então podem subestimar a extinção de espécies.
De acordo com Mark Urban, principal responsável pelo estudo, já existem provas de que animais e plantas já se movem em resposta às alterações no clima.
Ele cita como exemplo que, devido à elevação da temperatura, espécies que não podem receber calor devem se deslocar para altitudes mais elevadas, onde o frio é predominante. Entretanto, de acordo com os cientistas, nem todas as espécies conseguirão se dispersar rapidamente e podem morrer por isso, tendo seu lugar ocupado por outra espécie.
De acordo com um sistema matemático desenvolvido nesta pesquisa, animais endêmicos e que só existem em regiões específicas poderão ser extintos mais rapidamente devido à dificuldade de dispersão.
Em regiões tropicais do planeta, o que incluiria a América do Sul (e o Brasil), poderiam ser afetadas diretamente pelas alterações climáticas.
Pesquisadores de um instituto de climatologia da Europa elaboraram um relatório que pretendia responder, entre outras perguntas, o seguinte questionamento: qual a parcela de “culpa” pode ser atribuída às atividades do homem pelas mudanças climáticas pelas quais o planeta está passando? O resultado, no final das contas, pode ser mensurado em uma porcentagem: 74%.
Este número, resultado de um estudo da entidade EHT, de Zurique (Suíça), foi alcançado por etapas. A primeira, já conhecida pelos cientistas há décadas, foi assumir a influência do efeito estufa: gases como o metano e o dióxido de carbono, liberados para a atmosfera em grande escala, prendem calor abaixo dela e elevam sensivelmente a temperatura global. Isso abre, segundo os pesquisadores, duas questões: quanto do recente aumento de temperatura da Terra pode ser atribuído a isso? E até quando essa situação vai perdurar até atingir um ponto de equilíbrio? Os cientistas divergem nesses quesitos, mas a impressão geral é que os modelos de mudança climática desenvolvidos recentemente são muito rasos: analisaram apenas a temperatura do planeta.
A mudança de análise está exatamente nesse ponto. O que está em questão não é apenas a temperatura, mas a energia de radiação solar que circula entre a superfície e a atmosfera. Ou seja: o sol, lá de onde está, influencia também na temperatura da Terra a partir de aumento de energia descarregada no planeta em forma de raios.
Os cálculos dos pesquisadores acabaram no seguinte veredicto: 26% do aquecimento global, nas últimas décadas, foram causados devido à radiação e outros fatores naturais que fogem do controle do homem. Os outros 74%, no entanto, estão diretamente relacionados às nossas atividades após a revolução industrial.
Esta pesquisa, no entanto, não está passando sem críticas. Cientistas com teorias dissonantes afirmam que estes resultados são muito simplistas, e que não se pode mensurar dessa maneira a relação entre radiação solar que incide sobre o planeta e temperatura global. Pode haver, segundo os contestadores, outros pesos na balança do clima, além da radiação e temperatura aparente, e a pesquisa não levou isso em conta de forma clara.
A influência dos oceanos, por exemplo, é um ponto de discussão. Os pesquisadores suíços adotaram um método de análise que não se encaixa, de acordo com os críticos, nos demais processos da pesquisa. Dessa maneira, a pesquisa continua sendo posta em dúvida: será que a atividade humana é de fato responsável pelos tais 74% das mudanças climáticas?
Este resultado pode influenciar medidas de escala global, segundo os cientistas. Se no futuro chegarmos à conclusão de que o número é real ou ainda maior, medidas extremas como o corte nos créditos de carbono industrial e até racionamento de carne devem aumentar. Se, por outro lado, for provado que 74% é um exagero, até medidas básicas como desenvolver a energia solar em detrimento da nuclear, por exemplo, podem ser desnecessárias do ponto de vista climático. [DailyTech]
Fonte: Hypescience
http://hypescience.com/humanidade-pode-ser-responsavel-por-74-do-aquecimento-global/