Pesquisa vai verificar impacto da mudança do clima nas aves do Brasil

Aumento do nível do mar afetaria reprodução de pássaros estuarinos. Estudo será realizado na baía de Guaratuba, no litoral do Paraná.

noticia-21-10Caso a previsão de aumento do nível do mar em decorrência da mudança climática se confirmar, conforme o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), a população de aves que vivem nas regiões úmidas da costa do Brasil, principalmente as áreas de estuário, pode ser afetada, ocasionando, inclusive, a extinção de espécies.

Um estudo realizado por pesquisadores do Paraná vai tentar identificar qual será o impacto desta transformação global no cotidiano de pássaros como o bate-bico (Phleocryptes melanopis) e a saracura (Pardirallus nigricans), que vivem em vegetações herbáceas de regiões estuarinas, ambiente de transição da água doce para a água salgada.

A análise será feita na Área de Proteção Ambiental de Guaratuba, no município de mesmo nome, e no entorno da Lagoa do Parado. Segundo Bianca Reinec, doutora em Biologia e integrante do projeto “Vulnerabilidade de aves estuarinas à mudança climática”, que recebeu financiamento da Fundação Boticário, essas e outras aves que vivem nesses locais úmidos costumam fazer ninhos na vegetação.

“Um pequeno aumento que seja do nível da água pode afetar a reprodução desses animais. Outro exemplo também previsto para a mudança do clima é o aumento da incidência de vendavais e tempestades que deverão atingir esses ambientes, destruindo ninhos e ovos”, disse a pesquisadora.

Evitar a extinção de espécies

Bianca afirma que o bicudinho-do-brejo (Stymphalornis acutirostris), ave endêmica do litoral do Paraná e de Santa Catarina, já foi afetado pelas alterações das marés, segundo especialistas. “A espécie foi descrita em 1995 e desde então houve diversas modificações no seu habitat devido às transformações do ambiente”, explica a bióloga.

Um dos principais objetivos do estudo, que vai começar neste fim de semana, será um censo para identificar quantas espécies de pássaros vivem nestes locais, além de conhecer também quais e quantas são as aves migratórias que dependem deste ambiente para alimentação e reprodução.

“A partir destes dados, vamos planejar formas de realizar futuramente o manejo de animais para outras localidades, etapa considerada a adaptação da mudança do clima. Não podemos evitar essas transformações, mas podemos trabalhar para criar ambientes artificiais para que as espécies continuem existindo”, disse Bianca.

Fonte: G1
http://g1.globo.com/natureza/noticia/2011/10/pesquisa-vai-verificar-impacto-da-mudanca-do-clima-nas-aves-do-brasil.html

Mudança do clima encolhe espécies marinhas e terrestres, diz estudo

Emissões de CO2 diminuiriam tamanho de animais, plantas e organismos. Artigo científico foi publicado na revista 'Nature Climate Change'.

noticia-17-10Estudo publicado neste domingo (16) na revista científica "Nature Climate Change" aponta que o aumento das emissões de gases de efeito estufa e a elevação da temperatura da terra, consequências da mudança climática, influenciam no desenvolvimento de espécies marinhas e terrestres.

A publicação, elaborada por cientistas da Universidade Nacional de Cingapura, verificou que o aquecimento global pode afetar diretamente a taxa de crescimento de animais e organismos.

O estudo citou, por exemplo, que este fenômeno já aconteceu no período Paleoceno-Eoceno, há 55 milhões de anos, quando a temperatura da terra subiu entre 3 ºC e 7 ºC e houve redução de 40% na quantidade de chuvas em todo o globo.

Naquela época, o tamanho de invertebrados como besouros, abelhas, aranhas e cigarras foi afetado, chegando a diminuir entre 50% e 75%.

Biodiversidade afetada
De acordo com os pesquisadores, a mudança climática atual tem ocorrido de forma acelerada e o aumento das emissões de CO2 já acidifica os oceanos (alteração química que torna mais difícil a sobrevivência e proliferação de peixes e outras espécies marinhas).

O documento cita experimentos que simularam a elevação da temperatura prevista pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) demonstraram que algas vermelhas, encontradas em corais, podem reduzir seu tamanho em 250% e a taxa de crescimento do fitoplâncton, alimento de muitas espécies aquáticas, também seria afetada.

Na superfície terrestre, frutas e plantas encolheriam entre 3% e 17% a cada grau de temperatura elevado. O tamanho de animais marinhos invertebrados também reduziria em até 4% e o comprimento dos peixes poderia diminuir em até 22%.

Adaptação
O estudo da "Nature" diz que as consequências do encolhimento ainda não são totalmente compreendidas, mas poderiam afetar toda a biodiversidade, inclusive os seres humanos, devido à redução da disponibilidade de nutrientes, alimentos e água.

Os cientistas concluem que é preciso entender a causa do encolhimento dos organismos e analisar se é possível combater esta alteração. Caso contrário, é necessário verificar medidas para adaptação humana ao convívio dos efeitos das alterações climáticas.

Fonte: G1
http://g1.globo.com/natureza/noticia/2011/10/mudanca-do-clima-encolhe-especies-marinhas-e-terrestres-diz-estudo.html

 

Estudo avalia impacto das queimadas no efeito estufa

noticia-13-10Um grupo de pesquisadores de diversas instituições brasileiras realizou, na última semana de setembro, uma queimada controlada para análise científica em quatro hectares de floresta na região de Rio Branco (Acre).

O estudo, que faz parte do Projeto Temático “Combustão da biomassa em florestas Tropicais”, financiado pela FAPESP, tem o objetivo de avaliar o impacto das queimadas na atmosfera, na regeneração da floresta e no solo da Amazônia.

O projeto é coordenado por João Andrade de Carvalho Junior, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Guaratinguetá (SP). O estudo foi feito em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Universidade Federal do Acre (Ufac), a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Washington, entre outras instituições.

De acordo com Carvalho, as queimadas controladas têm sido realizadas pelo projeto no Acre e em Mato Grosso. Estudos sobre o tema têm sido financiados pela FAPESP desde 1993 em diversos projetos sucessivos. O atual Temático, iniciado em 2009, prevê a realização de três queimadas. A primeira havia sido realizada na região de Cruzeiro do Sul (Acre), em setembro de 2010. A terceira deverá ser realizada em 2013.

“Os dados da pesquisa permitirão quantificar os teores de carbono equivalente emitidos durante a queima, avaliar como os nutrientes do solo reagem às altas temperaturas, entender a dinâmica de regeneração natural da vegetação e medir os níveis de partículas no ar que podem causar danos ao sistema respiratório humano, entre vários outros aspectos”, disse Carvalho à Agência FAPESP.

O controle da queimada realizada pelos cientistas é rigoroso, segundo Carvalho. A pesquisa conta com a autorização da Justiça Federal e Estadual e dos Ministérios Públicos Federal e Estadual e as ações obedecem a exigências legais estabelecidas pelos órgãos de controle ambiental. O corte da vegetação foi autorizada pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) e pela Secretaria de Meio Ambiente do estado.

Os resultados do projeto indicam até agora que a eficiência de combustão é de 50% na área onde foi realizada a queimada. Isto é, metade do estoque de carbono armazenado em um hectare de floresta se transforma, com a queimada, em gases de efeito estufa. Na queimada anterior, realizada também quatro hectares, mas em Cruzeiro do Sul, foram emitidas cerca de 305 toneladas de gás carbônico.

“Constatamos que aproximadamente metade do material que é queimado se transforma em gases de efeito estufa como CO2 e metano. Antes de realizar a queimada, fazemos uma caracterização de toda a biomassa do local. O sítio de Cruzeiro do Sul tinha 582 árvores acima de 10 centímetros de diâmetro”, disse Carvalho.

Uma das árvores tinha entre 95 e 100 centímetros e uma delas tinha mais de um metro de diâmetro. Só essa árvore maior tinha de 8 a 9% do total da biomassa dos quatro hectares. Verificamos que o metano corresponde a cerca de 13% do total das emissões”, disse.

Se o dado obtido em Cruzeiro do Sul pudesse ser extrapolado para toda a floresta amazônica, os níveis atuais de desmatamento, da ordem de 7 mil quilômetros quadrados anuais, provocariam uma emissão de CO2 equivalente comparável às emissões de cerca de 50 milhões de automóveis.

“Felizmente, o desmatamento caiu muito, mas já tivemos anos em que a devastação chegou a atingir 27,5 mil quilômetros quadrados. Se os dados fossem extrapolados para toda a Amazônia em um ano com desmatamento dessa magnitude, a emissão de CO2 seria comparável à poluição produzida por quase 200 milhões de automóveis”, afirmou.

O estudo é realizado em diversas fases e inclui uma série de avaliações antes, durante e depois da queima. Em Rio Branco, diversos equipamentos instalados em uma torre de 15 metros de altura, na área de pesquisa, ajudam na coleta de informações.

Dois meses antes da queima, foi realizado o inventário florestal, para identificação e medicão das árvores e a coleta de amostras de solos. A etapa seguinte foi o corte da floresta.

Os resultados das análises serão comparados e servirão para aferir a quantidade de carbono, nutrientes e microorganismos permanecem no solo após a queima. Além disso, será avaliado o que ocorre com a qualidade do ar.

Dados para o IPCC

Os resultados do Projeto Temático terão grande importância para a elaboração e estruturação de políticas públicas voltadas para o tema, de acordo com Carvalho. Segundo ele, os dados já levantados em outras etapas já são aproveitados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para calcular as emissões de gases de efeito estufa de queimadas na Amazônia.

“As queimadas controladas têm resultados diferentes em cada região. Em Cruzeiro do Sul, por exemplo, a densidade da floresta é maior. Unindo aqueles dados aos de Rio Branco, poderemos refinar os índices e definir uma média que possibilite calcular as emissões de todo o estado. Considerar as características locais é importante para reduzir as incertezas relacionadas às emissões provenientes das diferentes regiões da Amazônia e traçar políticas públicas”, disse.

Carvalho afirma que o experimento inclui medições de emissões de dióxido de carbono e de metano. “O principal gás de efeito estufa é o dióxido de carbono. Mas o metano é importante porque, embora seja emitido em menor quantidade, tem um poder de aquecimento 21 vezes maior que o CO2”, explicou.

Os pesquisadores também medem a concentração de partículas, em especial as mais finas, que têm mais impactos negativos sobre a saúde humana.

“Também estudamos a regeneração da floresta. Utilizamos um sítio de queimada controlada em Alta Floresta desde 1997, o que permite estudar como a biomassa se recupera. Estamos começando a fazer isso no Acre também”, explicou.

Segundo Carvalho, a biomassa de maior porte, como grandes troncos, queima de duas formas diferentes: o estágio de chama e o estágio de incandescência. A combustão no estágio de incandescência é muito mais lenta, mas também emite gases. “Procuramos medir a diferença de concentração das emissões nos dois tipos de queima”, afirmou.

Os cientistas também estudam a propagação de incêndio rasteiro. Dependendo do grau em que a floresta é recortada, as bordas podem ser mais secas, permitindo que qualquer chama pequena se propague rapidamente para dentro da floresta.

“Outro aspecto que procuramos estudar é a transformação de carvão em emissões. Conforme a madeira queima, parte do carvão gerado fica no chão e não colabora com o efeito estufa, podendo até ajudar a acelerar a regeneração da floresta”, disse.

A equipe, segundo Carvalho – que é engenheiro aeronáutico –, conta com engenheiros químicos, engenheiros mecânicos, biólogos, engenheiros florestais e um médico. “Algumas frentes do projeto estão se dedicando a estudar os impactos da queimada na saúde humana e suas consequências sobre as diversas espécies, como anfíbios e insetos”, disse.

“Todos os cuidados são tomados. Em primeiro lugar é construído um acero: um caminho que deixa um espaço de cerca de 25 metros em relação ao resto da mata, a fim de evitar a propagação do fogo. Além disso, a operação requer a presença de um carro tanque e de uma guarnição do corpo de bombeiro, que acompanha todo o processo”, explicou.

Fonte: Instituto Carbono Brasil
http://www.institutocarbonobrasil.org.br/noticias6/noticia=728683

Cientistas buscam ligação entre eventos extremos e mudanças climáticas

Se a incerteza da ligação entre eventos meteorológicos extremos como enchentes, secas e furacões com as mudanças climáticas é uma desculpa para você não acreditar no aquecimento global, é melhor arranjar outro argumento para ser cético. Pesquisas publicadas no último ano indicam que em alguns casos há sim relação entre estes fenômenos pontuais e as alterações climáticas. Agora, os cientistas procuram descobrir se é possível então prever tais eventos, e quais deles são consequência das ações humanas e quais não são.

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