Confira abaixo o local das Oficinas Regionais de Divulgação da Consulta Pública do PNA
Rio de Janeiro - 11/11
Centro de Tecnologia Ilha do Fundão
(Av. Pedro Calon s/nº, Prédio Anexo ao Centro de Tecnologia Ilha do Fundão, Cidade Universitária)
Curitiba - 12/11
Auditório SEMA/PR
(Rua Desembargador Motta, 3384, Bairro Mercês)
Fortaleza - 13/11
Centro da Referência Ambiental do Parque Estadual do Cocó
(Av. Padre Antônio Tomás S/N, Bairro Cocó)
Brasília - 18/11
Hotel Nacional
(Setor Hoteleiro Sul, Quadra 01, Bloco A)
Manaus - 19/11
Local a confirmar
Prejuízos podem chegar a R$ 7,4 bilhões em 2020 e R$ 14 bilhões em 2070
Rio de Janeiro – A agricultura deve ser o setor da economia mais afetado pelas mudanças climáticas ao longo do século 21, divulgou nesta segunda-feira (25) o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), na segunda parte do primeiro relatório nacional. De acordo com o estudo, o prejuízo do agronegócio com problemas climáticos pode chegar a R$ 7,4 bilhões em 2020 e R$ 14 bilhões em 2070. Até 2030, a produção de soja, por exemplo, pode ter perdas de até 24%.
"É uma preocupação em termos de impacto financeiro e para a questão de segurança. A ideia é que esses relatórios possam sinalizar aos tomadores de decisão a importância de agir agora. O custo da inação, de não fazer nada, vai ser maior do que se a gente começar a se prevenir", defendeu Andrea Santos, secretária executiva do painel.
O estudo prevê que as mudanças nos regimes de chuva e a elevação da temperatura média prejudique a agricultura principalmente em áreas secas, como o Nordeste, região em que a distribuição de chuvas pode cair até 50%, segundo o relatório. Um resultado desse processo seria a intensificação da pobreza e a migração para áreas urbanas, impactando a infraestrutura. Culturas como as do milho, do arroz, da mandioca, do feijão e do algodão seriam prejudicadas.
Outra ameaça à segurança alimentar prevista pelo relatório é a diminuição do potencial pesqueiro do Brasil, que pode chegar a até 10% nos próximos 40 anos. Andrea explica que, com o aumento da temperatura da água e a mudança na salinidade, espécies podem buscar regiões mais frias, afetando toda a costa nacional. O estudo aponta ainda a elevação do nível do mar como outra possível vulnerabilidade das cidades litorâneas.
"Além de inundações, esse aumento pode levar a colapsos no sistema de abastecimento e esgotamento, com o retorno de esgoto para as residências em um caso de transbordo dos sistemas de tratamento. Isso pode trazer prejuízos também para o lençol freático".
Nas grandes cidades, os prejuízos estimados serão na mobilidade e na habitação, que podem sofrer com tempestades mais frequentes no Sul e no Sudeste. Já biomas como a Amazônia e a Caatinga correm riscos de ter queda de até 40% dos índices pluviométricos (chuvas), afetando a biodiversidade. A alta da temperatura também pode aumentar a incidência de doenças, como a dengue e a leishmaniose, e, combinada a maiores radiações de raios ultravioletas e emissões de gás carbônico, as lavouras podem sofrer com mais pragas e doenças causadas por fungos.
O painel reúne 345 especialistas de universidades e institutos de pesquisa brasileiros e recebe o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e do Ministério do Meio Ambiente, além de outras entidades.
Fonte: Pernambuco no Clima
Alterações climáticas devem provocar prejuízo bilionário à agricultura nas próximas décadas. Setor precisa investir mais em pesquisa
Agressora e ao mesmo tempo vítima: a agricultura é uma das atividades que mais causam impacto ao meio ambiente e também é o setor da economia que deve ser mais afetado pela perspectiva de alterações no clima. O levantamento feito pelos pesquisadores que compõem o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) indica que – em função de chuvas e secas mais intensas, e oscilações de temperatura – o prejuízo do agronegócio pode alcançar R$ 7,4 bilhões em 2020 e R$ 14 bilhões em 2070. Nos próximos 17 anos, as projeções apontam que as safras de soja podem registrar perdas na ordem de 24%.
A expansão da agricultura muitas vezes é responsável por desmatamentos – principal fator no Brasil para emissões de carbono. A secretária executiva do PBMC, Andreia Santos, argumenta que, aplicando tecnologias e pesquisa, é possível alcançar produtividade usando apenas as áreas já disponíveis para a agricultura. Assim, o setor agrícola brasileiro, que seria um dos mais eficientes do mundo, contribuiria para diminuir a emissão dos gases de efeito estufa e se preveniria de impactos no clima que afetariam a produção. “Quando a gente fala em perdas de R$ 7 bilhões, a discussão se volta para o custo da inação, de não fazer nada agora, que é muito maior do que seria necessário para a adaptação”, comenta.
Leva tempo
Uma recente pesquisa realizada pela Embrapa revelou que são necessários dez anos de pesquisa, ao custo de aproximadamente R$ 12 milhões, para desenvolver, testar e produzir uma variedade tolerante a alterações na temperatura e no suprimento de água.
As projeções indicam aumento de 3°C a 6°C na temperatura média das regiões brasileiras até 2100. Essa variação interfere no regime de chuvas e de vazão dos rios, por exemplo, além de atingir culturas que são mais suscetíveis a variações climáticas. As áreas cultivadas com milho, arroz, feijão, algodão e girassol deverão sofrer forte redução na Região Nordeste, com perda significativa da produção.
O assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Nelson Ananias Filho, defende que o setor agropecuário nacional tem condições de se adaptar às mudanças climáticas. “A nossa parte na redução de emissão de carbono, nós estamos fazendo”, afirma. Segundo ele, em comparação com outras partes do mundo, a atividade agropecuária brasileira é mais eficiente, principalmente no setor pecuário extensivo, com impactos menores por quilo de alimento produzido.
Para a CNA, o passo que poderia contribuir com a expansão de técnicas mais adequadas à preservação ambiental seria a ampliação da extensão rural, com mais profissionais levando conhecimento aos médios e pequenos produtores.
Falta de ousadia trava acordo
Vai de mal a pior o ritmo das negociações na 19.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-19), que começou no dia 11 e vai até a próxima sexta-feira, em Varsóvia, Polônia.
A opinião é da secretária-executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), Andrea Santos. A decisão do Japão, que anunciou metas menos ambiciosas para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, é o principal motivo da falta de boas perspectivas para que os 190 países cheguem ao um acordo sobre compromissos para frear o impacto humano no aquecimento global. Também a Austrália recuou em compromissos assumidos anteriormente.
“A verdade é que nenhum país quer mexer no seu modelo de desenvolvimento”, diz Andrea. O discurso vigente no momento, na Polônia, aponta para adiar decisões até o encontro que deve acontecer em 2015, em Paris.
Fonte: Gazeta do povo
O Brasil não ficará apenas mais quente com as mudanças climáticas. O regime de chuvas também irá mudar, e muito, segundo um novo relatório que será publicado na próxima segunda-feira (9). O relatório, organizado pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), reuniu os principais dados científicos para fazer projeções de como o Brasil irá responder ao aumento das médias de temperatura causado pelo aquecimento global.
O estudo é praticamente uma versão nacional do relatório de mudanças climáticas do IPCC. Ele foi elaborado com a participação de 345 pesquisadores, que fizeram nos últimos seis anos uma avaliação de toda a ciência já publicada sobre mudanças do clima no Brasil. "O Relatório de Avaliação mostra o estado da arte da ciência do clima no Brasil e na América do Sul", diz Andrea Santos, Secretária Executiva do PBMC.
Esse estado da arte confirma as principais pesquisas feitas por institutos internacionais: o planeta está aquecendo graças à emissão de gases de efeito estufa por atividades como geração de energia, transporte e desmatamento. As projeções mostram que o Brasil não ficará de fora das alterações climáticas globais, e indicam tendências de como o clima mudará em diferentes regiões do país.
A mudança de maior impacto será uma alteração nos padrões de chuvas. As pesquisas mostram que, no Sul e Sudeste, regiões que sofrem com enchentes e deslizamentos, as chuvas se tornarão mais fortes e mais frequentes. Já no Nordeste do país, a tendência é oposta. A região mais castigada pela seca enfrentará grande redução da quantidade de chuvas, e as secas, que já são comuns, ficarão mais frequentes.
A Caatinga será, junto com o Cerrado, o bioma do país que mais sofrerá com a mudança nos padrões de chuva. "A Caatinga tem uma tendência de diminuição de precipitação muito intensa, e o aumento da temperatura poderá chegar a 5,5ºC até o final do século. Isso é realmente impactante", diz Tércio Ambrizzi, professor da USP e um dos autores do relatório. Segundo ele, ciclos de seca como a que o Nordeste está enfrentando este ano serão mais comuns. "Nada impede que o Nordeste tenha um ano com excesso de água, mas a tendência ao longo dos anos é de diminuição da precipitação em toda a região".
O estudo também avança no conhecimento sobre o impacto das mudanças climáticas na Amazônia. A área mais ameaçada é a parte oriental da floresta, que além de estar mais vulnerável ao clima também enfrenta forte pressão da fronteira agrícola. O risco é de uma mudança do tipo de floresta na região - ela pode ficar mais pobre, com menor biomassa, fauna e flora.
Apesar disso, o relatório considera que o aquecimento global não é a principal ameaça à Amazônia. A continuidade do desmatamento traz riscos mais imediatos à floresta do que a alteração nas médias de temperatura. Algumas projeções apontam que, se a Amazônia perder mais de 40% da sua cobertura florestal, haverá uma mudança drástica na temperatura, podendo resultar em um aquecimento regional de até 4ºC. Atualmente, a Amazônia já perdeu cerca de 17% de sua cobertura florestal.
O Relatório de Avaliação Nacional também reserva um espaço para as incertezas existentes nas pesquisas sobre clima no Brasil. Segundo o estudo, há incertezas sobre a quantidade de gases de efeito estufa que serão emitidos no futuro, sobre as mudanças naturais do clima e sobre as limitações dos modelos de computador que simulam a temperatura. Segundo Ambrizzi, essas incertezas mostram que o país ainda tem muito a avançar na pesquisa climática. "Nós temos poucos pesquisadores atuando. Em muitas áreas do Brasil, faltam dados. A gente espera que os tomadores de decisão possam incentivar a pesquisa para diminuir essas incertezas".
Fonte: Blog do Planeta