Ao se deparar com temperaturas de até 50ºC negativos no Centro-Oeste norte-americano, o presidente dos EUA, Donald Trump, logo se lembrou das mudanças climáticas. “O que diabos está acontecendo com o aquecimento global? Por favor, volta depressa. Precisamos de você!, tuitou Trump.
Mas, se sobra dúvida, negação e ironia para o presidente, o Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA acaba de lançar um novo estudo que pode ajudar Trump, e qualquer outro negacionista, a entender exatamente o que está acontecendo com a temperatura do planeta.
Antes de tudo, é bom lembrar que, quando se fala em aquecimento global, é uma média do quanto a temperatura subiu em todo o planeta desde o início da Revolução Industrial, por volta de 1850. Assim, os extremos de temperatura negativa, como nos EUA, são contabilizados juntamente com os extremos de temperatura máxima, como nas ondas de calor que atingiram a Austrália o ano passado.
Para ter uma ideia, enquanto a temperatura média global já está cerca de 1ºC acima dos níveis pré-industriais, na cidade de São Paulo e alguns pontos do Nordeste brasileiro e Amazônia, os termômetros demonstram aquecimento médio acima dos 2ºC.
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A tempestade que caiu sobre o Rio de Janeiro nos dois últimos dias matou pelo menos 10 pessoas e fez um estrago ainda não calculado. O prefeito reconheceu que deu tudo errado, que as equipes ficaram presas nos engarrafamentos e que alarmes em morros não funcionaram. Segundo o Cemaden (Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), a chuva acumulada em 24 horas passou de 300 milímetros, quase o triplo da média esperada para abril. O Climatempo calculou que a chuva acumulada em quatro horas foi mais de uma vez e meia o esperado para o mês inteiro. Esta foi a terceira tempestade fora do normal que caiu sobre a cidade em 2019. Segundo os meteorologistas, o Atlântico nas costas brasileiras está mais quente do que o seria o normal. Daí resultam as chuvas mortais que caíram no Rio, em São Paulo e no Piauí, além da tempestade tropical Iba do mês passado. Para o Observatório do Clima, “todos esses extremos climáticos, cada vez mais graves e frequentes, mostram que o clima do Brasil mudou e atingiu um novo normal, em que o que era raro ficou comum.”
Passa já da hora dos ministros do meio ambiente, Ricardo Salles, e das relações exteriores, Ernesto Araújo, deixarem de lado suas posições ideológicas, pararem de dizer por aí que a mudança climática é uma discussão acadêmica ou uma conspiração esquerdista, e passarem a trabalhar com os dados da realidade. Salles precisa rapidamente apresentar um plano concreto de adaptação para as áreas do país mais vulneráveis às mudanças climáticas. Araújo precisa rapidamente mostrar como vai conduzir o aprofundamento das metas brasileiras para o Acordo de Paris.
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A redução de investimentos ocorreu ao mesmo tempo em que tempestades poderosas se tornaram mais frequentes. A desta segunda-feira (8) foi a maior dos últimos 22 anos.
No auge do temporal no Rio, o prefeito Marcelo Crivella, numa entrevista por telefone, considerou a situação fora do normal: “Essa é uma chuva completamente atípica. A gente sempre tem previsão de chuva forte, mas não assim, com esse dobro de intensidade que é a média do mês de abril inteiro”.
Outras duas tempestades também causaram estragos e mortes na cidade apenas em 2019. Mas este volume de chuva está longe de ser um fenômeno isolado. O climatologista Carlos Nobre afirma que esses temporais fazem parte de uma nova realidade: “ O oceano todo está mais quente, o planeta todo está mais quente. Por exemplo, São Paulo, 3°C, 3,5°C mais quente do que antes, do que 100 anos atrás. O Rio de Janeiro, que está próximo do oceano, esse efeito é menor, 1,5°C, na zona norte do Rio, 2°C. Mas, de qualquer modo, são 1,5°C, 2°C mais quente, então, quando a quando a frente fria está chegando, ela encontra uma bolha de ar mais quente e úmida do que as periferias, as regiões que não são urbanizadas”.
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O caos que se espalhou com as fortes chuvas do Rio de Janeiro na segunda-feira à noite, com ruas virando rios e pelo menos três mortes, pode estar associado ao temporal que matou 7 pessoas na cidade em fevereiro, aos alagamentos que mataram mais de 30 pessoas em São Paulo em março e a outros eventos climáticos extremos que têm ocorrido com frequência cada vez maior no mundo - como os incêndios na Califórnia, os invernos rigorosos no hemisfério norte ou a devastação causada pelo ciclone Idai no Sul da África. Segundo o ambientalista Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima, esses eventos extremos "estão se tornando mais frequentes e mais intensos", deixando as cidades - e seus moradores - cada vez mais vulneráveis.
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