O aquecimento global está ganhando

Três anos após os países firmarem o Acordo de Paris a emissão de gases que causam o efeito estufa voltou a subir

A Terra está pegando fogo. De Seattle à Sibéria, as chamas consumiram neste verão pedaços preciosos do Hemisfério Norte. Um dos 18 incêndios que varrem a Califórnia (dos piores na história do Estado) está causando tanto calor que já criou clima próprio.

Incêndios que avançaram por uma área costeira próxima a Atenas, Grécia, mataram 91 pessoas. Por toda parte há gente sufocando. No Japão, 125 morreram em consequência de uma onda de calor que elevou pela primeira vez a temperatura em Tóquio a mais de 40°C.

Tais calamidades, antes consideradas aberrações, viraram lugar comum. Cientistas há muito alertam que, à medida que o planeta esquenta – está hoje 1°C mais quente que quando as primeiras fornalhas da era industrial foram acesas –, o clima endoidece. Uma análise preliminar indicou que este escaldante verão europeu não teria nem metade das consequências que tem se não fosse o aquecimento global induzido pelo homem.

Mas com o impacto das mudanças climáticas ficando mais evidente, mais se destaca o desafio que temos pela frente. Três anos após os países se comprometerem em Paris a manter o aquecimento global “bem abaixo” de 2°C em relação aos níveis pré-industriais, a emissão de gases que causam o efeito estufa voltou a subir. Igualmente, aumentaram os investimentos em petróleo e gás.

Em 2017, pela primeira vez em quatro anos, a demanda por carvão cresceu. Os subsídios à energia renovável, como a eólica e a solar, encolheram em vários países e os investimentos estancaram. A energia nuclear, amiga do clima, é cara e impopular. É tentador acreditar que esses retrocessos são temporários e a humanidade, com seu instinto de autopreservação, vá acabar vencendo o aquecimento global. Na verdade, ela está perdendo a guerra.

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