SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
O Brasil vai participar de um fundo internacional de cerca de R$ 73 milhões para financiar pesquisas sobre mudanças climáticas ao lado de países como EUA, Reino Unido e Austrália.
O anúncio do Consórcio de Oportunidade de Financiamento do Fórum Belmont foi feito ontem em Londres, na conferência "Planeta sob Pressão" --a principal reunião de cientistas sobre ambiente antes da Rio+20.
A parcela brasileira no bolo, vinda da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo), será de cerca de R$ 6 milhões no primeiro edital, que deve ser lançado em duas semanas.
Inicialmente, o financiamento será para pesquisas sobre água doce e vulnerabilidade de zonas costeiras.
Estão previstos mais três editais de pesquisa. Um deles, coordenado pela Fapesp, será sobre segurança alimentar e energética. A expectativa é lançá-lo em 2013.
De acordo com Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor-científico da Fapesp, os trabalhos a serem financiados serão multidisciplinares.
"O fórum sabe da necessidades de pesquisas na área de humanas, como em sociologia ambiental", disse.
As propostas devem ser feitas em cooperação internacional com instituições de pelo menos três países.
Fonte: Folha.com
O ex-chefe climático da ONU, Yvo de Boer, disse nesta terça-feira (27) que o compromisso de restringir o aquecimento do planeta a 2ºC, que ele ajudou a costurar na Cúpula de Copenhague pouco mais de dois anos atrás, hoje é inatingível.
"Penso que [a meta de] dois graus está fora de alcance", disse Yvo de Boer, ex-secretário-executivo da Convenção-quadro sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), durante uma conferência realizada em Londres sobre a saúde do planeta, a poucos meses da cúpula Rio+20, que será celebrada em junho no Rio de Janeiro.
As 195 partes da Convenção-quadro se comprometeram a limitar a elevação das temperaturas globais em dois graus Celsius.
A meta foi estabelecida por um grupo central de países nas horas finais da turbulenta Conferência de Copenhague, em dezembro de 2009, e foi formalizada na cúpula de Cancún, um ano depois.
Mas um número cada vez maior de cientistas alerta que o objetivo está se esvaindo sem a realização de cortes radicais nas emissões de gases causadores do efeito estufa, responsáveis pelas mudanças climáticas. Alguns consideram que a meta é uma ilusão política perigosa, uma vez que a Terra se encaminha para uma elevação da temperatura de 3ºC ou mais.
"A meta de dois graus está perdida, mas não significa para mim que devamos esquecê-la", disse de Boer em entrevista à AFP.
"É uma meta muito significativa, não se trata de um simples alvo que foi tirado do nada, tem a ver com tentar limitar a quantidade de impactos", acrescentou.
"Não se deve esquecer disso, no sentido de que está se ignorando o fato de que se passou pela dificuldade de formular uma meta que não é alcançada por falta de ação política", continuou.
"Consequentemente, o processo deveria se tratar de como conseguir aproximar o máximo possível dos 2ºC e não dizer 'comecem tudo de novo e formulem uma nova meta', esquecendo que passamos por isto muito recentemente", alertou.
Copenhague representou um limite nas discussões globais sobre o clima. Suas frustrações, juntamente com as crises financeira e fiscal que atingiram em cheio os países ocidentais, fizeram muitos governos marcar passo e até restringir seus planos de ação contra as emissões de carbono.
Enquanto isso, o alto preço do petróleo e do gás levaram os grandes emergentes a queimar cada vez mais carvão, a mais suja das fontes de energia fósseis, aumentando as concentrações atmosféricas de dióxido de carbono (CO2).
No ano passado, durante a reunião anual da UNFCCC em Durban, na África do Sul, os países concordaram em estabelecer um novo acordo climático em 2015 com entrada em vigor em 2020, colocando tanto os países ricos quanto os pobres pela primeira vez sob restrições legais comuns.
De Boer disse esperar que o quinto relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) sirva de incentivo para uma retomada do 'deadline' de 2015.
"Felizmente, teremos outro grande relatório do IPCC em 2014 e então, quando os governos se reunirem em 2015 para negociar algo significativo, a ciência disponibilizará as informações para este processo político", afirmou.
Fonte: Ultimo Segundo IG
Um grupo de pesquisadores franceses afirma que a transformação das florestas tropicais no centro do continente africano em savanas, ocorrida há 3 mil anos, pode ter sido influenciada pela presença humana. O estudo foi divulgado na revista 'Science'.
Um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), intitulado "Crescimento do tambaqui em cenários de mudanças climáticas", analisa como as condições ambientais daqui a cem anos poderão afetar o crescimento das espécies do tambaqui, um dos principais peixes da região. De acordo com a pesquisa, a espécie desenvolverá mecanismos adaptativos para sobreviver ao novo ambiente.