O Acadêmico Paulo Artaxo é um dos cientistas brasileiros mais citados no mundo. É professor titular de física ambiental da Universidade de São Paulo (USP), tendo trabalhado também na Universidade de Harvard (EUA) e nas universidades de Lund e Estocolmo (ambas na Suécia), assim como no Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA (EUA).
Atua intensamente no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), sendo autor principal de diversos relatórios do grupo. Atua, ainda, no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências, da Academia Mundial de Ciências (TWAS) e da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês). Recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Estocolmo (2009), na Suécia, e o Prêmio Almirante Álvaro Alberto, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil (2016). Seu foco de pesquisa é em mudanças climáticas e no papel dos aerossóis no clima e no ecossistema amazônico.
Em sua conferência na Reunião Magna da ABC 2019, em 16 de maio, no Museu do Amanhã, ele abordou os fortes vínculos entre o clima e a implementação dos objetivos do desenvolvimento sustentável (ODSs). Artaxo explicou que o ser humano está mudando o mundo muito depressa e em diversos aspectos. Isso, certamente, está impactando nossa sociedade.
Homem & clima ou homem x clima?
A era humana, chamada Antropoceno, é o tempo em que os humanos e sua civilização tornaram-se a maior força geofísica no planeta. E neste tempo, as fronteiras do planeta vêm sendo ultrapassadas – já o foram com relação ao clima, à integridade da biosfera, ao desmatamento e aos fluxos biogeoquímicos, especialmente pelo uso de fertilizantes. “É preciso que seja estabelecido um espaço seguro para os humanos”, apontou o cientista.
Os humanos vêm deixando marcas de destruição. Um levantamento recente realizado pela ONU compilou 15 mil estudos para retratar a dimensão da devastação ambiental decorrente da civilização. O retrato está nas imagens a seguir.
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Ondas de calor intensas, períodos longos de secas, incêndios florestais, tempestades severas e chuvas volumosas. Moradores de Rio Preto e região já presenciaram todas essas situações nos últimos dez anos, mas a pergunta que fica é: será que tudo isso é consequência das mudanças climáticas?
Segundo Andréa Santos, professora do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE/UFRJ), e secretária executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC),apesar de serem poucos os estudos para avaliar a vulnerabilidade da cidade e região de Rio Preto, conclui-se que existe uma relação direta na forma como alteramos o meio ambiente local com os impactos das mudanças climáticas.
Ela destaca que a urbanização desordenada, o desmatamento total ou parcial de florestas para culturas agropecuárias e emissões de gases poluentes das indústrias e dos automóveis contribuíram para aumentar a intensidade dos eventos climáticos já presenciados em uma década não só na cidade, mas também na região. “Temos a variabilidade natural do clima, contudo, a mudança climática de origem humana vem acelerando a curva de aquecimento do Planeta de forma assustadora. As consequências podem ser sentidas no Noroeste paulista na forma de intensas ondas de calor, tempestades com alto volume de pluviosidade ou, até mesmo, períodos longos de secas, influenciando a quantidade e a qualidade dos recursos hídricos disponíveis para o abastecimento das cidades”, informa.
O professor aposentado e biólogo da Unesp de Rio Preto, Arif Cais, também defende a ideia de que o desmatamento e a poluição, associados à urbanização não planejada, estão influenciando o clima local. Considerando a maior cidade da região, o professor destaca que a falta de áreas verdes no perímetro urbano propicia um ambiente que potencializa os efeitos das mudanças climáticas. “O município é uma verdadeira ilha de calor pela falta de verde. Com a acentuada
mudança climática mundial, sentimos, cada vez mais, a influência do desconforto que as altas temperaturas causam, associadas à poluição atmosférica promovida pela queima de combustível fóssil, que também emana para a atmosfera micro particulados nocivos à saúde”, enfatiza. Para diminuir esses impactos em Rio Preto e nas cidades da região, são necessárias políticas públicas eficientes e o reconhecimento por parte do poder público de que a mudança climática é real.
“Em questões ambientais devemos sempre mostrar o nosso inconformismo e lutar para que haja mudanças para se evitar o caos que se aproxima”, pontua Arif.
Informamos que encontra-se aberto, até 31 de maio, o período de submissões para candidaturas de especialistas para participar da Reunião de Definição do Escopo do Sexto Relatório de Síntese da Avaliação do Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC), a ser realizado em Cingapura, em 21 - 23 de outubro de 2019.
De acordo com o Apêndice A dos princípios que regem o trabalho do IPCC, seus relatórios devem ser precedidos por uma reunião de escopo para desenvolver o esboço preliminar. As indicações deverão ser realizadas pelos Pontos Focais do Governo, organizações observadoras e membros do Bureau. Um esboço preliminar amplo do Relatório de Síntese foi desenvolvido durante a reunião preliminar de escopo do Relatório de Síntese (SYR), realizada em Adis Abeba, de 1 a 5 de maio de 2017, e o Painel tomou nota do esboço preliminar amplo dos elementos gerais provisórios que sustentam o SYR, conforme documento IPCC-XLVI / Doc. 6: http://bit.ly/p46_doc6 .
Ainda segundo o Apêndice A dos princípios que regem o trabalho do IPCC, o Relatório de Síntese sintetizará e integrará os materiais contidos nos Relatórios de Avaliação e nos Relatórios Especiais do Sexto Ciclo de Avaliação e deverá ser escrito em um estilo não técnico adequado aos formuladores de políticas e abordar uma ampla gama de questões relevantes para a política, porém politicamente neutras, aprovadas pelo Painel.
Os participantes da reunião de escopo serão selecionados pelo Presidente do IPCC, em consulta com os Co-Presidentes dos Grupos de Trabalho, considerando os seguintes critérios: expertise científica, técnica e socioeconômica, incluindo a variedade de pontos de vista; representação geográfica; uma mistura de especialistas com e sem experiência anterior no IPCC; e equilíbrio de gênero.
O Relatório de Síntese da AR6, à medida que se baseia e complementa os três Relatórios Especiais e os três principais relatórios dos Grupos de Trabalho, assim como o relatório da Força Tarefa sobre Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa (TFI), requer uma abordagem ampla conectando diversas áreas de conhecimento. Os participantes da Reunião de Escopo do Relatório de Síntese devem, além de ter uma forte competência em seu campo científico, ter uma sólida compreensão das interfaces entre as disciplinas e os Grupos de Trabalho do IPCC, bem como a expertise relevante para os relatórios do AR6. Por um lado, os participantes também devem ter uma percepção clara do que constitui um novo conhecimento, por outro, das principais necessidades da política, incluindo as da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável.
Caso tenha interesse, envie seu currículo vitae (de no máximo de 4 páginas) em inglês, juntamente com o formulário de indicação anexo preenchido (note que ele possui duas abas). Observe também que o trabalho da Reunião de Escopo será conduzido apenas em inglês. O prazo para o encaminhamento é sexta, 31 de maio de 2019.
Não serão aceitas submissões após o prazo. A submissão deve indicar claramente seu campo de especialização. Uma carta de convite para a reunião de escopo será enviada para os indicados selecionados em meados de julho de 2019.
IPCC - Revisão por especialistas da primeira minuta da contribuição do Grupo de Trabalho I para o Sexto Relatório de Avaliação (AR6).
O IPCC deu Início ao processo de revisão por especialistas da primeira minuta da contribuição do Grupo de Trabalho I para o Sexto Relatório de Avaliação (AR6), a qual estará disponível para análise até 23 de junho de 2019, às 23:59 (GMT +2).
Os especialistas interessados deverão registrar-se diretamente no site do Secretariado do IPCC:
https://apps.ipcc.ch/comments/ar6wg1/fod/register.php.